Absolutely Anything

Absolutely Anything - posterCrítica – Absolutely Anything

Já tinha um tempo que heu tinha lido sobre este filme. Cheguei a achar que tinham cancelado o projeto. Mas, olha lá, o filme tá pronto!

Um grupo de excêntricos alienígenas concede a um humano o poder de fazer absolutamente qualquer coisa, como um teste para saber se vale a pena exterminar o planeta.

Absolutely Anything é uma comédia estrelada pelo Simon Pegg. Mas o que o torna imperdível é saber que é o primeiro filme desde O Sentido da Vida que temos todos os membros (vivos) do Monty Python reunidos. John Cleese, Eric Idle, Michael Palin, Terry Gilliam e Terry Jones (que também dirigiu o filme) não aparecem na tela, mas ouvimos suas vozes – eles dublam os alienígenas! E, se não bastasse, ainda tem Robin Williams fazendo a voz do cachorro!

(Falei que não vemos os Pythons, mas o diretor Terry Jones faz um cameo, como o motorista da caminhonete que atropela a bicicleta.)

Ver o Monty Python reunido é sempre um prazer – e ter o Terry Jones na direção é uma boa notícia, afinal ele também dirigiu os “pythonianos” O Cálice Sagrado, A Vida de Brian e O Sentido da Vida. Tudo isso ainda parece maior quando a gente lembra que é o último filme do Robin Williams. E não podemos nos esquecer que o filme é estrelado por Simon Pegg, um dos maiores nomes da comédia contemporânea. E isso tudo que citei até agora talvez seja o maior problema de Absolutely Anything: uma grande expectativa. Em um filme mediano…

Absolutely Anything não é ruim. Temos algumas boas piadas – quase todos os diálogos do cachorro são engraçadíssimos! Mas, além de parecer um filme pra sessão da tarde, tem o problema de ter um argumento muito parecido com o Todo Poderoso do Jim Carrey.

No elenco, os rostos mais conhecidos aqui no Brasil são Pegg e Kate Beckinsale (como falei, os outros só dublam). Também no elenco, Rob Riggle, Sanjeev Bhaskar e Joanna Lumley.

No fim, Robin Williams faz valer o ingresso. E é sempre legal ouvir as vozes dos Pythons. Mas que fica aquele gostinho de que poderia ter sido muito melhor, ah, fica.

Monty Python Live (Mostly)

0-Monty Python Live Mostly-posterCrítica – Monty Python Live (Mostly)

Finalmente consegui ver (no cinema) o último show do Monty Python, realizado em julho deste ano!

O que passou nos cinemas foi exatamente o show que aconteceu em Londres, na Arena O2, com suas duas horas e quarenta de esquetes ao vivo, números musicais e trechos de filmes antigos passados no telão. Uma grande homenagem a um dos melhores grupos de humor da história.

O parágrafo acima pode ter duas interpretações. Vamos a elas?

Monty Python Live (Mostly) é um delicioso presente para os fãs do grupo inglês.

ou

Monty Python Live (Mostly), além de longo demais, é um prato requentado.

Sou muito fã do Monty Python. Vi todos os filmes – algumas vezes cada um – tenho tudo em dvd / blu-ray, mais as temporadas completas do Flying Circus, mais alguns documentários e um monte de filmes “solo” (The Rutles, Um Peixe Chamado Wanda, Erik o Viking, O Homem que Perdeu a Hora, Serviços Íntimos, The Secret Policeman’s Ball, além de toda a carreira do Terry Gilliam como diretor). E se fiquei feliz quando soube da existência de Not The Messiah, musical do Eric Idle com participações do Terry Gilliam, do Michael Palin e do Terry Jones, claro que ia ficar feliz com os cinco reunidos pela primeira vez desde O Sentido da Vida!

Como fã, adorei o filme. Ri muito, me diverti à beça. É um sonho realizado ver de novo, lado a lado, John Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle, Michael Palin e Terry Jones! (Carol Cleveland, que trabalhava com eles, também está de volta, e o show teve participações especiais de Mike Myers e Eddie Izzard).

Mas, analisando friamente, Monty Python Live (Mostly) é um produto só para fãs radicais. O público que não conhece ou não gosta de Monty Python vai achar o filme um saco.

Em primeiro lugar, são duas horas e quarenta minutos de filme. E dá pra cortar quase 20 minutos sem fazer esforço. O início do filme é uma tela parada enquanto ouvimos a Lumberjack Song; e no meio do filme tem um intervalo de 15 minutos. Sim, no teatro, isso faz sentido. Mas a gente viu isso no cinema, uma contagem regressiva de 15 minutos na tela. Claro que todos na sala do cinema estavam rindo, isso virou uma piada extra – quem mais colocaria um intervalo de 15 minutos no meio de um filme, sem avisar? Mas, admito, foi over.

Outro problema são os números musicais, que provavelmente estavam lá para as trocas de roupas dos atores. São muitos números musicais, e nenhum deles é engraçado. Música faz parte do universo pythoniano, precisamos do Lumberjack Song, do Every Sperm is Sacred, do Always Look at the Bright Side of Life. Mas, por exemplo, Silly Walk não precisava ter virado número musical.

(Entendo que, com 74 anos, John Cleese não tenha mais a elasticidade de outrora para fazer o seu Silly Walk. Mas achei capenga o modo como fizeram.)

Por fim, é muito engraçado rever esquetes velhas, todo mundo riu (mais uma vez) com os 100 metros rasos para pessoas sem senso de direção ou o futebol dos filósofos. São quadros geniais! Mas, vamos combinar que todo mundo já viu isso, né? O “And Now For Something Completely Different” (“E agora, algo completamente diferente”, título do primeiro filme deles) ficou para trás. O subtítulo poderia ser “And Now For Something Completely Repeated”…

Claro que, ao vivo, lá na Arena O2, tinha sentido você ter um show neste formato, mesmo com as piadas repetidas. Mas, no cinema, foi um programa exclusivo para fãs.

Pena, porque a gente tem que reconhecer alguns lances geniais. Quando os cinco estão no palco, mesmo as piadas velhas se tornam momentos memoráveis!

É sensacional ver a velha piada do papagaio morto com John Cleese e Michael Palin esquecendo as linhas, ou o bigode do Eric Idle caindo enquanto ele fala “Say no more!” no quadro Nudge Nudge. Outras esquetes são velhas mas continuam engraçadas, como o Michelangelo conversando com o Papa ou o homem que compra uma discussão. Eles também fazem piadas com eles mesmos, como o divórcio de John Cleese e o programa de turismo de Michael Palin. E isso porque não falei das piadas de humor negro sobre a morte de Graham Chapman, o único Python já falecido, que aparece algumas vezes no telão.

Talvez exista uma solução para quando Monty Python Live (Mostly) for lançado no mercado de home vídeo: duas versões – esta “versão estendida” e uma outra com pelo menos uma hora a menos.

Agora aparentemente acabou. Segundo os créditos finais, o Monty Python “morreu” em 2014. Bem, os caras estão velhos, de repente tá mesmo na hora da aposentadoria. Pelo menos os fãs ganharam um presentão de despedida…

Monty Python Em Busca Do Cálice Sagrado

Crítica – Monty Python em Busca do Cálice Sagrado

Depois de ver uma montagem da peça musical Spamalot, semana passada, na Uni Rio, Urca, tive vontade de rever mais uma vez o genial Monty Python Em Busca Do Cálice Sagrado, filme no qual a peça se baseou.

Gosto da sinopse que está no imdb: “King Arthur and his knights embark on a low-budget search for the Grail, encountering many very silly obstacles.” (“Rei Arthur e seus cavaleiros embarcam em uma busca de orçamento baixo ao Santo Graal, encontrando vários obstáculos muito bobos.”)

Pra quem não sabe: Monty Python era um grupo inglês de seis comediantes: Graham Chapman, Eric Idle, John Cleese, Michael Palin, Terry Jones e Terry Gilliam, que tinham um programa de TV (Monty Python Flying Circus) e depois fizeram alguns filmes para o cinema. O estilo de humor deles era de uma genialidade ímpar, sem dúvida um dos marcos mais importantes da história da comédia no cinema.

É complicado falar de Monty Python Em Busca Do Cálice Sagrado, escrito pelo sexteto e dirigido por Terry Gilliam e Terry Jones em 1975. Quem gosta de Monty Python já viu e reviu; quem não curte o estilo do grupo inglês não deu bola antes e não vai dar bola agora. O que posso dizer depois de rever mais uma vez é que, se o visual do filme está um pouco velho, o humor continua afiado. Dei boas gargalhadas, mesmo já conhecendo todas as piadas.

Nem mesmo a produção de recursos escassos escapa. Como era complicado usarem cavalos de verdade, eles usaram cocos para imitar o barulho dos cascos de cavalo – e fizeram piada sobre como os cocos foram parar na Inglaterra na Idade Média. Ou, quando chegam perto de Camelot, o personagem de Terry Gilliam avisa: “mas é só uma maquete!”. Isso sem contar com várias piadas sensacionais, hoje clássicas, como o Cavaleiro Negro, os Cavaleiros que dizem Ni e o terrível coelho assassino…

Monty Python Em Busca Do Cálice Sagrado é o segundo longa do Monty Python, mas na verdade é o primeiro filme com uma história inédita. Antes, em 1971, eles lançaram And Now For Something Completely Different, que era uma compilação de esquetes tiradas do programa de tv. Eles ainda fariam A Vida de Brian (1979), Monty Python – Ao Vivo no Hollywood Bowl (1982) e O Sentido da Vida (1983). Desde então, nunca mais estiveram todos reunidos – e a partir de 89, a tarefa se tornou impossível, com a morte de Graham Chapman. Mas heu ainda espero por uma produção que reúna os outros cinco.

Deu vontade de rever os outros filmes… E amanhã voltarei à Uni Rio para rever Spamalot!

E se por um acaso você gosta de comédia e nunca viu nada do Monty Python, faça um favor a você mesmo e procure este filme. Nem precisa agradecer depois…

And Now For Something Completely Different

Crítica – And Now For Something Completely Different

Comprei o dvd com o primeiro filme do Monty Python!

Na verdade, esta é uma coletânea de esquetes que rolaram no programa de tv Monty Python Flying Circus, todas escritas e interpretadas pelo sexteto John Cleese, Michael Palin, Eric Idle, Graham Chapman, Terry Jones e Terry Gilliam, com animações feitas pelo último entremeando as piadas. Foi lançado como um filme, mas é uma coleção de esquetes independentes. Algumas boas, algumas nem tanto.

Quem conhece o trabalho do grupo, vai reconhecer, por exemplo, a Lumberjack Song e as esquetes do papagaio morto e da piada mortal – clássicos “pythonianos”.

And Now For Something Completely Different é irregular. Algumas piadas são geniais, mas outras são meio bobas. E rola uma coisa assaz diferente: muitas das esquetes não têm fim – a própria esquete do papagaio morto não acaba, ela não conclui e emenda na piada seguinte. Isso, aliado ao nem sempre palatável humor inglês, desabilita o filme para plateias leigas no assunto Monty Python. Se você conhece e gosta do estilo do sexteto, este filme é obrigatório; se não conhece, é melhor começar com outro filme.

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Se você gostou de And Now For Something Completely Different, o Blog do Heu recomenda:
Em Busca do Cálice Sagrado
Ao Vivo no Hollywood Bowl
A Vida de Brian
O Sentido da Vida

O Pirata da Barba Amarela

O Pirata da Barba Amarela

Depois de 20 anos preso, o pirata Yellowbeard foge para tentar pegar o seu tesouro escondido numa ilha. Atrás dele vão seu filho (que ele não conhecia), outros piratas e sua ex-mulher com a marinha inglesa.

Este filme quase entrou no meu Top 10 de elencos legais, que publiquei ontem. Pra começar, é um dos poucos filmes “não Monty Python” que reúne mais de dois ex membros do grupo inglês no elenco (Jabberwocky e Bandidos do Tempo também tinham três ex-Pythons, mas um deles basicamente só na direção). Aqui temos Graham Chapman (no papel principal), Eric Idle e John Cleese. Peter Boyle, Madeline Kahn e Marty Feldman, figurinhas fáceis em comédias na época (os três estiveram juntos em O Jovem Frankenstein, de Mel Brooks) também estão ótimos – principalmente Feldman. Cheech Marin e Thomas Chong, que fizeram várias comédias ligadas à maconha, também estão lá como espanhóis. Além deles, o elenco ainda conta com Peter Cook, Kenneth Mars, e uma ponta de David Bowie como um tubarão(!).

Apesar do excelente elenco, o filme é meio bobo. Uma piada boa aqui, outra ali, mas, no geral, o humor tem cara de sessão da tarde…

Curiosidade: quando passou na tv a cabo, o filme foi chamado de O Incrível Barba Amarela. Ah, esses distribuidores brasileiros que mudam os nomes dos filmes – Bandidos do Tempo também teve dois nomes por aqui…

As Aventuras do Barão Munchausen

As Aventuras do Barão Munchausen

Inspirado pela pré estreia do novo filme do Terry Gilliam, O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus, na tela gigante montada à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, resolvi montar uma sessão dupla e rever As Aventuras do Barão Munchausen. Infelizmente, em dvd…

O Barão Munchausen realmente existiu, foi um militar alemão que serviu pelo exército russo e participou de duas campanhas contra os turcos. Quando voltou para casa, contava histórias fantásticas e exageradas sobre suas aventuras. Suas histórias eram tão boas que Rudolph Erich Raspe resolveu reuní-las e publicá-las em 1785, como um livro de aventuras infanto-juvenil. O filme não é baseado na vida real, e sim no livro exagerado de Raspe!

O filme é divertidíssimo! Acompanhamos o Barão enquanto ele viaja para a lua, para o interior do vulcão Etna e até para dentro da barriga de um enorme monstro marinho, tudo isso para reencontrar seus amigos Berthold (que corre tão rápido que precisa de bolas de ferro presas nos pés), Albrecht (muito, muito forte), Adolphus (dono de uma visão extraordinária) e Gustavus (com audição e fôlego fora do comum), e também seu cavalo Bucefalus, que o ajudarão a derrotar os turcos e recuperar a cidade.

Os efeitos especiais são excelentes. O ano era 1988, não existiam efeitos feitos por computador, era tudo “na mão”. E mesmo assim, os efeitos são deslumbrantes, e conseguem mostrar toda a grandiosidade exigida pelo roteiro.

O elenco é cheio de nomes dignos de nota, como Eric Idle (velho companheiro de Monty Python), Jonathan Pryce (“Brazil, O Filme”), Oliver Reed e Robin Williams. Os produtores queriam Sean Connery para interpretar o Barão, mas Gilliam bateu o pé, porque já tinha se decidido a dar o papel a John Neville. (Depois, Connery foi escalado para fazer o Rei da Lua, mas com os cortes financeiros na produção, Connery se desligou do projeto, e Robin WIlliams assumiu o papel). Heu me lembrava que tinha a Uma Thurman novinha, com 17 anos, em um de seus primeiros papéis. O que heu sinceramente não lembrava era que Sally, a menininha de oito anos que acompanha o Barão, é a Sarah Polley, a mesma de filmes como a nova versão de Madrugada dos Mortos!

Como disse lá em cima, desta vez vi Munchausen em dvd (a primeira vez vi no cinema, mas foi há uns 20 anos atrás!). Comprei há pouco o dvd duplo, e aproveitei para ver os extras. Tem um documentário muito interessante, algo como “As Desventuras do Barão Munchausen”, de pouco mais de uma hora, onde ficamos sabendo da enorme quantidade de problemas que rondou a produção. O filme chegou a ser cancelado! E, depois de pronto, o estúdio boicotou o lançamento, torcendo por um fracasso de público e crítica, como uma vingança ao diretor. Bem, todos sabem que a vingança não deu certo. Munchausen pode não ter sido um sucesso estrondoso, mas o filme está aí, reverenciado pela crítica até hoje!

Li que este filme fecha uma “trilogia informal” de Gilliam, sobre os impactos da imaginação nos três estágios do homem (juventude, idade adulta e velhice). Os outros dois filmes são Bandidos do Tempo (81) e Brazil – O Filme (85). Já tenho Brazil, mas Bandidos do Tempo nunca foi lançado em dvd aqui no Brasil. Encomendei um dvd gringo num site, assim que chegar, vou rever os dois filmes e resenhá-los aqui!

Monty Python ao vivo no Hollywood Bowl

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Monty Python ao vivo no Hollywood Bowl

Monty Python era um grupo de humor da tv inglesa, nos anos 60. Mais ou menos como o Casseta e Planeta hoje em dia. Humor inglês, muitas vezes genial, porém nem sempre compreendido por aqui – temos que admitir que humor inglês não é pra todos os gostos…

(Mesmo assim, heu disse genial e repito. Uma das provas é que o termo “spam”, hoje amplamente usado com e-mails, surgiu de um quadro deles! Veja aqui: http://www.youtube.com/watch?v=anwy2MPT5RE)

E não é só isso. Qualquer compilação que fale da história do humor no cinema tem que citar Monty Python. Mais ou menos assim, Na “sessão besteirol”, depois dos Irmãos Marx, antes do trio Zucker Abraham Zucker, contemporâneos do Mel Brooks…

Além de algumas temporadas do programa de tv, eles fizeram alguns longa-metragens para o cinema, os sensacionais O Cálice Sagrado, A Vida de Brian e O Sentido da Vida. Além desses três filmes, ainda teve um show que eles fizeram no Hollywood Bowl que foi lançado nos cinemas. E é desse show que vou falar hoje.

É um show, mas um show de humor, não de música. Basicamente é uma reunião de esquetes, algumas boas, algumas bobas, quase sempre engraçadas. Entremeando as esquetes, alguns números musicais e trechos no telão complementam o programa.

São vááários momentos antológicos, como o quadro do “Silly Walk”, o do Michelangelo com o Papa, o da discussão, a “lumberjack song”, o futebol de filósofos gregos vs alemães, as olimpíadas tolas, a “chapeuzinho vermelho”, o “momento albatroz”… Algumas piadas até são meio bobas – heu nunca entendi por que os ingleses acham engraçado quando um homem se veste de mulher – mas, no geral, é de rolar de rir!

Os filmes podem até ser mais bem feitos, afinal têm uma linha narrativa – diferente daqui, que é uma coleção de piadas. Mas vou confessar pra vocês que a vez na minha vida que ri mais numa sala de cinema foi vendo esse filme, muitos anos atrás, no Estação Botafogo 3…