O Hobbit 3: A Batalha dos Cinco Exércitos

0-Hobit3-posterCrítica – O Hobbit 3: A Batalha dos Cinco Exércitos

Chega ao fim a trilogia d’O Hobbit!

Ao recuperar sua montanha do dragão Smaug, Bilbo Bolseiro, Thorin Escudo-de-Carvalho e a Companhia de Anões involuntariamente despertaram uma força mortal para o mundo. Enfurecido, Smaug espalha sua ira sobre homens, mulheres e crianças indefesas da Cidade do Lago.

A expectativa era grande. Os dois primeiros filmes baseados no livro “O Hobbit” ficaram devendo. Mas quando o mesmo diretor Peter Jackson fez a trilogia O Senhor dos Aneis, o terceiro filme foi o melhor da série, e agora a gente esperava que acontecesse o mesmo com a trilogia do prequel.

Pena, desta vez Peter Jackson falhou. O Hobbit 3: A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit: The Battle of the Five Armies, no original) é o mais fraco dos seis filmes dirigidos por ele baseados em J.R.R. Tolkien.

Vejam bem, o filme não é exatamente ruim. Tecnicamente perfeito, traz bons atores, bons personagens, batalhas bem filmadas, etc. Mas O Hobbit 3 perde – e muito – na comparação com a trilogia anterior, principalmente com o terceiro filme: depois uma batalha sensacional, O Retorno do Rei termina com Aragorn virando rei e dizendo aos Hobbits “you bow to no one”, num momento que arrepia até o nerd mais insensível. E agora, no fim do sexto filme, bem… Nada memorável acontece…

Aliás, mesmo os outros filmes da nova trilogia têm sequências memoráveis. Tem alguma aqui? A batalha que dá título ao filme é deixada de lado enquanto acompanhamos algumas lutas em particular. E o fim da batalha é besta…

Se fosse um filme “independente”, O Hobbit 3 seria um filme razoável, apenas com o mesmo defeito dos outros dois filmes do prequel: a lentidão – foi um erro grave transformar um único livro em três filmes de quase três horas cada, os três filmes têm muita encheção de linguiça. Mas, por ser mais um filme do Peter Jackson, baseado em Tolkien, repetindo atores e personagens, a comparação entre as duas trilogias é inevitável.

Se salvam alguns detalhes, como falei lá em cima. A parte técnica é fantástica, Jackson e a Weta conseguem perfeição nos efeitos especiais, o dragão mais uma vez enche os olhos, assim como as grandiosas batalhas. Existem versões em 48 quadros por segundo, mas não posso julgar isso, a sessão de imprensa foi nos tradicionais 24 qps.

O elenco também está bem, felizmente Jackson conseguiu manter os mesmos atores durante toda a saga. Martin Freeman mais uma vez faz um bom trabalho liderando o elenco, que conta com Ian McKellen, Richard Armitage, Evangeline Lilly, Luke Evans, Orlando Bloom, Lee Pace, Billy Connolly e Manu Bennett. Só achei que alguns atores aparecem pouco – Cate Blanchett e Benedict Cumberbatch (que não mostra a cara mas dá a voz para dois vilões) deveriam ter participações maiores, seus personagens foram sub-aproveitados. Ian Holm, Christopher Lee e Hugo Weaving fazem pontas nos papeis esperados.

No fim, fica a certeza: o livro “O Hobbit” não tinha como virar uma trilogia de quase 9 horas (na sua versão curta, porque existe uma versão estendida). Se fosse apenas um filme, ou, no máximo, dois, seria beeem melhor.

p.s.: Será que Jackson agora pensa na trilogia do Silmarillion? Ou será que a Disney vai comprar tudo e inventar episódios 7, 8 e 9? 😛

O Hobbit – Uma Aventura Inesperada

Crítica – O Hobbit – Uma Aventura Inesperada

O aguardado novo filme da série O Senhor dos Aneis!

O hobbit Bilbo Bolseiro conta as aventuras do seu passado, quando foi levado pelo mago Gandalf, o Cinzento, para à épica missão de retomar a posse do reino dos anões, Erebor, do dragão Smaug, acompanhando os treze anões liderados pelo guerreiro Thorin Escudo-de-Carvalho.

Falar de O Hobbit – Uma Aventura Inesperada não é exatamente uma tarefa fácil, porque trata-se de um filme incompleto. Assim como fez anteriormente, o diretor Peter Jackson dividiu a história em três filmes. Só teremos uma visão exata daqui a dois anos, data prevista para lançarem o terceiro filme.

Inicialmente, Guillermo Del Toro seria o diretor, e seriam apenas dois filmes. Mas, quando a falência da MGM congelou o projeto, Del Toro saiu, depois de dedicar três anos ao filme. Del Toro continua creditado como co-roteirista, mas não se sabe exatamente quais partes cabem a cada um dos dois. E ninguém explicou por que viraram três filmes em vez de dois – se bem que a resposta a essa questão é meio óbvia: dinheiro.

Analisando este primeiro filme: posso chegar a duas rápidas conclusões:

– Peter Jackson mais uma vez fez um belo trabalho;

– Tenho medo da ideia comercial de se esticar um único livro em três filmes.

Vamos por partes, primeiro ao que funciona. Jackson foi muito competente ao retornar ao universo da Terra Média. Tudo aqui remete à outra trilogia: o clima é o mesmo, a trilha sonora lembra os temas de dez anos atrás, vários personagens retornam. Os cenários, que antes já eram muito bem feitos, estão ainda melhores – além de revermos o Condado e Valfenda, ainda conhecemos a fantástica Erebor. Belíssimos cenários naturais neo zelandeses também são usados, nas óbvias cenas de caminhadas – não seria Senhor dos Aneis sem longas caminhadas, né?

Os efeitos especiais, como era de se esperar, são excelentes. O cgi é absurdamente bem feito, tanto ao construir cenários deslumbrantes quanto para criar centenas de personagens que preenchem as várias cenas – não dá pra saber o que é ator e o que é cgi naquelas grandiosas cenas de batalhas com anões e orcs. E ainda tem uma cena com trolls perfeitos!

E a cereja do bolo também já era prevista: o Gollum. Andy Serkis volta ao seu mais famoso personagem por captura de movimento, e aqui ele consegue ser ainda mais “real” do que na outra trilogia. A Academia vai acabar criando uma categoria no Oscar pra conseguir premiar Serkis…

(Existe uma outra inovação que não pôde ser verificada por este que vos escreve. Desde que o cinema foi inventado, as projeções são a 24 quadros por segundo. O Hobbit – Uma Aventura Inesperada traz uma novidade: Peter Jackson filmou a 48 quadros por segundo, o que – dizem – traz uma imagem em alta definição para a tela do cinema. Mas a sessão de imprensa foi no tradicional 24 quadros por segundo. Também não vi o 3D, mas com relação a isso, nem faço questão.)

Mas… Nem tudo funcionou…

O meu grande receio com esta nova saga é justamente o fato de ser uma trilogia. O Senhor dos Aneis são três livros, que viraram três filmes. Tinha história suficiente para se fazerem três filmes de três horas cada (ou quatro horas cada, no caso das versões estendidas) – e ainda ficou coisa de fora. Mas aqui é um livro só, ou seja, a história terá que ser esticada. E isso já é sentido em alguns momentos deste filme – as cenas em Valfenda são arrastaaadas… Li por aí que Jackson incluirá trechos do Sillmarillion e partes não usadas dos livros O Senhor dos Aneis. Bem, como ele já fez um bom trabalho neste aspecto com os outros filmes, não vou falar mal ainda. Mas confirmo que é algo que me preocupa.

Além disso, O Hobbit – Uma Aventura Inesperada sofre com outro problema. Se a Sociedade do Anel tinha 9 integrantes, entre homens, hobbits, anões e elfos, e a gente já se confundia (nunca sei quem é Merry e quem é Pippin), aqui são 13 anões. Alguns se destacam e são facilmente identificáveis, mas heu me perdi no geral. Um espectador “leigo”, que nunca leu o livro, dificilmente vai conseguir identificar todos os treze.

Outra coisa: sei que o tom deste filme é um pouco mais infantil, mas mesmo assim achei o personagem Radagast bobo e caricato demais, ficou um pouco acima do tom. E não gostei da sequência dos gigantes de pedra, achei uma cena besta e completamente dispensável – mas sei que está no livro, então não vou reclamar.

Sobre o elenco, só tenho elogios. Martin Freeman (O Guia do Mochileiro das Galáxias) parece que nasceu para ser Bilbo Bolseiro – a gente até esquece que o personagem foi muito bem interpretado por Ian Holm. Ian McKellen mais uma vez está ótimo como Gandalf. Richard Armitage também está bem com o seu Thorin Escudo-de-Carvalho – o “Aragorn da vez”. E o elenco ainda traz participações de vários atores da “trilogia clássica”: Cate Blanchett, Hugo Weaving, Elijah Wood, Christopher Lee e Ian Holm, além do já citado Andy Serkis. E, para quem vê a série Sherlock, da BBC: Benedict Cumberbatch faz uma participação sem mostrar o rosto: ele é o Necromancer (pra quem nunca viu Sherlock: Benedict Cumberbatch é o Sherlock; Martin Freeman é o Watson).

Agora é segurar o “gostinho de quero mais” até dezembro do ano que vem, quando estreará O Hobbit: A Desolação de Smaug

p.s.: Durante o filme ninguém fala nada, mas até onde me lembro, o anão Gimli é filho de Gloin. E Gloin é um dos 13 anões… Será que veremos um Gimli criança?

O Quinto Elemento

Crítica – O Quinto Elemento

(Antes de começar a falar do Festival do Rio, posso falar de um filme que revi outro dia?)

Há tempos heu queria rever este divertido filme de Luc Besson, de 1997. Aproveitei o blu-ray gringo com legendas em português…

Século 23. Uma ameaça maligna se aproxima da Terra. A única esperança é o Quinto Elemento, que vem ao nosso planeta a cada 500 anos para proteger a raça humana, trazido pelos Mondoshawans. Mas o cruel Jean-Baptiste Emanuel Zorg, com a ajuda dos malvados Mangalores, quer atrapalhar a chegada do Quinto Elemento.

O Quinto Elemento (The Fifth Element, no original) é um daqueles felizes casos onde tudo dá certo. Luc Besson, que escreveu a história quando ainda estava na escola, conseguiu um equilíbrio perfeito entre a ficção científica, a ação e a comédia. Aliás, não se trata exatamente de uma comédia, mas o clima de galhofa rola durante toda a projeção – acho que a melhor coisa de O Quinto Elemento é que em momento nenhum o filme se leva a sério. (E isso porque não estou falando da quantidade incontável de referências à saga Guerra nas Estrelas, além de outras grandes produções da ficção científica…)

O visual do filme é impressionante. Os figurinos são de Jean-Paul Gaultier, e boa parte dos cenários e veículos foram desenhados pelos quadrinistas franceses Moebius e Mézières. Os efeitos especiais foram caríssimos, custaram 80 milhões de dólares – o maior orçamento para efeitos da história até então. Na época do lançamento, O Quinto Elemento era o filme mais caro produzido fora de Hollywood – nem tem cara de filme francês!

Luc Besson estava em ascensão – este filme veio depois de Imensidão Azul (1988), Nikita (90) e O Profissional (94). Em seguida ele dirigiria o fraco Joana D’Arc, e depois ficaria um tempo sem dirigir, só produzindo e escrevendo roteiros. Podemos dizer que O Quinto Elemento foi um grande marco em sua carreira.

O elenco é outro destaque. Bruce Willis faz o de sempre, mas faz bem feito; Milla Jovovich, ainda pouco conhecida, está ótima como a maluquinha Leeloominaï Lekatariba Lamina-Tchaï Ekbat De Sebat; Gary Oldman faz um vilão excelente, à beira da caricatura; Chris Tucker está perfeito com sua exageradíssimo mistura de Prince com Lenny Kravitz. Ainda no elenco, Ian Holm, Luke Perry, Brion James e Mathieu Kassovitz.

(Detalhe curioso: a língua falada por Leeloo foi inventada por Besson e praticada entre ele e Milla. Diz a lenda que no fim do filme eles já dialogavam nessa língua…)

Heu já era fã do filme, e depois de rever continuei fã. Recomendado para quem não viu!

O Senhor Dos Anéis – As Duas Torres

Crítica – O Senhor Dos Anéis – As Duas Torres

Hora de falar do segundo filme da saga!

A trama segue exatamente de onde acabou o primeiro filme. Frodo precisa levar o Um Anel até Mordor, mas a Sociedade do Anel acaba se desfazendo em três núcleos, que seguem caminhos diferentes.

As Duas Torres é uma continuação diferente da maioria. O padrão em Hollywood é só pensarem na sequência depois do sucesso do primeiro filme – por isso tantas continuações são inferiores aos originais. Mas O Senhor dos Anéis foi pensado desde o início como um filme só, dividido em três partes. Por isso, heu arriscaria dizer que As Duas Torres é ainda melhor que A Sociedade do Anel – o primeiro filme tem que nos apresentar a trama e os personagens e por isso é um pouco lento; este segundo filme vai direto ao assunto.

O grupo se separa, e a trama se divide em caminhos paralelos: temos Frodo, Sam e Gollum a caminho de Mordor; Merry e Pippin fugindo de orcs; e Aragorn, Legolas e Gimli com os cavaleiros de Rohan, entre outras sub-tramas. Sim, são quase quatro horas; sim, o ritmo é quase o tempo todo tenso. E o clímax no Abismo de Helm é sensacional. Mesmo vista hoje, dez anos depois, a batalha que coloca homens e elfos enfrentando milhares de orcs ainda é excelente. Não dá pra saber o que era ator maquiado ou o que era computação gráfica – e também, quem se importa em saber? Só sei que a pancadaria rola solta, em cenas de altíssima qualidade – a sequência é ainda hoje uma das melhores batalhas da história do cinema.

Ainda sobre os efeitos especiais: é hora de falar do Gollum. Em 1999, George Lucas resolveu colocar um personagem digital no seu Star Wars ep I – A Ameaça Fantasma: o controverso Jar Jar Binks. Foi um marco na história dos efeitos especiais, mas a concepção do personagem ficou capenga – Jar Jar era um alívio cômico caricato e insuportavelmente chato. Peter Jackson foi mais feliz: Gollum não só é um personagem mais bem construído, como tecnicamente muito superior a Jar Jar – em Star Wars, um ator com uma máscara interagiu com o resto do elenco, e depois foi substituído pelo personagem digital; aqui, o ator Andy Serkis usou uma roupa com sensores de captura de movimentos – o personagem digital inserido tinha movimentos muito melhores, assim como interagia muito melhor com o resto do elenco.

E como está o Gollum hoje, dez anos depois, agora que já estamos mais acostumados a ver filmes quase inteiros em cgi? Olha, em algumas cenas, conseguimos ver claramente que ele não está no mesmo plano que o resto do filme. Mas essas cenas são minoria, o Gollum de dez anos atrás é melhor que muito cgi atual.

Alguns novo personagens são apresentados, para acompanhar o bom elenco do primeiro filme, como Brad Dourif como Grima Língua de Cobra, Miranda Otto como Eowyn, David Wenham como Faramir e Karl Urban como Eomer. Curiosidade: John Rhys-Davies, o Gimli, faz a voz do Barbárvore!

O ritmo do filme é muito bom, mas nem tudo é perfeito. Os livros davam pouca importância à Arwen e ao seu romance com Aragorn. Já os filmes dedicam muito tempo a esse romance. Essas partes são arrastaaadas… Me pareceu ser uma imposição dos produtores, ter uma “mocinha” e um “mocinho” para ajudar a vender o filme. Não gostei, podia ser como acontece no livro: o romance está lá, mas em segundo plano.

O Oscar não foi muito generoso com esta segunda parte, da trilogia este é o filme com menos prêmios e indicações. Concorreu a seis estatuetas: ganhou efeitos especiais (merecidíssimo) e edição de som; não levou melhor filme, edição, direção de arte e som.

Em breve vou rever o terceiro filme e falo dele aqui!

O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel

Crítica –  O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel

É hora de encarar (mais uma vez) a trilogia estendida d’O Senhor dos Anéis!

Antes de falar do filme em si, vamos a algumas informações interessantes. Os três livros O Senhor dos Anéis, escritos por J. R. R. Tolkien entre 1937 e 1949, e lançados pela primeira vez em 1954 e 55, eram considerados “infilmáveis”. O diretor neo-zelandês Peter Jackson já tinha cinco filmes no currículo, mas nada que enchesse os olhos dos estúdios – eram três trash (Bad Taste – Náusea Total, Fome Animal e Meet The Feebles), um cult (Almas Gêmeas) e uma comédia de terror feita em Hollywood (Os Espíritos). Mesmo assim, ele conseguiu convencer o estúdio New Line Cinema a bancar um projeto ambicioso: Jackson iria com toda a equipe para a Nova Zelândia (por causa das locações naturais e da mão de obra barata), ficaria lá por 13 meses e filmaria os três filmes de uma vez. Claro que o estúdio preferia fazer só o primeiro filme, afinal, se fosse um fracasso de público, o que fariam com as continuações? Mas Jackson bateu o pé e conseguiu carregar a galera para o seu país natal – e assim foi criada uma das melhores sagas da história do cinema!

Quando os três filmes foram lançados em 2001, 2002 e 2003 nos cinemas, cada um tinha cerca de três horas de duração. As versões estendidas, onde cada filme tem cerca de quatro horas, só passaram aqui no Brasil em sessões especiais, não entraram no circuito. E acho que não foram lançadas em dvd aqui no Brasil. Só recentemente tivemos versões oficiais, já em blu-ray. Mas não comprei o blu-ray nacional, já que o box importado, com 15 discos, tem legendas e dublagem em português – comprei o meu pela Amazon.

Vamos ao filme? Quando o “Um Anel”, um anel mágico de poder dado como desaparecido há muito tempo, é encontrado, o pequeno hobbit Frodo tem a tarefa de levá-lo para ser destruído. Ele não está sozinho na sua jornada: é acompanhado por Aragorn, Boromir, o mago Gandalf, o elfo Legolas, o anão Gimli e seus amigos hobbits Sam, Merry e Pippin.

O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel é um daqueles raros e felizes casos onde tudo dá certo. Adaptação literária bem feita, bom elenco, excelentes efeitos especiais, tudo isso numa trama simples (o bem contra o mal), mas contada de uma maneira excepcional.

A adaptação, que era uma grande incógnita, foi muito bem feita. Os fãs mais xiitas do livro reclamaram de algumas ausências, como por exemplo os trechos envolvendo o personagem Tom Bombadil (ignorado pelo filme), mas, afinal, era uma “adaptação”, não tinha como entrar tudo em um filme para cinema (talvez em uma mini série).

Acho que uma das coisas mais difíceis era mostrar personagens de tamanhos diferentes. Temos homens, elfos e orcs, mas todos têm tamanhos semelhantes. Já os hobbits, personagens importantíssimos na saga, são seres da altura de uma criança. E ainda tem um anão – interpretado por John Rhys-Davies, um ator de 1,85. E esses seres de tamanhos diferentes aparecem juntos vááárias vezes, e em nenhuma delas parece falso. Digo mais: hoje em dia seria tudo cgi, mas naquela época o cgi ainda não era o que é hoje (vou falar mais do cgi no texto sobre o próximo filme, As Duas Torres). Jackson usou truques de câmera e dublês nas cenas em close. O resultado ficou irretocável!

O elenco misturava atores desconhecidos com alguns de fama intermediária, como Ian McKellen, Liv Tyler, Cate Blanchett, Ian Holm e Christopher Lee. Boa parte do elenco soube capitalizar em cima do sucesso dos filmes e hoje são nomes bem conhecidos, mas antes eram nomes “lado B” – também, quem estava disposto a se mandar pra Nova Zelândia por um projeto arriscado e com mais de um ano de duração? Mas mesmo assim, a escolha do elenco foi perfeita, cada ator “vestiu” perfeitamente o seu personagem.

Lembro de Viggo Mortensen como coadjuvante de Demi Moore em GI Jane e num pequeno papel em O Pagamento Final – hoje o cara é protagonista de grandes produções como A Estrada e Um Método Perigoso – e chegou a concorrer ao Oscar de melhor ator por Senhores do Crime. Antes desconhecido, Orlando Bloom depois esteve nos três primeiros Piratas do Caribe e em Os Três Mosqueteiros. Elijah Wood participou de bons filmes como Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças e Sin City. Dominic Monaghan teve papéis importantes em séries badaladas como Lost e Flash Forward; Sean Bean foi o personagem central da primeira temporada da elogiada série Game of Thrones. Hugo Weaving antes era mais lembrado por Priscilla, a Rainha do Deserto; hoje o currículo dele é bem extenso, com filmes do porte de Matrix, Capitão América, O Lobisomem, V de Vingança e a franquia Transformers.

Outros atores ainda estão por aí, mas não são tão famosos hoje. John Rhys-Davies já tinha uma extensa carreira, mesmo não sendo um rosto muito conhecido – acho que o seu papel mais famoso era o Sallah de Os Caçadores da Arca Perdida (1981) e Indiana Jones e a Última Cruzada (1989). Sean Astin é outro que também já tinha currículo, ele foi o ator principal de Os Goonies quando tinha 14 anos. E acho que o único do elenco principal que era desconhecido e continua assim até hoje é Billy Boyd, o hobbit Pippin…

Os efeitos especiais também são sensacionais. Tudo bem que o que a trilogia traz de mais impressionante (o Gollum) só aparece no segundo filme. Mas mesmo assim, tudo aqui é extremamente bem feito – a começar pelo tamanho dos personagens que falei alguns parágrafos acima. Um universo onde a magia faz parte do dia-a-dia é mostrado e, hoje, uma década depois, os efeitos ainda não “perderam a validade”.

Ainda preciso falar das locações. Jackson estava certo quando quis fazer seu filme na Nova Zelândia – florestas, montanhas, planícies, rios, neve, tem todas as paisagens que o livro pedia. Boa escolha!

O filme concorreu a 13 Oscars, incluindo melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro adaptado e melhor ator coadjuvante para Ian McKellen. Não ganhou nenhum desses, mas levou quatro estatuetas: trilha sonora, fotografia, efeitos especiais e maquiagem.

Heu poderia continuar falando do filme, mas – caramba, o post já tá gigantesco! Só preciso falar mais uma coisa: a versão que passou nos cinemas é boa, mas, se você é fã, procure a versão estendida. É um total de 12 horas de filme, mas vale a pena!

Em breve, falo do segundo filme aqui!

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Se você gostou de O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, o Blog do Heu recomenda:
Guerra nas Estrelas
Alice no País das Maravilhas
O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus
Amor Além da Vida
Sucker Punch – Mundo Surreal

1066 – The Battle For Middle Earth

1066 – The Battle For Middle Earth

Mini-série da tv inglesa, 1066 – The Battle For Middle Earth usa o formato de documentário para contar uma épica saga de três grandes batalhas que aconteceram na Inglaterra no ano de 1066. Os ingleses tiveram os vikings como inimigos em Midland e Stamford Bridge, e depois andaram 200 milhas para enfrentar normandos em Hastings.

O que é interessante aqui é a mudança do foco. Em vez de acompanharmos nobres ou guerreiros, vemos tudo sob o ponto de vista do camponês comum que foi recrutado para lutar na batalha.

Também é legal ver tudo como se fosse um documentário. Claro que não tinha como ser um documentário de verdade, não existem imagens feitas em 1066, isso aconteceu há quase mil anos! Atores representam supostos personagens das batalhas de 1066.

O sub-título do filme – “The Battle For Middle Earth” – pode gerar alguma confusão, pois a saga O Senhor dos Aneis também usa o local “Middle Earth”. Mas 1066 não tem nada a ver com os livros de Tolkien e os filmes de Peter Jackson, a não ser um ou outro nome – os ingleses chamam os normandos de “orcs”, sei lá por qual motivo.

O único ator conhecido não aparece, é o narrador Ian Holm, que, coincidência ou não, interpretou Bilbo Bolseiro na saga de Peter Jackson, o que pode ajudar na confusão… O resto do elenco, de rostos desconhecidos, está ok.

O visual traz alguns cenários naturais bem bonitos, e as batalhas têm algum sangue, mas nada excessivo.

Com aproximadamente três horas de duração, 1066 – The Battle For Middle Earth não é essencial, mas é uma boa opção para os fãs do gênero.

Bandidos do Tempo

Bandidos do Tempo

Com a proximidade da estreia do Imaginário do Dr. Parnassus, resolvi rever alguns filmes viajantes do Terry Gilliam: As Aventuras do Barão Munchausen e este Bandidos do Tempo, que nunca foi lançado por aqui em dvd. Heu até tenho o vhs original, mas como não tenho mais videocassete, encomendei um dvd gringo pela internet. Quando chegou, coloquei no dvd player, e descobri que não existe a opção de ver com legendas! Poxa, heu esperava pelo menos legendas em inglês! Resultado: baixei o filme e assisti em formato avi… Depois reclamam da pirataria!

Bandidos do Tempo tem uma premissa genial: como Deus criou o mundo em apenas seis dias, ficaram espalhadas várias falhas, vários buracos. Seis anões, que ajudaram na criação do mundo, roubam o mapa onde estão esses buracos, e saem viajando pelo tempo roubando coisas. No caminho, caem dentro do quarto de Kevin, um garoto inglês de 11 anos, que, meio sem querer, acaba se juntando ao grupo.

A premissa é genial e o filme é muito divertido. Afinal, não é todo dia que viajamos pelo mundo e encontramos Napoleão, Robin Hood e o rei Agamemnon, e ainda viajamos no Titanic, isso tudo antes de entrar na “era das lendas”, onde gigantes usam navios como chapéus e “O Mal” em pessoa vive na sua Fortaleza das Trevas.

Os principais nomes do elenco – o garoto e os anões – não são muito conhecidos. Este foi o filme de estreia de Craig Warnock, que faz Kevin, o garoto. E Warnock nunca mais fez nada digno de nota. Entre os anões, heu só reconheci dois: Kenny Baker (que estava dentro do robô R2-D2, dos filmes clássicos da saga Guerra nas Estrelas) e Jack Purvis (que era um dos amigos do Barão Munchausen). Os outros anões são David Rappaport, Malcolm Dixon, Tiny Ross e Michael Edmonds.

Por outro lado, nos papéis secundários tem um monte de atores legais! Sean Connery é Agamemnon; John Cleese é Robin Hood; Ian Holm é Napoleão. Michael Palin e Shelley Duvall aparecem em duas breves cenas, David Warner é “O Mal”, e Ralph Richardson, o “Ser Supremo”. E ainda temos Peter Vaughan, Katherine Helmond, Charles McKeown e Jim Broadbent.

Como todos aqui sabem (ou deveriam saber), Terry Gilliam fazia parte do grupo Monty Python. Aqui temos outros dois ex-Pythons no elenco, John Cleese e Michael Palin. E, de quebra, o roteiro foi escrito por Gilliam e Palin. Não sei se existe outro filme tão “Pythoniano” como este, fora os feitos pelos seis juntos!

(Yellowbeard – O Pirata da Barba Amarela, também tinha três ex-Pythons: foi escrito por Graham Chapman e no elenco contava com Chapman, Eric Idle e John Cleese. Mas o diretor, Mel Damski, não era ex-Python!)

Enfim, Bandidos do Tempo é um filme divertidíssimo. Ok, concordo, é um pouco maluco também, mas mesmo assim, continua divertdíssimo!

Como curiosidade final: Bandidos do Tempo teve dois nomes diferentes no Brasil, afinal, quando passou nos cinemas, foi lançado como Os Aventureiros do Tempo!

Alien – O Oitavo Passageiro

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Alien – O Oitavo Passageiro

Outro dia meu amigo Bebeto Pires sugeriu uma resenha deste ótimo filme, que este ano completa 30 anos. Claro que heu já tinha visto, mais de uma vez, mas é sempre bom rever antes de escrever, né? Então aproveitei o feriadão de páscoa pra rever este clássico.

Alguém aí não conhece a história? A Nostromo, uma enorme nave espacial cargueira, com apenas sete tripulantes, para no meio do caminho de volta para a Terra, para checar um S.O.S num planeta desconhecido. Alguns tripulantes vão até lá, algo dá errado, e na volta para a Nostromo trazem algo desconhecido com eles.

É difícil falar de um fime desses. Afinal, o que posso falar sobre esse filme que já foi falado por pessoas com mais propriedade que heu? Bem, posso falar duas coisas:

1- O visual do filme não está “velho”. Os cenários e efeitos ainda estão bons, algo surpreendente para um filme feito 30 anos atrás. As únicas coisas que denunciam a idade são os gráficos dos monitores de computador. E talvez alguns penteados femininos…

2- Vi este filme junto com um “quase sobrinho”, de 18 anos. Que não tinha ideia do que se tratava o filme. E que me disse que o filme continua bom!

Alien é simplesmente um marco. É a perfeita interseção entre ficção científica, suspense e terror. Nasci em 71, então não vi na época do lançamento. Mas tive a sorte de ver no cinema, numa reprise, antes da continuação, ou seja, sem saber do que se tratava, sem saber o que era o “alien”. Afinal, o suspense é criado em cima do desconhecido: não sabemos o que é aquilo; até a cena final, apenas vemos partes do bicho.

Foram 3 continuações: Aliens, de James Cameron (86); Alien 3, de David Fincher (92); e Alien – A Ressurreição, de Jean Pierre Jeunet (97). O de Cameron também é excelente, é uma das poucas continuações da história tão boas quanto o original. Não gostei do de Fincher, mas prometo que um dia ainda reverei para uma segunda opinião. O de Jeunet é bizarro, mas não se pode esperar algo diferente vindo do mesmo diretor de Delicatessen

(Não estou contando os filmes da franquia Alien vs Predador. São muito ruins, principalmente se comparados a esses!)

Mais alguns fatos legais sobre Alien:

– Era o segundo filme de um tal de Ridley Scott. Que logo depois fez um tal de Blade Runner. E que já foi indicado 3 vezes ao Oscar de melhor diretor, por Thelma & Louise (91), Gladiador (2000) e Falcão Negro em Perigo (2001).

– Os cenários e criaturas foram desenhadas pelo artista suíço H. R. Giger, o mesmo que fez a criatura em A Experiência, e a capa do disco “Brain Salad Surgery, da banda Emerson, Lake & Palmer.

– O responsável pelos efeitos especiais foi Carlo Rambaldi, que ganhou um Oscar por este filme e outro por E.T.. Rambaldi ainda fez efeitos especiais em filmes legais como o King Kong de 76, Duna e Possessão, aquele que a Isabelle Adjani cria um monstro no banheiro.

– Sigourney Weaver era quase desconhecida antes da série Alien. Depois de estrelar os 4 filmes da franquia, passou a ser associada sempre ao filme.

– O roteirista Dan O’Bannon fez outros roteiros para filmes legais, como Força Sinistra (Lifeforce) e O Vingador do Futuro (Total Recall). Mas no seu currículo tem duas coisas curiosas: 1- Só dirigiu dois filmes. Um deles é o cultuadíssimo A Volta dos Mortos Vivos; 2- Realizou, em 1974, como projeto de faculdade, uma ficção científica trash divertidíssima chamada Dark Star, que também foi o primeiro filme de John Carpenter (O Enigma de Outro Mundo, Fuga de Nova York).

Chega, o texto vai ficar grande demais. Se você ainda não viu o filme, corra para ver. E se já viu, é uma boa opção de reprise!