Perfectos Desconocidos

Perfectos DesconocidosCrítica – Perfectos Desconocidos

Sinopse (imdb): Sete amigos se reúnem para jantar e decidem jogar um jogo em que todas as mensagens e chamadas recebidas estarão em exibição para todo o grupo, levando a uma série de revelações que gradualmente desfazem suas vidas “normais”.

O Bar entrou no Netflix, e reparei que tinha outro Álex de la Iglesia ao lado, este Perfectos Desconocidos (acho que não tem nome em português). Trata-se de uma refilmagem do italiano Perfetti sconosciuti – não vi, não posso comparar. Mas digo que gostei do que vi.

Perfectos Desconocidos tem uma coisa recorrente nos filmes de Álex de la Iglesia: bons personagens, postos em situações limite. É meio óbvio que “vai dar ruim” quando os segredos guardados em cada celular forem expostos. O legal é como o diretor coloca isso em tela.

No elenco, só reconheci duas pessoas: Belén Rueda (O Orfanato) e Eduardo Noriega (Abre los Ojos). Todos estão bem, o mosaico de personagens é bem construído. Também no elenco, Eduard Fernández, Ernesto Alterio, Juana Acosta, Dafne Fernández e Pepón Nieto.

Li no imdb algumas críticas ao fim do filme, que “arruma a bagunça”. Não me incomodou.

O diretor Álex de la Iglesia sempre fez filmes com um pé na bizarrice. Uma boa notícia é que Perfectos Desconocidos pode ser uma boa porta de entrada para a sua filmografia, é um filme sem bizarrices.

Preso na Escuridão / Abre los Ojos (1997)

Abre-Los-OjosCrítica – Abre Los Ojos (1997)

Um jovem rico e bonito encontra o amor da sua vida, mas sofre um acidente que deixa o seu rosto desfigurado.

Antes do podcast “O que você entendeu destes filmes?”, revi Vanilla Sky, e em seguida revi Abre Los Ojos. Mas como aquele é a refilmagem deste, vou falar primeiro do original.

(Mal) lançado no Brasil com título Preso na Escuridão (vi no SBT, ainda na época do VHS!), Abre Los Ojos traz uma impressionante e bem construída trama, meio suspense, meio drama, meio ficção científica, daquelas que o espectador precisa prestar atenção para sacar todas as nuances.

Além de dirigir, Alejandro Almenábar (que tem feito pouca coisa, de 2002 pra cá só dirigiu dois longas, Mar Adentro e Alexandria) também escreveu o roteiro (em parceria com Mateo Gil), que é a melhor coisa do filme. Abre Los Ojos não é um filme fácil, mas o espectador inteligente vai se deliciar com a trama não linear onde nem tudo é o que parece.

Nos papeis principais, Eduardo Noriega (A Espinha do Diabo, Agnosia) e Penélope Cruz (que estava na refilmagem). Ainda no elenco, Najwa Nimri, Chete Lera e Fele Martinez.

Abre Los Ojos foi refilmado quatro anos depois. Diz a lenda que Tom Cruise viu o filme com o seu amigo Cameron Crowe, e Cruise então chamou Almenábar e propôs a refilmagem, e em contrapartida ele “emprestaria” sua então esposa Nicole Kidman para a sua estreia hollywoodiana” (Os Outros). Curiosamente, Penélope Cruz veio no “pacote”, e reencenou o mesmo papel – e depois tomou o posto de Nicole no coração de Cruise… Amanhã falo da refilmagem!

p.s.: Normalmente procuro no google imagens das versões brasileiras dos filmes. Mas não achei deste filme, então peguei a americana, igual à do dvd gringo que tenho.

A Espinha do Diabo

el-espinazo-del-diabloCrítica – A Espinha do Diabo

Aproveitei o evento Sanguecine, no Cine Joia, pertinho da minha casa, pra revisitar A Espinha do Diabo, filme que heu queria rever há anos.

Espanha, 1939. Durante a guerra civil, um menino de dez anos de idade é levado a um orfanato isolado da cidade. Lá, ele aprende a conviver com adultos agressivos e crianças perturbadas pela atmosfera do lugar, e com o espírito de um ex-aluno que clama por vingança.

Apesar do nome remeter ao assunto, (El Espinazo del Diablo no original, The Devil’s Backbone em inglês) não tem nada de demoníaco. Sim, é terror, mas é uma história de fantasma.

O diretor Guillermo Del Toro (Hellboy, Círculo de Fogo), hoje um nome famoso mundialmente, era pouco conhecido na época, mas conseguiu chamar a atenção com este seu terceiro longa metragem, com um misto de terror, suspense e drama, e uma história sólida e com bons personagens (ele é um dos co-roteiristas). Anos depois ele voltaria ao ambiente da guerra civil espanhola em outro excelente filme fantástico, O Labirinto do Fauno. Muita gente considera estes dois os melhores filmes de Del Toro.

Gosto de ver filmes “off Hollywood”. Co-produção México e Espanha, A Espinha do Diabo tem um clima tenso e um estilo de violência que nunca seriam feitos pelos grandes estúdios americanos. O mesmo posso dizer sobre o uso de crianças no filme.

Falando nas crianças, o elenco infantil é bom, mas acho que nenhum dos meninos ficou famoso – Fernando Tielve (Carlos) e Íñigo Garcéz (Jaime) também estiveram em Labirinto do Fauno, mas em papeis menores. Entre os adultos, acho que o maior nome era o de Marisa Paredes, habitual colaboradora de Pedro Almodóvar (que foi produtor executivo aqui). Eduardo Noriega esteve recentemente em O Último Desafio, ao lado de Schwarzenegger e Rodrigo Santoro. Completam o quarteto Irene Visedo e Federico Luppi.

Diferente de alguns filmes de fantasmas por aí, a assombração de A Espinha do Diabo logo mostra a cara, o filme não esconde de ninguém o seu assustador fantasminha. Aliás, a caracterização do fantasma é muito boa, todos os efeitos especiais funcionam bem.

Até onde sei, A Espinha do Diabo nunca foi lançado em dvd ou blu-ray por aqui. Vi muito tempo atrás, ainda na época do vhs. Anos depois consegui comprar o dvd importado, mas estava com preguiça de ver com legendas em inglês. Viva o Sanguecine, viva o Cine Joia!

O Último Desafio

Crítica – O Último Desafio

Filme novo do Arnold Schwarzenegger!

Um perigoso lider de um cartel do narco-tráfico consegue fugir da prisão e está a caminho da fronteira do México. E a única coisa que pode pará-lo é o velho xerife de uma cidadezinha com o seu inexperiente staff.

O Último Desafio (The Last Stand, no original) está sendo vendido como “a volta de Schwarzenegger”. Ué, mas ele não estava em Mercenários 2, que passou há pouco? Sim. Mas neste filme ele fazia um papel pequeno. Agora Arnoldão está de volta ao papel de principal – seu último filme como protagonista foi O Exterminador do Futuro 3, de 10 anos atrás (Schwarza passou oito anos como governador da California, longe das telas).

Podemos dizer que quem gostava dos seus filmes nos anos 80 e 90 (e gostou dos dois Mercenários) vai curtir O Último Desafio. Já quem nunca curtiu este estilo deve procurar algo diferente em cartaz…

Para a direção, foi chamado o coreano Kim Jee-woon, pouco conhecido por aqui – ele fez o faroeste O Bom, o Mau e o Bizarro (lançado aqui em dvd como Os Invencíveis); fez o terror oriental A Tale of Two Sisters, que deu origem a O Mistério das Duas Irmãs; fez também o terror I Saw The Devil; fez ainda uma das histórias de O Livro do Apocalipse. Só vi dois desses quatro, e nem achei grandes coisas. Por mim, esta estreia hollywoodiana é seu ponto alto na carreira.

O Último Desafio é um eficiente filme de ação. Boas perseguições de carro, vários tiroteios de diversos calibres, lutas “no braço”, um vilão malvadão e um super mocinho, tá tudo lá. Ok, o filme é meio previsível – com menos de meia hora, a gente já sabe tudo o que vai acontecer. Mas pelo menos O Último Desafio esbanja bom humor – um filme desses não pode se levar a sério, né?

Aliás, é bom avisar: O Último Desafio não é uma comédia, mas às vezes parece. Rolam momentos hilários envolvendo os personagens de Luiz Guzmán e, principalmente, Johnny Knoxville – a cena do tiro de sinalizador é uma das mortes mais engraçadas dos últimos tempos!

O elenco é bem acima da média – além de Schwarza, Guzmán e Knoxville, o filme conta com Forest Whitaker, Eduardo Noriega, Peter Stormare, Jaimie Alexander, Genesis Rodriguez e uma ponta de Harry Dean Stanton. E o “nosso” Rodrigo Santoro no único papel que tem algo de galã.

Por fim, gostaria de ressaltar que este é mais um daqueles casos de nome nacional equivocado. “The Last Stand” seria “a última barreira” – que faz muito mais sentido do que “o último desafio”…