Hardcore: Missão Extrema

Hardcore Henry - posterCrítica – Hardcore: Missão Extrema

Sabe aqueles vídeos de esportes radicais com câmeras GoPro presas em capacetes? Agora, imagine um filme de ação feito inteiramente assim?

Um homem recém ressucitado, com braço e perna mecânicos, deve salvar sua esposa/criadora das garras de um tirano psicótico com poderes telecinéticos e seu exército de mercenários. Ao seu lado, um misterioso homem que aparece em várias diferentes versões.

Hardcore: Missão Extrema (Hardcore Henry, no original) é todo feito em POV (point of view) – a tela são os olhos do protagonista, como se fosse um videogame FPS (First Person Shooter), onde o jogador usa “os olhos” do personagem. Apesar de não ser muito comum, isso não é inédito, lembro de Maniac, um filme de terror de 2012 usando esse recurso. A diferença é que temos uma hora e meia de adrenalina, sem parar, com tiros, explosões, perseguições a pé e de carro, muita porrada, muita violência e muito sangue. É testosterona pura, e com o espectador “dentro” do filme.

Hardcore Henry - câmeraO diretor Ilya Naishuler (estreante em longas!) é músico, e tinha feito um videoclipe para a sua banda Biting Elbows, da música “Bad Motherfucker”, onde um personagem fazia várias cenas de ação, sempre em POV. Já tinha visto o vídeo, mas não sabia que era do mesmo cara. Revendo o clipe, vemos que é o mesmo estilo.

Hardcore: Missão Extrema é muito exagerado. Claro que isso não vai agradar a todos. Mas posso dizer que gostei muito do trabalho de efeitos especiais e de dublês – quando o filme acabou, tive vontade de rever tudo. Este é daqueles filmes pra comprar o blu-ray e rever de vez em quando.

Pra melhorar, Hardcore: Missão Extrema ainda é engraçado. Não, não é uma comédia, mas tem várias cenas hilariantes espalhadas aqui e acolá, pra quebrar todo o excesso de violência.

O roteiro tem várias forçações de barra, claro. A ideia é colocar o máximo de ação insana dentro de uma hora e meia de filme. Claro que tem coisa que não vai fazer sentido, se a gente parar pra pensar. E as sequências nem sempre parecem conectadas, parecem fases do tal videogame FPS. Mas o ritmo do filme é tão frenético que não dá tempo do espectador parar pra pensar…

No elenco, o nome mais conhecido é Sharlto Copley, que mostra versatilidade em vários estilos de personagens diferentes. Ok, Tim Roth é um nome mais forte que Copley, mas Roth só aparece em uma cena, uma ponta de luxo. Haley Bennet e Danila Kozlovski fecham o elenco principal. Ah, o protagonista é a câmera, operada por dez pessoas diferentes, entre dublês e operadores de câmera, incluindo o próprio diretor Naishuler. O espectador vive o papel de Henry!

A trilha sonora também é boa. Até então, a música Don’t Stop me Now, do Queen, sempre me lembrava os zumbis de Todo Mundo Quase Morto. Agora conheço outra cena memorável com a mesma música!

Como disse lá em cima, Hardcore: Missão Extrema não é pra todos. É filme “de menino”, “filme testosterona”, como Clube da Luta, 300 ou os dois The Raid. Mas admito que é um forte candidato ao “meu” top 10 2016.