Perdido em La Mancha

Crítica – Perdido em La Mancha

Sinopse (imdb): Tentativa frustrada de Terry Gilliam para fazer seu filme, O Homem que Matou Dom Quixote. Documentário de 2002.

Outro dia descobri que Terry Gilliam tinha lançado um filme novo, O Homem que Matou Dom Quixote. Ei, pára tudo! Não era esse o filme que ele tentou fazer no início da anos 2000 e deu tudo errado? Hora de rever o documentário Perdido em La Mancha!

Lembro que vi este Perdido em La Mancha (Lost in La Mancha, no original) na tv a cabo, no início dos anos 2000. Gostei tanto que comprei o dvd (importado, claro) e guardei junto com os filmes do Gilliam.

Gilliam tinha um projeto de uma adaptação da história de Dom Quixote desde o início dos anos 90. Finalmente conseguira financiamento, e as filmagens estavam prestes a começar na Espanha.

Só que o filme começou a ter muitos problemas, como uma chuva destruindo um dos cenários, ou o ator principal tendo que se ausentar por problemas de saúde. Gilliam já tivera um filme cheio de problemas na produção (As Aventuras do Barão Munchausen), mas agora a situação estava ainda pior.

Keith Fulton e Louis Pepe fariam o making of do filme, mas quando tudo começou a dar errado, eles mudaram o tom das filmagens para um documentário sobre os problemas envolvendo a produção. E chega a dar pena – se alguém escrevesse um roteiro sobre os percalços de um cineasta azarado, talvez não fosse tão cruel quanto o que o destino preparou para a produção de Gilliam.

Perdido em La Mancha acaba com o cancelamento da produção. Um final bem triste. Felizmente, agora, quase duas décadas depois, Gilliam conseguiu terminar o filme. Vamos a ele?

Assassinato no Expresso do Oriente

Assassinato no Expresso do OrienteCrítica – Assassinato no Expresso do Oriente

Sinopse (filmeB): Várias pessoas estão fazendo uma viagem longa em um luxuoso trem, porém, um terrível assassinato acontece. A bordo da composição, o detetive Hercule Poirot se voluntaria para iniciar uma varredura no local, ouvindo testemunhas e possíveis suspeitos para descobrir o que de fato aconteceu.

Adaptação do livro de Agatha Christie, que já teve uma versão pro cinema, em 1974, dirigida por Sidney Lumet e estrelada por Albert Finney, Lauren Bacall, Ingrid Bergman, Sean Connery, Jaqueline Bisset e Anthony Perkins, entre outros, Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express, no original) sofre de um problema básico: é um “whodunit” que todo mundo já sabe o final.

(Glossário: Whodunit é o estilo de história onde a trama levanta vários suspeitos e o espectador é instigado a descobrir quem é o culpado.)

Já faz muitos anos que vi o filme dos anos 70, mas me lembro justamente da cena que mostra o assassino… Ou seja, sou mais um pra engrossar o coro.

Só não digo que Assassinato no Expresso do Oriente é uma perda de tempo porque a produção é de alto nível, e o elenco é cheio de nomes legais. Afinal, não é todo dia que você reúne Kenneth Branagh, Johnny Depp, Daisy Ridley, Michelle Pfeiffer, Judi Dench, Penélope Cruz, Willem Dafoe, Tom Bateman, Josh Gad, Derek Jacobi e Lucy Boynton. Pena que como o filme gira em torno de um único personagem, o único que tem muito tempo de tela é Branagh. Os outros nem estão mal, mas estão sub aproveitados (nem reconheci a Lucy Boynton, do Sing Street!).

Além disso, outro problema deve afetar a bilheteria: são muitos diálogos, muitas explicações. Uma trama dessas é complexa e cheia de detalhes, e isso ficou um pouco cansativo. Não sei como a audiência de hoje vai receber uma obra assim.

No fim, fica aquela impressão de que era melhor rever o original. Torçamos para que pelo menos isso sirva para apresentar a obra de Agatha Christie para as novas gerações. Porque, claro, existem planos para uma “continuação” – no fim do filme, Hercule Poirot é chamado para ir ao Egito, onde vai se passar Morte sobre o Nilo.

p.s.: No mundo politicamente correto de hoje, será que vão rebatizar “Os Dez Negrinhos”? 😉

Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar

piratas-do-caribeCrítica – Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar

Para escapar da vingança do capitão Salazar e seu exército de fantasmas assassinos, Jack Sparrow precisa encontrar o Tridente de Poseidon, que dá ao seu dono o poder de acabar com maldições.

Num mercado com tantas franquias, não chega a ser surpresa mais um Piratas do Caribe. A surpresa é como a Disney consegue ser tão descuidada com um produto original (não custa lembrar que o filme é baseado numa atração do parque). Não revi os outros filmes da franquia antes de ver este quinto filme, então não vou comparar. Mas não lembro de outro Piratas do Caribe com o roteiro tão mal construído.

Vamos direto ao assunto: o ponto fraco de Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar (Pirates of the Caribbean: Dead Men Tell No Tales no original) é o roteiro. O início do filme dirigido pela pouco conhecida dupla Joachim Rønning e Espen Sandberg até que flui bem – admito que ri muito na cena da guilhotina. Mas a partir da cena da ilha, começam a aparecer vários furos consecutivos, como cenas desnecessárias (pra que aquele casamento?) ou personagens que entram e saem da trama sem explicação (tipo o resto da tripulação do Jack Sparrow).

Se tem algo a se elogiar são os efeitos especiais. O cabelo do Salazar, sempre “flutuando”, ficou muito bem feito (apesar de a gente já ter visto um efeito parecido em A Espinha do Diabo, do Guillermo del Toro). E o fundo do mar também tem imagens belíssimas.

No elenco, Johnny Depp e Geoffrey Rush parecem estar no piloto automático; Javier Bardem está um pouco melhor como o vilão. Kaya Scodelario e Brenton Thwaites tentam reeditar a dupla Keira Knightley e Orlando Bloom (que aparecem rapidamente). A surpresa do elenco é um cameo de Paul McCartney – se Keith Richards já tinha aparecido como o pai do Jack Sparrow; MacCartney aparece como o seu tio.

Tem uma cena pós créditos, que traz um desnecessário gancho pra uma desnecessária continuação – que espero que não venha…

Animais Fantásticos e Onde Habitam

animaisfantasticosCrítica – Animais Fantásticos e Onde Habitam

O “novo Harry Potter”?

Nos anos 20, um magizoologista chega a Nova York com uma maleta onde carrega uma coleção de fantásticos animais do mundo da magia. Em meio a comunidade bruxa norte-america que teme muito mais a exposição aos trouxas do que os ingleses, ele precisará usar suas habilidades e conhecimentos para capturar uma variedade de criaturas que acabam saindo da sua maleta.

Na verdade, Animais Fantásticos e Onde Habitam (Fantastic Beasts and Where to Find Them, no original) não tem nada a ver com o personagem Harry Potter. J. K. Rowling, autora dos livros do Harry Potter, escreveu este livro como um prequel – se passa no mesmo universo (Hogwarts e Dumbledore são citados), mas a história é independente dos livros / filmes do famoso bruxinho.

Animais Fantásticos e Onde Habitam tem pedigree. O roteiro é da própria Rowling, e a direção ficou com David Yates, que dirigiu os quatro últimos filmes da franquia. Mas mesmo assim o filme não flui muito bem.

O filme até começa bem. Mas senti problemas de ritmo, o filme não envolve o espectador, não é como nos filmes do Harry Potter, onde o espectador embarca em uma viagem junto com os personagens. Temos bons momentos, mas a irregularidade é grande.

Outro problema é Eddie Redmayne, indiscutivelmente um grande ator, mas que aqui parece preso ao personagem Stephen Hawking que ele interpretou em A Teoria de Tudo. Redmayne falha em nos fazer torcer pelo protagonista. Principalmente porque o seu coadjuvante Dan Fogler funciona muito melhor…

Teve um outro problema, menor, mas que confesso que me incomodou um pouco. Os efeitos especiais que mostram os animais são muito bons – como era de se esperar. Mas em algumas cenas, os animais interagem com o protagonista. E, neste momento, senti falta de um animatronic, um boneco, algo real, onde o ator conseguisse tocar. Todas as cenas onde ele encosta nos animais são muito falsas.

No elenco, além de Dan Fogler, o outro destaque seria para Ezra Miller. E, se Eddie Redmayne fica devendo, Colin Farrell decepciona mais ainda, com um vilão bem fraco. Além deles, o filme conta com Katherine Waterston, Alison Sudol, Samantha Morton, Carmen Ejogo e Jon Voight. Ron Perlman está quase irreconhecível como um duende de dedos tortos; Johnny Depp mal aparece (mas deve voltar nos próximos filmes).

É, você leu direito. Próximos filmes. A ideia do estúdio é fazer cinco filmes. Esperamos que melhore no próximo, senão vai ser difícil de chegar ao fim…

Yoga Hosers

yogahosersCrítica – Yoga Hosers

O novo Kevin Smith!

Sinopse tirada do site do Festival do Rio: “Colleen Collette e Colleen McKenzie estão no primeiro ano de faculdade em Manitoba, no Canadá, onde passam seus dias fazendo yoga e com os rostos grudados em seus smartphones. Um dia, os dois rapazes mais cobiçados da faculdade as convidam para uma festa. Mas elas acabam por acidentalmente despertar uma força demoníaca enterrada no solo de Manitoba e, para conseguirem ir a festa, terão de lutar contra um exército de pequenos monstros chamados Bratzis, com a ajuda do caçador Guy Lapointe. Do diretor Kevin Smith (O balconista, Procura-se Amy, Pagando bem, que mal tem?). Sundance 2016.

Sou fã do Kevin Smith desde que vi O Balconista no cinema. Gosto muito do tipo de humor que ele fazia na época dos filmes com Jay e Silent Bob. Entendo que ele queira seguir outros caminhos com a sua carreira, mas é uma pena que, desde que ele mudou de estilo, nunca mais fez algo genial.

Seu último filme tinha sido o bizarro Tusk. Tão bizarro que até hoje fico na dúvida se o filme é bom ou não. Este Yoga Hosers é uma espécie de continuação, é o segundo filme de uma trilogia baseada no Canadá.

Yoga Hosers traz uma história independente de Tusk, é apenas um filme no mesmo universo, com alguns personagens em comum. Temos a volta de Guy Lapointe, o canadense esquisitão interpretado por um irreconhecível Johnny Depp, que cita eventos do outro filme. Também temos a volta das personagens de Harley Quinn Smith e Lily-Rose Depp, que agora dividem o papel principal. As duas estão muito bem, li em algum lugar que são amigas de infância, isso ajuda na boa química mostrada em tela.

Aliás, falando no elenco, preciso avisar que este filme parece uma reunião de amigos e familiares. As protagonistas Harley Quinn Smith e Lily-Rose Depp são filhas de Kevin Smith e de Johnny Depp . As mães das meninas, Jennifer Schwalbach Smith e Vanessa Paradis, também estão no elenco. Justin Long, Haley Joel Osment e Genesis Rodriguez estavam em Tusk e voltam aqui, mas em papeis diferentes. Ainda no elenco, Natasha Lyonne, Tony Hale e Jason Mewes (mas num papel diferente do Jay).

Mas, e o filme? Bem, achei melhor que Tusk. Digo mais: achei que o humor de Yoga Hosers se aproxima ao início da carreira de Smith – e não digo isso só pelo fato de termos personagens em lojas de conveniência. Admito que às vezes as piadas são bobas – mas, ora, sempre foi assim! Não é um grande filme, mas posso dizer que me diverti bastante vendo.

Só que temos que reconhecer que não é um filme para qualquer um. Algumas coisas são MUITO esquisitas. Agora, quem entrar na onda vai rir muito com as salsichas nazistas! “Wunderbar“!

Agora nos resta esperar pelo terceiro filme da trilogia, Moose Jaws. Sim, “alce tubarão”, seja lá o que for isso. Mas, lembrando de Tusk e Yoga Hosers, pode ser qualquer coisa.

Alice Através do Espelho

Alice - posterCrítica – Alice Através do Espelho

Ao atravessar um espelho, Alice volta ao País das Maravilhas, onde encontra o Chapeleiro Maluco doente. Para salvá-lo, ela precisa viajar no tempo e alterar o passado.

Em primeiro lugar, um esclarecimento: Alice Através do Espelho (Alice Through the Looking Glass, no original) parece, mas não é um filme do Tim Burton, que aqui está só como produtor. A direção é de James Bobin, o mesmo dos dois recentes longas dos Muppets. Mas o visual continua chamando a atenção.

O visual é o que Alice Através do Espelho tem de melhor. Bobin conseguiu manter a identidade visual que Tim Burton criou para o primeiro filme, Alice no País das Maravilhas, de 2010. Vemos aqui vários cenários e figurinos bem elaborados – e por mais que a gente saiba que boa parte é cgi, isso não atrapalha.

Por outro lado, a história é fraca. Nunca li o “Através do Espelho” original, não sei o quanto do que vemos na tela está no livro (li por aí que o livro é completamente diferente, e tem lógica, acho difícil um livro antigo ter uma personagem feminina tão forte). Mas essa história da Alice viajando no tempo ficou bem sem graça.

O elenco é ótimo. Todos que estavam no primeiro filme voltaram: Mia Wasikowska, Johnny Depp, Anne Hathaway, Helena Bonham Carter e as vozes de Alan Rickman, Timothy Spall e Stephen Fry. A única novidade é Sacha Baron Cohen, que está bem como o Tempo. Ah, este foi o último filme de Rickman, homenageado nos créditos.

Alice Através do Espelho não vai desagradar os fãs do filme anterior. Mas é bom não esperar muito.

Aliança do Crime

aliancadocrime-posterCrítica – Aliança do Crime

A história real de Whitey Bulger, irmão de um Senador, e o mais violento criminoso da história do sul de Boston, que se uniu ao FBI contra a Máfia italiana.

Sabe quando a gente sente que um filme foi feito como veículo para mostrar o potencial de um ator? Aliança do Crime (Black Mass, no original) é assim. O filme é legal, mas o que chama a atenção é a atuação de Johnny Depp, quase irreconhecível debaixo da maquiagem do mafioso Whitey Bulger. Não acharei estranho se Depp for indicado ao Oscar ano que vem por este papel.

Aliás, o elenco do filme é excelente. Joel Edgerton, menos conhecido que Depp, tem um papel talvez ainda mais importante, como o agente do FBI amigo de infância do mafioso – boa parte do filme é em cima do seu personagem. Também no elenco, Benedict Cumberbatch, Kevin Bacon, Dakota Johnson, Julianne Nicholson, Rory Cochrane, Jesse Plemons, David Harbour e Adam Scott. O elenco é tão rico que atores conhecidos como Juno Temple e Peter Sarsgaard fazem papéis bem pequenos.

Gostei muito da ambientação de época, do figurino e da maquiagem. Pena que o ritmo não é muito bom, o filme às vezes se arrasta um pouco. Acredito que isso seja uma característica do diretor Scott Cooper, que mostrou competência na direção de atores, mas falta de ritmo, em seus dois filmes anteriores, Tudo Por Justiça e Coração Louco.

Vale pelo Johnny Depp…

Caminhos da Floresta

caminhos-da-florestaCrítica – Caminhos da Floresta

Perdi o lançamento de Caminhos da Floresta, mas aproveitei o podcast de musicais pra ver.

Uma mistura dos conhecidos contos de fada dos irmãos Grimm em formato musical. Um padeiro e sua esposa, que não conseguem ter filhos por causa da maldição de uma bruxa, interagem com Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, João e o Pé de Feijão e Rapunzel.

Antes de tudo, preciso avisar que não vi o musical de Stephen Sondheim no teatro, então não sabia nada sobre o filme. E até achei a ideia interessante: misturar vários contos clássicos – vemos interação entre a Cinderela, a Rapunzel, a Chapeuzinho Vermelho e o João do Pé de Feijão.

Mas… Caminhos da Floresta (Into The Woods, no original) tem um problema básico: é chato. A narrativa se arrasta pelos contos conhecidos, e quando chega no segundo ato, que seria a história “inédita”, ninguém mais tem saco para acompanhar o filme. Não vi o musical, mas pelo que li, no teatro é ainda mais longo. Talvez funcione no teatro, mas a adaptação pras telas não ficou legal.

(Também li que o musical tem uma forte conotação sexual na música entre Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau. Isso foi mudado no filme, aqui está tudo no padrão Disney. Por outro lado, a Madrasta da Cinderela corta os pés das filhas pra tentar calçar o sapatinho de cristal – fato que foi ignorado no desenho e no recente filme da Disney.)

O elenco é muito bom. Meryl Streep (que foi indicada ao Oscar pelo papel) mais uma vez mostra que é uma das melhores atrizes contemporâneas, e mais uma vez, canta de verdade (como já fizera antes em Mamma Mia) – todo o resto do elenco atuava dublando as músicas, enquanto Meryl cantava ao vivo. Também no elenco, Anna Kendrick, Emily Blunt, James Corden, Chris Pine, Daniel Huttlestone, Christine Baranski, Tracy Ullman, Lilla Crawford, Billy Magnussen e Mackenzie Mauzi. A nota ruim vai para Johnny Depp, que pouco aparece e está muito caricato com seu lobo mau caricato.

Caminhos da Floresta tem seus fãs, mas acredito que são fãs da peça de teatro que queriam ver a peça nas telas…

Tusk

TuskCrítica – Tusk

Filme novo do Kevin Smith!

Um podcaster vai até o Canadá atrás de uma boa história, mas acaba sendo sequestrado – para virar uma morsa.

Kevin Smith está numa fase da carreira onde ele pode arriscar. E fez isso com este estranho Tusk.

Smith tem um podcast, o “Smodcast”. Uma vez, ele leu uma notícia bizarra, onde um homem oferecia casa e comida, de graça, desde que o inquilino topasse se vestir de morsa. O que era pra ser apenas uma piada rápida virou um papo de quase uma hora. Smith então perguntou aos seus ouvintes se eles queriam ver um filme sobre isso. Adivinhem qual foi a resposta…

Tusk começa bem, num clima entre o humor negro e o suspense. Auxiliados por bons diálogos, escritos pelo próprio Smith, Michael Parks e Justin Long constroem uma tensa e interessante relação, com um que de Encaixotando Helena e outro de Centopeia Humana.

Mas tem um momento que o filme sai do trilho. É quando aparece um Johnny Depp, fantasiado e anônimo (ele não está nos créditos). Seu personagem, Guy Lapointe, é bobo e sem graça, e mesmo assim tem muito tempo de tela – além de um papo looongo, chato e desinteressante, num café, ainda rola um flashback desnecessário.

Assim, um filme que começa esquisito mas promissor termina confuso e arrastado. Pena…

Digo pena porque heu era muito fã do Kevin Smith, na sua fase “Jay & Silent Bob”. Gosto muito de O Balconista, Barrados no Shopping, Procura-se Amy, DogmaO Império do Besteirol Contra-Ataca. Entendo que ele queira coisas diferentes na sua carreira, mas confesso que prefiro a primeira fase da sua filmografia.

No elenco, além dos já citados Parks e Long, Tusk traz Haley Joel “I see dead people” Osment e Genesis Rodriguez. Jennifer Schwalbach Smith, a sra. Kevin Smith, faz uma ponta como uma garçonete; e as duas atendentes da loja de conveniência são Harley Quinn Smith e Lily-Rose Melody Depp, são as filhas de Kevin Smith e Johnny Depp. Ah, e tem Johnny Depp, infelizmente num papel bem abaixo do que costuma fazer.

Tusk faz parte de uma trilogia baseada no Canadá, com outros filmes a serem escritos e dirigidos também por Smith, Yoga HosersMoose Jaws, a serem lançados este ano e ano que vem. Parece que Johnny Depp estará nos outros dois com o seu Guy Lapointe. Tomara que ele e Smith acertem a mão nos próximos filmes!

Transcendence – A Revolução

0-TranscendenceCrítica – Transcendence – A Revolução

Ficção científica nova, estrelada por Johnny Depp acompanhado de um bom elenco. Será que é bom?

Um cientista, famoso por suas polêmicas pesquisas na área de Inteligência Artificial, sofre um atentado vindo de um grupo extremista contra a evolução da tecnologia. Depois disso, ele resolve fazer um upload de sua consciência para o programa de IA.

Transcendence – A Revolução (Transcendence, no original) é um daqueles filmes que nos fazem pensar sobre a espiritualidade na evolução da sociedade. Por isso, é o tipo de filme que gera debate. Mas a função da crítica é analisar a obra, e não a filosofia, então vou tentar separar uma coisa da outra.

Transcendence parte de uma premissa fascinante: e se fosse criada uma inteligência artificial capaz de substituir Deus? Por um lado, seria um mundo perfeito: fim das doenças e melhor contato do homem com a natureza. Mas, e se o preço a se pagar por isso fosse a perda da liberdade individual?

Esta é a questão filosófica levantada. Agora, analisemos friamente…

Transcendence é a estreia na direção de Wally Pfister, diretor de fotografia que ganhou o Oscar por A Origem – e também foi indicado outras três vezes, por Batman Begins, O Grande Truque e Batman – O Cavaleiro das Trevas, todos do Christopher Nolan (que aqui aparece como produtor). Como diretor de fotografia, Pfister é muito bom; como diretor, nem tanto.

Além do filme ter sérios problemas de ritmo – a parte do meio, principalmente, é arrastaaada, a história tem alguns lances sem sentido – por exemplo: um diálogo entre Rebecca Hall e Paul Bettany logo antes da sequência final dá a entender que o filme teria uma grande virada de roteiro, mas isso é ignorado logo na cena seguinte.

O elenco é bom, né? Além dos já citados Johnny Depp, Rebecca Hall e Paul Bettany, Transcendence conta com Morgan Freeman, Cillian Murphy, Kate Mara e Cole Hauser. Mas eles não salvam o roteiro sem sal. Aliás, se tirassem a personagem de Kate Mara da história, nada mudava.

Se salva o visual do filme, e também alguns efeitos especiais. Mas é pouco. O questionamento filosófico proposto merecia um filme melhor.