Anna: O Perigo tem Nome

Crítica – Anna: O Perigo tem Nome

Sinopse (imdb): Sob a beleza marcante de Anna Poliatova está um segredo que vai liberar sua força indelével e habilidade para se tornar uma das mais temidas assassinas do mundo.

Luc Besson é um grande nome no cinema de ação das últimas décadas, seja como diretor, roteirista ou produtor. Mas, na direção, há muito tempo ele vive à sombra dos seus melhores trabalhos. Assim como Lucy, Anna: O Perigo tem Nome (Anna, no original) fica à sombra de Nikita. O filme tem seus bons momentos, mas parece uma cópia genérica do filme de 1990 (principalmente porque o argumento dos dois filmes é bem parecido).

Pelo menos algumas sequências de ação são muito boas – a cena do restaurante é excelente (ah, se o filme todo fosse no mesmo pique desta cena…). A trama traz alguns plot twists, uns meio óbvios, outros nem tanto. E gostei das idas e vindas temporais do roteiro.

No elenco, a modelo Sasha Luss funciona para o que o papel pede. Helen Mirren já teve papeis melhores, mas não atrapalha. Também no elenco, Cillian Murphy, Luke Evans e Lera Abova.

Mas, no fim, fica aquele gosto de comida requentada. Não que seja ruim, mas que podia ser melhor, ah, podia. Bem melhor.

Brinquedo Assassino (2019)

Crítica – Brinquedo Assassino (2019)

Sinopse (imdb): Uma mãe dá ao seu filho de 13 anos um boneco de brinquedo pelo seu aniversário, inconsciente da sua natureza mais sinistra – ele também mata pessoas que desobedecerem a Andy.

Já falei isso aqui antes, mas certamente não será a última vez: “ninguém pediu, mas, olha lá fizeram um reboot de mais uma franquia”.

Não sei por que, mas nunca gostei do Brinquedo Assassino original. Vivi bem o terror galhofa dos anos 80, curtia o Freddy Kruger, o Jason Vorhees e o Michael Myers, mas nunca dei bola pro Chucky. E olha que sou fã de A Hora do Espanto, outro filme do mesmo diretor!

Enfim, assim como aconteceu com todas essas franquias, Brinquedo Assassino teve várias continuações de qualidade bem ruim. Nem sei quantas foram, nem quando parou. Mas, por mim, deixava parado.

Mas… Hollywood é assim, né? Um reboot de uma franquia dessas é barato e gera uns bons trocados. Então nem adianta reclamar, o negócio é relaxar e torcer pra não ser muito ruim.

Pena que, neste caso, o resultado foi negativo.

Vejam bem, dirigido pelo desconhecido Lars Klevberg, este novo Brinquedo Assassino (Child’s Play, no original) não é exatamente ruim. Mas é um filme bobo. Não existe nada que valha o ingresso…

Bem, pelo menos uma coisa achei positiva. Mudaram a mitologia do Chucky, agora a trama não fala mais em um boneco possuído. Acho que, para os dias de hoje, o novo Chucky funciona melhor.

No elenco, o único nome digno de nota é Mark Hamill, que dubla o Chucky – tem uma piada ótima fazendo referência a Guerra nas Estrelas. Também no elenco, Aubrey Plaza, Gabriel Bateman e Brian Tyree Henry.

Dispensável. E mesmo assim deve ter continuação.

p.s.: Teve uma campanha com posters divertidos, onde o Chucky atacava brinquedos do Toy Story!

Era Uma Vez em… Hollywood

Crítca – Era Uma Vez em… Hollywood

Sinopse (imdb): Um ator ultrapassado e seu dublê se esforçam para alcançar a fama e o sucesso na indústria cinematográfica durante os anos finais da Era de Ouro de Hollywood, em 1969, em Los Angeles.

Finalmente o novo Tarantino!

Era Uma Vez em… Hollywood (Once Upon a Time… in Hollywood, no original) é uma declaração de amor ao cinema. A gente sabe que o Tarantino é um grande fã da sétima arte, e aqui vemos várias referências bem sacadas ao cinema e à tv, misturando personagens reais e fictícios nos bastidores das produções.

A reconstituição de época é um primor. Tarantino não tem cara de alguém que usa muito cgi, e vemos vários planos abertos, com carros e cenários da época (o filme se passa em 1969). E a parte técnica é impecável, acho que essa é sua produção mais grandiosa. Isso ajuda na metragem, o filme tem duas horas e quarenta minutos, mas você nem sente o tempo passar.

Claro que tem violência. Mas, comparado com a filmografia do diretor, tem até pouca – acho que só tem sangue duas vezes. A cena final é que é muito violenta, mas não só pelo que aparece na tela – a sugestão às vezes é mais forte (que nem a cena da orelha cortada em Cães de Aluguel).

Como sempre, a trilha sonora é um destaque, assim como o humor. Era Uma Vez em… Hollywood não é comédia, mas tem momentos muito engraçados, como a genial cena do Bruce Lee (interpretado pelo desconhecido Mike Moh) – que gerou polêmicas, mas é porque os fãs de Lee não admitem tirá-lo do pedestal. A cena é excelente, um dos melhores momentos do filme.

Ah, o elenco! Que elenco! Vai ser difícil comentar em apenas um parágrafo, mas vamos lá. O trio principal, Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie, claro, está ótimo, com destaque maior para DiCaprio (não será surpresa uma indicação ao Oscar). Mas queria falar mais do elenco secundário. Al Pacino rouba a cena em um papel pequeno; e temos Kurt Russell e Zoë Bell como dublês (Tarantino se auto referenciando!). Não tem Samuel L. Jackson, mas Michael Madsen bate o ponto. Se 25 anos atrás Tarantino trabalhou com Uma Thurman e Bruce Willis, agora ele trabalha com Maya Hawke (filha de Uma Thurman com Ethan Hawke) e Rumer Willis (filha de Bruce Willis com a Demi Moore) – e ainda tem a Harley Quinn Smith, filha do Kevin Smith. Clu Gulager (A Volta dos Mortos Vivos) faz o vendedor de livros; Rebecca Gayheart (Lenda Urbana) faz a esposa do Brad Pitt. E ainda tem Emile Hirsch, Margaret Qualley, Timothy Olyphant, Dakota Fanning, Bruce Dern, Luke Perry, Damian Lewis, Nicholas Hammond, Lorenza Izzo, Victoria Pedretti…

Agora, infelizmente, preciso admitir que não gostei do filme. Uma coisa comum nos filmes do diretor são plot twists inesperados, daqueles que explodem a cabeça do espectador (e, às vezes, também do personagem) e mudam a direção que a trama estava andando, surpreendendo o público. Era Uma Vez em… Hollywood não tem nenhum momento assim, a trama vai do ponto A ao ponto B sem nenhum desvio.

Mas, ok, reconheço que foi um problema meu, meu “head canon”, não necessariamente o filme é ruim por causa disso. Preciso rever para pegar uma segunda opinião.

Puxa, que tarefa “ruim”. Ter que rever um filme do Tarantino. Ok, “it’s a dirty job, but someone has to do it”. 😉

Histórias Assustadoras para Contar no Escuro

Crítica – Histórias Assustadoras para Contar no Escuro

Sinopse (imdb): Um grupo de adolescentes enfrenta seus medos para salvar suas vidas.

Nem sabia da existência deste filme. E vamos combinar que o nome “Histórias assustadoras para contar no escuro” não é muito atraente, parece aqueles filmes genéricos com coletâneas de histórias meio vagabas, que iam direto para home video. Mas, quando vi que a direção era de André Øvredal, me animei. E isso porque ainda não sabia que tinha Guillermo Del Toro na produção!

(O nome do Del Toro está em alta, o cara ganhou Oscar de melhor diretor ano passado por A Forma da Água, mas a gente se lembra que, na produção, ele já teve um ou outro escorregão ((pigarro) Não Tenha Medo do Escuro (pigarro)). O nome de Øvredal na direção me empolgou mais, O Caçador de Trolls é um dos meus filmes favoritos de câmera encontrada; e Autópsia foi uma agradável surpresa.)

Histórias Assustadoras para Contar no Escuro (Scary Stories to Tell in the Dark, no original) é baseado no livro homônimo escrito por Alvin Schwartz, de pequenas histórias de terror direcionadas ao público infanto juvenil, originalmente lançado em 1981. Mas, apesar de historinhas independentes, o roteiro costura tudo para fazer um filme com uma única trama.

O clima às vezes lembra Goosebumps (também baseado em livros), mas com um tom mais sério e assustador. Os monstros que aparecem ao longo do filme ajudam esse clima. Na concepção dos monstros, sentimos a mão de Del Toro. Alguns deles são muito bons, podem figurar em antologias de monstros do cinema – gostei muito do monstro “contorcionista”, e aquela do sorriso grande é um misto de terror e fofura, pode estar num museu de terror ou virar um bichinho de pelúcia…

O elenco principal tem nomes ainda desconhecidos: Zoe Margaret Colletti, Michael Garza, Gabriel Rush, Austin Zajur, Austin Abrams e Natalie Ganzhorn. Ninguém se destaca, nem positiva, nem negativamente.

Histórias Assustadoras para Contar no Escuro não vai figurar em listas de melhores do ano, mas foi uma agradável surpresa. E, num momento onde o cinema de terror está polarizado entre “pós terror” e “quero ser James Wan”, é sempre bom ver algo diferente.

O livro é o primeiro de uma série de três. O final abre espaço para continuações. Acho que veremos estes monstros de novo…

Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw

Crítica – Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw

Sinopse (imdb): O policial Luke Hobbs e o marginal Deckard Shaw formam uma improvável aliança quando um vilão cibergeneticamente melhorado ameaça o futuro da humanidade.

Se tem uma franquia que tem conseguido manter a qualidade no que propõe, é a franquia Velozes e Furiosos. Filmes divertidos, com sequências de ação de tirar o fôlego, estrelados por um monte de atores carismáticos, e – sempre – sem levar nada a sério. As mentiras apresentadas em cada filme rivalizam com os filmes do James Bond.

(Tem gente que não gosta da comparação, mas acho que Velozes e Furiosos tem muito a ver com 007 – filmes de ação bem feitos, todos meio parecidos entre eles, e muita, muita mentira.)

Vou retirar um parágrafo do imdb:

“A idéia de um spin-off de Velozes e Furiosos, com Hobbs e Shaw, surgiu durante as filmagens do oitavo filme, depois que os produtores e executivos do estúdio repararam na química cômica entre os dois ao longo de suas cenas juntos. Os planos para desenvolver o spin-off foram informalmente aprovados antes do final das filmagens, e mais tarde revelaram-se o motivo por trás da animosidade muito discutida que surgiu entre Vin Diesel e Dwayne Johnson na última semana de produção – que resultou que Diesel teria cancelado algumas das cenas de Johnson (que estava dentro de seu alcance como um dos produtores executivos do filme) e não aparecendo para filmar em pelo menos um dia de produção, deixando centenas de elenco e equipe ociosos. Depois que as notícias do spin-off se tornaram públicas, Michelle Rodriguez (Letty) e Tyrese Gibson (Roman) criticaram publicamente por prejudicar a “família” de V&F, assim como atrasaram o lançamento do nono filme da série por pelo menos um ano. Em fevereiro de 2019, Johnson declarou que “provavelmente não” retornaria para “Velozes e Furiosos 9″, mas o consideraria para o 10º da série.”

A direção deste Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw (Fast & Furious Presents: Hobbs & Shaw, no original) é de David Leitch, o mesmo de Atômica e Deadpool 2. Ex-dublê, claro que Leitch é muito eficiente nas sequências de ação. Mas, aqui tem uma “meia boa notícia”. As sequências são boas, mas são “apenas” boas – diferente de Atômica, onde temos sequências antológicas.

Mesmo não sendo um filme “antológico”, Hobbs & Shaw não vai decepcionar nenhum fã da franquia V&F. Personagens carismáticos, cenas de ação excelentes, e muita, muita mentira. Aliás, parece que a mentira está testando os limites. Hobbs & Shaw flerta com a ficção científica e cria um vilão com super poderes!

No elenco, se você tem dois grandões carismáticos como os mocinhos (Dwayne Johnson e Jason Statham), precisa de um outro ator tão carismático quanto para ser o vilão – Idris Elba. Apesar da grande diferença de idade, Vanessa Kirby funciona como a irmã de Statham; Helen Mirren repete o papel da mãe (que ela fez em V&F 8). Eddie Marsan parece que está repetindo o papel que fez em Atômica; Eiza González me pareceu um pouco deslocada – talvez fosse melhor uma atriz russa em vez de uma latina.

No fim, temos que admitir, Hobbs & Shaw é uma bobagem. Uma divertida e barulhenta bobagem. Que venham outras bobagens assim no circuito!