Nurse 3D

0-Nurse3DCrítica – Nurse 3D

Durante o dia, Abby Russell é uma enfermeira dedicada, alguém que você não hesitaria em confiar a sua vida. Mas à noite, seu verdadeiro trabalho começa: ela seduz homens que traem suas mulheres e os assassina brutalmente.

Nurse 3D é um daqueles filmes de baixo orçamento que não se propõem a ser grandes filmes. A proposta é uma simples diversão descompromissada e descartável com atores pouco conhecidos. Se visto sob este ângulo, funciona.

O filme foi co-escrito e dirigido por Douglas Aarniokoski, nome pouco conhecido, mas com um currículo interessante como assistente de direção e diretor de segunda unidade: ele trabalhou em Medo e Delírio, Resident Evil 3, no primeiro Austin Powers, e em vários filmes do Robert Rodriguez, como Um Drink no Inferno, Prova Final, Era Uma Vez no México, Grande Hotel e Pequenos Espiões.

Pena que o roteiro não é lá grandes coisas. Nurse 3D tem uma falha básica: a enfermeira Abby dá muita bandeira, ela seria descoberta facilmente. Logo na primeira cena, ela joga um cara do alto de um prédio. Mas eles estavam antes em um lugar público, com dezenas de testemunhas.

O filme traz muito gore e muita nudez feminina. Só acho que a Katrina Bowden (30 Rock) podia ser um pouquinho mais generosa, ela só aparece de longe. Já a Paz de la Huerta (Boardwalk Empire) está bem à vontade – if you know what I mean. Ainda no elenco, participações especiais dos sumidos Kathleen Turner, Judd Nelson e Martin Donovan.

Vi a versão em 2D, mas este parece ser um daqueles que valem vistos em 3D – várias coisas são jogadas na direção da tela – na minha humilde opinião o único tipo de 3D que vale a pena.

O Primeiro Ano do Resto Das Nossas Vidas

Crítica – O Primeiro Ano do Resto Das Nossas Vidas

Outro dia falei aqui da época que Joel Schumacher fazia bons filmes. Aproveitei pra rever O Primeiro Ano do Resto Das Nossas Vidas, um de seus filmes dessa época.

Sete amigos recém-formados enfrentam o primeiro ano de suas vidas adultas, se deparando com a amarga realidade do mundo real e tendo que conviver com a insegurança profissional e emocional nesta nova fase da vida.

Lançado em 1985, O Primeiro Ano do Resto Das Nossas Vidas tem como grande chamariz o seu elenco. Este era um dos três filmes-base da chamada “brat pack”, como ficou conhecida esta geração de atores . O nome “brat pack” era uma referência ao “rat pack”, um grupo composto por gente como Frank Sinatra, Dean Martin e Sammy Davis Jr., no início dos anos 60. “Brat” significa “pirralho”, e o “brat pack” era essa galera que fez vários filmes adolescentes nos anos 80 – os outros dois filmes sempre citados são O Clube dos Cinco, de Jonh Hughes, e Vidas Sem Rumo, de Francis Ford Coppola.

Apesar da maioria do elenco estar no ostracismo hoje em dia, os nomes estavam em alta na época: Demi Moore, Rob Lowe, Emilio Estevez, Aly Sheedy, Judd Nelson, Mare Wininghan e Andrew McCarthy, e ainda tem a Andie McDowell em papel secundário. Grande elenco, e bem equilibrado pelo roteiro, o foco é bem dividido entre eles.

É curioso a gente analisar este elenco hoje, um quarto de século depois. Demi Moore é a única estrela inegável dentre os sete principais. Rob Lowe tinha uma carreira em ascenção, quando um suposto video caseiro pornô dele com duas adolescentes o colocou na “geladeira” – anos depois, ele recuperou prestígio e hoje é um nome forte na tv. Emilio Estevez foi um nome grande nos anos 80 e 90, mas está meio sumido, hoje ele é “o irmão menos famoso do Charlie Sheen”. Judd Nelson e Ally Sheedy, que também estavam em Clube dos Cinco (ao lado de Estevez), não fizeram nada relevante depois dos anos 80; o mesmo podemos dizer sobre Andrew McCarthy e Mare Winninghan. (Andie McDowell ficoi mais famosa nos anos seguintes, mas aqui ela era coadjuvante).

(No ano seguinte, Rob Lowe e Demi Moore estrelariam juntos o romance Sobre Ontem À Noite. Na minha humilde opinião, Demi nunca foi tão bonita quanto neste filme!)

A proposta do filme é falar sobre o amadurecimento. O roteiro poderia se aprofundar mais em diversas situações, mas o maior foco são os relacionamentos entre os personagens. Isso desagradou parte da crítica, mas não me incomodou. Por outro lado, o visual do filme é a parte que “envelheceu mal”. Tudo é muito datado, roupas, cabelos, cenários, músicas, às vezes o filme parece uma caricatura. Heu gosto disso porque vivi a época, mas acho que vai incomodar os mais novos que se aventurarem a ver.

Por fim, preciso falar que este é um dos raros casos onde acho o nome nacional melhor que o original. Além do bar onde eles se encontram se chamar St. Elmo, rola uma explicação, o personagem de Rob Lowe fala um papo cabeça sobre o Fogo de Santelmo. Mas “O Primeiro Ano do Resto Das Nossas Vidas” tem mais a ver!

O Império do Besteirol Contra-Ataca

imperio_besteirol_2001_poster

O Império do Besteirol Contra-Ataca

Tenho que ser coerente, certo? Outro dia falei mal aqui de “filme com pré-requisito”. Bem, O Império do Besteirol Contra-Ataca é um filme assim. Quem não está por dentro do “universo viewaskewano” não vai entender boa parte das piadas!

Jay e Silent Bob descobrem que os quadrinhos Bluntman e Chronic vão virar um filme, então resolvem ir até Hollywood para tentar impedir a realização do mesmo.

Se você está se perguntando o que é Bluntman e Chronic, e quem diabos são Jay e Silent Bob, é justamente por causa dos pré requisitos que citei lá em cima… Boa parte das piadas presentes neste filme são referências aos outros quatro filmes do mesmo diretor que contam com os coadjuvantes Jay e Silent Bob. Por isso que é complicado falar de um filme destes: é genial para quem é fã, mas é sem graça para quem não conhece os outros filmes!

O tal Silent Bob é o próprio diretor e roteirista Kevin Smith. Ele criou esta dupla de personagens, dois desocupados que ficam de bobeira em frente a uma loja de conveniências, e este foi o quinto filme com os dois (Jason Mewes interpreta Jay). Antes deles, tivemos O Balconista, Barrados no Shopping, Procura-se Amy e Dogma – eles ainda voltariam em O Balconista 2. Sempre coadjuvantes, aqui eles têm o seu momento como protagonistas.

Como diria a propaganda: “e não é só isso!” Vários outros personagens destes filmes voltam em O Império… Por exemplo, vejam os dois atores mais presentes em filmes de Smith: Jason Lee repete dois papéis, o de Barrados e o de Procura-se; já Ben Affleck volta com o papel de Procura-se e ainda faz uma participação interpretando a si próprio, ao lado do Matt Damon, numa das melhores cenas do filme.

E por aí o filme segue, piada interna atrás de piada interna… Muito divertido para quem conhece este específico universo!

Ah, sim, o elenco do filme é invejável, principalmente porque se trata de um filme, ahn, digamos, “hermético”. Além dos supracitados Lee, Affleck e Damon, temos Will Ferrell, Shannon Elizabeth, Eliza Dushku, Ali Larter, Sean William Scott, Judd Nelson, Chris Rock, Jamie Kennedy e Tracy Morgan, além de várias personalidades hollywoodianas interpreteando a si mesmos, como os diretores Wes Craven e Gus Van Sant e os atores Shannen Doherty, Jason Biggs e James van der Beek. E Alanis Morissette, numa cena que nem todo mundo viu. E, claro, como um grande fã de Star Wars que Smith é, temos Mark Hammill e Carrie Fisher, pela primeira vez num mesmo filme desde O Retorno do Jedi!

Ah, sim, o nome é horrível, né? Só que é uma piada, mais uma referência a Star Wars, desta vez ao título do segundo filme da saga, O Império Contra-Ataca (em inglês, o nome do filme é Jay and Silent Bob Strike Back).

O Império do Besteirol Contra-Ataca não é o melhor filme de Kevin Smith. Aliás, não é nem recomendado para quem não viu os outros filmes. Mas heu me diverti muito, várias das piadas são muito, muito boas! Acredito que este filme fecharia o “universo viewaskewano”, mas tivemos O Balconista 2 cinco anos depois, em 2006. Ou seja, quem sabe não veremos nossa dupla de desocupados favorita novamente?

Snootchie Bootchies para vocês!

p.s.: Tem uma cena depois dos créditos. Como o resto do filme, a cena é genial, mas apenas para aqueles que estão por dentro do universo…

Clube dos Cinco

clubedoscinco

Clube dos Cinco

John Hughes dirigiu poucos filmes. Foram só oito, entre 84 e 91. Três comédias adolescentes essenciais para se entender a década de 80 (Gatinhas e Gatões, Curtindo a Vida Adoidado e Mulher Nota 1000), três comédias “adultas” (Antes Só do que Mal Acompanhado, Ela Vai Ter um Bebê e Quem Vê Cara Não Vê Coração) e uma comédia infantil (A Malandrinha). E, em 1985, seu único drama: Clube dos Cinco.

A história é simples: cinco jovens, completamente diferentes uns dos outros (uma patricinha, um atleta, um marginal, um cdf e uma esquisita}, ficam de castigo na escola durante um sábado inteiro, e precisam aprender a conviver uns com os outros.

Sim, a ideia é bem simples. Simples e genial, num roteiro muito bem escrito.

Acredito que uma das coisas que fez este filme ser um marco (é considerado um dos melhores filmes da década de 80!) é a construção dos cinco personagens. Claro que rolam alguns clichês, afinal, temos menos de duas horas para desenvolver os personagens e a história. Mesmo assim, a história é envolvente e acho difícil alguém não se identificar com alguma característica de algum dos cinco.

A estrutura do filme é tão simples que parece uma peça de teatro filmada. São poucos os personagens – além dos cinco, temos um professor e um zelador, e basicamente só um cenário é usado: a biblioteca da escola.

No elenco, temos Molly Ringwald (a patricinha), Emilio Estevez (o atleta), Judd Nelson (o marginal), Anthony Michael Hall (o cdf) e Ally Sheedy (a esquisita). Aliás, duas curiosidades sobre o elenco: só Molly e Anthony Michael tinham idade para estar na escola na época do filme (ambos tinham 16 anos), Emilio e Ally tinham 22 e Judd já estava com 25; os três mais velhos estavam, no mesmo ano, no elenco de O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas, com personagens que já tinham acabado o colégio. No cinema, as idades nem sempre são as que parecem ser…

O filme originalmente teria duas horas e meia. Mas, pra ficar mais comercial, foi cortado, e saiu com 97 minutos. Os negativos desta versão maior foram destruídos, mas John Hughes dizia que tinha uma cópia da “versão estendida” com ele. Será que agora alguém vai resolver lançar a versão maior?