O Portal Secreto

Crítica – O Portal Secreto

Sinopse (imdb): Um homem consegue um estágio em uma misteriosa empresa londrina com funcionários não convencionais, incluindo o carismático CEO que está incorporando estratégias corporativas modernas a antigas práticas mágicas.

A comparação com Harry Potter é inevitável. Novo filme de fantasia, baseado numa série de livros, usando a magia escondida no mundo contemporâneo como fundo. Escrito por Tom Holt, “The Portable Door” é o primeiro livro da série J.W. Wells & Co. São sete livros, lançados entre 2003 e 2011.

Mas, logo o primeiro filme já foi meio fuén. Será que tem fôlego para uma franquia?

A direção é de Jeffrey Walker, com longa carreira na TV, mas ainda inexpressivo no cinema. Não sei se foi por isso, mas achei o diretor meio tímido. Em alguns momentos o visual lembra filmes do Terry Gilliam, em outros momentos os personagens lembram filmes do Tim Burton, mas só lembram de longe. Na minha humilde opinião, o diretor podia ter aproveitado o tema da magia e ter pirado um pouco.

Os efeitos especiais são ok. Nada salta aos olhos nem negativamente nem positivamente. Na parte final temos goblins, feitos por efeitos de maquiagem – o que era de se esperar quando vemos que o filme foi produzido pela Jim Henson Company (Jim Henson foi o criador do Muppets e teve uma carreira ligada a bonecos no cinema).

Comentários sobre o elenco. O protagonista, Patrick Gibson, é um nome desconhecido, e serve pro que o papel pede: um cara novo e meio abobalhado. Sophie Wilde, sua parceira em tela, também é desconhecida. Agora, temos três grandes nomes no elenco. Christoph Walz é sempre bom, mas aqui ele parece estar no modo “pagar boletos”. Miranda Otto aparece pouco. Sam Neill é que tem um papel menos óbvio, ele é super mal humorado e seu personagem ainda tem um plot twist. Agora, pra mim, a melhor personagem é a recepcionista, vivida por Jessica De Gouw. Ela é ótima! E não devo ser o único a achar, afinal a atriz é desconhecida, a personagem é secundária, e mesmo assim ela está no poster do filme.

O Portal Secreto não é ruim, vai agradar a molecada. Mas não espere muita coisa.

Pinóquio por Guillermo Del Toro

Crítica – Pinóquio por Guillermo Del Toro

Sinopse (imdb): Uma versão mais sombria do clássico conto de fadas infantil, onde um boneco de madeira se transforma em um menino vivo de verdade.

Quem diria que poucos meses depois daquele desastroso Pinóquio da Disney a gente teria outro Pinóquio, desta vez digno de constar em uma lista de melhores do ano?

Sou muito fã de stop motion. Tenho uma teoria de que como é um estilo muito mais difícil que outras animações, só quem é muito apaixonado por cinema trabalha fazendo longas em stop motion. Sendo assim, temos muitos exemplos de bons filmes usando essa técnica, como O Estranho Mundo de Jack, Noiva Cadáver e Frankenweenie do Tim Burton, O Fantástico Sr. Raposo e Ilha dos Cachorros do Wes Anderson, os filmes da Laika como Coraline, Paranorman e Kubo, ou os filmes da Aardman como Wallace & Gromit e Shaun o Carneiro (que são mais infantis, mas mesmo assim são bem divertidos).

(Ok, admito que não gostei de Anomalisa. Chaaaato…)

Assim como vários dos filmes citados aí em cima, este Pinóquio é infantil e ao mesmo tempo não é. Temos a história do boneco que ganha vida, mas ao mesmo tempo tem uma pegada de filme de terror. Guillermo Del Toro tem uma característica não muito comum hoje em dia: ele é um dos poucos “autores” da Hollywood contemporânea. Seus filmes têm a cara do diretor: A Espinha do Diabo, Hellboy, O Labirinto do Fauno, A Forma da Água, O Beco do PesadeloPinóquio é coerente com sua filmografia.

(Ok, admito que Círculo de Fogo destoa da lista)

Mas, antes de tudo, precisamos lembrar que Del Toro não estava sozinho aqui, o filme é codirigido por Mark Gustafson. Heu procurei informações pela internet mas não achei, então vou dizer aqui o que acho que aconteceu. Del Toro anunciou que queria fazer uma versão de Pinóquio em 2008. De lá pra cá, ele dirigiu Círculo de Fogo, A Colina Escarlate, A Forma da Água e O Beco do Pesadelo – além de videogames, séries de tv, e ainda escreveu roteiro de vários filmes (incluindo a trilogia O Hobbit). O que me parece que aconteceu foi que ele deve ter combinado com Gustafson algo do tipo “você vai tocando o projeto e a gente vai se falando, estarei por perto pro filme continuar com a minha cara”. Será que foi assim?

Finalmente, vamos ao filme? Confesso que não conheço a história original, só conheço a da Disney. Muita coisa aqui é diferente, mas não sei se foi o Del Toro que mudou ou se foi a Disney na adaptação da década de 40. Independente disso, o visual aqui é bem legal: o Pinóquio é um boneco de madeira, não quer ser um menino com cara de menino. E o grilo não ganhou feições humanas, um visual antropomórfico como é o comum em produções assim, ele continua sendo um grilo.

Aliás, a gente precisa reconhecer que o visual de todo o filme é um espetáculo. Cada detalhe de cenário, cada detalhe de movimentação de bonequinho, tudo é perfeito! São planos longos, muitas vezes com a câmera em movimento! Imagina a loucura de você sincronizar o movimento da câmera junto com o movimento dos bonecos, tirando 24 fotos a cada segundo? Falei aqui semana passada de Avatar, e digo que o visual de Pinóquio é ainda mais impressionante.

(Pinóquio tem uma hora e cinquenta e sete minutos. Voltei na Netflix pra ver, o filme para mais ou menos em uma hora e cinquenta (quando já estão rolando os créditos mas o Grilo ainda está cantando e dançando). Se forem 24 fotos por segundo, ao longo de uma hora e cinquenta minutos, são 158.400 fotos!!!)

Pinóquio trata de alguns temas bem adultos. Um deles é a morte. Logo no início a gente vê que Geppetto perdeu o filho. Quem me conhece sabe, esse é um tema delicado pra mim, nesse momento quase pausei o filme. Mas segui em frente e posso dizer que esse tema é abordado de uma maneira bonita e delicada (lembrei de Festa no Céu, produção do Del Toro, que também lida com a morte).

Além de morte, o filme também fala de guerra, de preconceito e outros temas adultos – o Geppetto está bêbado quando constrói o boneco! Mas o Pinóquio, inocente, que está descobrindo tudo no mundo, é um personagem tão cativante, que traz leveza a todos os temas mais pesados.

O filme tem músicas compostas por Alexandre Desplat. Normalmente sou fã das músicas dos filmes, mas desta vez preciso admitir que nenhuma delas entrou na minha cabeça. Não são ruins, apenas não são marcantes.

O elenco é impressionante. Pinóquio e Geppetto não são dublados por nomes muito conhecidos, mas o filme conta com Ewan McGregor, Christoph Waltz, Tilda Swinton, Ron Perlman, John Turturro, Finn Wolfhard, Tim Blake Nelson e Cate Blanchett. Detalhe: Cate Blanchett trabalhou com Del Toro em Beco do Pesadelo e disse que queria participar do Pinóquio, mas todos os personagens importantes já tinham elenco escalado. Então ela entrou fazendo a voz do macaco Spazzatura! Imagina a moral do Del Toro, usar uma atriz do porte da Cate Blanchett num papel onde ela não tem diálogos!

Heu poderia continuar aqui falando, mas chega. Se você ainda não viu, Veja! Ainda este mês este filme volta aqui no heuvi na lista dos dez melhores do ano.

007 Sem Tempo Para Morrer

Crítica – 007 Sem Tempo Para Morrer

Sinopse (imdb): Aposentado, Bond está desfrutando de uma vida tranquila na Jamaica. Sua paz dura pouco quando seu velho amigo Felix Leiter, da CIA, aparece pedindo ajuda. A missão de resgatar um cientista sequestrado acaba sendo muito mais traiçoeira do que o esperado, levando Bond na trilha de um vilão misterioso armado com uma nova tecnologia perigosa.

Daniel Craig já tinha declarado que não queria mais fazer filmes como James Bond, tanto que seu personagem se aposenta no filme anterior. Mas, mesmo aposentado, ele está de volta, para um filme de despedida.

Reconheço que não sou um grande entendedor de James Bond. Vi dezenas de filmes, sempre são filmes de boa qualidade, mas não acompanho de perto a cronologia do personagem. Pelo que me lembro, os Bonds dos outros atores tinham filmes independentes entre si, mas isso mudou com o Bond de Craig, que começou a história em 2006 com Cassino Royale. Os seus filmes seguem a mesma história, que é concluída aqui. Aliás, é bom falar: pela primeira vez um James Bond tem um filme de despedida. E aparentemente sua despedida é definitiva.

Sem Tempo Para Morrer (No Time To Die, no original) é mais um daqueles títulos que teve a estreia atrapalhada pela pandemia. Ouço falar dele há mais de um ano, finalmente lançaram.

A direção seria de Danny Boyle, que se desligou do projeto por divergências criativas. Pena, gosto do estilo do Boyle, seria legal ver um filme do 007 dirigido por ele. Para o seu lugar, foi chamado o quase desconhecido Cary Joji Fukunaga, que acerta em algumas coisas, mas erra mais do que acerta. Vamos por partes.

Vamos primeiro ao que funciona. O filme começa muito bem. Tem uma sequência muito boa usando o clássico Aston Martin – não sei se é um Aston Martin igual ao dos filmes antigos, mas, pelo meu olhar leigo, pareceu igual.

Ainda nas sequências de ação, a minha favorita é a curta participação da Ana de Armas. Bonita, charmosa, carismática, e sai na porrada como se fosse uma veterana de filmes de ação. Estamos numa onda de filmes de ação Girl Power, né? Quero um com ela no papel principal!

Ainda tem uma ou outra sequência bem filmada, como a perseguição de carros na floresta (que às vezes parece uma propaganda de carros). Mas um filme do 007 não é feito apenas de sequências de ação…

Vou enumerar algumas coisas que, pelo menos pra mim, não funcionaram.

– Os créditos iniciais são um ícone da franquia. A lista completa tem muitas músicas excelentes, como Live and Let Die, do Paul McCartney; A View To A Kill, do Duran Duran; The Living Daylights, do A-Ha; ou mesmo Skyfall, com Adelle. Essa nova, com a Billie Eilish, é tão sem graça…

– O filme é looongo demais. Duas horas e quarenta e três minutos, e tem cenas intermináveis. O terço final do filme é chato.

– Os vilões são péssimos. O vilão principal, vivido pelo Rami Malek, é bem ruim. Não sabemos a motivação dele, não sabemos como ele tem tanto poder. Além do fato do ator ser novo demais, a cronologia dentro do filme pedia um ator com cara de mais velho. Além disso, Christoph Waltz está completamente desperdiçado. E nem vou falar do vilão caricato sem um olho.

– Gostei de como apresentaram a nova agente 007, mas a atriz tem zero carisma. Como James Bond se aposentou, outro agente assumiu o cargo de 007, e no caso foi uma mulher. IMHO, nada contra ser uma mulher, mas, a Lashana Lynch é muito sem graça. Se fosse a Ana de Armas acho que ia ter menos gente reclamando pela internet.

Sobre o elenco: Daniel Craig está bem, e consegue mostrar que foi um bom James Bond (a gente tem que lembrar que quando ele foi anunciado, um monte de gente criticou, dizendo que ele não tinha o perfil do personagem). Ana de Armas, como falei antes, está ótima, minha única crítica é pela participação pequena. Rami Malek é um vilão ruim; Christoph Waltz está despediçado; Lashana Lynch não tem carisma. Também no elenco, Léa Seydoux, Ralph Fiennes, Ben Whishaw, Naomie Harris, Jeffrey Wright e Billy Magnussen.

Tem um monte de teorias por aí sobre qual será o futuro da série. Não vou chutar nada, porque, pra mim, parece que colocaram uma mulher para o lugar do 007 como um teste, e vão ver a repercussão disso. Acredito que só saberemos informações sobre o futuro da franquia depois que o estúdio computar os números da bilheteria deste Sem Tempo Para Morrer. Acredito até na possibilidade de um reboot do zero.

A única coisa que parece certa é a despedida de Daniel Craig. Mas, que, na minha humilde opinião, poderia ter sido num filme melhor.

Alita: Anjo de Combate

Crítica – Alita: Anjo de Combate

Sinopse (imdb): Uma história cheia de ação da jornada de uma jovem mulher para descobrir a verdade de quem ela é e sua luta para mudar o mundo.

Opa! Filme novo do Robert Rodriguez! Ou será que é filme novo do James Cameron? Calma, explico.

Alita: Anjo de Combate (Alita: Battle Angel, no original) é baseado num mangá escrito por Yukito Kishiro. James Cameron anunciou interesse na adaptação em 2003, mas a produção atrasou por causa do Avatar (2009) e suas várias continuações (que estão previstas para serem lançadas em 2020, 2021, 2024 e 2025). Até que em 2016 foi anunciado que Robert Rodriguez assumiria a direção, dividindo o roteiro com Cameron (e com Laeta Kalogridis).

Mas, será que funciona a parceria entre um cara que costuma andar no limiar do trash e outro conhecido por uma produções megalomaníacas? Felizmente, a resposta é afirmativa!

Alita: Anjo de Combate chama a atenção logo de cara pelos efeitos especiais. A gente sabe que é um personagem digital, mas é um personagem tão perfeito que ao longo do filme a gente até se esquece disso. O trabalho de captura de movimento feito pela atriz Rosa Salazar é impressionante. Sei que é cedo, mas já arrisco dizer que estará no Oscar ano que vem.

Não só o personagem Alita, mas toda a ambientação distópica é muito bem feita. As sequências com o esporte do filme, Motorball (acredito que a semelhança com Rollerball seja proposital), também são muito bem feitas.

Sobre ser um filme do Robert Rodriguez ou não, a cena do bar (um dos melhores momentos do filme) tem a cara do diretor texano – arrisco a dizer que até a trilha sonora desta cena deve ter sido composta por ele (diferente do que acontece em quase todos os seu filmes, Rodriguez aqui não foi “multi tarefa”, seu maior orçamento até hoje tinha sido 65 milhões em Sin City 2; agora ele estava em um projeto de 200 milhões).

Infelizmente, nem tudo no filme é perfeito. Achei o par romântico desnecessário, e o ator Keean Johnson, que o interpreta, é bem fraquinho. Por sorte, o resto do elenco é muito bom: Christoph Waltz, Jennifer Connelly, Mahershala Ali, Ed Skrein, Jackie Earle Haley, Jeff Fahey e Eiza González. Li no imdb que tem Casper Van Dien e Michelle Rodriguez, mas não os vi. E o papel (não creditado) de Edward Norton nos dá a quase certeza de que teremos uma continuação.

Poizé, isso é ruim. Alita não tem fim, acaba com um gancho. Ainda acho que podiam ter fechado a história, mas é um mal comum nos dias de hoje…

Pequena Grande Vida

Pequena Grande VidaCrítica – Pequena Grande Vida

Sinopse (imdb): Uma sátira social onde um homem percebe que ele teria uma vida melhor se ele fosse encolhido a doze centímetros de altura, permitindo-lhe viver em riqueza e esplendor.

Sabe quando uma ótima ideia se perde ao longo do filme?

Achei genial a premissa de Pequena Grande Vida (Downsizing, no original). Pessoas muito menores consomem muito menos, o dinheiro para sustentar uma pessoa normal proporciona vida de luxo para os pequenos. E a ideia ainda melhora quando vemos a “favela” e começamos a ver as imperfeições deste mundo utópico. Pode-se discutir o quanto é válido o procedimento, questões sociais e econômicas, como ficariam relações familiares… Ei, essa premissa é tão rica que poderia virar uma série

Mas não. Pequena Grande Vida começa bem, mas se perde completamente. Entram ideias desinteressantes, como um romance improvável e uma subtrama apocalíptica. E o filme termina com o espectador se questionando pra onde foi a boa ideia.

Pra piorar, o roteiro tem personagens que estão na história sem nada acrescentar, tipo o Konrad interpretado por Udo Kier (tire o personagem, nada se perde). Isso sem contar com personagens que somem, tipo a mãe do Matt Damon ou o personagem do Jason Sudeikis.

O diretor e roteirista Alexander Payne tem um currículo impressionante. Foi indicado ao Oscar de melhor diretor em seus três últimos filmes, Sideways (2004), Os Decendentes (2011) e Nebraska (2013) – e ganhou os Oscars de melhor roteirista pelos dois últimos (os três filmes ainda foram indicados ao Oscar de melhor filme). Nada mal. Mas acho que desta vez ele vai passar longe de premiações.

O elenco está ok. Matt Damon faz o de sempre; assim como Christoph Waltz, repetindo o “Hans Landa / King Schultz” (mas isso não me incomoda, gosto do seu “personagem único”). Também no elenco, Hong Chau, Kristen Wiig e Rolf Lassgård, além de uma divertida ponta de Neil Patrick Harris e Laura Dern.

No fim, fica a frustração. Aposto como cada espectador vai pensar num modo melhor de terminar o filme.

A Lenda de Tarzan

A Lenda de Tarzan posterCrítica – A Lenda de Tarzan

Este ano já teve um novo Mogli. Por que não um novo Tarzan?

Agora vivendo como aristocrata na Inglaterra, Tarzan volta à África para investigar um suposto caso de tráfico de escravos.

Comparei com Mogli, né? Bem, a comparação não é correta. Os personagens são muito parecidos, mas os dois filmes de 2016 não têm a mesma proposta. Enquanto Mogli é uma versão live action do desenho, A Lenda de Tarzan (The Legend of Tarzan, no original) traz uma nova história do Rei da Selva.

Dirigido por David Yates (que dirigiu os quatro últimos Harry Potter), A Lenda de Tarzan é um filme correto, com bom elenco e bons efeitos especiais mas que, infelizmente, não empolga. Sabe quando você junta os ingredientes certos, mas a massa desanda? Pois é…

Outra coisa: o personagem de Samuel L. Jackson tenta ser um alívio cômico, mas não funciona. Um cara daqueles, americano, urbano, NUNCA conseguiria acompanhar o ritmo do Tarzan pela selva. Entendo sua presença em algumas cenas (porque o Tarzan precisava conversar com algum humano, pra contar ao espectador o que acontecia na história), mas digo que ele atrapalhou mais do que ajudou.

Pelo menos a parte visual do filme é ótima. Assim como aconteceu em Mogli, a qualidade do cgi é excelente, os animais e cenários estão perfeitos. Nisso o filme acertou.

O elenco tem um monte de nomes legais, como o vampiro Eric, a Arlequina, o Nick Fury, o Hans Landa e o Korath – quer dizer, Alexander Skarsgård, Margot Robbie, Samuel L. Jackson, Christoph Waltz e Djimon Hounson. 🙂

Enfim, os menos exigentes vão curtir. Mas o Tarzan ainda merece um filme definitivo.

007 Contra Spectre

007 Spectre - posterCrítica – 007 Contra Spectre

Novo filme do James Bond!

Uma mensagem enigmática do passado de Bond dá uma pista para descobrir uma organização sinistra. Enquanto M batalha contra forças políticas para manter o serviço secreto vivo, Bond desmascara as fraudes para revelar a terrível verdade por trás de Spectre.

Preciso confessar que tenho um sentimento dúbio quando o assunto é 007. Vejo todos os filmes, porque é uma franquia muito competente, e quase todos os filmes do James Bond são bons. Mas não consigo ser fã do agente secreto, acho todos os filmes meio iguais…

Mais uma vez dirigido por Sam Mendes (que dirigiu o último, 007 Operação Skyfall), 007 Contra Spectre (Spectre, no original) é um eficiente filme de ação, que traz aquilo que os fãs do James Bond querem ver: boas cenas de ação, perseguições de carro (e de outros veículos também), belas bond girls, um vilão megalomaníaco, e alguns gadgets tecnológicos (desta vez não foram muitos). Como falei, os realizadores são muito eficientes, o filme não vai decepcionar ninguém.

(Aliás, o marketing em torno deste novo 007 está enorme! Tem até “cerveja Spectre”!)

A trama faz menção a outros filmes do 007 estrelados por Daniel Craig – Cassino Royale, Quantum of Solace e Operação Skyfall. Como falei, gosto de todos, mas os acho descartáveis, então não me lembro de detalhes. Algum ou outro detalhe pode se perder ao longo da narrativa, mas nada grave.

Aceito que tenha gente que não gosta de Daniel Craig como James Bond, mas, na minha humilde opinião, tanto faz – a boa notícia para os haters é que este deve ser o último filme de Craig na franquia, o próximo será outro ator (que ainda não foi escolhido).

Sobre o elenco: Christoph Waltz é o vilão da vez. Olha, adoro vê-lo em cena, é sempre um prazer vê-lo atuando. Mas… fico me questionando quando é que ele vai fazer um papel diferente. Porque o seu Oberhauser é igual ao Hans Landa de Bastardos Inglórios e ao Dr King Schultz de Django Livre. Guardadas as devidas proporções, o mesmo acontece  com Andrew Scott, que faz um C igual ao Moriarty da série Sherlock.

Ainda o elenco: as bond girls são Monica Belucci (que aparece pouco) e Léa Seydoux; Ralph Fiennes está bem no papel de M; e Dave Bautista (o Drax de Guardiões da Galáxia) está excelente como o brutamontes que quase não fala. Fechando o elenco principal, Naomie Harris e Ben Whishaw voltam aos papeis de Moneypenny e Q.

No fim do filme não tem cena pós créditos. Mas tem uma notícia que já era meio óbvia: “James Bond retornará”. Bem, enquanto mantiverem a qualidade, continuarei vendo.

p.s.: Sei que é tradição termos uma música inédita durante os créditos iniciais – algumas músicas bondianas realmente marcaram época. Mas achei essa nova tão chatinha… Os créditos iniciais são intermináveis!

Grandes Olhos

Grandes OlhosCrítica – Grandes Olhos

Filme novo do Tim Burton!

Cinebiografia da pintora Margaret Keane, seu sucesso nos anos 50, e as subsequentes dificuldades legais que ela teve com seu marido, que levou crédito pela autoria dos seus quadros nos anos 60.

De vez em quando falo aqui sobre alguns raros autores que ainda sobrevivem no cinema contemporâneo. Gente como Wes Anderson (que concorre ao Oscar este ano!), Terry Gilliam e Tim Burton. Diretores que conseguem ter um estilo próprio: você vê o filme e logo identifica quem é o diretor.

Pena. Grandes Olhos (Big Eyes, no original) não parece um filme do Tim Burton…

Burton tem uma filmografia que foge do lugar comum, seus filmes sempre têm um pé no dark, no gótico, no estranho, no esquisito. E Grandes Olhos é exatamente o oposto disso: um filme convencional e linear – e previsível. (Pra não dizer que não tem nada no estilo de Tim Burton no filme, a “cena dos olhos”, no supermercado, é a cara do diretor. E é um dos melhores momentos do filme. Pena que passa rapidinho…)

Se salvam as atuações do casal principal. Amy Adams está ótima como a protagonista, inclusive ganhou o Globo de Ouro de melhor atriz por este filme no mês passado. E é sempre delicioso ver Christoph Waltz, mesmo que esteja no limite da caricatura com o seu “quase vilão”. Por outro lado, os coadjuvantes são fracos, mas não culpo o elenco, e sim o roteiro – tire as cenas com a Krysten Ritter, e o filme continua igual. Ainda no elenco, Danny Houston, Terence Stamp e Jason Schwartzman.

Grandes Olhos não chega exatamente a ser ruim, mas vai decepcionar muita gente. Principalmente os fãs do Tim Burton.

Quero Matar Meu Chefe 2

0-queromatarmeuchefe2Crítica – Quero Matar Meu Chefe 2

O primeiro Quero Matar Meu Chefe custou 35 milhões de dólares e rendeu mais de 117 milhões. Claro que iam fazer uma continuação, né?

Cansados de experiências ruins com seus chefes, os amigos Nick, Kurt e Dale resolvem abrir seu próprio negócio. Mas, quando a companhia começa a deslanchar, eles sofrem um golpe do investidor que bancou o negócio. O trio decide partir para um ato desesperado: sequestrar o filho do investidor.

Quero Matar Meu Chefe era uma comédia meio besta que se apoiava em duas coisas: um trio de protagonistas com boa química (Jason Bateman, Jason Sudeikis e Charlie Day) e excelentes coadjuvantes. Na continuação dirigida pelo pouco conhecido Sean Anders, a boa química do trio continua, e temos mais dois bons atores engrossando o corpo de coadjuvantes. Pena que o humor continue grosseiro e com um pé na escatologia – não é exatamente o meu estilo preferido. Se salvam algumas piadas politicamente incorretas, isso sim está mais perto do meu gosto.

Se o roteiro é previsível e as piadas nem sempre são engraçadas, o que salva o filme são os coadjuvantes. Colin Farrell é o único que não está na continuação, mas Jennifer Aniston, Kevin Spacey e Jamie Foxx estão de volta aos seus papeis. E o filme ganhou muito com a adição dos novos coadjuvantes, Christoph Waltz e Chris Pine.

(Curioso ver que uma comédia besta conta com três ganhadores de Oscar: Kevin Spacey, Jamie Foxx e Christoph Waltz. Parabéns aos responsáveis, sem estes três, Quero Matar Meu Chefe 2 seria bem mais fraco. Os três estão ótimos!)

Mesmo assim, Quero Matar Meu Chefe 2 não convence. O humor bobo prevalece e o resultado final é fraco. Talvez divirta quem quiser algo descartável, pra se esquecer no dia seguinte. E só.

Por fim: achei uma pena não ver uma cena com Foxx e Waltz, para revermos Django e dr. King Schultz mais uma vez juntos. Se heu fosse o diretor, não perderia esta oportunidade…

Muppets 2: Procurados e Amados

0-muppets-2-posterCrítica – Muppets 2: Procurados e Amados

Ueba! Os Muppets estão de volta!

Um empresário propõe aos Muppets uma turnê pela Europa. Mas é uma armadilha: Constantine, o sapo mais perigoso do mundo, toma o lugar de Kermit, que é levado para uma prisão na Sibéria, enquanto a trupe participa – sem saber – de assaltos a bancos.

Uma das coisas mais legais dos filmes dos Muppets é como eles usam a metalinguagem. Sempre brincam com a linguagem da tv e do cinema, e nunca levam uma trama a sério. Aqui, isso fica claro logo na primeira cena, um número musical que diz “estamos fazendo uma sequência, que não deve ficar tão boa quanto o primeiro filme” (ao longo da música, um personagem lembra que na verdade este seria o oitavo filme…). Bem, discordo da música. Muppets 2: Procurados e Amados (Muppets Most Wanted, no original) é, na minha humilde opinião, tão bom quanto o filme de 2011.

Mais uma vez dirigido por James Bobin, Muppets 2 traz tudo o que se espera de um filme dos Muppets. O humor presente aqui, nonsense, ao mesmo tempo bobo e inteligente, tem várias piadas internas e situações absurdas (eles vão de trem dos EUA até Berlim!). E alguns números musicais são ótimos (“I’ll Get You What You Want” é sensacional, tanto a música quanto a cena em si).

Li no imdb algumas pessoas criticando os personagens que brincam com clichês europeus. Discordo, é uma piada. Quem se sentiu ofendido deve ser algum chato politicamente correto.

No elenco principal, temos Caco (aqui chamado de Kermit), Miss Piggy, Fozzie, Gonzo, Animal, Walter e um incontável número de outros Muppets conhecidos. Ah, também temos alguns atores “humanos”. Ricky Gervais me pareceu um pouco forçado; já Ty Burrell, de Modern Family, e Tina Fey, de 30 Rock, estão ótimos, mesmo com papeis mais caricatos.

Ainda sobre o elenco, Muppets 2 tem um número incrível de participações especiais, várias delas aparecendo em apenas uma curta cena: Christoph Waltz, Chloë Grace Moretz, James McAvoy, Tom Hiddleston, Salma Hayek, Lady Gaga, Tony Bennet, Zach Galifianakis, Frank Langella, Toby Jones, Ray Liotta, Danny Trejo, Jemaine Clement, Rob Corddry, Miranda Richardson, Saoirse Ronan, Til Schweiger e Stanley Tucci, entre outros. E Céline Dion faz um dos números musicais – ao lado dos Muppets!

Infelizmente, os Muppets hoje em dia não têm muito espaço na mídia, talvez por serem adultos demais para as crianças, e ao mesmo tempo infantis demais para os pais. Mas, na humilde opinião deste que vos escreve, o humor dos Muppets tem a dose ideal. Pena que poucos pensam o mesmo.

p.s.: “Boa Noite, Danny Trejo” concorre fácil ao prêmio de melhor piada do ano!