Guardiões da Galáxia Vol. 3

Crítica – Guardiões da Galáxia Vol. 3

Sinopse (imdb): Ainda se recuperando da perda da Gamora, Peter Quill reúne sua equipe para defender o universo e um deles – uma missão que pode significar o fim dos Guardiões se não for bem-sucedida.

Normalmente evito expectativas, mas com esse Guardiões da Galáxia Vol. 3 era difícil por causa de seu diretor: James Gunn. Aos poucos, Gunn mostrou que ele é “o cara”: começou na Troma, e fez alguns filmes legais mas nada muito relevante. Aí foi pra Marvel e fez o primeiro Guardiões, e a gente tem que lembrar que era um projeto super arriscado: um grupo de alienígenas onde um deles era um guaxinim e outro era uma árvore, e que a gente sabia que no futuro iam se juntar aos Vingadores. E mesmo assim, Guardiões da Galáxia foi um dos melhores filmes do MCU. Mas, depois do segundo filme, rolou aquela parada da Disney fuçar tweets antigos do cara e ele foi demitido. A DC então o contratou pra “consertar” o Esquadrão Suicida, e o seu filme com o Esquadrão foi o melhor do DCEU. Agora, de volta à Marvel, como segurar a ansiedade?

E a boa notícia é que mesmo com expectativa alta, James Gunn nos trouxe o melhor filme da Marvel em um bom tempo. Um filme que te faz rir, te faz chorar, tem personagens muito bem construídos e ainda traz alguns cenários bem diferentes do óbvio. E além disso, um belo fechamento para a saga dos Guardiões.

Claro que o filme é muito engraçado. Guardiões sempre foi galhofa, e continua sendo – são vários os momentos hilários. Mas este terceiro filme traz a história que conta o triste passado do Rocket Racoon. Aqui a gente conhece o passado dele, e consegue entender por que ele não quer falar sobre isso. É um momento que, arrisco dizer, vai arrancar lágrimas dos espectadores. E vai ter muita gente que vai virar fã do Rocket depois do filme.

Aproveito pra falar dos personagens. Temos um rico time de personagens, e, coisa difícil num grupo tão numeroso – conhecemos características de todos eles! Peter Quill, Gamora, Rocket, Groot, Drax, Mantis, Nebula… Tem até espaço pra secundários como Kraglin e Cosmo! Ok, você pode argumentar que já vimos os personagens por alguns filmes, é verdade, tem mais tempo para conhecê-los. Mas, pensa só: já temos mais de dez Velozes e Furiosos, e mesmo assim tem alguns personagens do grupo que a gente não lembra nem do nome, muito menos da personalidade. Aqui não, conhecemos cada um, é como se fossem velhos amigos.

Além dos personagens, Guardiões da Galáxia Vol. 3 também tem um visual bem exótico. O filme aproveita que estamos no espaço e que nada precisa seguir uma lógica terrestre, e temos excentricidades como uma base espacial orgânica – com detalhes como pelos e uma camada de gordura debaixo da pele. E o interior dessa base parece uma mistura de Barbarella com A Fantástica Fábrica de Chocolates.

Falando em visual, preciso falar do plano sequência na cena do corredor. Ok, a gente sabe que é um plano sequência “fake” porque tem muita coisa digital no meio, mas mesmo assim vejo valor em quem consegue conceber uma cena como aquela, onde vemos todos em ação, cada um no seu estilo.

Como acontece nos outros filmes, temos algumas referências aos anos 80, como citações a Dirty Dancing e Robocop – e preciso falar que essa do Robocop estava me incomodando, porque o visual do vilão é muito parecido com o Robocop sem máscara.

(Outra daquelas coisas que “todo mundo fala”: a Gamora não entende o Groot, normal, aí ela fala “vocês estão inventando isso!” Gosto quando um filme se sacaneia!)

Falando das referências, preciso falar da trilha sonora. Antes o Peter Quill tinha um walkman, que foi quebrado. Aí ele ganhou um aparelho com centenas de músicas, e agora não estamos mais presos somente aos anos 80. E uma coisa bem legal que tinha nos filmes anteriores acontece de novo aqui: a letra da música que está tocando “conversa” com o roteiro. Um exemplo simples que é logo a primeira cena do filme: o Rocket sempre se sentiu excluído, e começamos ouvindo Creep, do Radiohead: “I wish I was special, but I’m a creep, I’m a weirdo”. Pena que boa parte do público brasileiro não vai captar essa sutileza.

O elenco é ótimo. Todos os atores dos outros filmes estão de volta: Chris Pratt, Karen Gillan, Zoe Saldana, Pom Klementieff, Dave Bautista, Bradley Cooper, Vin Diesel, Sean Gunn e Maria Bakalova – e ainda tem uma ponta do Michael Rooker. Ah, trabalhar com James Gunn deve ser bom. Vários atores que estavam no Esquadrão Suicida aparecem aqui: Chukwudi Iwuji, Nathan Fillion, Daniela Melchior e Jennifer Holland (Sylvester Stallone também estava em Esquadrão Suicida, mas ele já tinha aparecido numa cena pós créditos do Guardiões 2). Ainda no elenco, Linda Cardellini, Elizabeth Debicki e Will Poulter

O fim do filme traz um encerramento pra trilogia. Claro, sempre pode haver um novo filme, uma nova saga. Mas se acabar por aqui, foi um bom final.

Guardiões da Galáxia Especial de Festas

Crítica – Guardiões da Galáxia Especial de Festas

Sinopse (Disney+): Com a missão de tornar o Natal inesquecível para Quill, os Guardiões vão à Terra em busca do presente perfeito.

James Gunn é “o cara”. Se antes já era impressionante o fato dele ter saído da Troma (sua estreia foi o roteiro de Tromeu & Julieta) e chegar na Marvel, agora ele está ligado a projetos simultâneos na Marvel e na DC!

Guardiões da Galáxia Especial de Festas (The Guardians of the Galaxy Holiday Special, no original) é uma divertidíssima brincadeira. Gunn aproveitou as filmagens de Guardiões 3 e juntou o elenco para filmar um especial de natal, independente dos filmes, de pouco mais de quarenta minutos. Pretensão zero, diversão nota 10.

O filme segue uma ideia maluca (e coerente com tudo o que o diretor já tinha feito com os Guardiões): tirando Peter Quill, todos são alienígenas e não sabem o que é o Natal. Então Mantis e Drax resolvem vir até a Terra para trazer um presente para Quill: o Kevin Bacon! Sim, afinal rolou uma piada no primeiro ou segundo Guardiões onde Quill fala que Kevin Bacon foi um herói que salvou uma cidade com a dança.

Uma coisa bem legal dessa fase atual da Marvel é que cabem experimentações em formatos diferentes. Depois de uma sitcom de uma advogada Hulk e de um filme sério com homenagem ao Pantera Negra, agora tem espaço para uma bobagem divertida.

Em sua incursão pela DC, em Esquadrão Suicida e na série Peacemaker, James Gunn usou muita violência gráfica, mas aqui em Guardiões da Galáxia Especial de Festas o clima é família, mantendo a linha dos filmes dos Guardiões. Outra característica constante em seus filmes, a trilha sonora é importante, e a música de Natal que toca no início é sensacional. Não achei informações no imdb, mas desconfio que seja a banda Old 97’s caracterizada interpretando a música no filme.

O elenco é fantástico. Mesmo sendo uma produção simples, direto para o streaming, Guardiões da Galáxia Especial de Festas traz de volta quase todo o elenco dos filmes (só Zoe Saldana não está aqui). Os principais são Pom Klementieff e Dave Bautista (que estão ótimos em sua incursão pela Terra), e temos também Chris Pratt, Karen Gillan, Michael Rooker, Bradley Cooper, Vin Diesel e Sean Gunn. De novidade, Maria Bakalova faz a voz do cachorro Cosmo, ela deve estar no próximo filme. Claro, Kevin Bacon também tem uma grande participação, e sua esposa Kyra Sedgwick é quem fala ao telefone com ele.

Por fim, não me lembro de personagens da DC sendo citados no MCU. E aqui falam do Batman! Olha, se alguém for fazer um crossover Marvel x DC nos cinemas, acho que já temos a pessoa certa para tocar o projeto!

O Esquadrão Suicida

Crítica – O Esquadrão Suicida

Vou começar lançando a polêmica: será que estamos diante do melhor filme da DCEU?

Sinopse (imdb): Os supervilões Harley Quinn, Bloodsport, Peacemaker e uma coleção de malucos condenados na prisão de Belle Reve juntam-se à super-secreta e super-obscura Força Tarefa X enquanto são deixados na remota ilha de Corto Maltese, infundida pelo inimigo.

Antes de começar, vamos explicar as siglas. A Marvel tem o MCU, o Marvel Cinematic Universe, que é o universo onde estão situados as dezenas de filmes. DCEU é o DC Extended Universe, o paralelo da DC. Não leio HQs, então não posso palpitar sobre qual editora é mais bem sucedida nos quadrinhos. Mas no cinema, nem o mais fanático fã da DC vai deixar de reconhecer a superioridade da Marvel.

(Bem, fãs fanáticos às vezes têm cegueira seletiva, então se o cara é muito fanático ele não vai reconhecer os fatos. Mas isso é assunto pra outro post.)

Em 2016 a gente viu o primeiro filme do Esquadrão Suicida, que teve um trailer excelente, um bom início, mas que depois se perdeu completamente e conseguiu decepcionar quase todo mundo. Até achei que iam desistir do time do Esquadrão Suicida, deixa pra lá, foi uma parada que não deu certo.

Mas aí apareceu um James Gunn no horizonte. Vamos lembrar quem é James Gunn? O cara começou na Troma, produtora de filmes trash, acho que seu primeiro trabalho no cinema foi o roteiro de Tromeu e Julieta, de 1996. Ele tinha uma carreira discreta, com filmes “menores” como Seres Rastejantes (2006) e Super (2010), até que foi contratado pela Marvel pra fazer Guardiões da Galáxia. Só pra dar um exemplo da proporção: o orçamento de Super era de 2,5 milhões de dólares, enquanto Guardiões tinha 170 milhões.

Guardiões da Galáxia era um projeto audacioso. Um filme que se encaixaria nos filmes dos Vingadores, mas era uma aventura espacial com um grupo que tinha um guaxinim e uma árvore, feito por um diretor que começou na Troma. E o resultado foi excelente, um dos melhores filmes do MCU (lembrando que tem um monte de filmes bons no MCU!).

Claro que a moral do James Gunn subiu. Ele fez o Guardiões volume 2, e ia fazer o terceiro – até que resolveram catar uns tweets politicamente incorretos que ele tinha feito anos antes, e a conservadora Disney (como mencionei no texto de anteontem sobre Jungle Cruise) o demitiu.

A Warner então o contratou pra “consertar” o Esquadrão Suicida – afinal, tanto os Guardiões quanto o Esquadrão são grupos de anti-heróis com alguns esquisitões no meio.

Vendo isso, a Disney o recontratou pra fazer Guardiões 3, mas antes ele ainda ia fazer este Esquadrão Suicida antes.

E agora a gente tem um James Gunn livre das restrições da Disney. O Esquadrão Suicida parece uma mistura dos anti-heróis de Guardiões da Galáxia com a violência e o humor politicamente correto do Deadpool. Um filme violento, engraçado, e, principalmente, divertidíssimo!

Antes de entrar no filme, vamos à pergunta: é uma continuação ou um reboot? Na verdade, tem cara de reboot, mas é uma continuação. Alguns personagens do outro filme voltam. Mas não precisa (re)ver aquele, a história aqui é independente.

Uma das poucas coisas boas do primeiro filme foi a introdução dos personagens. Aqui não tem isso, sabemos pouco sobre cada um. Mas sabe que não fez falta? O filme até faz piada com isso.

Falei que o filme era violento, né? MUITO violento. Sem entrar em spoilers, mas muita gente morre no filme. Aliás, essa é uma grande diferença para os filmes de super heróis que a gente está acostumado. Aqui morre um monte de gente, tanto personagens quanto extras. Mas não são mortes dramáticas – apesar de algumas serem bem gráficas – tem tiro na cara, tem cabeça explodindo… O filme tem muito sangue, mas a pegada é humor negro – várias mortes geram gargalhadas.

Um bom exemplo disso é uma sequência muito boa onde rola quase uma competição entre o Idris Elba e o John Cena pra ver quem é mais eficiente matando. E quase todas as mortes são engraçadíssimas. E o encerramento da sequência é inesperado e genial!

Uma coisa que gostei muito aqui é justamente essa imprevisibilidade. O roteiro sai do óbvio várias vezes (característica que também acontecia em Guardiões da Galáxia). Você está vendo a cena, achando que ela vai ter uma conclusão, e o roteiro te dá uma rasteira e mostra outro caminho. Gosto disso, gosto de ser surpreendido por soluções fora do óbvio.

As cenas de ação são muito boas. São várias, com vários personagens, e a câmera sempre consegue mostrar bem a ação. E os efeitos especiais também são ótimos. Falei mal da onça de Jungle Cruise, né? O Tubarão Nanaue aqui é muito mais bem feito. Ok, parece uma ideia reciclada, um novo Groot – inclusive porque ambos são dublados por atores famosos (o Groot é o Vin Diesel; o Nanaue é o Sylvester Stallone). Mas, assim como o Groot é um personagem adorável, digo o mesmo sobre o Nanaue.

Ah, ainda nos efeitos. O filme é entrecortado por intertítulos, como se fossem títulos para cada capítulo. E esses intertítulos são escritos com elementos que estão na cena. Boa ideia. Simples e eficiente.

Claro que ainda preciso falar da trilha sonora. Assim como nos dois Guardiões, a trilha aqui é muito bem escolhida. E, olha só, tem música brasileira no meio!

O elenco é ótimo. Mas, como falei, morrem personagens, então não vou entrar em detalhes sobre cada um, pra não dar indícios de quais são os mais importantes. Pelo star power do elenco, arrisco a dizer que os principais seriam Margot Robbie e Idris Elba, mas o filme divide bem o protagonismo entre todo o time. Tem a Alice Braga, num papel pequeno mas importante, mais um filme fantástico na carreira dela (comentei sobre isso no texto sobre Novos Mutantes). Também no elenco, Michael Rooker, Viola Davis, Joel Kinnaman, Nathan Fillion, Jai Courtney, Sean Gunn, John Cena, Daniela Melchior, David Dastmalchian, Sylvester Stallone, Peter Capaldi e uma ponta do Taika Waititi (pisque o olho e você perderá!).

Se for pra falar mal de alguma coisa, falo do vilão Thinker, interpretado pelo Peter Capaldi. Personagem sub aproveitado. Não estraga o filme, claro. Mas é um personagem besta.

Heu poderia continuar falando aqui, mas chega. O filme estreia hoje, quero rever assim que possível. E recomendo pra qualquer um que goste de se divertir nos cinemas.

Ah, tem cena pós créditos! Fiquem até o fim do filme!

Por fim, só pra confirmar a frase do início. Não dá pra comparar este filme com filmes de fora do DCEU, como Coringa ou a trilogia do Nolan, porque são propostas completamente diferentes. Agora, dentro do DCEU, já tivemos Homem de Aço, Batman vs Superman, Esquadrão Suicida, Mulher Maravilha, Liga da Justiça, Aquaman, Shazam, Aves de Rapina, Mulher Maravilha 84 e o novo Liga da Justiça versão do diretor. Alguns bons, outros maomeno, outros ruins. É, olhando a lista, O Esquadrão Suicida é realmente o melhor até agora.

#pas

Amor e Monstros

Crítica – Amor e Monstros

Ouvi falar desse Amor e Monstros no fim do ano passado. Fui na página do imdb, mas nada no filme me despertou curiosidade, então deixei de lado. Mas aí ele entrou na lista dos indicados ao Oscar de melhores efeitos especiais, logo um dos meus temas favoritos. Ok, vambora ver.

Sinopse (imdb): Sete anos depois de ter sobrevivido ao apocalipse monstro, o amorosamente infeliz Joel deixa seu aconchegante bunker subterrâneo em uma missão para se reunir com sua ex.

Segundo filme do pouco conhecido diretor Michael Matthews, Amor e Monstros (Love and Monsters, no original) traz uma história simples, mas bem contada. Já falei por aqui, nem todo filme precisa ser o novo Cidadão Kane. Existe espaço pra filmes que apenas almejam oferecer um entretenimento leve. É o caso aqui.

A trama vivida pelo nosso herói não é novidade pra ninguém, mas é contada de maneira coerente – na hora que acontece o tal apocalipse, ele se separa da namorada porque cada um quer ver seus pais, e depois ele precisa enfrentar seus medos pra conseguir revê-la. Se não é novidade, pelo menos é mostrada de maneira envolvente e com um protagonista carismático, vivido por Dylan O’Brien.

Não gostei muito do ato final, a trama muda de formato, e, desculpa pros mais inexperientes, mas, assim que vi aqueles novos personagens, já saquei qual era a deles. Mas, felizmente, isso não me atrapalhou muito.

Ainda preciso falar dos efeitos especiais, claro. A ideia é que animais sofreram mutações e viraram monstros, e esses monstros são muito bem feitos – tanto que rolou a indicação pro Oscar. Deve ser tudo cgi, o que é uma pena (gosto de efeitos práticos), mas, pelo menos são convincentes.

O clima me lembrou filmes de aventura que heu via quando era adolescente, tipo O Último Guerreiro das Estrelas, O Enigma da Pirâmide ou Krull. Não eram grandes filmes, mas eram filmes divertidos, e que marcaram a minha geração. E, claro, falando em filmes adolescentes dos anos 80, não tem como não lembrar de Conta Comigo – não só pela música, que é tocada no filme, como principalmente pela cena do lago.

Amor e Monstros vai divertir aqueles com o coração leve. Será que vai marcar uma geração, como aqueles que citei acima?

Brightburn – Filho das Trevas

Crítica – Brightburn – Filho das Trevas

Sinopse (imdb): E se uma criança de outro mundo cair na Terra, mas em vez de se tornar um herói para a humanidade, ela provar ser algo muito mais sinistro?

A proposta era boa: e se o Superman fosse do mal?

Dirigido pelo pouco conhecido David Yarovesky, Brightburn – Filho das Trevas (Brightburn, no original) não esconde de ninguém que segue os passos da clássica história do Superman: casal sem filhos, que mora numa fazenda, adota um bebê encontrado numa nave espacial, e anos depois, descobre que ele tem super poderes. O grande barato aqui é que, se o Superman é o exemplo de bom moço, o Brandon Breyer é o oposto.

O maior nome por trás de Brightburn é James Gunn, hoje um nome badalado, depois do grande sucesso dos dois Guardiões da Galáxia. É bom lembrar que, bem antes dos holofotes da Marvel, Gunn já tivera experiência com terror e baixo orçamento (Seres Rastejantes). Aqui ele está só na produção – seu irmão Brian Gunn e seu primo Mark Gunn são os roteiristas.

Claro que Brightburn tem clichês de terror. Mas isso não me incomodou. E vou além: em algumas cenas, o gore é bem intenso. A cena do olho é ótima!

O único nome conhecido no elenco principal é Elizabeth Banks. O garoto Jackson A. Dunn faz o protagonista – gostei dele, mas não sei se ele é bom ator, ou se é daquele jeito mesmo. O resto do elenco é desconhecido, mas tem uma ponta do Michael Rooker no final.

O fim do filme abre uma janela para outros filmes do gênero. Taí, quero ver mais desse universo.

Guardiões da Galáxia vol. 2

Guardiões 2Crítica – Guardiões da Galáxia vol. 2

Enquanto o heterogêneo grupo formado no filme anterior foge de vários inimigos, Peter Quill descobre informações sobre seu pai.

Em 2014, o primeiro Guardiões da Galáxia foi uma boa surpresa. Ninguém esperava nada de um filme onde um dos protagonistas era um guaxinim, e outro, uma árvore. E foi um dos melhores filmes do ano! Claro que agora já existia expectativa. E aí, será que mantiveram a qualidade?

Boa notícia! Guardiões da Galáxia Vol. 2 (Guardians of the Galaxy Vol. 2, no original) é tão bom quanto o primeiro!

Logo de cara já vemos o tom do filme, na melhor sequência de créditos iniciais desde Deadpool. Enquanto o Baby Groot dança em primeiro plano, uma briga violenta acontece ao fundo. Sequência muito bem filmada (plano sequência!) e muito divertida, que dá vontade de rever várias vezes. E que já diz que não é pra levar o filme a sério.

(Parênteses pra falar do Baby Groot. Rolava um certo receio: será que vai funcionar um filhote de Groot, ou vai encher o saco? Respondo com convicção: o Baby Groot é um personagem excelente, que vai ganhar vários fãs a cada exibição do filme!)

Assim como o primeiro filme, Guardiões da Galáxia Vol. 2 é uma divertida aventura espacial. É Marvel, faz parte do MCU, mas nem parece um filme de super heróis. Aliás, é curioso como a Marvel sabe construir seu universo cinematográfico sem nenhuma pressa. Todo mundo sabe que daqui a alguns anos os Guardiões vão se unir aos outros heróis da Marvel. Mas este segundo filme continua completamente independente dos outros. Palmas para a organização do MCU!

A direção e o roteiro estão novamente com James Gunn, que mais uma vez entrega um filme redondinho. Trama bem amarrada, personagens carismáticos, efeitos especiais de primeira, tudo funciona bem. Ah sobre os efeitos, temos, de novo, um ator “coroa” rejuvenescido digitalmente. Impressionante!

Se no primeiro filme tivemos as apresentações dos personagens, agora temos o aprofundamento de cada personalidade. Conhecemos melhor suas peculiaridades e seus problemas. E vemos que, no fundo, Guardiões da Galáxia Vol. 2 é um filme sobre a família. Não necessariamente uma família careta de pai, mãe e filho; mas qualquer tipo de relação familiar, consanguínea ou não. Steven Spielberg deve ter gostado (ou ficado com inveja, sei lá).

No elenco, temos a volta de todos os atores principais do primeiro filme. Claro que o protagonista é o Peter Quill de Chris Pratt, hoje uma estrela do primeiro time; mas o resto do elenco principal tem maior importância: Zoe Saldana, Dave Bautista e as vozes de Bradley Cooper e Vin Diesel (aliás, é curioso ver como Bautista está muito bem como Drax!). Michael Rooker, Karen Gillan e Sean Gunn têm mais espaço nesta segunda parte; e, de novidades, temos Kurt Russell, Elizabeth Debicki e Pom Klementieff. Também temos pontas de Sylvester Stallone e David Hasselhof, e, claro, Stan Lee. Por fim, cameos de Ving Rhames, Michelle Yeoh e Miley Cyrus me fazem acreditar que teremos um spin off…

Assim como no primeiro filme, a trilha sonora é essencial para a trama. As músicas são boas, e se encaixam perfeitamente na narrativa. Agora, na minha humilde opinião, a seleção musical do primeiro filme é melhor… Ah, além das músicas, temos outras referências à cultura pop, como Pac Man, Mary Poppins e a série Cheers.

Por fim, são cinco cenas pós créditos, além de várias piadinhas inseridas no texto dos créditos. Não saia do cinema antes de acabar tudo!

Guardiões da Galáxia

Guardioes-da-GalaxiaCrítica – Guardiões da Galáxia

Filme novo da Marvel, mas falando de personagens pouco conhecidos, e com gente estranha na direção. Será que presta?

Depois de roubar um artefato misterioso em um planeta hostil, o mercenário Peter Quill vira o alvo de uma caçada liderada pelo cruel Ronan. Agora Quill precisa se juntar a um improvável e heterogêneo grupo para derrotar Ronan e salvar a galáxia.

Heu estava muito curioso com o conceito de um grupo de super heróis que tinha um guaxinim e uma árvore, feito por um diretor que começou na Troma. Mas depois de vários bons filmes, descobri que a gente pode confiar na Marvel. E não me arrependi: Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, no original) é talvez o melhor filme de super heróis que heu já vi.

Em primeiro lugar, não é um “filme de super heróis”. Quase todos os personagens são alienígenas, quase todo o filme se passa fora da Terra, ou seja, não se trata de super poderes – seria a mesma coisa que chamar o Yoda de super quando ele usa a Força pra tirar a X-Wing do pântano de Dabogah.

Esqueça esse papo de “filme de super heróis”. Guardiões da Galáxia é uma ficção científica com um pé na ação e outro pé na comédia. Adicione personagens bem construídos, diálogos inteligentes, efeitos especiais excelentes e uma trilha sonora inspiradíssima e temos um filme à beira da perfeição.

Um dos meus pés atrás com o filme era o currículo do diretor James Gunn. Não tenho absolutamente nada contra filmes trash, sou fã da Troma, ainda tenho na minha velha coleção de vhs a fita original de Tromeu e Julieta. Mas, na boa, ao saber que o roteirista deste mesmo Tromeu e Julieta estaria na direção do novo projeto da Marvel, rolou um certo receio. Felizmente, infundado.

O outro pé atrás era com os personagens. Um guaxinim e uma árvore? WTF??? Mas, olha, esse medo era ainda mais infundado. Rocket, o guaxinim, é um personagem fantástico; e virei fã do Groot, a árvore que só fala 3 palavras – e, acredite, a cada vez que ele repete as mesmas palavras, temos um novo significado. Genial, genial…

Aliás, é bom falar: a dinâmica entre os personagens é muito bem construída. Claro que o principal é Peter Quill, mas todos os outros quatro têm importância, todos eles têm suas personalidades e motivações, mesmo tendo que dividir o tempo de tela (e, diferente d’Os Vingadores, não tivemos filmes anteriores com cada um pra contar as suas histórias individuais). E outra coisa que funciona bem é como o time é formado, porque eles a princípio são inimigos.

Ah, e tem o humor… Não me lembro a última vez que ri tanto dentro de uma sala de cinema! O humor do filme é genial. Muitas vezes os diálogos do roteiro escrito por Gunn e Nicole Perlman direcionam as cenas para caminhos inesperados, algo meio nonsense – tipo quando Drax quer matar Gamora, mas fica discutindo sobre metáforas. E isso porque não estou falando da quantidade de referências pop – até Footloose é citado no filme!

Completando isso tudo, ao lado de uma boa trilha original orquestrada (composta por Tyler Bates), temos uma excelente seleção musical de hits setentistas (talvez tenha algo de anos 80, não sei ao certo). Detalhe 1: todas as músicas se encaixam perfeitamente no desenrolar do filme. Detalhe 2: todas as letras das músicas se encaixam perfeitamente no desenrolar da trama.

Também precisamos falar do elenco. O protagonista Chris Pratt não é um rosto muito conhecido (chequei no imdb, já vi alguns filmes com ele, mas nunca tinha reparado no cara). Agora, no resto do elenco tem muita gente legal: Zoe Saldana, Dave Bautista, Michael Rooker, Lee Pace, Karen Gillan, Djimon Hounsou e John C. Reilly, além de pontas de Benicio Del Toro, Glenn Close e Josh Brolin (como Thanos). Vi no imdb que tem cameo do Nathan Fillion e a voz do Rob Zombie, mas terei que rever pra procurar. Claro, também tem o Stan Lee fazendo uma ponta. E, para os fãs da Troma, procurem o Lloyd Kauffman entre os presidiários!

A sessão pra imprensa não teve cena depois dos créditos, sei lá por que. Rola uma curta cena no início dos créditos, mas não tem nenhum gancho, é uma piada extra. E uma piada engraçadíssima!

Enfim, se você é fã da sobriedade do Batman do Christopher Nolan, e de filmes sérios e densos, talvez Guardiões da Galáxia não seja para você. Mas se você concorda com aquele velho lema de um exibidor que dizia “Cinema é a maior diversão”, este é “o filme”!

Super

Crítica – Super

Kick-Ass foi uma agradável surpresa, um dos melhores filmes de 2011. E o que Hollywood faz com boas ideias? Repete!

Frank é um cara comum. Mas, quando sua esposa o deixa para ficar com um traficante de drogas, ele resolve virar o “Crimson Bolt”, um super-heroi, mesmo sem ter nenhum super poder.

Super nem é ruim. O problema é a ideia é MUITO parecida com Kick-Ass. Um garoto meio nerd, fã de quadrinhos e com poucos amigos, que resolve virar um super-heroi, mesmo sem ter super poderes… A diferença está no “sidekick”: em vez de Hit Girl, aqui rola a Boltie, boa personagem de Ellen Page. E Super tem outro problema: um cara com o perfil de Frank não ia ser bom em briga de rua, o cara ia apanhar mais do que bater.

Apesar disso tudo, Super é um bom filme – é só a gente esquecer de Kick-Ass. Um dos acertos é o elenco. Rainn Wilson, com sua cara de ultra nerd, é a escolha perfeita para o esquisitão que resolve combater o crime. Ellen Page também está ótima, bonitinha e maluquinha na dose exata. E ainda tem Kevin Bacon, Liv Tyler, Michael Rooker e Nathan Fillion.

O diretor é James Gunn, cria da Troma, e que anos atrás fez o divertido Seres Rastejantes. Aqui ele deixou o ar trash de lado e fez um filme com cara de quadrinhos – em alguns momentos, o visual lembra Scott Pilgrim Contra O Mundo, aparecem até onomatopéias na tela. E a abertura do filme é uma simpática animação no estilo dos quadrinhos que aparecem na trama.

O roteiro, também escrito por Gunn, é eficiente ao alternar estilos – às vezes parece comédia, às vezes ação, às vezes, até drama. E os personagens são interessantes, principalmente os dois principais.

Como falei antes, Super não é ruim. Mas a comparação com Kick-Ass é inevitável. E, na comparação, Super perde.

Ah, e para quem gosta do estilo, li no imdb que tem mais um, Defendor, que faz uma “trilogia” ao lado de Super e Kick-Ass. Vou baixar pra ver qualé.

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Se você gostou de Super, o Blog do Heu recomenda:
Kick-Ass
Scott Pilgrim Contra O Mundo
Terror Firmer

Jumper

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Jumper

David Rice é um garoto de 15 anos que de repente descobre que é um “jumper”: ele consegue se teletransportar pra onde quiser em uma fração de segundos. Assim, ele resolve viver viajando incognitamente pelo mundo, e  quando precisa de dinheiro, rouba bancos. Até que descobre que ele não é o único com esse poder, e que existem pessoas chamadas “paladinos”, cuja profissão é matar “jumpers”.

A idéia é interessante, dava pra se construir uma boa história, algo como Highlander ou X-Men, onde pessoas com habilidades diferentes têm que viver no meio da nossa sociedade.

Mas… Acho que não deu muito certo…

Os efeitos especiais são bem legais. Os cenários são fantásticos, incluem pontos turísticos como o Coliseu e as pirâmides. Mas, por outro lado, o roteiro… Cadê o roteiro? O roteiro deixa a desejar…

É uma boa idéia. Descobrimos que “jumpers” estão entre nós desde a idade média. Legal, poderíamos conhecer um pouco mais da história deles, não? Não, se existia essa idéia, vai ficar pra continuação.

Temos outro “jumper” na história. Mas ele parece indeciso: no início ele quer se aproximar de David; mas quando consegue, quer que David pare de seguí-lo…

Ah, sim, precisamos falar do elenco. David é interpretado por Hayden Christensen, ele mesmo, o Anakin Skywalker dos episódios II e III de “Star Wars”. Que, como ator, já sabemos que não é lá grandes coisas. E o elenco tem o grande Samuel L Jackson! Bem, esse aí é um cara que consegue fazer um monte de filmes legais e um monte de bombas ao mesmo tempo… Não estou falando só do recente The Spirit – lembrem que ele estava no Serpentes a Bordo e nos dois Triplo X (o primeiro ainda é legal, mas o segundo é ruinzinho…).

O elenco ainda conta com Rachel Bilson, Jamie Bell, Michael Rooker e uma sub-aproveitada Diane Lane, o que nos faz acreditar numa continuação…

Se o filme é ruim? Não, não é. Mas tampouco é bom… Fica aquela sensação de que, nas mãos certas, poderia ter rendido bem mais…