Temporada de Caça

Crítica – Temporada de Caça

John Travolta e Robert De Niro juntos? Boa, vamos ver qualé.

Um americano, veterano da Guerra da Bósnia, que decide morar em uma cabana isolada na floresta para esquecer os traumas dos anos de combate, recebe a visita de um militar sérvio que procura um acerto de contas.

Às vezes a gente cai em erros básicos, né? Vi os dois atores no elenco, mas esqueci de checar quem era o diretor. Só depois que notei meu erro: Temporada de Caça (Killing Season, no original) foi dirigido por Mark Steven Johnson, o mesmo de Demolidor e Motoqueiro Fantasma.

Temporada de Caça não é tão ruim quanto os outros dois, mas está bem longe de ser um bom filme. O filme não tem ritmo, a trama é previsível, os personagens são mal construídos e o final é horroroso.

Ah, tem os atores, quase esqueci. Se Temporada de Caça tem alguma coisa que presta são os dois protagonistas. Nenhum dos dois está mal, mas como seus personagens são inconsistentes demais, não adianta ter bons atores.

Resumindo: desnecessário.

Um Tiro na Noite

Crítica – Um Tiro na Noite

Recentemente, revi Carrie, A Estranha. Empolgado, fui catar outro clássico do Brian De Palma pra rever.

Um técnico de som que trabalha em filmes B de terror acidentalmente grava provas de que um suposto acidente de carro foi na verdade um assassinato de um figurão da política.

Faziam muitos anos desde a última vez que heu tinha visto Um Tiro na Noite (Blow Out, no original). E não sei se foi uma boa ter revisto o filme. Achei mais defeitos do que esperava encontrar…

Vamos ao que funciona. Já disse antes, Brian De Palma é um artesão do cinema. Aqui ele mostra isso várias vezes ao longo do filme – temos planos-sequência, telas divididas, zoom, travellings, o filme inteiro é uma aula de cinema.

Mas… Em outras ocasiões, De Palma mostrou sua técnica em uma história boa. Aqui não é o caso. Um Tiro na Noite parece rock progressivo dos anos 90: muita técnica, mas pouco conteúdo.

Spoilers leves a partir de agora, ok?

Jack, o personagem de John Travolta estava gravando ruídos aleatórios, e por sorte, pegou o acidente. Ok, plausível. Mas, péra aí, tinha uma pessoa fotografando exatamente o carro na hora do acidente? Péra aí 2, a câmera era uma novidade que filmava??? Péra aí 3, Jack descobriu isso com fotos tiradas de uma revista, que ele recortou e montou um filminho????? Jack deveria jogar na mega sena acumulada, era mais fácil ganhar o prêmio.

Mas tem mais: Jack nunca deixaria Sally ir sozinha encontrar o suposto jornalista. Assim como ele nunca conseguiria persegui-la de carro através da parada. E pra que apagar as fitas, se era mais fácil e mais rápido queimar tudo? Isso porque não estou falando do óbvio: o mais fácil seria matar logo Jack, um cara com pouca relevância, apenas um técnico de som de filmes vagabundos. E a gente ainda podia relacionar mais um monte de inconsistências…

Isso tudo gera um filme de opostos: por um lado, um filme tecnicamente exuberante; por outro lado, uma história cheia de furos.

Sobre o elenco, também rola um estranho equilíbrio. Travolta está bem, mas o destaque sem dúvida é John Lithgow, excelente. Por outro lado, Nancy Allen deixa a desejar… Tudo bem que o seu papel não ajuda, mas mesmo assim, ela é o ponto fraco do elenco.

Enfim, Um Tiro na Noite deve ser usado em escolas de cinema. Mas, como entretenimento, deixa a desejar.

p.s.: Fiquei duas semanas com acesso limitado à internet, e com pouquíssimo tempo para ver filmes, por causa de uma mudança – por isso a escassez de posts. Mas isso deve mudar agora, se tudo der certo!

Carrie – A Estranha (1976)

Crítica – Carrie – A Estranha (1976)

Em breve estreará a refilmagem de Carrie. É hora de rever o original de Brian de Palma, de 1976.

Carrie é uma jovem tímida que vive com uma mãe problemática. No baile de formatura da escola, preparam para ela uma terrível armadilha, que a deixa ridicularizada em público. Mas ninguém imagina os poderes paranormais que a jovem possui e muito menos de sua capacidade vingança quando está repleta de ódio.

Carrie – A Estranha é uma feliz e inspirada união entre dois mestres do terror / suspense: o escritor Stephen King e o diretor Brian De Palma.

Stephen King é indiscutivelmente um dos maiores escritores fantásticos da história da literatura. Curiosamente, são poucos os bons filmes baseados em livros seus – até o próprio King falhou feio quando resolveu arriscar na direção, ele fez o fraco Comboio do Terror nos anos 80. Este Carrie – A Estranha é uma exceção – é um filmaço!

(Outros bons filmes baseados em Stephen King: O Iluminado, Cemitério Maldito, À Beira da Loucura, Christine, Conta Comigo, Creepshow, Um Sonho de Liberdade… Acho que dá um Top 10, que tal?)

Pra quem gosta de cinema como uma arte, ver um filme dirigido por Brian De Palma nos bons tempos é uma delícia. Cada plano, cada ângulo, cada sequência, tudo é bem pensado. Tecnicamente, o filme é excelente! E toda a sequência do balde é sensacional. Aquela corda balançando criou uma tensão absurda. Heu já sabia o desfecho, e mesmo assim fiquei me remexendo no sofá.

O que é curioso é que a trama é bem simples – já pararam pra pensar que o filme se passa basicamente na preparação para o baile e no baile em si? Não li o livro do Stephen King, mas desconfio que no livro deve ter mais coisa.

O elenco tem grande responsabilidade para o sucesso do filme. Sissy Spacek está sensacional, num papel difícil, que demonstra ao mesmo tempo ingenuidade e ódio reprimido. Piper Laurie, que faz a mãe, também tem uma interpretação memorável. Aliás, as duas foram indicadas ao Oscar – parece que foi a primeira vez que um filme de terror teve indicações ao Oscar de atriz e atriz coadjuvante. John Travolta, em início de carreira, brilha em um papel secundário. Ainda no elenco, William Katt, Amy Irving, Nancy Allen e Betty Buckley.

Este Carrie original é muito bom. Tenho medo da refilmagem. Tomara que não façam besteira!

Selvagens

Crítica – Selvagens

Filme novo do Oliver Stone!

Dois amigos dividem uma plantação de maconha e o coração de uma mesma namorada. Suas vidas se complicam quando eles começam a ser chantageados por um cartel mexicano de drogas.

Oliver Stone é um cara talentoso, não há dúvidas com relação a isso. Mas também é um cara chato. Uma famosa crítica estadunidense uma vez declarou que iria se aposentar para nunca mais ter que ver os seus filmes. Em certo ponto, concordo com isso. Vejam um exemplo: Stone fez um ótimo filme sobre o Vietnam, Platoon. Aí resolveu fazer um segundo filme sobre o Vietnam, Nascido em 4 de Julho. Chega, né? Nada, quando ninguém mais aguentava mais ouvir falar de Vietnam, ele fez mais um filme sobre o mesmo tema, Entre O Céu e a Terra.

Tudo isso aí em cima foi pra explicar que prefiro quando Stone faz algum filme que não tem nenhum compromisso com posições políticas, como The Doors ou U-Turn. É o caso de Selvagens.

Baseado no livro de Don Winslow (co-autor do roteiro junto com o próprio Stone e mais um crédito), Selvagens está mais próximo de U-Turn do que de The Doors, por não se basearem em fatos e pessoas reais. E Selvagens tem um forte ponto em comum com U-Turn: ambos têm ótimos personagens.

Arriscaria a dizer que o melhor de Selvagens é sua galeria de personagens, principalmente os secundários. Se o trio principal apenas está ok, Salma Hayek, John Travolta, Benicio Del Toro, Emile Hirsch e Demián Bichir valem o ingresso.

O trio principal é um dos pontos fracos. Aaron Taylor-Johnson, o melhor dos três, parece meio perdido (ele estava bem melhor em Kick-Ass); Taylor Kitsch (John Carter) é boa pinta e tem jeito de galã de Hollywood, mas é limitado como ator; Blake Lively (Atração Perigosa) é bonitinha mas fraquinha, e sua narração em off só atrapalha.

(Nada contra a nudez dos dois protagonistas. Mas por que Blake Lively não tira a roupa também? Nas duas cenas de sexo do início do filme, ela está vestida enquanto seus parceiros estão nus…)

Mas acho que o pior de Selvagens é a história fraca. A começar por algumas posrturas dos personagens principais – qualé a do traficante zen com preocupações ecológicas (enquanto mantem um parceiro violento)? E sobre o roteiro, como é que os caras vão deixar tudo para o dia seguinte, mesmo com um violento cartel de traficantes na cola deles? E isso porque não estou falando do final duplo – parece que resolveram criar um novo final para agradar plateias mais caretas.

A parte técnica ê muito boa, pelo menos isso. Selvagens oferece um belo espetáculo visual. Mas no geral, a irregularidade do filme pode desagradar mais do que agradar.

Selvagens passou no Festival do Rio, mas, olha só, acabou de entrar no circuito!

Pulp Fiction

Crítica – Pulp Fiction

Um curso de cinema me convidou para falar de Quentin Tarantino. Então resolvi rever os seus filmes. Primeiro revi Cães de Aluguel, já falei dele aqui no blog. Depois foi a vez de Pulp Fiction, um dos meus filmes favoritos de todos os tempos!

O filme mostra algumas histórias interligadas, envolvendo uma dupla de assassinos profissionais, um boxeador e a mulher de um chefão do crime organizado.

É difícil resumir a sinopse de Pulp Fiction, que, entre outros prêmios, levou a Palma de Ouro de melhor filme em Cannes. O genial roteiro (ganhador do Oscar de 1995), escrito pelo próprio Tarantino, foge dos clichês comumente usados pelo cinema – inclusive na linha temporal usada, fora da ordem cronológica.

O roteiro é perfeito. Diálogos afiados ao longo das duas horas e meia de filme, e várias cenas imprevisíveis. Uma das coisas que mais gosto em Pulp Fiction é justamente a ideia de distorcer clichês muito usados no cinema. Por exemplo, a cena que acontece depois da perseguição entre Butch e Marsellus é completamente diferente do que qualquer um poderia imaginar. Digo mais: algumas caracterizações, como a dupla Vincent e Jules (John Travolta e Samuel L Jackson), seguem essa onda – aquele visual dos dois é muito incomum!

O elenco é fantástico. John Travolta, Samuel L Jackson, Uma Thurman, Bruce Willis, Tim Roth, Amanda Plummer, Ving Rhames, Eric Stoltz, Rosanna Arquette, Maria de Medeiros, Harvey Keitel, Christopher Walken e o próprio Tarantino (rola até uma ponta de Steve Buscemi como Buddy Holly), entre outros menos conhecidos – e todos estão ótimos.

Ainda tem a trilha sonora, cheia de boas músicas que eram pouco conhecidas antes do filme – e que viraram hits em festinhas na época.

Lembro que, nos anos 90, quando vi pela primeira vez, gostei mais da crueza de Cães de Aluguel. Revendo hoje, digo que prefiro a sofisticação de Pulp Fiction

Heu poderia continuar falando do filme. Afinal, Pulp Fiction foi um marco, muita coisa em Hollywood passou a seguir o estilo criado por Tarantino (filmes como Coisas Para se Fazer em Denver Quando Você Está Morto, O Nome do Jogo e Um Amor e uma 45). Mas chega. Se você não viu, corra e veja. Se já viu, é hora de rever!

P.s.: Posso contar um último “causo” ligado a este filme? Como falei no post “Quem sou heu“, tive uma videolocadora nos anos 90. O nome era “Pulp Vídeo”! 😀

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Se você gostou de Pulp Fiction, o Blog do Heu recomenda:
Bastardos Inglórios
Cães de Aluguel
Um Drink no Inferno

Dupla Implacável / From Paris With Love

Dupla Implacável / From Paris With Love

James Reece (Jonathan Rhys Meyers) é o assistente do embaixador americano em Paris, mas gostaria de ter uma vida com mais ação. Até que é escalado para trabalhar ao lado do agente Charlie Wax (John Travolta), que precisa desvendar uma rede de terroristas, e utiliza métodos não usuais para conseguir seus objetivos.

Já falei aqui no blog que sou fã do John Travolta, né? Então, imagine um filme desses de ação, com muitos tiros e explosões – aqueles com a cara do Jason Statham – mas com Travolta no papel principal. John Travolta careca e de cavanhaque, num papel de “agente-bad-mother-f%$#cker”. Boa ideia, não?

A escolha de Travolta para o papel de Charlie Wax é o que transforma Dupla Implacável em um filme diferente dos outros. O filme em si não tem nada demais. Mas Wax não é um simples brutamontes boçal. Inteligente, irônico e sarcástico, Wax faz o filme valer a pena.

Travolta teve um bom início de carreira nos anos 70 e viveu altos e baixos nos anos 80. Até que, em 1994, Tarantino e seu Pulp Fiction alavancaram Travolta novamente ao topo do estrelato, de onde ele não merecia ter saído. De lá pra cá, foram vários os bons filmes no currículo, como O Nome do Jogo, A Outra Face, A Senha – Swordfish, A Filha do General, Hairspray e O Sequestro do Metrô 123. (Ah, sim, para os fãs de Tarantino, Dupla Implacável traz uma sutil e divertida citação a Pulp Fiction!)

O resto do elenco, que além de Meyers conta com Kasia Smutniak, Richard Durden e Amber Rose Revah, não ajuda nem atrapalha – é só o resto. O filme é de Travolta!

(Kelly Preston, a sra Travolta, aparece num cameo. É a loira de óculos escuros na torre Eiffell, que está atrás de Reece quando este liga para a namorada. O imdb falou de um cameo semelhante de Luc Besson, mas heu não achei…)

O filme foi dirigido por Pierre Morel, que dois anos atrás nos deu o bom Busca Implacável, com Liam Nesson no papel do “agente-bad-mother-f%$#cker”. Este foi seu terceiro filme, já baixei mas ainda não vi o primeiro, B13 – 13º Distrito.

Dupla Implacável foi escrito e produzido por Luc Besson. Acho curioso que Besson não dirige mais filmes de ação (seus dois últimos foram o drama fantástico Angel-A e o infantil Arthur e os Minimoys), mas continua em plena atividade no estilo como escritor e produtor, como nos três Carga Explosiva, na série Taxi e nos três filmes de Pierre Morel.

Preciso falar do nome do filme. Acredito que para os distribuidores brasileiros querem nos lembrar de Busca Implacável o filme anterior do mesmo diretor. Mas não gostei, a dupla não merece estes epíteto, afinal, Reece é um cara caretão, que é colocado ao lado de Wax, um cara fora dos padrões. A dupla funciona bem, mas é por causa de suas diferenças.

E tem o nome gringo – acho que quiseram traçar um paralelo com From Russia With Love, o nome original de Moscou Contra 007. Mas confesso que me lembrou mais o recente Paris Eu Te Amo

Os mais caretas vão reclamar que Dupla Implacável tem uma história exagerada demais, e muitos furos no roteiro. Bem, para estes, pergunto:onde mais podemos ver John Travolta descendo num poste de bombeiros, de cabeça para baixo, atirando com uma metralhadora? 😀

Dupla Implacável é um dos filmes de ação mais divertidos dos últimos tempos. Desde que não levemos tudo a sério, claro!

Bolt – Supercão

Bolt – Supercão

A parte inicial de Bolt Supercão é alucinante. É de tirar o fôlego, tem mais ação que muito blockbuster hollywoodiano. Bolt é um cão com superpoderes, capaz de parar um carro com uma cabeçada e dono de um latido tão forte quanto uma bomba.

Até que descobrimos que estamos dentro de um programa de tv! Bolt é um cachorro comum, mas que acredita que é um super herói.

A graça da trama é essa: ao cair no mundo real, Bolt precisa aprender a ser um cão normal. Para isso, encontra ajuda na gata Mittens. Mas o melhor do filme é o outro coadjuvante, o hamster Rhino, um alucinado fã de tv. Não sei quem fez voz no original, mas na versão brasileira, a dublagem de Leandro Hassum está sensacional! Sim, vi dublado. Só fiquei com pena porque no original, o Bolt é dublado pelo John Travolta, e o vilão éninguém menos que Malcom McDowell. (E, para os teens, Miley Cyrus é quem dubla Penny, a menina que é dona do Bolt)

(Admito que os pombos também são muito bons. Mas infelizmente, a sua participação é muito pequena!)

A animação é de primeira linha. E ainda vi no cinema, em 3D! Bolt Supercão é Disney, que está.se esforçando para manter a alta qualidade para competir com a Pixar.

Merecidamente, Bolt Supercão foi um dos três indicados para o Oscar de melhor desenho animado longa metragem de 2008 – perdeu para o fantástico Wall-E (da Pixar, de quem mais poderia ser?). Sem dúvida, 2008 teve três ótimas animações entre os concorrentes ao Oscar, o terceiro filme era Kung Fu Panda!

Em suma: boa opção, tanto para crianças, quanto para crianças grandes!

Be Cool – O Outro Nome Do Jogo

Be Cool – O Outro Nome Do Jogo

Apesar de ter gostado de Get Shorty – O Nome do Jogo, de 95, heu ainda não tinha visto a sua continuação, Be Cool – O Outro Nome Do Jogo, de dez anos depois.

Baseado no mesmo Elmore Leonard que escreveu a primeira história, Be Cool traz de volta Chili Palmer (John Travolta), desta vez tentando entrar na indústria da música, em vez do cinema como no primeiro filme.

Be Cool tenta manter o mesmo estilo de Get Shorty: atores famosos fazendo personagens cool, tudo num visual moderno e embalado por uma trilha sonora “tarantinesca”.

Aliás, o elenco deste filme é impressionante: John Travolta, Uma Thurman, Danny DeVito, Harvey Keitel, James Woods, Vince Vaughn, The Rock, Christina Milian, Debi Mazar, Cedric The Entertainer, e ainda rolam participações especiais de Steven Tyler e Joe Perry (do Aerosmith), Black Eyed Peas e Sergio Mendes.

Mas no fim descobrimos que, por trás de tudo isso, o filme é fraquinho. Para ser sincero, achei o filme bobo… A trama é vazia, é tudo tão sem graça, que, quando acaba o filme, dá vontade de rever o original.

O Sequestro do Metrô 123

SequestrodoMetro123

O Sequestro do Metrô 123

Admito, sou fã do John Travolta. E fiquei com vontade de ver este O Sequestro do Metrô (The Taking of Peelham 123) desde que o vi no trailer, como um vilão “mau como um pica-pau”.

A trama é simples: Ryder (Travolta) lidera um grupo que sequestra um vagão do metrô de Nova York e exige um resgate de milhões de dólares. Walter Garber (Denzel Washington) é o funcionário do metrô que faz a negociação pelo telefone.

O diretor é Tony Scott, que nos anos 80 tinha a alcunha de “o irmão mais pop de Ridley Scott”. Afinal, enquanto Ridley fez Alien e Blade Runner, Tony dirigiu Top Gun e Dias de Trovão. Mas, desde Amor À Queima Roupa (com roteiro de Quentin Tarantino), a carreira de Tony deu um upgrade – depois disso ele fez Maré Vermelha, Inimigo do Estado, Domino e Deja Vu, entre outros.

Este filme é na verdade mais uma segunda refilmagem. Mas não vi nenhuma das outras duas versões, então nem tenho como comparar. Mas posso dizer que Scott fez um bom trabalho com sua câmera nervosa e edição ágil. Outra coisa que ajuda muito são as atuações dos dois grandes atores protagonistas. O trabalho de Travolta e Washington, como sempre, aliás, vale o ingresso.

O filme é bem feito, ok, tá tudo no lugar certo, mas… Ao fim da projeção a gente se pergunta: “e aí?” É um filme correto, vai agradar o grande público, mas é bem comportado demais, e por isso mesmo, efêmero e facilmente deixado de lado.

Resumindo: boa opção, mas apenas para quem procura algo descartável.

Hairspray

hairspray

Hairspray

Em 88, John Waters dirigiu Hairspray, a história de uma gordinha que quer aparecer num programa de dança na tv, em Baltimore, nos anos 60.

Apesar de ser John Waters, que antes fez os bizarros Polyester e Pink Flamingos, este filme nem era tão esquisito. Mas ainda estava um pouco longe do mainstream, claro.

Anos depois, criaram uma versão teatral na Broadway. E, quando anunciaram a refilmagem, achei que deveria ser baseada na peça, que deve ser um pouco mais suave do que o estilo “John Waters”…

Logo que vi o elenco, vi que o novo filme prometia remeter ao antigo: John Travolta estava escalado para interpretar a mãe da personagem principal. Sim, a mãe, papel que no original foi do travesti Divine! Viva!

E realmente, o filme é sensacional! Um dos melhores musicais que ja vi!

O clima do filme me lembrou muito A Pequena Loja dos Horrores, o meu musical preferido. Tudo é cliche, tudo é caricato, tudo é exagerado, mas de uma maneira exageradamente deliciosa.

Tracy Turnblad (a estreante Nikki Blonsky) é uma garota baixinha e gordinha que sonha aparecer no programa de tv The Corny Collins Show, mas tem problemas devido ao seu visual fora dos padrões.

A gente pode se perguntar por que usar o John Travolta como a mãe de Tracy. Será que não era melhor usar uma atriz? Logo vemos que não! Quase 30 anos depois de despontar como símbolo sexual justamente dançando em seus filmes, Travolta faz uma gordíssima mãe (eram 4 horas pra colocar toda a maquiagem), e que, tímida, sempre dança discretamente, até “soltar a franga” na cena final. Completam o elenco nomes como Christopher Walken, Michelle Pfeiffer, Queen Latifah, James Marsden (sim, o Cíclope de X-Men canta e dança!) e o novo namoradinho da América, Zac Efron, de High School Musical. Curiosidades cameo: o exibicionista que aparece na cena inicial é o proprio John Waters; e uma das agentes que assiste o show final é ninguém menos que Ricki Lake, que interpretou Tracy Turnblad na versão de 88.

As músicas são muito, muito boas! E, de quebra, é um filme contra o preconceito, sem ser panfletário e politicamente correto. Aliás, passa longe do PC quando mostra clichês como a detenção da escola, que só tem jovens negros, que ficam treinando danças novas, com muito mais swing que as dançadas pelos brancos…