Verónica

VeronicaCrítica – Verónica

Sinopse (imdb): Madri, 1991. Uma menina adolescente encontra-se cercada por uma força sobrenatural maligna depois de ter jogado Ouija com duas colegas de classe.

Filme novo do Paco Plaza!

Plaza sempre terá meu respeito e admiração, mas com um pé atrás. Explico. Pra quem não reconheceu o nome, Plaza co-dirigiu REC, ao lado de Jaume Balagueró. O primeiro REC é um filmaço, mas suas continuações são bem mais fracas. E o piorzinho dos quatro é o terceiro – justamente o que teve Plaza sozinho na direção. E agora, será que ele acertou?

Bem, Verónica não é um REC, mas pelo menos é bem melhor que o REC 3

Hoje em dia estamos acostumados com terror “padrão Blumhouse”. Europeu, Verónica tem outra pegada. Temos um terror sério, com pouco cgi e poucos jumpscares, não tem o jeitão “trem fantasma de parque de diversões” que rola em Hollywood.

Verónica diz que se baseia em fatos reais, que teriam acontecido em Madri nos anos 90. Se é verdade ou não, não tem como saber… Mas no fim do filme aparecem umas fotos, supostamente do caso real. Fake ou não, ficou legal.

O elenco é bom. É o primeiro (e até agora único) filme da protagonista Sandra Escacena. Gostei das crianças, o garoto Iván Chavero é muito carismático. Também no elenco, Ana Torrent e Consuelo Trujillo. E Leticia Dolera faz uma ponta como uma das freiras professoras.

Como disse lá em cima, Verónica não é um REC. Mas mesmo assim é melhor que muito terror americano.

Pequena Grande Vida

Pequena Grande VidaCrítica – Pequena Grande Vida

Sinopse (imdb): Uma sátira social onde um homem percebe que ele teria uma vida melhor se ele fosse encolhido a doze centímetros de altura, permitindo-lhe viver em riqueza e esplendor.

Sabe quando uma ótima ideia se perde ao longo do filme?

Achei genial a premissa de Pequena Grande Vida (Downsizing, no original). Pessoas muito menores consomem muito menos, o dinheiro para sustentar uma pessoa normal proporciona vida de luxo para os pequenos. E a ideia ainda melhora quando vemos a “favela” e começamos a ver as imperfeições deste mundo utópico. Pode-se discutir o quanto é válido o procedimento, questões sociais e econômicas, como ficariam relações familiares… Ei, essa premissa é tão rica que poderia virar uma série

Mas não. Pequena Grande Vida começa bem, mas se perde completamente. Entram ideias desinteressantes, como um romance improvável e uma subtrama apocalíptica. E o filme termina com o espectador se questionando pra onde foi a boa ideia.

Pra piorar, o roteiro tem personagens que estão na história sem nada acrescentar, tipo o Konrad interpretado por Udo Kier (tire o personagem, nada se perde). Isso sem contar com personagens que somem, tipo a mãe do Matt Damon ou o personagem do Jason Sudeikis.

O diretor e roteirista Alexander Payne tem um currículo impressionante. Foi indicado ao Oscar de melhor diretor em seus três últimos filmes, Sideways (2004), Os Decendentes (2011) e Nebraska (2013) – e ganhou os Oscars de melhor roteirista pelos dois últimos (os três filmes ainda foram indicados ao Oscar de melhor filme). Nada mal. Mas acho que desta vez ele vai passar longe de premiações.

O elenco está ok. Matt Damon faz o de sempre; assim como Christoph Waltz, repetindo o “Hans Landa / King Schultz” (mas isso não me incomoda, gosto do seu “personagem único”). Também no elenco, Hong Chau, Kristen Wiig e Rolf Lassgård, além de uma divertida ponta de Neil Patrick Harris e Laura Dern.

No fim, fica a frustração. Aposto como cada espectador vai pensar num modo melhor de terminar o filme.

Eu, Tonya

Eu TonyaCrítica – Eu, Tonya

Sinopse (imdb): A patinadora de gelo competitivo Tonya Harding sobe nos rankings dos Campeonatos de patinação artística dos EUA, mas seu futuro na atividade é posto em risco quando seu ex-marido intervém.

Em determinado momento de Eu, Tonya (I, Tonya, no original), a personagem título Tonya Harding fala que ela era a segunda personalidade mais conhecida nos EUA, atrás apenas do Ronald Reagan. Bem, não sei se sou só heu, mas admito que sabia pouco sobre ela. Sei que Tonya Harding era uma patinadora, mas não sabia de quase nada da sua história. Que bom pra mim, não sabia “spoilers” sobre sua história!

Eu, Tonya é uma boa biografia, assim como Tonya Harding é uma boa biografada. Temos um personagem rico, uma atleta com talento acima da média, e completamente fora do padrão de comportamento. Gostei da história dela – apesar de não saber se o que aparece no filme é verdade ou não.

Dirigido pelo pouco conhecido Craig Gillespie (da refilmagem de A Hora do Espanto), Eu, Tonya tem uma narrativa pouco convencional. Não só vemos o elenco caracterizado como se fosse nos dias atuais, interpretando entrevistas “reais”, como várias vezes estamos acompanhando uma narração em off, até que a câmera alcança o personagem que está falando, e este se vira para a câmera, quebrando a quarta parede e terminando sua narrativa diretamente para o público. Gostei dessa ideia – não me lembro de ter visto isso antes.

Outra parte técnica digna de nota são as cenas de patinação. Não sei o quanto a Margot Robbie sabe patinar e o quanto foi usado de dublês. Só sei que as sequências ficaram perfeitas. E gostei de ter visto durante os créditos finais a Tonya Harding original, na mesma competição que vimos antes no filme.

Claro que o nome que mais chama a atenção no elenco é Margot Robbie, a Arlequina de Esquadrão Suicida (uma das poucas coisas boas daquele filme). Robbie está muito bem, tanto que ganhou uma indicação ao Oscar de melhor atriz. Mas, na minha humilde opinião, o grande destaque é Allison Janney, também indicada ao Oscar (atriz coadjuvante). Também no elenco, Sebastian Stan, Julianne Nicholson, Paul Walter Hauser, Bobby Cannavale Bobby Cannavale e Bojana Novakovic.

Por fim, preciso falar da trilha sonora. Sabe Guardiões da Galáxia, que pega boas músicas pop e insere dentro do contexto da história que está sendo contada? Eu, Tonya segue o mesmo conceito. Não só as músicas são boas, como ainda ajudam a contar a história.

Além dos Oscars de atriz e atriz coadjuvante, Eu, Tonya está concorrendo a melhor edição. Tô na torcida pela Allison.

Pantera Negra

Pantera NegraCrítica – Pantera Negra

Sinopse (imdb): Depois da morte de seu pai, o Rei de Wakanda, T’Challa retorna para a nação africana isolada e tecnicamente avançada para assumir o trono e seu lugar como rei.

Hoje, com dezessete longa metragens* ao longo de dez anos de MCU (Universo Cinematográfico da Marvel), a gente já sabe que a barra é alta. Já sabemos que o filme vai ser bom, a dúvida é se mesmo assim ainda vai surpreender.

Bem, não sei se Pantera Negra (Black Panther, no original) ficaria no meu top 5 pessoal de filmes do MCU, mas posso garantir que se trata de entretenimento de qualidade. Temos uma trama consistente, bons atores, bons personagens, uma belíssima ambientação no fictício país Wakanda… Tem até um vilão com boas motivações, coisa que nem sempre acontece em filmes de super heróis. Ah, importante: Pantera Negra fala de representatividade sem ser panfletário.

O diretor Ryan Coogler (Creed) é negro, assim como quase todo o elenco. Mas em vez de assumir uma postura “I’m black and I’m proud”, o filme apenas mostra bons personagens – guerreiros, cientistas, líderes políticos… Não só negros, como também temos várias mulheres fortes, inteligentes e bonitas. Taí um bom meio de se combater o racismo: mostrar que a minoria pode ser tão boa quanto ou ainda melhor. Aposto como vai ter muita criança branca fã dos personagens.

Pantera Negra é um filme de super herói, então, claro, temos boas cenas de ação. Gostei muito de uma cena em particular, onde vemos uma luta em plano sequência, num cenário que lembra a cena final de Kill Bill 1. Sobre o humor, algumas pessoas criticam o excesso de humor dos filmes da Marvel – Pantera Negra tem uma piadinha aqui, outra ali, mas é um filme bem mais sério que os outros.

O visual de Wakanda é bem legal, mistura tradicionalismo com tecnologia de ponta. Pena que alguns efeitos especiais em cgi ficaram estranhos (principalmente na luta final). A trilha sonora alterna hip hop com sons tribais (lembrei do grupo mineiro Uakti, mas acho que ninguém que ouve Uakti vê filme de super herói). Ficou legal, mas, na minha humilde opinião, podia ter um blaxploitation dos anos 70…

O elenco é nota 10. Todos estão bem: Chadwick Boseman, Michael B. Jordan, Lupita Nyong’o, Danai Gurira, Daniel Kaluuya, Letitia Wright, Winston Duke, Sterling K. Brown e Forest Whitaker. Curiosidade: os dois atores brancos, Martin Freeman e Andy Serkis, estavam juntos numa certa trilogia tolkeniana – como o Hobbit e o Gollum.

São duas cenas pós créditos, mas acho que hoje em dia nem precisa mais avisar, né? 😉

Falei lá no início que antes deste foram 17 filmes, né? Pois bem, ainda este ano teremos Guerra Infinita e Homem Formiga e a Vespa. Até o fim de 2018, serão 20 longas. Má notícia para os haters; boa notícia pra quem gosta de cinema pop de qualidade.

* Homem de Ferro e Hulk (2008), Homem de Ferro 2 (2010), Thor e Capitão América (11), Vingadores (12), Homem de Ferro 3 e Thor 2 (13), Capitão América 2 e Guardiões da Galáxia (14), Vingadores 2 e Homem Formiga (15), Guerra Civil e Doutor Estranho (16), Guardiões da Galáxia 2, Homem Aranha e Thor 3 (17).

O Destino de Uma Nação

Destino de uma NaçãoCrítica – O Destino de uma Nação

Sinopse (imdb): Durante os primeiros dias da Segunda Guerra Mundial, o destino da Europa Ocidental depende do recém-nomeado primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que deve decidir se deve negociar com Adolf Hitler ou lutar contra chances improváveis.

Quando li que Gary Oldman interpretaria Winston Churchill, pensei “isso não vai dar certo, Oldman é um excelente ator, mas, fisicamente, não tem nada a ver com o antigo primeiro ministro”. É, heu estava errado…

Gary Oldman é um dos mais versáteis atores contemporâneos. Há anos que digo que o cara é tão camaleônico que foi o Sid Vicious e também o Beethoven. Sua galeria de personagens diferentes é enorme. Agora, com ajuda de uma pesada maquiagem (provável Oscar), vemos uma perfeita personificação do famoso político inglês. Você olha pra tela, e não é o Gary Oldman!

Dirigido por Joe Wright (Hanna), O Destino de Uma Nação (Darkest Hour, no original) mostra como foi que Churchill entrou para o governo, e como foi decisivo para o rumo da Segunda Guerra Mundial. É um filme de guerra, mas mostra muito pouco do front, quase toda a ação se passa nos bastidores da batalha de Dunquerque.

(Aliás, uma boa dobradinha é assistir este filme e depois o Dunkirk do Christopher Nolan, lançado ano passado. Filmes completamente diferentes, mas uma história complementa a outra.)

Sobre a cena do metrô: segundo o imdb, Churchill de vez em quando realmente se misturava a pessoas comuns para perguntar opiniões. Este episódio do metrô é fake, mas foi inspirado em um comportamento real.

O Destino de Uma Nação tem alguns momentos arrastados, mas vale pela História (com “h” maiusculo), e, principalmente, pelo Gary Oldman. O resto do elenco está bem (Kristin Scott Thomas, Lily James, Stephen Dillane e Ben Mendelsohn (o Krennic de Rogue One faz o rei da Inglaterra!)), mas Oldman é o destaque óbvio. Que venha o merecido Oscar!

Onde Está Segunda?

Onde está segundaCrítica – Onde Está Segunda?

Sinopse (imdb): Em um mundo em que as famílias são limitadas a um único filho devido à superpopulação, sete gêmeas idênticas devem evitar ser descobertas pelo governo ao investigar o desaparecimento de uma delas.

Rodando o “cardápio” do Netflix, encontrei um filme sobre uma sociedade distópica, onde a Noomi Rapace interpreta sete gêmeas, dirigido pelo norueguês Tommy Wirkola, o mesmo cara que fez Dead Snow e João & Maria: Caçadores de Bruxas. Taí, um filme assim com certeza entra no meu radar!

Antes de tudo, preciso falar que o clima em Onde Está Segunda? (What Happened to Monday, no original) não tem um pé no trash, como os dois filmes citados no parágrafo anterior. A ambientação aqui é mais séria, o filme é bem mais palatável para o grande público.

Gostei muito do conceito da sociedade distópica proposta aqui. O cinema atual está cheio de distopias “sub Jogos Vorazes“, com jovens bonitinhos, mas essa aqui me lembrou mais um 1984 com tecnologia “blackmirrorana”.

O elenco é outro ponto positivo. Quer dizer, a Noomi Rapace é o ponto positivo. Não que Willem Dafoe e Glenn Close estejam mal, mas é que a Noomi interpreta as sete irmãs, e são sete personalidades bem diferentes. Talvez este seja seu melhor trabalho até hoje. Ah, a personagem criança também é interpretada pela mesma atriz, a menina Clara Read. Também no elenco, Marwan Kenzari e Christian Rubeck.

Onde Está Segunda? tem uma trama empolgante, mas o roteiro tem umas falhas brabas, tipo quando a Glenn Close pede discrição e seu funcionário leva dezenas de soldados que atiram antes e perguntam depois. Mas apesar disso, achei que o resultado final vale a pena.