Tempestade – Planeta em Fúria

Crítica – TempestadeCrítica – Tempestade – Planeta em Fúria

Sinopse (imdb): Quando a rede de satélites projetada para controlar o clima global começa a atacar a Terra, é uma corrida contra o relógio para descobrir a ameaça real antes de uma tempestade global acabar com tudo e com todos.

Uma simples leitura nos créditos principais já nos diz o que esperar de Tempestade – Planeta em Fúria (Geostorm, no original). O filme é dirigido por Dean Devlin, que foi o produtor de vários filmes catástrofe do Roland Emmerich. Daí a a gente já desconfia: vai ser um “sub Emmerich”.

Tempestade – Planeta em Fúria é exatamente isso. Temos todos os clichês possíveis – tem até o garoto que perde o cachorro e depois o reencontra! Só ficou faltando o talento do diretor alemão – com todos os prós e contras, temos que admitir que Emmerich talvez seja o maior nome do cinema catástrofe contemporâneo. Ah, e pros brasileiros, tem uma rápida e divertida cena numa praia que acho que era pra ser Copacabana, mas com prédios de outro lugar… 😉

Tempestade – Planeta em Fúria tem um outro problema: os efeitos especiais não são tão impressionantes. Efeitos fracos talvez não atrapalhem um filme de outro estilo, mas, neste caso em particular, o filme perdeu muito com os efeitos de segunda linha.

Liderando o elenco, Gerard Butler está canastrão no ponto que o filme pede – não precisa ser um grande ator para carregar um filme desses. Também no elenco, Jim Sturgess, Abbie Cornish, Alexandra Maria Lara, Andy Garcia e Ed Harris.

Resumindo: não é ruim, mas tá bem longe de ser bom. Vale mais rever Independence Day.

A Viagem

Crítica – A Viagem

E vamos a mais um filme polêmico!

Seis histórias, de estilos diferentes, passadas em épocas diferentes e vividas por personagens diferentes, abordando diferentes lutas vividas pelos personagens: racismo, homofobia, energia “suja”, maus tratos a idosos, capitalismo e religião.

A Viagem (Cloud Atlas, no original) é um novo projeto ambicioso que vai dar o que falar. Já prevejo que vai ter gente discutindo: de um lado, pessoas que não gostaram, criticando o filme; do outro, fãs do filme, dizendo que quem não gostou “não entendeu”. Alguém se lembra de outras polêmicas recentes como A Árvore da Vida ou Melancolia? Será que alguém pode ter entendido, e mesmo assim não gostado?

Trata-se do novo filme dos irmãos Wachowski (Matrix) em parceria com Tom Tykwer (Corra Lola Corra), um projeto ambicioso, que conta seis histórias ao mesmo tempo. Baseado no livro de David Mitchell, considerado “infilmável”. Bem, não li o livro, mas pelo filme, realmente, parece “infilmável”.

A chance de dar errado era muito grande. Lembro de rumores na época da produção do filme que falavam que os irmãos Andy e Lana Wachowski não se comunicavam com Tykwer, o outro diretor. Uma trama complexa, com seis histórias diferentes, e sem entrosamento entre os realizadores – acho que já tinha gente dando como certo o naufrágio do projeto antes mesmo da estreia.

Bem, não achei o filme tão ruim assim. Está longe de ser bom, mas algo se salva…

Na minha humilde opinião, o problema básico de A Viagem é o ritmo. Não dá pra manter o ritmo quando se mistura seis histórias diferentes em um filme de quase três horas de duração. Aí, o filme, que já é confuso, fica cansativo.

Não sei se teria outro modo de se fazer o filme sem misturar as seis histórias – existem ligações entre elas. Mas talvez se a gente ficasse um pouco mais em cada uma delas o resultado final não fosse tão cansativo – a cada cena, muda a história, às vezes muda antes de acabar a cena! São poucos segundos em cada trama antes de pularmos para a próxima, onde ficaremos por breves instantes. O espectador não tem tempo pra respirar, a mudança entre as histórias é frenética.

E aí vem outro problema: a duração. São duas horas e cinquenta e dois minutos de filme. Não dá pra segurar este ritmo de mudanças de trama por meia hora, o que dirá durante quase 3 horas!

Aí, as virtudes do filme ficam apagadas. A Viagem tem uma boa trilha sonora e uma bela fotografia. Mas quase não dá pra aproveitar…

Sobre o elenco, é complicado falar. São grandes atores, não há dúvidas. Mas acho que eles ficaram perdidos, e as atuações ficaram devendo. Assim, um excelente elenco é desperdiçado: Tom Hanks, Halle Berry, Susan Sarandon, Hugo Weaving, Hugh Grant, Jim Broadbent, Jim Sturgess, Doona Bae, Ben Whishaw, Keith David, Xun Zhou, James D´Arcy – nada se aproveita.

A maquiagem segue o problema do elenco. Como são os mesmos atores em papeis diferentes, rola muita maquiagem pra diferenciar os personagens. Algumas até funcionaram, mas a maioria ficou caricata.

No fim, fica uma sensação de boa ideia desperdiçada. No lugar de um filme épico, ficamos com um filme pretensioso e mal realizado. Parece que queriam fazer um novo 2001, mas, do jeito que ficou, A Viagem acaba lembrando A Reconquista

Um Dia

Crítica – Um Dia

Às vezes é difícil escrever uma crítica sem a interferência do gosto pessoal. Um Dia nem é muito ruim, mas a conclusão de sua trama é – pelo menos foi o que heu achei. Assim, fica complicado pra falar do filme de maneira isenta.

Adaptação do livro homônimo de David Nicholls (também autor do roteiro), Um Dia mostra o complicado relacionamento entre Emma (Anne Hathaway) e Dexter (Jim Sturgess), ao longo de vinte anos, apenas um dia por ano.

O problema do filme da diretora dinamarquesa Lone Scherfig não é cinematográfico, e sim a história em si – ou seja, deve estar também no livro. Acontecimentos na parte final da trama atrapalham qualquer identificação que o espectador pode ter com os personagens. E o filme ainda estica com uma desnecessária sequência em flashback, talvez com o intuito de se criar algo próximo de um final feliz.

Outra coisa que atrapalha é a construção dos personagens – mais uma vez, não sei se o problema é do filme ou do livro. Dexter é um cara mimado e arrogante, e Emma é uma personagem vazia e sem graça. Fica difícil torcer pelo casal, por mais que seja óbvio que eles estão destinados a ficarem juntos.

Pena, porque gostei da estrutura da narrativa, bem interessante – somente um dia por ano, sempre o dia 15 de julho, a partir do fim dos anos 80, incluindo aí vários detalhes da evolução da sociedade ano a ano (roupas e penteados, aparecimento de celulares, etc). Claro que algumas coisas ficam subentendidas, mas dá pra entender tudo pelo contexto – não tinha como contar tudo o que acontece mostrando apenas um dia por ano, né?

No elenco, Jim Sturgess obtem um resultado melhor, apesar de ter um personagem naturalmente antipático. Já Anne Hathaway não consegue gerar muita simpatia. Li pelo imdb críticas ao seu sotaque britânico, mas admito que o meu inglês não é tão bom assim a ponto de analisar sotaques… Ainda no elenco, Patricia Clarkson, Rafe Spall e Romola Garai.

Conclusão: o filme em si já não é grandes coisas. E, com a virada de roteiro desnecessária no final, Um Dia entra pro grupo dos filmes “não recomendados”.

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Across The Universe

Território Restrito

Território Restrito

Um painel sobre imigrantes de diferentes nacionalidades lutando pela legalização em Los Angeles. O filme lida com problemas com a fronteira, fraude de documento, processo de obtenção do green card, locais de trabalho para imigrantes ilegais, naturalização, terrorismo e, claro, choque de culturas.

Território Restrito é um daqueles filmes de narrativa fragmentada, mostrando vários personagens que nem sempre se cruzam. Já vimos isso antes, isso às vezes funciona, mas nem sempre. O resultado aqui é mediano.

O que gostei é que o filme escrito e dirigido por Wayne Kramer não levanta bandeiras. Em algumas subtramas, os EUA são os “mocinhos”; em outras, são os vilões. Várias raças diferentes são mostradas, e cada uma tem um caminho diferente, independente da imagem que teremos sobre o país onde querem entrar.

É difícil falar sobre o elenco de um filme assim, afinal, cada ator tem muito pouco tempo na tela. Mas deu pena da Alice Braga. Lembro que falaram do Rodrigo Santoro em As Panteras, porque ele não falava nada. Mas seu papel não era tão pequeno. Alice Braga contracena com Harrison Ford, mas só aparece em uma única cena! Sua personagem continua sendo citada, mas ela já devia estar no set de outro filme… Além dos dois, o elenco conta com Ray Liotta, Ashley Judd, Jim Sturgess, Cliff Curtis, Alice Eve, Lizzy Caplan e Sarah Shahi.

O ritmo é um pouco lento, mas a narrativa fragmentada traz fluidez ao filme, que não fica chato em nenhum momento.

Território Restrito não é um filme essencial, mas pode ser uma boa opção.

P.s.: Curiosidade sobre o poster nacional: rolou uma “photoshopada”. No poster original, não era a Alice Braga, era o Ray Liotta à direita…

Across the Universe

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Across the Universe

Um filme que quase todo o roteiro é feito de músicas dos Beatles? É uma idéia assaz interessante… Perigosa, porém interessante!

Digo perigosa porque entrar no “universo beatles” não é pra qualquer um. Os beatlemaníacos mais radicais odiariam a idéia de se mexer em algo para eles “sagrado”; por outro lado os que não dão bola pros Fab Four achariam a idéia sem graça.

E não é que a diretora Julie Taymor acertou a mão?

O roteiro é baseado em músicas dos Beatles. Quando as músicas não estão cantadas, elas estão faladas ou citadas por outros elementos – como os nomes dos personagens Jude, Lucy, Sadie, Prudence ou Jo Jo, todos personagens presentes em músicas.

A gente vê um filme desses e se questiona: será que isso seria possível com a obra de qualquer outro artista? Qual outro artista tem no seu repertório tantas boas músicas, tantas músicas famosas, tantas músicas que já fazem parte do nosso subconsciente coletivo? (Sei lá, pensei em Queen, sei que não tem tantas músicas famosas, mas pelo menos a obra do Queen tem a riqueza necessária para um projeto desses…)

Outro ponto forte do filme é o seu visual, psicodélico na dose certa – como a obra dos Beatles, por sinal. Isso, aliado a boas interpretações de quase desconhecidos artistas cantores, nos proporciona belíssimos espetáculos para os olhos.

Cameos: procurem por Bono e Salma Hayek!

O sonho acabou. Mas ainda pode nos proporcionar belos filmes!