Entre Facas e Segredos

Crítica – Entre Facas e Segredos

Sinopse (imdb): Um detetive investiga a morte de um patriarca de uma família excêntrica e combativa.

Uma agradável surpresa pouco antes de fechar o ano!

Entre Facas e Segredos (Knives Out, no original) se parece com um “whodoneit”, aquelas histórias tipo Agatha Christie, onde temos um crime e vários possíveis suspeitos. Mas Entre Facas e Segredos faz ainda melhor, porque altera a forma clássica do whodoneit no meio do caminho.

Entre Facas e Segredos foi escrito e dirigido por Rian Johnson, dois anos depois do Star Wars ep. 8. Interessante ver que ele foi para um estilo bem diferente – e que ele foi bem sucedido nessa nova empreitada. O roteiro é muito bem construído, não só na condução da investigação, como também no equilíbrio entre os muitos personagens.

Ah, o elenco! Que elenco maravilhoso! Não é todo dia que temos Daniel Craig, Chris Evans, Ana de Armas, Jamie Lee Curtis, Michael Shannon, Don Johnson, Toni Collette, LaKeith Stanfield, Christopher Plummer, Katherine Langford, Jaeden Martell, Riki Lindhome, Edi Patterson – e ainda tem o Frank Oz em uma ponta como o advogado! Arrisco a dizer que todos estão bem, mesmo aqueles com menos tempo de tela.

Recomendo!

p.s.: Heu não fui o único a achar o roteiro muito bom. Rian Johnson foi indicado ao Oscar de roteiro original.

O Plano Perfeito

Crítica – O Plano Perfeito

Tem espaço pra falar de filme de sete anos atrás?

Em O Plano Perfeito (Inside Man, no original), dois policiais tentam negociar com o líder de um grupo que planejou o assalto a banco perfeito, mas que mantém reféns dentro do banco.

O diretor Spike Lee é famoso por seus filmes políticos, sempre levantando bandeiras contra o racismo. Mas aqui ele mostra talento em um filme bem hollywoodiano. A câmera é muito bem cuidada, são várias as boas sequências – rola até um plano-sequência interessante na parte final, quando os policiais estão verificando o interior do banco. Já o racismo é até citado, mas fica em segundo plano.

O roteiro, do pouco conhecido Russell Gewirtz, é muito bem escrito. Tá, o plano é fantasioso demais, a gente pode encontrar um furo aqui outro acolá, mas, de um modo geral, a ideia é muito boa. E o melhor: toda a trama flui facilmente. Outra coisa interessante é o personagem de Jodie Foster, que quebra o dualismo polícia / ladrão.

O elenco é muito bom. Além da já citada Jodie Foster, o filme conta com Denzel Washington, Clive Owen, Christopher Plummer, Willem Dafoe, Chiwetel Ejiofor e Kim Director

O Plano Perfeito pode não ter muito a ver com o resto da carreira de Spike Lee. Mas não é, de jeito nenhum, um momento a ser apagado de sua filmografia.

Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres

Crítica – Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres

Depois de ver o original, fui ao cinema ver a refilmagem.

A sinopse é exatamente igual à do outro filme, então copiei do texto de anteontem: “O jornalista Mikael Blomkvist, prestes a ser preso, é contratado para tentar descobrir o paradeiro da sobrinha de um milionário, desaparecida 40 anos antes. A hacker esquisitona Lisbeth Salander acaba ajudando-o.”

Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres é um bom filme. Mas… É tudo tão igual ao filme sueco, que a gente se pergunta: pra que refilmar?

Dirigido por David Fincher (Se7en, Clube da Luta), Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres tem um roteiro com um ou outro detalhe diferente, mas tudo coisas sem importância – como Mikael Blomkvist ter ou não alguma coisa no passado ligada a Harriet Vanger (não sei como era no famoso livro homônimo de Stieg Larson). E, no filme em si, algumas coisinhas são diferentes, e talvez até melhores que o original – por exemplo, gostei muito da trilha sonora de Trent Reznor e Atticus Ross, que já tinham feito um excelente trabalho em A Rede Social, filme de Fincher. Mas, na minha humilde opinião, nada que justifique um novo filme.

Ah, a Lisbeth Salander… Se no original Noomi Rapace mandou bem, o mesmo aconteceu aqui com Rooney Mara. Rooney realmente está muito bem e é uma das melhores coisas do filme – foi até indicada ao Oscar pela sua atuação. Mas, se ela ganhar, acho que deveria dedicar seu prêmio a Noomi – suas Lisbeths são bem parecidas…

O elenco é bom. Além da pouco conhecida Rooney, o filme conta com Daniel Craig, Christopher Plummer, Stellan Skarsgård, Robin Wright e Joely Richardson. E, num papel mínimo, Julian Sands fazendo o personagem de Christopher Plummer quando novo.

De resto, não vejo nada mais a se falar sobre o filme. É um bom filme, mas só para quem não viu o original. Porque, pra ver um filme igual, é sempre melhor ver o primeiro – principalmente com um intervalo tão curto de tempo.

Para finalizar, olhem a ironia: existe americanos refilmam filmes estrangeiros por causa da língua, né? Baixei o filme sueco, veio dublado em inglês. E fui ao cinema ver o filme americano, a sessão era dublada em português…

.

.

Se você gostou de Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres, o Blog do Heu recomenda:
Os Homens que Não Amavam as Mulheres
A Rede Social
O Curioso Caso de Benjamin Button

Padre

Crítica – Padre

Num mundo pós-apocalíptico, devastado por uma guerra entre homens e vampiros, um padre guerreiro se rebela contra a Igreja e vai sozinho tentar resgatar sua sobrinha, sequestrada por um misterioso vampiro diferente.

Padre (Priest, no original) é mais um terror de visual estilizado baseado em quadrinhos. Isso não agrada a todos. Mas pra quem curte o estilo, é uma boa opção.

O diretor Scott Charles Stewart (Legião) se baseou na graphic novel coreana de Min-Woo Hyung para filmar um universo com padres que parecem guerreiros ninjas e uma Igreja dominadora como na Idade Média. Até os vampiros são diferentes aqui, são bicharocos gosmentos e sem olhos, nada se assemelham com os vampiros clássicos do cinema.

O visual do filme é muito legal, tem até espaço para uma abertura em animação feita por Genndy Tartakovsky, lembrando história em quadrinhos. O filme parece um faroeste futurista misturado com filme de terror e com uma pitada de ficção científica, cheio de cenas de ação com efeitos em câmera lenta. Rolam cenários grandiosos e maneiríssimos – tudo bem, deve ser tudo digital, mas o resultado ficou muito bom. O mesmo podemos dizer sobre os eficientes efeitos especiais – gostei da explosão no fim. O 3D é bem utilizado, diferente de outras produções recentes.

O roteiro tem coisas boas e ruins. A cidade com prédios à la Blade Runner e sua sociedade totalitaria comandada pela Igreja é um dos acertos. Por outro lado, achei os personagens rasos demais, senti falta de algo mais sólido na sua construção. E um detalhe me incomodou – comento depois dos avisos de spoilers leves.

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Se a única fraqueza dos vampiros era ter que fugir do sol, por que só tinha um “humano-vampiro”?

FIM DOS SPOILERS!

O elenco está ok, afinal, este é o tipo de filme onde os atores têm pouco espaço se destacar. Talvez o vilão de Karl Urban (Viagem do Medo) esteja caricato demais,  mas o resto funciona: Paul Bettany (O Turista), Cam Gigandet (Pandorum), Maggie Q (Operation Endgame), Christopher Plummer (Dr. Parnassus), Brad Dourif e Lily Collins, com Stephen Moyer (True Blood) e Mädchen Amick fazendo uma participação especial.

No fim, Padre é legal, mas ficamos com a sensação de que poderia ser melhor.

.

.

Se você gostou de Padre, o Blog do Heu recomenda:
Equilibrium
Daybreakers
The Warriors Way
Legião

9 – A Salvação

9 – A Salvação

Um boneco de pano acorda num ambiente desértico pós apocalíptico, onde não se vê mais ninguém vivo. Acaba encontrando outros bonecos parecidos com ele e tenta convencê-los a juntos lutarem contra uma besta mecânica.

Antes de virar um longa, o diretor Shane Acker fez um curta (que você pode ver aqui), em 2005, que chegou a ser indicado ao Oscar. Tim Burton viu e gostou, e resolveu produzir a transformação deste curta num longa. E de quebra ainda chamou o russo Timur Bekmambetov (de Guardiões da Noite) para ajudar na produção.

Ter virado um longa teve seu lado bom e seu lado ruim. Por um lado, os personagens e cenários estão mais bem explorados; mas em compensação, em alguns momentos, rola encheção de linguiça – não precisávamos de tantas explicações sobre a guerra, por exemplo!

Uma vantagem de ter virado uma grande produção é o elenco que dublou. Se o curta não tinha diálogos, este longa tem Elijah Wood, Jennifer Connelly, Christopher Plummer, Martin Landau, John C. Reilly e Crispin Glover. Conhecemos cada boneco e sua personalidade diferente, isso ficou melhor no longa do que no curta.

O visual de 9 – A Salvação chama a atenção. Os cenários pós guerra são belíssimos, e os bonecos de pano são muito bem feitos – acredito que fariam sucesso numa loja de brinquedos…

O filme flui bem até quase o fim. Mas heu, particularmente, detestei o final. Não vou falar aqui por causa de spoilers, mas achei o fim decepcionante. Talvez exista uma explicação que heu não entendi…

Apesar de não ser exatamente uma animação para o público infantil, 9 – A Salvação pode agradar as crianças – minha filha de nove anos viu e gostou. Ela só não gostou do final…

O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus

O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus

Ontem fui naquele evento onde colocam uma tela gigante no Jóquei Clube, na Gávea, Rio de Janeiro. (Cada ano eles mudam de nome, ano passado era Vivo Open Air, este ano virou Vale Open Air. Qual será o nome ano que vem?) Era a pré estreia do novo filme do diretor Terry Gilliam, “O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus”!

A trama: nos dias de hoje, uma trupe teatral no estilo daquelas que a gente vê em filmes medievais circula por aí. É dirigida pelo Doutor Parnassus, que tem um misterioso pacto com o diabo.

Terry Gilliam tem um estilo visual único – aliás, foi por isso que escolhi este filme para ver na tela gigante. As imagens de sonho, no tal “mundo imaginário” do título, são fantásticas. Figurinos, fotografia, direção de arte, efeitos especiais, o cuidado do diretor neste sentido é enorme, vide obras como “Brazil”, “As Aventuras do Barão Munchausen”, “Os 12 Macacos” e “Medo e Delírio”. Os efeitos especiais de seus filmes já nos tiravam o fôlego numa era pré-computador, e agora, com os ilimitados poderes dos cgi, a sua criatividade atinge patamares nunca antes imaginados.

Gilliam é muito talentoso, mas é um cara azarado. Frequentemente, seus filmes têm problemas na produção. Se “Munchausen” chegou a ser cancelado antes de finalizado, e o filme sobre Dom Quixote que ele tentou fazer nem mesmo ficou pronto, “Doutor Parnassus” perdeu um de seus atores principais. Heath Ledger, que faz Tony, morreu durante as filmagens. Mas a solução encontrada foi muito boa: chamaram outros três atores diferentes, e cada vez que Tony entrava no “mundo imaginário”, ele mudava de cara. Talvez em outro tipo de filme isso não funcionasse, mas aqui, ficou genial! Assim, temos, além de Ledger, outros três Tonys, interpretados por Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell. Além deles, o elenco conta com Christopher Plummer como o Doutor Parnassus, Tom Waits, Lily Cole, Verne Troyer e Andrew Garfield.

O resultado final do filme é meio confuso, não sei se a morte de Ledger teve algo a ver com isso. Mesmo assim, o filme merece ser visto, nem que seja só pelo visual deslumbrante.

Por fim, acredito que todos aqui sabem que Terry Gilliam é ex-membro do Monty Python, lendário grupo de humor inglês. Pois bem, uma das cenas é a cara do Monty Python, aquela que mostra policiais cantando e dançando. Muito boa esta cena!

Dreamscape – A Morte nos Sonhos

dreamscape

Dreamscape – A Morte nos Sonhos

Outro dia, no cinema, vi o trailer do novo Tarantino, Bastardos Inglórios, e lembrei que seu filme anterior, À Prova de Morte, nunca foi lançado aqui. É um bom exemplo de filme com inexplicáveis problemas no lançamento brasileiro. Outro exemplo é este Dreamscape – A Morte nos Sonhos, filme de 1984, que nunca passou nos cinemas brasileiros, e, até onde heu saiba, tampouco apareceu em vhs ou dvd.

A trama é boa: uma universidade faz pesquisas com jovens paranormais para usar a habilidade destes para entrar no subconsciente e manipular os sonhos de outras pessoas. Alex Gardner (Dennis Quaid) trabalha como um destes paranormais, até que descobre uma conspiração para matar o presidente dos Estados Unidos.

A premissa é parecida com o terror A Hora do Pesadelo, aquele do Freddy Krueger, onde pessoas também são abordadas durante os sonhos – e se você morre no sonho, isso também acontece na vida real. Mas este não só é do mesmo ano que o primeiro Pesadelo, como ainda foi lançado três meses antes. A diferença está no enfoque: Dreamscape está mais pro lado da ficção científica do que terror.

Por que será que nunca chegou aqui? O filme é bom, os efeitos especiais dos sonhos são bem feitos, mesmo vistos hoje, um quarto de século depois. Aliás, o visual dos sonhos é muito interessante! O elenco é ótimo, temos um Dennis Quaid pós Os Eleitos e uma Kate Capshaw pós Indiana Jones e o Templo da Perdição (quando ela virou sra. Steven Spielberg!), isso sem contar com os veteranos Max von Sydow e Christopher Plummer.

Outra coisa interessante é a trilha sonora eletrônica de Maurice Jarre. Os produtores queriam uma trilha orquestrada, mas Jarre insistiu nos temas eletrônicos, porque achou que tinha mais a ver com o tema. E ele estava certo!

Ah, sim, esqueça o cartaz à la Indiana Jones. O filme não é de aventura…