Pânico 5

Crítica – Pânico 5

Sinopse (imdb): Um novo capítulo da franquia de terror Pânico seguirá uma mulher que volta à sua cidade natal para tentar descobrir quem tem cometido uma série de crimes cruéis.

Lançado em 1996, o primeiro Pânico é um dos melhores slashers já feitos. Slasher é aquele subgênero do terror onde um assassino serial mata boa parte do elenco, gênero que estava meio saturado ao fim dos anos 80, depois de vários Sexta Feira 13, Halloween e A Hora do Pesadelo. Aí veio Pânico, dirigido por Wes Craven (criador do Freddy Kruger), que mostrou um slasher diferente – trazia várias referências a outros slashers, e ainda brincava com os clichês do gênero. Claro que fez sucesso, e claro que teve continuações, em 97, 2000 e 2011, todas dirigidas por Craven.

E agora, sem Wes Craven, que faleceu em 2015, temos o quinto filme. E a boa notícia é que o filme é muito bom!

Dirigido pela dupla Matt Bettinelli e OlpinTyler Gillett (Ready or Not), este novo filme acerta exatamente no mesmos pontos do primeiro filme da franquia: muitas referências a outros filmes de terror e muitas brincadeiras com os clichês. E tudo atualizado: se na cena inicial do primeiro filme rolava um diálogo sobre filmes de terror e Sexta Feira 13 e Halloween eram citados, aqui temos uma cena parecida, mas que cita pós terror – a personagem fala em Babadook, It Follows, Hereditário e A Bruxa.

Preciso falar da metalinguagem! Teoricamente, metalinguagem é quando a gente vê um filme dentro de um filme, e aqui não é exatamente isso. Em alguma das continuações (não me lembro qual), existe o filme “Stab”, que seria a versão cinematográfica da história do filme Pânico. Aqui, várias vezes os personagens se referem ao que está acontecendo como se fosse um novo Stab. Ou seja, estão falando de um filme dentro do filme, e esse filme dentro do filme conta a história do filme. Inception de metalinguagem!

Chega ao ponto de ter uma cena onde explicam o conceito de “requel”, que seria uma mistura de reboot com sequel – como em Halloween e Caça Fantasmas. Ou um vídeo de youtube criticando uma continuação que não tem o número no título, que apenas repete o título do filme original. O filme inteiro consegue fazer auto citações – e ficam boas!

Pânico 5 ainda aproveita pra cutucar a atual mania de certos fãs que se acham donos da verdade sobre a obra original. Me lembrei de várias discussões entre fãs de Guerra nas Estrelas

Nem tudo funciona. Algumas cenas são forçadas – tipo quando a xerife da cidade pede reforços e passa um tempão e ninguém aparece. Ou quando um personagem leva vários tiros e ninguém explica por que saiu andando como se nada tivesse acontecido. Por outro lado, vários clichês são bem utilizados. E os jump scares são bem construídos.

No elenco, os três “de sempre” (Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette) têm participações importantes, mas o filme é da nova geração, de nomes novos e pouco conhecidos – acho que só conhecia Dylan Minnette (de Homem nas Trevas) e Jack Quaid (de The Boys). Marley Shelton, que estava no quarto filme, também volta. Também no elenco, Melissa Barrera, Jenna Ortega, Jasmin Savoy Brown, Sonia Ammar, Mikey Madison e Mason Gooding.

Mantendo o espírito da franquia, Pânico 5 é um presente para fãs de terror.

Pânico (1996)

Panico1Crítica – Pânico

Pra preparação de um podcast de filmes slasher, fui catar o primeiro Pânico pra rever.

Um serial killer fanático por filmes de terror aterroriza uma pequena cidade do interior da Califormia, sempre usando uma faca e uma máscara de fantasma.

A boa notícia: revisto hoje, quase vinte anos depois, Pânico (Scream, no original) ainda é um grande filme!

Voltemos um pouco no tempo. Durante os anos 70, o diretor Wes Craven teve alguns bons filmes (como Quadrilha de Sádicos), mas nenhum grande hit. O sucesso veio em 1984, com A Hora do Pesadelo, uma reviravolta na história dos filmes slasher, que colocava o assassino dentro do sonho. Mas Craven perdeu os direitos sobre o filme, que virou franquia e perdeu a qualidade. E Craven voltou ao underground.

Depois de um tempo em baixa (quando ele até fez filmes legais, mas não obteve tanto sucesso, como A Maldição dos Mortos-Vivos e As Criaturas Atrás das Paredes), Craven voltou ao sucesso de público e crítica em 96, com o primeiro Pânico – que logo virou uma trilogia com filmes lançados em 97 e 2000, e que ainda ganhou um quarto filme “temporão” em 2011, (todos dirigidos por Craven).

Primeiro roteiro da carreira de Kevin Williamson (que depois ficaria famoso por ser o criador da série Dawnson’s Creek), Pânico é um presente para fãs de filmes de terror. São inúmeras referências, várias delas bem explícitas – os personagens citam vários filmes clássicos, como Halloween, Sexta Feira 13 e o próprio A Hora do Pesadelo.

Mas Pânico não funciona só como referência. O ritmo é bom, e a trama consegue algo difícil: um assassino slasher convincente – nos anos 90, personagens como Michael Myers, Freddy Krueger e Jason Vorhees já não assustavam ninguém. E tudo isso num filme leve e divertido. Não é à toa que frequenta várias listas de melhores filmes de terror. Além disso, foi um sucesso de bilheteria, foi o sexto filme de terror da história a alcançar a marca de 170 milhões na bilheteria (antes dele, apenas O Exorcista, Tubarão, Tubarão 2, Drácula de Bram Stoker e Entrevista com o Vampiro conseguiram tal sucesso).

Pena que nem tudo sobreviveu à passagem do tempo. Hoje esta trama falharia logo de cara – todos têm celulares com bina! Outra coisa: em 1996 não existia teste de DNA em crimes? Os policiais conseguiram uma fantasia usada pelo assassino! Não tinha nenhum fio de cabelo na máscara?

É curioso analisar o elenco hoje, 19 anos depois. Tirando a Drew Barrymore, que aparece apenas na cena inicial, o resto do elenco era de nomes que ficaram conhecidos na época, mas hoje estão meio sumidos, como Neve Campbell, Courtney Cox (que já era um nome conhecido na tv por causa da série Friends), Skeet Ulrich, David Arquette, Rose McGowan, Jamie Kennedy e Mathew Lillard (sempre caricato, mas aqui perfeito para o papel). Ah, o assassino da mãe de Sidney, que quase não aparece, é Liev Schreiber.

E olhem a coincidência: Pânico está na programação do Festival do Rio de 2015. Quem quiser rever na tela grande é uma oportunidade imperdível!

Agora fiquei com vontade de rever os outros três…

Revanche Rebelde / Roadracers

0-revanche-rebeldeCrítica – Revanche Rebelde / Roadracers

Numa recente viagem ao exterior, visitando uma loja de dvds, descobri um filme de 1994 dirigido pelo Robert Rodriguez que heu nunca tinha ouvido falar! Claro que heu precisava ver este filme!

Um olhar cínico dos anos 50, onde um roqueiro rebelde tem que enfrentar bandidos com facas e o xerife da cidadezinha local para definir o seu futuro.

Revanche Rebelde (Roadracers, no original) é uma produção para a tv, um filme simples e despretensioso, mas já é um “legítimo Robert Rodriguez” em essência. Claro, é mais próximo de El Mariachi do que de Machete – Rodriguez dirigiu este filme entre El Mariachi e A Balada do Pistoleiro.

A ambientação do filme é excelente. Rodriguez conseguiu captar bem o clima “Grease nos tempos da brilhantina dark” proposto – não sei se era assim na vida real, pois não vivi aquela época, mas o que a gente imagina era aquilo mesmo. A trilha sonora rockabilly é outro ponto forte.

O papel principal é de David Arquette, que aqui faz talvez a melhor interpretação de sua carreira. William Sadler está ótimo como o xerife, e o filme ainda conta com uma Salma Hayek antes da fama.

Revanche Rebelde / Roadracers nunca foi lançado em dvd por aqui. Mas se alguém tiver curiosidade, o filme está legendado no youtube…

Claro, hoje em dia os filmes de Rodriguez têm uma cara diferente, é até covardia comparar este filme com os Sin City e os Machete. Mas Roadracers não faz feio na sua filmografia.