John Wick 4: Baba Yaga

Crítica – John Wick 4: Baba Yaga

Sinopse (filme B): John Wick descobre um caminho para derrotar a Alta Cúpula. Mas antes que ele possa ganhar sua liberdade, Sr. Wick deve enfrentar um novo inimigo com poderosas alianças em todo o mundo e forças que transformam velhos amigos em inimigos.

Estreou o quarto (e aparentemente último) John Wick!

Assim como aconteceu anos atrás com Jason Bourne, a franquia John Wick mudou o paradigma do filme de ação. O diretor dos quatro filmes, Chad Stahelski, era dublê, o cara manja dos paranauês de filmar cenas de ação. Nos últimos anos, são vários os títulos lançados onde as cenas de ação são muito bem coreografadas e muito bem filmadas.

Este é um dos pontos positivos de John Wick 4: Baba Yaga (John Wick: Chapter 4, no original). E isso já esperado pelos fãs da franquia. São várias cenas de luta, na mão, com armas de fogo, com armas brancas, todas são muito bem coreografadas e muito bem filmadas. Neste aspecto, é um prato cheio para os apreciadores do estilo. Além disso, o visual do filme é um espetáculo. Muito contraluz, muita cena filmada de noite, com água, com cores fortes… A fotografia do filme é muito boa.

Agora, precisamos reconhecer que o filme é MUITO exagerado. São quase 3 horas, o mais longo da franquia. E pra começo de conversa, um dos principais assassinos é cego – sim, o cara luta com espadas e atira com armas de fogo sem ver nada. Isso já sinaliza que o espectador precisa de uma grande suspensão de descrença.

Mas o que me incomodou é que achei que algumas cenas foram além do necessário. Um exemplo simples: na cena do Arco do Triunfo, rolam tiroteios, assassinatos, atropelamentos, e o trânsito continua normal. Gente, os motoristas que não têm nada a ver com isso parariam simplesmente porque tem gente no chão! Reconheço que a sequência toda é muito bem filmada, mas precisava ser mais curta.

E tem a cena da escada… Aquela sequência gerou gargalhadas altas no cinema, não sei se combina com a proposta de filme de ação com protagonista “bad motherf*cker”. A cena parecia tirada de Todo Mundo em Pânico!

Sobre o elenco, são vários bons nomes – mas o estilo do filme não traz muito espaço pra grandes atuações. Keanu Reeves está ótimo, o John Wick é perfeito pra ele. Donnie Yen também, mais uma vez ele faz um cego (como o Chirrut de Rogue One) – os vários embates entre os dois são todos muito bons. Ian McShane e Lance Reddick estão de volta, Laurence Fishburne também, mas este não acrescenta nada (tire o personagem e o filme fica igual). De novidade temos Hiroyuki Sanada, está excelente como o dono do Hotel Continental japonês; e, como vilão, Bill Skarsgård, sempre eficiente, mas talvez ele pudesse ter sido um pouco mais excêntrico. Também no elenco, Clancy Brown,  Rina Sawayama e Shamier Anderson.

O filme acaba de um jeito que acho difícil termos um quinto filme (o que é uma boa, lembrando que Keanu Reeves já tem 58 anos). Vai ter gente reclamando do final, mas heu gostei.

Por fim, tem uma cena pós créditos, lá no finzinho, resolvendo uma ponta solta deixada ao longo do filme. E talvez seja um gancho para um spin-off.

Matrix: Ressurrections

Crítica – Matrix: Ressurrections

Sinopse (imdb): Regresse a um mundo de duas realidades: uma, a vida quotidiana; a outra, o que fica para trás. Para descobrir se a sua realidade é uma construção, para se conhecer a si próprio, o Sr. Anderson terá que seguir o coelho branco.

Alguns amigos estavam com expectativa alta para este novo Matrix, mas preciso dizer que minha expectativa era zero. O primeiro é realmente muito muito bom, mas suas continuações são bem fracas.

A gente tem que reconhecer que o Matrix de 1999 é um marco na história do cinema. O filme levantava questões filosóficas ao mesmo tempo que explodia cabeças com efeitos especiais nunca vistos anteriormente. Mas, as Wachowski parecem ser diretoras de um filme só, seu currículo é repleto de filmes ruins (além dos Matrix 2 e 3, elas fizeram Ligadas Pelo Desejo, Speed Racer, Destino de Júpiter e Cloud Atlas – ou seja, nenhum filme relevante).

Com expectativa lá embaixo, fui ao cinema ver o novo, Matrix Ressurrections, agora dirigido só por Lana Wachowski (primeiro longa sem a irmã Lilly Wachowski). E, olha, gostei da primeira parte do filme!

O filme começa numa boa sacada de metalinguagem. Os anos se passaram, e a gente vê um Thomas Anderson que criou uma trilogia de videogames Matrix e ganhou vários prêmios em 1999, e hoje vive com a sombra do passado brilhante enquanto vive um presente medíocre, ao mesmo tempo que sofre pressão para voltar à franquia e criar o Matrix 4. Não li sobre bastidores da produção, mas provavelmente deve ser um reflexo do que a diretora Lana Wachowski vive hoje.

Enquanto o filme está nessa onda de metalinguagem, rolam várias sacadas muito boas. Tem uma sequência excelente alternando reuniões de brainstorm e um Thomas Anderson desnorteado, tudo isso ao som de White Rabbit do Jefferson Airplane.
Mas aí Thomas Anderson resolve tomar a pílula vermelha e o filme resolve voltar a ser igual ao Matrix de 99…

(Sei não, mas nos últimos 20 anos o significado de “pílula azul” mudou, mas deixa pra lá).

Não sei se é correto dizer que a segunda parte de Matrix Ressurrections é ruim. Mas é uma cópia barata do primeiro Matrix – assim como os outros dois, Matrix Reloaded e Matrix Revolutions.

E aí a gente lembra que o primeiro filme foi 22 anos atrás, e que muita coisa tecnológica evoluiu de lá pra cá. Se Matrix falava de máquinas controlando homens, o novo filme poderia atualizar esse tema entrando nas Inteligências Artificiais que tanto se intrometem na nossa vida atual. Que nada, o filme nem entra nesse assunto.

E a gente fica se perguntando pra que ver mais um filme da franquia, se não traz nada de novo. E ainda tem uma parte no fim onde tem um plano tão enrolado e tão explicado que me senti num filme do Christopher Nolan.

Pelo menos o filme é tecnicamente bem feito. A parte técnica dos filmes das Wachovski sempre foi muito bem cuidada, e, se aqui o filme não traz nada de novo como o efeito bullet time de 1999, pelo menos os efeitos são bons (teve um detalhe que aparece no início que achei bem legal, mas não voltaram a isso, que são portais que não estão no mesmo eixo). Agora, teve uma cena que me pareceu fora do “estilo Matrix”. A cena do trem é confusa e as lutas são mal coreografadas. Achei uma cena fora da curva – no mau sentido.

Outra coisa me incomodou: o Keanu Reeves com visual de John Wick. Sei que às vezes um ator precisa manter um visual por um personagem, mas não acredito que uma super produção como Matrix tenha problemas em pedir para um ator mudar o visual. Ficou muito estranho.

Reeves está ok, ele não é um grande ator, mas sempre funciona. Gostei da volta da Carrie-Anne Moss, ela está muito bem. Por outro lado, não gostei da substituição do ator do Morpheus, Laurence Fishburne não voltou, sei lá por qual motivo, e ele foi substituído por Yahya Abdul-Mateen II. Até aí, ok, atores são substituídos desde sempre na história do cinema. O problema é que o tempo todo aparecem imagens do Morpheus do Laurence Fishburne – tem até uma estátua dele! Se é pra trocar o ator, que se troque de uma vez, ficar mostrando os dois foi esquisito. Também voltam ao elenco Jada Pinkett Smith, e Lambert Wilson aparece numa divertida participação pequena. De novidade, temos Neil Patrick Harris, Jonathan Groff, Jessica Henwick e Priyanka Chopra Jonas, e uma rápida aparição da Christina Ricci.

No fim, fica sensação de oportunidade perdida. Pena. Fiquem com o primeiro.

John Wick 3: Parabellum

Crítica – John Wick 3: Parabellum

Sinopse (imdb): O super-assassino John Wick está fugindo depois de matar um membro da liga dos assassinos internacionais, e com um preço de US $ 14 milhões em sua cabeça – ele é o alvo de assassinos e assassinas em todos os lugares.

Depois do segundo John Wick, não tinha como não ficar empolgado para este terceiro. Afinal, agora era hora de ver o assassino profissional mais bafmotherf*cker do pedaço contra toda a organização que até então o apoiava.

Li em algum lugar, não me lembro onde, mas concordo: assim como uns anos atrás Jason Bourne mudou o paradigma do filme de ação, hoje quem faz o mesmo é John Wick. O modo como as cenas de ação são filmadas deixa a gente sem vontade de ver filmes comuns de “tiro porrada e bomba”.

Acredito que boa parte do mérito é do diretor Chad Stahelski, que só dirigiu três filmes (justamente os três John Wick), mas tem um extenso currículo como dublê. Claro, quando o cara especialista em ação vai dirigir um filme de ação, ele vai prestar atenção em quais detalhes?

E a gente vê cada detalhe nas sequências. Lutas com mãos limpas, com armas de fogo, com armas brancas, com armas improvisadas (nas mãos de John Wick, até um livro vira arma!), com animais, o repertório é vasto. A sequência com a Halle Berry e os cachorros é espetacular!

Outra coisa legal é que conhecemos um pouco mais desta fascinante sociedade dos assassinos da saga – que lugar bizarro é aquele da Anjelica Huston! Alie a isso uma ótima fotografia e temos um filme que vai agradar a todos os apreciadores do gênero. Isso sem falar do gore – às vezes parece que tem mais gore aqui do que na maior parte dos filmes de terror.

No elenco, Keanu Reeves se firma como um dos grandes nomes do cinema de ação contemporâneo. Além das já citadas Anjelica Huston e Halle Berry, o filme traz a volta de Ian McShane, Laurence Fishburne e Lance Reddick. O veterano Mark Dacascos faz um personagem interessante, que serve pra quebrar um pouco a sisudez do filme. Ainda no elenco, Asia Kate Dillon e Jerome Flynn (o Bronn de Game of Thrones). Ah, os leitores assíduos do heuvi vão reconhecer Yayan Ruhian, o segundo principal nome dos filmes indonésios de ação do Gareth Evans (Merantau e os dois The Raid).

Obrigatório pra quem curte um bom filme de ação!

Cópias

Crítica – Cópias

Sinopse (imdb): Um cientista se torna obcecado em trazer de volta seus familiares que morreram em um acidente de carro.

Keanu Reeves passa por um bom momento na carreira, com a franquia John Wick sendo uma referência para o bom cinema de ação contemporâneo. E ele tem histórico na ficção, afinal ele é o principal nome de Matrix. Então, por que não um novo filme de ação / ficção científica estrelado por ele?

Bem, o ideal seria se tivéssemos um filme bom. O que infelizmente não é o caso aqui.

O pior problema de Cópias (Replicas, no original) é que o roteiro é muito mal estruturado. Um exemplo simples, que acontece logo de cara. O personagem trabalha com transferência de memória humana para robôs. Robôs! De onde saíram os clones humanos??? Pior: segundo o filme, um clone demora exatamente 17 dias para ficar pronto. Se ficar mais tempo, sairá mais velho. Como é que adultos e crianças demoram os mesmos 17 dias???

Pra piorar, o vilão do filme é caricato demais. Gente, 2019, um cara que é o mega chefão de uma empresa científica bilionária não se comporta daquele jeito. Quer fazer um filme sério? Cuida melhor desse antagonista.

(Os efeitos especiais parecem já vencidos, mas isso nem é um problema tão grande. O roteiro nível syfy me incomodou mais que os efeitos nível syfy.)

No elenco, Keanu Reeves faz o de sempre. O destaque negativo é John Ortiz, o vilão. Também no elenco, Alice Eve, Thomas Middleditch, Emjay Anthony, Emily Alyn Lind e Aria Lyric Leabu.

Desnecessário.

John Wick: Um Novo Dia Para Matar

John Wick 2Crítica – John Wick: Um Novo Dia Para Matar

Depois de voltar ao submundo do crime para pagar uma dívida, John Wick descobre que colocaram uma grande recompensa pela sua morte.

Ontem falei de Aliados, um filme que promete muito e entrega pouco. John Wick: Um Novo Dia Para Matar (John Wick: Chapter 2, no original) é o contrário. Não promete nada, e oferece um resultado bem divertido.

Pra quem não viu o primeiro filme: John Wick (Keanu Reeves) é o melhor assassino profissional do pedaço. O cara é tão bom que existem lendas sobre ele. Mas ele resolve se aposentar para se casar. Só que sua esposa morre, e ele fica quieto, no seu luto pessoal. E aí um cara resolve roubar o carro dele e matar o cachorro no meio do processo. Claro que John Wick vai voltar à ativa pra se vingar. Mas esse cara que roubou o carro é filho do chefão da máfia russa! Ora, sem problemas. John Wick mata TODOS no seu caminho.

Claro que a continuação de um filme desses é previsível. Claro que algo trará John Wick de volta à ativa. E claro que John Wick vai ter que matar TODOS no caminho. Por isso falei que John Wick: Um Novo Dia Para Matar não prometia nada.

Mas, se por um lado tudo é previsível, por outro lado a ação é muito bem filmada. O diretor Chad Stahelski só tem dois filmes no currículo de diretor, justamente os dois John Wick (o primeiro foi em parceria com David Leitch, que agora está escalado para Deadpool 2). Mas ele tem um longo currículo como dublê (71 filmes!). Ele inclusive foi o dublê do próprio Keanu em Matrix. O cara manja dos paranauês nas cenas de pancadaria e tiroteio. Segundo o imdb, o “body count” aqui é 128!

Outra coisa boa é que conhecemos um pouco mais das regras da sociedade secreta dos assassinos. Taí, isso daria uma série

Dois comentários sobre o elenco. Primeiro, Ruby Rose está se firmando como um nome forte no cinema de ação, só este ano já é seu terceiro filme (depois de xXx Reativado e Resident Evil 6). Mas o melhor comentário é sobre uma pequena participação. Laurence Fishburne aparece e fala pro Keanu Reeves “Nós nos conhecemos muito tempo atrás”. Não sei se foi proposital ou não, mas a cena arrancou gargalhadas na sessão de imprensa. Claro, gente, eles se conheceram no Matrix! 🙂

Resumindo, nada demais, mas muito bem feito. Que nem o arroz com feijão da vovó.

Demônio de Neon

Demônio de NeonCrítica – Demônio de Neon

Quando a aspirante a modelo Jesse se muda para Los Angeles, sua juventude e vitalidade são devoradas por um grupo de mulheres obcecadas por beleza, que assumirão todos os meios necessários para conseguir o que ela tem.

Filme novo do Nicolas Winding Refn. Essa informação é o suficiente pra gente saber qual é a do filme. Demônio de Neon (The Neon Demon, no original) segue EXATAMENTE a fórmula dos outros filmes do diretor dinamarquês.

Alguém aí não conhece os filmes de Refn? Já escrevi sobre seus três últimos filmes, Valhala Rising, Drive e Apenas Deus Perdoa. Olha só o que falei sobre este terceiro filme: “Quem viu Drive (e também quem viu Valhala Rising) sabe o que esperar: ritmo lento, poucos diálogos e muita violência gratuita. Apenas Deus Perdoa segue exatamente a mesma fórmula. E ainda repete Ryan Gosling quase mudo com sua cara de paisagem“.

Para o bem ou para o mal, todos os filmes de Refn são iguais. Um visual muito bem cuidado, mas num ritmo leeento, com atores blasé em um fiapo de história onde quase nada acontece.

Os seus fãs vão argumentar que o visual dos seus filmes é belíssimo. Ok, concordo. Realmente, a fotografia de Demônio de Neon é de cair o queixo. Pena que não existe uma história a ser contada. Conteúdo zero, mas com um belíssimo visual.

(Me lembrei de uma discussão que tive, no início dos anos 90, sobre Peter Greenaway. Um fã defendia sua obra pelo apuro visual; meu argumento era que Greenaway seria um ótimo diretor de fotografia e deveria trabalhar para outros diretores, melhores na arte de contar histórias. Usava como exemplo o Jean Pierre Jeunet, que sabia contar histórias interessantes e tinha um visual tão bem trabalhado quanto Greenaway. Só pra ilustrar meu ponto: em 1991, Greenaway lançou A Última Tempestade, enquanto Jeunet fez Delicatessen.)

O elenco tem alguns bons nomes, mas acho que não existe nenhuma boa atuação em um filme dirigido por Refn. Assim como em seus outros filmes, todos os atores têm um ar blasé e ficam com cara de paisagem durante as longas pausas que acontecem em quase todos os diálogos. Assim, um elenco com Elle Fanning, Jena Malone, Bella Heathcote, Abbey Lee, e pontas de Keanu Reeves e Christina Hendricks é desperdiçado. Ah, também tem o Karl Glusman, o protagonista de Love, acho que o cara gosta de se envolver em projetos polêmicos.

Por fim, queria saber de onde inventaram que Demônio de Neon é um filme de terror. Tem necrofilia, tem sangue. É bizarro. Mas não tem NADA de terror.

Caçadores de Emoção (1991)

point breakCrítica – Caçadores de Emoção (1991)

Falei aqui da refilmagem, por que não falar também do original?

Um agente do FBI se infiltra num grupo de surfistas, suspeitos de serem ladrões de bancos.

Virada dos anos 80 pros 90. Um filme que mostrava cenas de ação com esportes radicais, estrelado pelos galãs Keanu Reeves e Patrick Swayze, era sinônimo de filme de ação de sucesso. Visto hoje, ok, o filme envelheceu um pouco. Mas continua leve e divertido!

A direção é de Kathryn Bigelow, hoje mais conhecida como a primeira mulher a ganhar o Oscar de melhor diretora (em 2010, por Guerra ao Terror). Mas nessa época, Kathryn fazia filmes pop – não podemos nos esquecer do bons Quando Chega a Escuridão, filme de vampiros de 87; e Estranhos Prazeres, ficção científica misturada com suspense de 95.

Caçadores de Emoção (Point Break, no original) se baseia muito no carisma de seus dois protagonistas, Keanu Reeves e Patrick Swayze, ambos com a carreira em alta.Lori Petty faz o principal papel feminino, e talvez este seja o ponto mais alto na sua carreira; Gary Busey faz as caretas de sempre. Ah, para os fãs de Red Hot Chilli Peppers: um dos surfistas do grupo rival é Anthony Kiedis.

Claro que é um filme onde o saudosismo conta pontos. Revisto hoje por quem viu na época é uma coisa, mas não sei se funcionaria pra quem for ver hoje pela primeira vez.

Mas com certeza é melhor que a refilmagem…

Bata Antes de Entrar

bataantesdeentrar

Crítica – Bata Antes de Entrar

Um homem está sozinho em casa enquanto sua esposa e filhos passam o fim de semana fora. À noite, com chuva, duas belas jovens batem à sua porta, perdidas. Ele oferece abrigo enquanto chama um táxi, mas elas o seduzem. E no dia seguinte, tocam o terror na casa.

Eli Roth chamou a atenção em 2005 quando fez O Albergue, um dos mais famosos “torture porn” dos últimos tempos (o outro é Jogos Mortais). Mas seu filme novo, Bata Antes de Entrar (Knock Knock, no original) está longe daquele festival de gore. Até temos alguma violência física, mas o foco aqui é mais a violência psicológica.

Bata Antes de Entrar não é um grande filme (acho que nunca quis ser), mas mesmo assim tem um bom desenvolvimento e flui bem. O fato de não ter nada de sobrenatural ajuda o espectador a “comprar a ideia” e se colocar no papel do personagem de Keanu Reeves. Quem não cederia à tentação?

O elenco tem basicamente três nomes, e todos funcionam para o que o filme pede. O veterano Keanu Reeves divide o espaço com duas belas pouco conhecidas, a cubana Ana de Armas e a chilena Lorenza Izzo (a atual sra. Eli Roth). Bata Antes de Entrar  é uma co-produção EUA e Chile, e o roteiro foi escrito por Roth em parceria com os chilenos Nicolás Lopez e Guillermo Amoedo, nomes por trás de Aftershock, um filme chileno com Roth no elenco.

Não gostei do fim, acho que se existisse um motivo, a história seria mais crível. Mas não me aprofundo nisso por causa de spoilers.

Agora, o lançamento deste filme me deixou curioso com uma coisa: que fim levou Canibais / Green Inferno, filme que o Eli Roth fez com a mesma Lorenza Izzo, que passou aqui no Festival do Rio de dois anos atrás? Sabe-se lá por que, nunca tinha sido lançado em nenhum lugar do mundo, mas que parece que finalmente apareceu nos cinemas americanos no mês passado…

O Dom da Premonição (2000)

O Dom da PremoniçãoCrítica – O Dom da Premonição (2000)

Vamos de Sam Raimi de 15 anos atrás?

Em uma cidade pequena, uma mulher com percepção extra-sensorial pode ser a única esperança na investigação de um crime.

Sam Raimi normalmente é lembrado por suas trilogias mais famosas, Evil Dead (1981, 87 e 92) e Homem Aranha (2002, 04 e 07), mas ele fez muito mais coisas legais, como Um Plano Simples, Arraste-me Para o Inferno e este O Dom da Premonição (The Gift, no original).

Em 1998, Raimi dirigiu Billy Bob Thornton em Um Plano Simples. Thornton tinha ideia de um roteiro baseado nas experiências psíquicas de sua própria mãe, então o escreveu em parceria com Tom Epperson. Dois anos depois, Thornton trabalharia junto novamente com Raimi, mas desta vez só como roteirista.

Com um bom roteiro e um elenco acima da média, O Dom da Premonição traz personagens que parecem escritos pelos irmãos Coen (amigos de longa data do diretor) em uma trama de suspense com um que de sobrenatural – boa mistura!

O papel principal é de Cate Blanchett, que já mostrava que era uma grande atriz antes de ganhar seus Oscars (por O Aviador em 2005 e Blue Jasmine em 2014). Claro que Cate é um dos destaques, mas quem chama a atenção é Giovanni Ribisi, num papel menor, mas que impressiona sempre que aparece. Também no elenco, Keanu Reeves, Hillary Swank, Greg Kinnear, J.K. Simmons, e Katie Holmes, em sua única cena de nudez na carreira (se não me engano).

Na minha humilde opinião, O Dom da Premonição pode ser colocado facilmente entre os melhores filmes de Sam Raimi!

Matrix Revolutions

Crítica – Matrix Revolutions

Tomei coragem e revi o terceiro Matrix.

Zion, a cidade de humanos, se defende de um grande ataque das máquinas, enquanto Neo luta em outra frente e também contra o agora rebelde Agente Smith.

Na época que passou no cinema, fiquei tão decepcionado com este terceiro filme da saga que quase o apaguei da minha memória. O primeiro Matrix é excepcional, uma das melhores ficções científicas dos últimos tempos; o segundo, Matrix Reloaded, é um pouco inferior, mas ainda é muito bom. Já este terceiro ficou devendo.

Agora, revendo o filme, mudei um pouco de opinião. Continua bem inferior aos outros dois, mas não é que tem coisa que se salva? O meio do filme, quando os robôs sentinelas estão atacando, é muito bom, tanto no ritmo quanto na parte técnica (efeitos especiais).

Os efeitos especiais são um “problema” para um filme destes. O primeiro Matrix foi um marco na história dos efeitos especiais, com o seu então inovador efeito bullet time. O segundo não foi uma revolução como o primeiro, mas pelo menos tivemos uma evolução do que foi apresentado. Este terceiro, por incrível que pareça, é o mais fraco da trilogia. Mas mesmo assim, traz cenas muito bem feitas, como este ataque de milhares de sentinelas citado no parágrafo anterior, ou a bela cena do soco cortando a água, na luta final.

Mas… Algumas boas cenas não salvam o filme, que também é escrito e dirigido pelos irmãos Wachowski e também é estrelado por Keanu Reeves, Carrie-Anne Moss, Laurence Fishburne e Hugo Weaving.

Parece que o sucesso subiu à cabeça dos irmãos Wachowski e eles se esqueceram que o primeiro Matrix não era só efeitos especiais. Aquele lance das pílulas azul e vermelha, de se continuar na zona de conforto ou acordar para o mundo real, isso tudo funcionaria num filme sem efeitos especiais de ponta. Mas agora, toda a nova filosofia “matrixiana” foi jogada fora, e ficamos só com os efeitos, que já não eram mais novidade. E, pra piorar, resolveram dividir a continuação em duas partes, mesmo sem ter história para dois novos filmes. E, a cereja do bolo: não sabiam como terminar o filme.

Se um dia heu fizer um Top 10 de piores finais, Matrix Revolutions tem boas chances de figurar entre os primeiros. A jornada final de Neo não faz sentido, o adversário que ele encontra é mal construído, a proposta de paz é completamente ilógica, e a luta final é uma das mais sem graça da história. E, pra piorar, não explica como o vencedor conseguiu terminar a luta. Sobre este fim, o melhor é torcer para o seu dvd / blu-ray arranhar no meio do filme, logo depois do fim da sequência dos sentinelas. É mais ou menos que nem o fim de Lost, era melhor que a gente imaginasse um fim, por pior que fosse, certamente seria menos ruim do que o que ficou no filme.

Resumindo: Matrix Revolutions só vale para os fãs hardcore do primeiro filme. E dentre estes, só para os pouco exigentes.