Oppenheimer

Crítica – Oppenheimer

Sinopse (imdb): A história do cientista americano J. Robert Oppenheimer e o seu papel no desenvolvimento da bomba atômica.

Ontem falei de Barbie, hoje vamos de Oppenheimer!

Christopher Nolan é um grande diretor, ninguém questiona isso. Mas, muitas vezes, seus filmes são chatos e pretensiosos. Tecnicamente, Oppenheimer é muito bem feito. Mas… é chato.

São intermináveis três horas de blá-blá-blá, com inúmeros personagens entrando e saindo de tela, com pelo menos três linhas temporais distintas. E é daquele tipo de narrativa que se você se distrai e perde um único diálogo, você se perde pelo resto do filme.

Agora, não podemos dizer que é um filme ruim. Nolan sabe filmar, tecnicamente falando Oppenheimer é muito bom, além de ter uma reconstituição de época irretocável. E o elenco estelar está sensacional.

É até complicado de se falar de tantos atores famosos juntos. Cillian Murphy está muito bem como o principal, e nem sei quem seria o segundo nome mais importante, num elenco que conta com Robert Downey Jr, Matt Damon, Emily Blunt, Florence Pugh, Gary Oldman, Josh Hartnett, Kenneth Branagh, Rami Malek, Alden Ehrenreich, Jason Clarke, Tom Conti, Alex Wolff, Matthew Modine, David Dastmalchian, Dane DeHaan, Jack Quaid, Gustaf Skarsgård e Casey Affleck – entre outros. Se for pra destacar alguém, heu diria que Robert Downey Jr pode ganhar uma indicação ao Oscar de ator coadjuvante – não só ele está bem diferente do usual como seu personagem tem um bom desenvolvimento. Outro destaque seria para Gary Oldman, que ganhou um Oscar interpretando um líder político na Segunda Guerra Mundial, e agora interpreta outro líder político na mesma guerra. Oldman só aparece em uma cena, mas está sensacional!

A trama vai e vem entre 3 linhas temporais, e a fotografia alterna entre cor e p&b, ajudando o espectador a se situar, a parte em cores seriam divagações sobre a vida do Robert Oppenheimer, enquanto a parte p&b seria documental sobre o julgamento que o cientista foi submetido. Mesmo assim, como tem muita informação ao longo de muito tempo de filme, vai ter espectador perdido.

Confesso que rolou uma certa decepção com a explosão. Nolan é um cara que gosta de filmar coisas reais – o que é algo muito positivo, diga-se de passagem. Em Dunkirk, em uma cena com milhares de soldados na praia, ele fez questão de ter atores até nas fileiras lá atrás onde poderiam ser figuras de papelão. Em Tenet, ele usou um avião de verdade na cena onde o avião bate no hangar. Aqui ele se propôs a mostrar uma explosão atômica sem usar cgi. Ok, é uma explosão bem filmada, mas, não encheu os olhos.

Ouvi gente comentando positivamente sobre a mixagem do som. Mas discordo, achei falha. Em algumas cenas os diálogos ficam embolados atrás de uma trilha sonora alta e efeitos sonoros igualmente altos. Entendo que Nolan queria passar para o espectador que o personagem estava passando por um momento de confusão mental, mas faltou equilíbrio, ficou ruim. Dito isso, preciso admitir que gostei da densa trilha sonora de Ludwig Göransson.

Vai ter muito fã do Nolan elogiando Oppenheimer, afinal, o filme tem seus pontos positivos. Mas, vai ter muito “espectador comum” saindo cansado e confuso da sessão, pensando que teria sido melhor ter comprado ingresso pra ver Barbie.

Air: A História Por Trás do Logo

Crítica – Air: A História Por Trás do Logo

Sinopse: Segue a história do vendedor de calçados Sonny Vaccaro e como ele liderou a Nike em sua busca pelo maior atleta da história do basquete: Michael Jordan.

A história de um contrato entre uma empresa de tênis e um jogador de basquete pode gerar um bom filme?

Hoje, em 2023, a gente sabe que Michael Jordan é o maior nome da história do basquete, e sabe que a Nike é uma marca gigante, e também sabe que o tênis Air Jordan é talvez o tênis mais vendido da história. Dirigido por Ben Affleck, Air: A História Por Trás do Logo (Air, no original) volta pra 1984, época que Michael Jordan era apenas uma promessa, e que a Nike não era um grande nome no basquete. E vemos as negociações para se chegar a esse contrato que gerou o famoso tênis.

(É curioso analisar o filme com o que a gente já sabe hoje. Essa negociação podia ser um fracasso se o Michael Jordan não vingasse. Outro jogador que era promessa e foi citado no filme como uma das opções era Mel Turpin, cuja carreira nunca decolou. Imagina se a Nike investisse todos os seus esforços num jogador assim?)

Sim, é pouco. Não temos grandes plot twists, não temos grandes momentos de tensão ou de ação. Então, por que muita gente elogia esse filme? Porque, apesar de simples, é uma história bem contada.

Além de ser uma história bem contada, Air ainda traz dois grandes trunfos. Um deles é a perfeita reconstituição de época. Tudo – figurinos, penteados, props – tudo está muito bem feito. E o filme ainda usa trechos de comerciais da época e tem uma trilha sonora repleta de músicas pop que tocavam nas rádios.

O outro trunfo é o elenco. Não sei se é porque o diretor também é ator, mas não é qualquer filme que conta com Matt Damon, Jason Bateman, Viola Davis, Chris Messina e Chris Tucker – todos estão bem. Ben Affleck também está no elenco, num papel secundário (e com uma caracterização bem esquisita).

(Curiosamente, o próprio Michael Jordan não aparece direito. Está sempre de costas ou atrás de alguém, nunca vemos o seu rosto. Jordan virou muito coadjuvante no filme sobre o seu tênis. Segundo o imdb, Ben Affleck teria dito: “Michael Jordan é tão famoso que eu realmente senti que se algum dia víssemos um ator interpretando-o, seria difícil fazer o público suspender sua descrença, porque, na minha opinião, não há como convencer ninguém de que alguém que não é Michael Jordan é Michael Jordan.“)

Na minha humilde opinião, Air não é um grande filme. Mas é uma opção honesta, dificilmente alguém vai desgostar do filme. Em cartaz no Amazon Prime.

Thor: Amor e Trovão

Crítica – Thor: Amor e Trovão

Sinopse (imdb): A aposentadoria de Thor é interrompida por um assassino galáctico conhecido como Gorr, o Carniceiro dos Deuses, que busca a extinção dos deuses. Para combater a ameaça, Thor pede a ajuda da Valquíria, do Korg e da sua ex-namorada Jane Foster, que – para surpresa de Thor – inexplicavelmente empunha seu martelo mágico, Mjolnir, como Poderoso Thor. Juntos, eles embarcam em uma angustiante aventura cósmica para descobrir o mistério da vingança do Carniceiro dos Deuses e detê-lo antes que seja tarde demais.

E a Marvel continua desenvolvendo o seu cada vez mais complexo universo cinematográfico. A boa notícia aqui é que, se Doutor Fantástico precisava de pré requisitos (quem não viu a série Wandavision deve ter ficado um pouco perdido), este Thor: Amor e Trovão (Thor Love and Thunder, no original) funciona como filme solto – o que o espectador não lembra, aparece o Korg (interpretado pelo diretor Taika) contando.

A direção mais uma vez ficou nas mãos de Taika Waititi, o mesmo do anterior Thor Ragnarok. Taika tem uma pegada forte no humor, todos sabiam que este quarto filme do Thor seria mais uma comédia. Mas a comédia é intercalada por momentos sérios. A história tem algo de drama, temos alguns temas sérios, temos personagem de luto porque perdeu filho, temos personagem com câncer. Conversei com alguns críticos que não gostaram da mistura, mas, na minha humilde opinião, o filme tem um bom equilíbrio entre o drama e a comédia escrachada.

Falei humor escrachado, né? Assim como Ragnarok, Thor: Amor e Trovão é muito engraçado. Traz umas cenas hilárias com o Stormbreaker, o machado do Thor, com ciúmes do Mjolnir. E tem uns bodes que são o alívio cômico perfeito, e que protagonizam a melhor piada do ano no cinema até agora.

Uma coisa me intrigava, que era a Jane Foster como Thor. O roteiro explica o que aconteceu. Se é uma boa explicação, aí não sei. Achei forçada. Mas, pelo menos explica.

Sobre a trilha sonora, queria fazer uma crítica. A trilha sonora é do quase onipresente Michael Giacchino (só este ano, ele já esteve em Batman, Jurassic World e Lightyear), mas nenhum tema dele me chamou a atenção. O que chama a atenção são as músicas de hard rock usadas em algumas cenas impactantes. Todas são boas músicas, todas engrandecem a cena, mas… São QUATRO músicas do Guns’n’Roses! Ok, entendo usar o Guns, tem uma piada envolvendo um dos personagens, mas me pareceu um exagero. Taika não conhece outras bandas de rock? Rainbow in the Dark, do Dio, aparece só nos créditos…

O visual do filme é fantástico, como era de se esperar. Mas teve um detalhe que achei genial. Em um filme muito colorido, determinado momento o filme perde a cor. Fica quase tudo preto e branco, com exceção de alguns detalhes aqui e ali.

Temos um novo vilão, Gorr, o Carniceiro dos Deuses. É um bom vilão, com uma boa motivação, interpretado por um grande ator, Christian Bale (sim, o Batman). Mas, achei ele mal aproveitado, e não gostei do fim que deram a ele. Me pareceu uma oportunidade desperdiçada.

Já que falamos do Christian Bale, bora falar do elenco. Chris Hemsworth parece muito à vontade com o personagem, até perdi a conta de quantos filmes ele já fez como Thor. Temos a volta de Natalie Portman como Jane Foster e Tessa Thompson como Valquíria, mas ambas parecem estar no piloto automático – sorte que o filme não pede muito delas. O diretor Taika Waititi faz a voz do Korg, personagem que tem uma importância grande (afinal, é direção e roteiro dele, né?). Temos participação da galera dos Guardiões da Galáxia: Chris Pratt, Dave Bautista, Karen Gillan, Pom Klementieff e Sean Gunn, e as vozes de Vin Diesel e Bradley Cooper. Russel Crowe faz um Zeus engraçado. Matt Damon, Luke Hemsworth e Sam Neill estavam no Thor Ragnarok, como atores teatrais interpretando Loki, Thor e Odin. Aqui eles voltam, e também temos Melissa Macarthy como Hela. E Elsa Pataky, esposa do Chris Hemsworth, aparece muito rápido como a mulher loba.

Por fim, o tradicional da Marvel: duas cena pós créditos, uma com um gancho para uma provável continuação, outra com uma homenagem bonitinha.

O Último Duelo

Crítica – O Último Duelo

Sinopse (imdb): O rei Carlos VI declara que o cavaleiro Jean de Carrouges resolva sua disputa com um escudeiro desafiando-o para um duelo.

O Último Duelo (The Last Duel, no original) é uma superprodução ambientada nos tempos medievais – o filme começa em 1386, e volta alguns anos no tempo pra situar o espectador. É baseado em uma história real, esta foi a última vez que um julgamento foi decidido por um duelo até a morte. Sim, era lei, se um juiz não conseguia decidir quem estava certo, acontecia um duelo até a morte, onde teoricamente Deus ajudaria quem está certo. Quem ganha o duelo também ganha o julgamento, porque segundo essa lógica, o outro morreu porque estava errado. Bizarro pensar que a gente já foi assim…

Um dos destaques de O Último Duelo sem dúvidas é a direção de Ridley Scott. Aliás, impressionante analisar a carreira deste senhor de 83 anos. Scott começou a carreira na TV em 1965. Em 77, fez seu primeiro longa, Os Duelistas (que, coincidentemente também fala de duelos medievais), e, entre altos e baixos, nunca parou. Apesar de alguns escorregões (cof cof Prometheus e Covenant), é uma carreira brilhante. Aqui, Scott apresenta uma perfeita reconstituição de época, e imagens extremamente bem filmadas, principalmente no duelo que dá nome ao filme.

Mas acho que o maior destaque de O Último Duelo é o roteiro, baseado no livro escrito por Eric Jager. Escrito por Matt Damon, Ben Affleck e Nicole Holofcener, o filme mostra diferentes pontos de vista da mesma história. Em vez do tradicional “formato Syd Field”, o filme conta a história, depois volta pra mostrar a mesma história sob outro ponto de vista. Boa sacada!

Matt Damon e Ben Affleck não escreviam juntos um roteiro desde Gênio Indomável, de 1997 (quando ganharam o Oscar). Nicole Holofcener foi convidada para dar uma perspectiva feminina ao roteiro.

Tive impressões opostas relativas ao elenco. Gostei muito da Jodie Comer (Free Guy), e também do Adam Driver – cada vez mais mostrando que é um grande ator. Por outro lado, achei o Matt Damon caricato (Ben Affleck tem um papel bem menor, não está bem, mas não atrapalha). Entendo que o personagem de Driver oferece muito mais opções ao ator, é um cara culto, sabe línguas, entende de matemática, enquanto o personagem de Damon é um cara rude e bronco, intelectualmente rasteiro. Mas achei Damon sempre com a mesma cara.

(Além disso, o visual dele sempre me lembrava o Terry Gilliam em Cálice Sagrado…)

Além de ser um grande filme, O Último Duelo ainda levanta questionamentos sociais importantes. A parte do duelo até a morte felizmente já foi deixada pra trás no passado. Mas o filme levanta questões sobre o machismo e a gente sai do cinema pensando que certos comportamentos ainda são bem próximos de parte da sociedade.

Ford vs Ferrari

Crítica – Ford vs Ferrari

Sinopse (imdb): O projetista de carros Carroll Shelby e o piloto Ken Miles lutam contra a interferência corporativa e as leis da física para construir um carro de corrida revolucionário para a Ford, a fim de derrotar a Ferrari nas 24 horas de Le Mans em 1966.

Tudo aqui lembrava Rush: baseado numa história real, carros de corrida, dois grandes atores liderando o elenco… Será que ficou tão bom quanto aquele?

Dirigido por James Mangold (Logan), Ford vs Ferrari (Ford v Ferrari no original) é um filme que segue uma fórmula batida. Por um lado isso é ruim, porque torna o filme previsível. A gente já viu outras histórias que usam este formato. A gente já sabe o que vai acontecer. Cenas de desafios e superações, momentos de redenção, etc.

Mas, por outro lado, a fórmula é bem administrada. Tudo aqui é muito bem feito, tanto que o filme tem duas horas e meia e passa rapidinho. E as cenas de corrida são realmente empolgantes.

A produção é muito boa. Não sei o quanto de cgi foi usado, mas nada parece artificial – todas as pistas, todos os carros, tudo parece “estar lá”. Se tem um ponto negativo que nada tem a ver com a fórmula, são os clichês mal utilizados, tipo tratar os italianos como vilões caricatos. Não precisava.

O elenco é muito bom. Matt Damon faz o Matt Damon de sempre, mas o cara tem star power suficiente pra segurar o filme. Já Christian Bale dá show, como sempre. Ainda no elenco, John Bernthal, Caitriona Balfe e Josh Lucas.

No fim, Ford vs Ferrari vai agradar a maior parte do público. Nem todo filme precisa ser revolucionário pra ser bom.

(p.s.: Ford vs Ferrari concorreu a quatro Oscars, incluindo Melhor Filme; e ganhou dois: Melhor Edição, e Melhor Edição de Som.)

Suburbicon: Bem Vindos ao Paraíso

Crítica – Suburbicon: Bem Vindos ao Paraíso

Sinopse (imdb): Enquanto uma comunidade suburbana dos anos 1950 se autodestrói, uma invasão domiciliar tem consequências sinistras para uma família aparentemente normal.

Imagine um filme dos irmãos Coen, mas dirigido por outra pessoa?

Suburbicon: Bem Vindos ao Paraíso (Suburbicon, no original) é o novo filme dirigido por George Clooney. Desta vez, Clooney e seu roteirista habitual Grant Heslov reaproveitaram um roteiro não usado, escrito por Ethan e Joel Coen nos anos 80. E, não sei se foi intencional ou não, mas o resultado ficou muito parecido com o trabalho dos irmãos.

Suburbicon é uma comédia de humor negro com personagens de moral duvidosa, em cenários pra lá de estilizados. “Festa estranha, com gente esquisita” – não é a cara dos Coen?

Gostei muito da ambientação “Mulheres Perfeitas” dos anos 50, assim como a construção dos personagens, que se enrolam cada vez mais nos seus problemas. O filme se divide em dois núcleos que se desenvolvem paralelamente – se a crítica ao racismo parece meio linear demais, a trama da casa vizinha traz boas reviravoltas.

O elenco é outro destaque. Julianne Moore (fazendo dois papéis), Matt Damon, Oscar Isaac, Noah Jupe, Karimah Westbrook e Tony Espinosa. Os “vilões” me lembraram Crimewave, filme do Sam Raimi – coincidência ou não, roteirizado pelos irmãos Coen. Ah, desta vez Clooney fica só atrás das câmeras.

Li umas críticas negativas, dizendo que Clooney não tem o talento dos Coen. É, pode ser. Mas Suburbicon ainda me pareceu melhor que um “Coen menor”, tipo O Amor Custa Caro ou Um Homem Sério.

Pequena Grande Vida

Pequena Grande VidaCrítica – Pequena Grande Vida

Sinopse (imdb): Uma sátira social onde um homem percebe que ele teria uma vida melhor se ele fosse encolhido a doze centímetros de altura, permitindo-lhe viver em riqueza e esplendor.

Sabe quando uma ótima ideia se perde ao longo do filme?

Achei genial a premissa de Pequena Grande Vida (Downsizing, no original). Pessoas muito menores consomem muito menos, o dinheiro para sustentar uma pessoa normal proporciona vida de luxo para os pequenos. E a ideia ainda melhora quando vemos a “favela” e começamos a ver as imperfeições deste mundo utópico. Pode-se discutir o quanto é válido o procedimento, questões sociais e econômicas, como ficariam relações familiares… Ei, essa premissa é tão rica que poderia virar uma série

Mas não. Pequena Grande Vida começa bem, mas se perde completamente. Entram ideias desinteressantes, como um romance improvável e uma subtrama apocalíptica. E o filme termina com o espectador se questionando pra onde foi a boa ideia.

Pra piorar, o roteiro tem personagens que estão na história sem nada acrescentar, tipo o Konrad interpretado por Udo Kier (tire o personagem, nada se perde). Isso sem contar com personagens que somem, tipo a mãe do Matt Damon ou o personagem do Jason Sudeikis.

O diretor e roteirista Alexander Payne tem um currículo impressionante. Foi indicado ao Oscar de melhor diretor em seus três últimos filmes, Sideways (2004), Os Decendentes (2011) e Nebraska (2013) – e ganhou os Oscars de melhor roteirista pelos dois últimos (os três filmes ainda foram indicados ao Oscar de melhor filme). Nada mal. Mas acho que desta vez ele vai passar longe de premiações.

O elenco está ok. Matt Damon faz o de sempre; assim como Christoph Waltz, repetindo o “Hans Landa / King Schultz” (mas isso não me incomoda, gosto do seu “personagem único”). Também no elenco, Hong Chau, Kristen Wiig e Rolf Lassgård, além de uma divertida ponta de Neil Patrick Harris e Laura Dern.

No fim, fica a frustração. Aposto como cada espectador vai pensar num modo melhor de terminar o filme.

A Grande Muralha

grandemuralhaCrítica – A Grande Muralha

Mercenários europeus que procuram pólvora se envolvem na defesa da Grande Muralha da China contra uma horda de monstruosas criaturas.

A Grande Muralha (The Great Wall, no original) é um filme épico dirigido pelo Zhang Yimou e estrelado pelo Matt Damon. Taí, esse filme prometia!

Muito se falou “pelas internetes da vida” do “white wash” – um personagem branco num ambiente onde ele não teria nada a ver. Mas, convenhamos, ter uma estrela do porte do Matt Damon deu uma visibilidade muito maior ao filme do que ele teria se só tivesse orientais no elenco. Pelo menos na trama tinha sentido um personagem branco aparecer.

Zhang Yimou sabe criar um visual bonito para os seus filmes – quem viu os mais famosos sabe disso (Lanternas Vermelhas e O Clã das Adagas Voadoras). Neste aspecto, ele não decepciona. O exército chinês, com suas tropas coloridas, é um belíssimo espetáculo visual.

O problema, na minha humilde opinião, foi nos monstros. Não no cgi, é um cgi bem feito, o problema é roteiro. Um exemplo sem entrar nos spoilers: o primeiro que aparece tem que levar várias fechadas pra ser abatido; mas quando o roteiro pede, Damon derruba monstros na primeira flechada.

No elenco, o ponto negativo é Willem Dafoe, grande ator, mas que está muito caricato aqui. Matt Damon faz o de sempre. Ainda no elenco, Jing Tian, Pedro Pascal, Andy Lau e Zhang Hanyu.

Pelo visual vale. Mas a história é fraca.

Jason Bourne

Jason BourneCrítica – Jason Bourne 

O ex-agente mais perigoso da CIA está de volta para descobrir verdades ocultas sobre o seu passado.

Depois do terceiro filme do personagem Bourne, parece que Matt Damon teria dito que queria largar a franquia para diversificar a carreira. Pelo jeito, mudou de ideia e repensou a decisão – afinal, só dá franquia no cinema blockbuster contemporâneo.

Pelo menos este novo Jason Bourne (idem no original) mantém a qualidade da franquia. Inclusive o diretor é o mesmo Paul Greengrass do segundo e terceiro filmes.

A volta de Greengrass é uma boa notícia para os fãs da franquia, porque garantiu o padrão. Mas preciso confessar que não gosto do estilo do diretor, de usar câmera tremida na mão o tempo todo. Isso inclusive atrapalha nas cenas de ação. Na minha humilde opinião, o filme seria bem melhor se a câmera temesse menos.

Agora, o problema real de Jason Bourne é que a gente já viu tudo isso antes. Se o primeiro Bourne, lá longe, em 2002, inovou e revolucionou o conceito dos espiões no cinema contemporâneo, este novo é apenas mais um bom filme de ação.

Pelo menos Jason Bourne é um filme competente. Os fãs da franquia vão curtir. E admito que, mesmo com a câmera tremida, a “obrigatória” cena de perseguição de carros é de tirar o fôlego.

Outro destaque é o elenco. Além da volta de Damon e Julia Stiles, o filme também conta com a recém oscarizada Alicia Vikander, além de Tommy Lee Jones e Vincent Cassel.

Enfim, nada de novo. Mas vai agradar os fãs.

Perdido em Marte

Perdido em MarteCrítica – Perdido em Marte

Alvíssaras! O melhor Ridley Scott em anos!

Durante uma missão em Marte, o astronauta Mark Watney é dado como morto e deixado para trás, e se vê sozinho no planeta, tendo que sobreviver e encontrar um meio de avisar que ainda está vivo.

Ridley Scott é um cara que vai sempre morar nos nossos corações, afinal, o cara fez AlienBlade Runner. Mas, de uns anos pra cá, o cara só batia na trave – seus últimos filmes foram Prometeus, O Conselheiro do Crime e Êxodo: Deuses e Reis. Mas agora a coisa mudou: Perdido em Marte (The Martian, no original) é emocionante, divertido, tenso e engraçado, e um forte candidato a um dos melhores filmes do ano!

Baseado no livro homônimo de Andy Weir, o roteiro escrito por Drew Goddard (O Segredo da Cabana, Guerra Mundial Z) é muito bem equilibrado e flui bem ao contar a história de Mark Watney. Diferente do universo alienígena de AlienPrometeus, Perdido em Marte tem uma trama que lembra mais Gravidade: trata-se de um filme de sobrevivência.

A fotografia utiliza vários formatos de câmera, aproveitando o fato de terem várias câmeras espalhadas pela missão da NASA. Temos várias imagens de tela do computador e de câmeras acopladas às roupas e aos veículos, além das imagens tradicionais. Boa sacada!

O filme é estrelado por Matt Damon, em talvez o melhor papel de sua carreira. Sabe aquele filme pro cara ser indicado a prêmios? Perdido em Marte é um deles. Damon passa boa parte do filme sozinho, e seu Mark Watney é um personagem rico, um prato cheio para um bom ator se exercitar. Ainda é cedo, mas não vou achar estranho se houver indicações a prêmios. Um grande elenco acompanha Damon: Jessica Chastain, Kristen Wiig, Jeff Daniels, Sean Bean, Michael Peña, Aksel Hennie, Chiwetel Ejiofor, Mackenzie Davis, Donald Glover, e um casal improvável, Sue Storm e Bucky Barns, quer dizer, Kate Mara e Sebastian Stan.

Falar de efeitos especiais numa produção deste porte é chover no molhado. Claro que os efeitos são top de linha. Mas, confesso, queria ver algo que mostrasse que a gravidade em Marte é bem menor que aqui na Terra.

Falando nisso, li um artigo onde astronautas criticam o lado científico de certas escolhas tomadas pelo roteiro. Parece que a tempestade de areia que acontece logo no começo – e que dá início à toda a trama do filme – não aconteceria daquele jeito por causa do ar rarefeito de Marte. Mas, como não sou cientista, não me incomodou. É um filme, galera!

Ouvi gente criticando o bom humor do filme. Discordo, gostei de como o personagem de Damon consegue manter o bom humor mesmo nas adversidades. E tem pelo menos uma piada nerd genial: a cena do “conselho de Elrond” (Sean Bean, que interpretou o Boromir, está presente na cena!). E não posso deixar de citar a trilha sonora, repleta de músicas disco que não têm nada a ver com o estilo, mas tudo a ver com a trama, e se encaixam perfeitamente.

Por fim, o 3D. Como sempre, nada demais. Perdido em Marte sobrevive em 2D.

p.s.: O Matt Damon também ficou sozinho num planeta em Interestelar. Gente, cuidado ao levá-lo para um planeta desabitado, o cara costuma se perder e ficar por lá!