John Wick 4: Baba Yaga

Crítica – John Wick 4: Baba Yaga

Sinopse (filme B): John Wick descobre um caminho para derrotar a Alta Cúpula. Mas antes que ele possa ganhar sua liberdade, Sr. Wick deve enfrentar um novo inimigo com poderosas alianças em todo o mundo e forças que transformam velhos amigos em inimigos.

Estreou o quarto (e aparentemente último) John Wick!

Assim como aconteceu anos atrás com Jason Bourne, a franquia John Wick mudou o paradigma do filme de ação. O diretor dos quatro filmes, Chad Stahelski, era dublê, o cara manja dos paranauês de filmar cenas de ação. Nos últimos anos, são vários os títulos lançados onde as cenas de ação são muito bem coreografadas e muito bem filmadas.

Este é um dos pontos positivos de John Wick 4: Baba Yaga (John Wick: Chapter 4, no original). E isso já esperado pelos fãs da franquia. São várias cenas de luta, na mão, com armas de fogo, com armas brancas, todas são muito bem coreografadas e muito bem filmadas. Neste aspecto, é um prato cheio para os apreciadores do estilo. Além disso, o visual do filme é um espetáculo. Muito contraluz, muita cena filmada de noite, com água, com cores fortes… A fotografia do filme é muito boa.

Agora, precisamos reconhecer que o filme é MUITO exagerado. São quase 3 horas, o mais longo da franquia. E pra começo de conversa, um dos principais assassinos é cego – sim, o cara luta com espadas e atira com armas de fogo sem ver nada. Isso já sinaliza que o espectador precisa de uma grande suspensão de descrença.

Mas o que me incomodou é que achei que algumas cenas foram além do necessário. Um exemplo simples: na cena do Arco do Triunfo, rolam tiroteios, assassinatos, atropelamentos, e o trânsito continua normal. Gente, os motoristas que não têm nada a ver com isso parariam simplesmente porque tem gente no chão! Reconheço que a sequência toda é muito bem filmada, mas precisava ser mais curta.

E tem a cena da escada… Aquela sequência gerou gargalhadas altas no cinema, não sei se combina com a proposta de filme de ação com protagonista “bad motherf*cker”. A cena parecia tirada de Todo Mundo em Pânico!

Sobre o elenco, são vários bons nomes – mas o estilo do filme não traz muito espaço pra grandes atuações. Keanu Reeves está ótimo, o John Wick é perfeito pra ele. Donnie Yen também, mais uma vez ele faz um cego (como o Chirrut de Rogue One) – os vários embates entre os dois são todos muito bons. Ian McShane e Lance Reddick estão de volta, Laurence Fishburne também, mas este não acrescenta nada (tire o personagem e o filme fica igual). De novidade temos Hiroyuki Sanada, está excelente como o dono do Hotel Continental japonês; e, como vilão, Bill Skarsgård, sempre eficiente, mas talvez ele pudesse ter sido um pouco mais excêntrico. Também no elenco, Clancy Brown,  Rina Sawayama e Shamier Anderson.

O filme acaba de um jeito que acho difícil termos um quinto filme (o que é uma boa, lembrando que Keanu Reeves já tem 58 anos). Vai ter gente reclamando do final, mas heu gostei.

Por fim, tem uma cena pós créditos, lá no finzinho, resolvendo uma ponta solta deixada ao longo do filme. E talvez seja um gancho para um spin-off.

xXx: Reativado

XXXCrítica – xXx: Reativado

Depois de um acidente envolvendo o agente Gibbons, a CIA consegue encontrar Xander Cage, que estava escondido, dado como morto, e convocá-lo para voltar à ativa.

Vamulá. Muita gente vai falar mal mesmo sem ver o filme. xXx: Reativado (xXx: Return of Xander Cage, no original) é daquele tipo de filme onde é legal dizer que é uma porcaria. Afinal, é um filme genérico de tiro, porrada e bomba. Agora, quem se propõe a ir ao cinema ver um filme desses não espera algo diferente disso. Escreverei a crítica pensando nisso.

Voltemos uns anos no tempo. No início dos anos 2000, Vin Diesel começou a aumentar o seu star power e entrou numa de não fazer continuações – não quis fazer o segundo Velozes e Furiosos (2003), nem o segundo xXx (2005). A indústria mudou, a cabeça do Vin Diesel mudou, ele voltou à franquia Velozes e Furiosos e virou uma estrela. Por que não reativar outra franquia?

A direção coube a D. J. Caruso, um nome compatível com o projeto – tem bons filmes no currículo (Paranoia, Controle Absoluto, Eu Sou o Número 4), mas nada que se destaca. Aqui ele faz “o de sempre” – mais um filme competente, mas esquecível. Porque o importante aqui é que temos uma boa quantidade de sequências de ação bem filmadas e bem humoradas. Veracidade? O cara que pagou ingresso não quer veracidade, quer ver tiro, porrada e bomba…

Claro que xXx: Reativado tem muitos absurdos. Um deles me lembrou outra franquia do mesmo Vin Diesel. Sabe aquela cena final do Velozes 6, onde um avião fica tempo demais numa pista de aeroporto? Desta vez um avião fica tempo demais caindo. O tempo da queda é tão absurdo quanto no outro filme.

Uma das falhas é que o elenco tem muita gente, e não sabe equilibrar bem esses personagens. Alguns estão bem, como Donnie Yen (Rogue One). Mas outros parecem desperdiçados, como Tony Jaa, que dá uns dois saltos e só. Se é pra colocar muitos personagens, que eles estejam equilibrados, como aconteceu em Sete Homens e um Destino.

Uma tendência do cinema de ação contemporâneo está presente: o empoderamento feminino. Temos 3 mulheres no time principal: Deepika Padukone e Ruby Rose nas cenas de ação e Nina Dobrev como um dos alívios cômicos. Isso porque não falei que a Toni Collette faz a chefa da CIA. Ainda no elenco, Kris Wu, Rory McCann e Michael Bisping, em papeis que se fossem cortados do filme, ninguém sentiria falta. Ice Cube e Samuel L. Jackson aparecem em pontas (ambos repetindo papeis da franquia). Ah, também tem o Neymar – sim, o jogador de futebol – numa cena onde vemos claramente que ele não estava no mesmo ambiente que seu interlocutor (o que nos faz pensar se existem outras versões do filme com outros atletas mais famosos em outros países).

O fim do filme deixa clara outra tendência do cinema atual: temos um gancho para continuar a franquia (o nome já dizia, né? “Reativado”…). Um aviso aos haters: em breve deve aparecer um quarto filme…

Enfim, como falei lá em cima, é legal dizer que xXx: Reativado é uma porcaria. Mas pelo menos é uma porcaria divertida.