Os Piratas do Rock

Crítica – Os Piratas do Rock

Sinopse (imdb): Um grupo de DJs rebeldes que cativaram a Grã-Bretanha, tocando a música que definia uma geração e enfrentando um governo que queria música clássica e nada mais, nas ondas de rádio.

Sei lá por que, nunca tinha ouvido falar deste filme, até que o Fernando Caruso, meu companheiro de Podcrastinadores, me recomendou. E que bela recomendação!

Escrito e dirigido por Richard Curtis (falei dele aqui outro dia, quando falei de Yesterday), Os Piratas do Rock (The Boat that Rocked, no original) tem bem a cara de um filme que heu vou gostar. Um elenco cheio de nomes legais, contando uma história rock’n’roll, ambientada nos anos 60. Pronto, já é o suficiente pra virar um dos meus filmes favoritos.

A história é baseada em eventos reais – a programação de rádio na Inglaterra era dominada pela BBC, que não tocava rock, então surgiam rádios piratas para suprir a demanda dos ouvintes. E sim, havia rádios que ficavam em navios!

Os Piratas do Rock não tem muita história, a trama se baseia na rica galeria de personagens e nas relações entre eles. Taí, daria uma boa série.

Ah, o elenco! O personagem principal é o desconhecido Tom Surridge, mas Os Piratas do Rock conta com Philip Seymour Hoffman, Bill Nighy, Nick Frost, Chris O’Dowd, Kenneth Branagh, Gemma Arterton, Rhys Ifans, January Jones, Emma Thompson e Jack Davenport, entre outros. Nada mal!

O filme é um pouco longo demais (duas horas e quinze minutos), achei umas partes cansativas no meio (tipo o “duelo” nos mastros do barco – pra que aquela cena?). Mas a sequência final é tão empolgante que a gente esquece disso e fica com vontade de rever logo.

Quero mais recomendações de filmes rock’n’roll assim!

Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1

Jogos Vorazes 3.1Crítica – Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1

Estreou o penúltimo Jogos Vorazes!

Quando Katniss destrói os jogos, ela é levada ao Distrito 13, já que o Distrito 12 foi destruído. Ela conhece a Presidente Coin, que a convence a ser o símbolo da revolução, enquanto tentam resgatar Peeta da Capital.

Mais uma vez dirigido por Francis Lawrence (que, até onde sei, não é parente da Jennifer Lawrence), Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 (The Hunger Games: Mockingjay – Part 1, no original) segue a franquia de sucesso comercial de livros escritos por Suzanne Collins. O título nacional do filme não é a tradução exata, mas desta vez foi uma falha do tradutor dos livros. O terceiro livro / filme deveria se chamar “Tordo”, e não “A Esperança”…

Assim como tem acontecido com franquias de sucesso de bilheteria baseadas em livros, o último livro foi esticado para virar dois filmes e gerar o dobro de bilheteria (o mesmo aconteceu, por exemplo, com as sagas Harry Potter e Crepúsculo). Claro, o resultado ficou prejudicado, a história não tem pique pra quatro horas de filme (serão dois filmes de duas horas cada). Se os dois primeiros filmes tinham quase duas horas e meia cada, talvez o terceiro livro virasse um bom filme de quase três horas. Do jeito que ficou, temos algumas sequências arrastadas e outras desnecessárias – por exemplo, pra que vemos Katniss visitando duas vezes o Distrito 12?

Apesar disso, Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 mantém o alto padrão de qualidade da franquia, e vai agradar aos fãs. Algumas partes são muito boas, gostei muito de toda a sequência do hospital, e é emocionante a cena em que Katniss canta.

O visual deste filme é mais sóbrio que os outros. A capital tem muitas cores, muitas roupas e penteados extravagantes, e aqui quase todo o filme se passa no espartano Distrito 13, o visual lembra o filme 1984 – e gera algumas boas piadas com a perua Effie.

Sobre o elenco, heu tinha uma grande curiosidade sobre o que ia acontecer com o personagem Plutarch, já que seu intérprete, Philip Seymour Hoffman, morreu antes de terminarem as filmagens. E o personagem aparece muito no filme! Li no imdb que Hoffman faleceu quando faltava uma semana para o término das filmagens, quase todas as suas cenas já tinham sido filmadas, e teriam alterado algumas páginas do roteiro para se adaptarem à ausência do ator. Funcionou: o público “leigo” nem vai reparar.

O elenco, como era esperado, é um dos pontos fortes. Jennifer Lawrence é carismática e uma grande atriz, e está num excelente momento da carreira – além de ser o principal nome de Jogos Vorazes e um dos principais de X-Men, ela ganhou o Oscar de melhor atriz em 2013 por O Lado Bom da Vida. E, além da volta de Philip Seymour Hoffman, Woody Harrelson, Elizabeth Banks, Donald Sutherland, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth e Jeffrey Wright, Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 ainda traz alguns novos nomes ao elenco, como Julianne Moore e Natalie Dormer. Só achei alguns personagens um pouco sub-aproveitados, como Sam Clafin (que pouco mostra a cara), Stanley Tucci (que só aparece poucas vezes pela televisão) e Jena Malone (que acho que só aparece por alguns rápidos segundos).

Se Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 fosse um filme só, tinha potencial para figurar entre os melhores filmes do ano. Mas assim, pela metade, se entrar num top 10 já está no lucro.

Por fim, preciso comentar algo que não me lembro se já tinha nos outros filmes: a melodia que assoviam com o canto do tordo é EXATAMENTE IGUAL ao tema de Romeu e Julieta composto pelo Nino Rota para o filme do Franco Zeffirelli de 1968. As mesmas quatro notas! Caramba, será que ninguém da produção se tocou do plágio?

Jogos Vorazes – Em Chamas

Crítica – Jogos Vorazes – Em Chamas

A continuação de Jogos Vorazes!

Depois de ganhar a 74ª edição dos Jogos Vorazes, Katniss Everdeen e Peeta Mellark saem na turnê dos vencedores, onde descobrem que revoltas começam a acontecer pelos distritos. O presidente Snow resolve criar então o “Massacre Quaternário”, nova edição dos jogos, onde só participam vencedores de outras edições. Assim, Katniss terá que voltar ao jogo.

O primeiro Jogos Vorazes foi uma agradável surpresa. Muitos achavam que o filme poderia ser um novo Crepúsculo, por ser mais uma franquia infanto-juvenil baseada em uma série de livros de sucesso. Mas o filme se mostrou sólido e muito melhor do que o filme do vampiro-purpurina.

Não li o livro, mas pelo que li por aí, Jogos Vorazes – Em Chamas segue fielmente a trama do livro de Suzanne Collins. A mudança foi na cadeira do diretor. Saiu o pouco conhecido Gary Ross, entrou o também pouco conhecido Francis Lawrence (será parente da Jennifer?), de Constantine e Eu Sou A Lenda. Gostei da mudança, Ross é adepto da câmera na mão, heu prefiro imagens menos tremidas de Lawrence.

A produção também melhorou bastante – segundo o imdb, o orçamento aqui foi de 140 milhões de dólares, contra 78 do primeiro filme. Se no filme do ano passado a gente teve monstros toscos no meio do jogo, aqui aparecem macacos muito bem feitos.

O elenco traz quase todos os que estavam no primeiro filme (menos Wes Bentley, porque seu personagem morreu). Jennifer Lawrence, ganhadora do Oscar de melhor atriz ano passado, mostra carisma e star power e parece muito à vontade com sua Katniss Everdeen. Josh Hutcherson e Liam Hemsworth voltam com seus personagens que têm como única função serem bonitinhos e criarem um triângulo amoroso com Jennifer; Woody Harrelson, Elizabeth Banks, Donald Sutherland, Lenny Kravitz e Stanley Tucci também estão de volta com seus personagens esquisitos que se vestem de maneira estranha. De novos rostos, temos Philip Seymour Hoffman, Jena Malone, Jeffrey Wright e Amanda Plummer, além do pouco conhecido Sam Claflin, mais um jovem bonitinho pra agradar o público feminino.

Um dos problemas do primeiro filme não acontece agora. Jogos Vorazes trazia crianças morrendo – sei que tem no livro, mas violência contra crianças não é legal nunca. Na continuação, só temos veteranos dos jogos, então não tem espaço pra crianças. Só adultos. Melhor assim, não?

O primeiro filme tinha uma vantagem: tinha uma história “fechada” – se não viesse uma continuação, sem problemas, porque o filme tinha início, meio e fim. Mas agora todos sabem que teremos a franquia inteira, então Jogos Vorazes – Em Chamas não tem fim…

Agora resta esperar a parte final. Que, mais uma vez, será esticada para virar dois filmes, como aconteceu com Harry Potter e Crepúsculo. Afinal, se a franquia de sucesso vai acabar, os estúdios querem ganhar duas vezes na bilheteria e no mercado de home video. Hollywood às vezes pensa que nem os políticos brasileiros: “a arrecadação não pode parar”…

p.s.1: Jogos Vorazes – Em Chamas está em cartaz nos cinemas brasileiros, mas no resto do mundo só estreia semana que vem. Estranho, não?

p.s.2: No fim do filme, uma coisa curiosa. No meio dos créditos, começou a tocar uma música em português. Achei que era uma falha do cinema, que teria parado o som do filme e colocado uma música qualquer. Que nada, olha a surpresa: tem CPM22 na trilha sonora do filme! Não sou fã de CPM22, mas achei bacana ver um artista brasileiro nos créditos de um blockbuster. Mesmo que seja só pra estar no cd oficial, já que não toca no filme…

Missão Impossível III

Crítica – Missão Impossível III

Chegou a vez do terceiro filme!

Agora aposentado do trabalho de campo, Ethan Hunt continua na IMF treinando agentes. Quando uma de suas pupilas é capturada, ele é forçado a voltar a ação.

Vou confessar uma coisa aqui: quando este filme foi lançado no cinema, heu tinha implicância com ele. Afinal, os dois filmes anteriores foram dirigidos pelos mestres Brian De Palma e John Woo, dois diretores consagrados e com extenso currículo de bons serviços prestados ao cinema. E agora o diretor era JJ Abrams, um novato cheio de hype por causa de séries de tv (sendo que uma delas, Alias, considero bem fraquinha), mas sem nada de experiência no cinema.

Admito, vi o filme com má vontade e não gostei na época. Mas, agora, revendo sem preconceitos, afirmo: Missão Impossível III mantem o alto nível dos outros dois!

O segundo filme trazia um exagero estilizado, muita câmera lenta, muitas imagens contemplativas. Aqui o exagero continua sendo o tom, mas em vez de câmera lenta, tudo é acelerado, tudo é frenético. Hunt e sua equipe executam planos de maneira tão rápida que se você piscar o olho vai perder partes importantes. A direção de Abrams tem um bom timing nas cenas de ação – coisa que veríamos nos anos seguintes no seu Star Trek.

O elenco repete a fórmula do segundo filme. Assim como nos outros filmes da série, Tom Cruise assume a responsabilidade de figura central e corre, pula, se pendura, bate, apanha, usa armas e explosivos, faz o diabo. Ving Rhames mais uma vez é o único ator a repetir o papel; mais uma vez o elenco de coadjuvantes é acima da média: Philip Seymour Hoffman, Billy Crudup, Michelle Monaghan, Jonathan Rhys Meyers, Keri Russell, Maggie Q, Simon Pegg e Laurence Fishburne. Nada mal para um terceiro filme de franquia…

Como disse no início, heu tinha implicância com Missão Impossível III, mas revendo, afirmo que a série inteira segura a qualidade e os três filmes são bons (heu prefiro os outros dois, mas isso não significa que este é ruim!).

Agora vou ver o quarto filme que está estreando nos cinemas… Em breve, comento aqui!

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Se você gostou de Missão Impossível III, o Blog do Heu recomenda:
Missão Impossível
Missão Impossível 2
Super 8

Vejo Você no Próximo Verão

Crítica – Vejo Você no Próximo Verão

Philip Seymour Hoffman é um grande ator, ninguém questiona isso. Será que ele também é bom na cadeira de diretor?

Jack (Philip Seymour Hoffman) é um sujeito tímido e esquisitão, que trabalha dirigindo limusines. Um colega de trabalho arma para ele um encontro às escuras com a também esquisitona Connie. Para impressioná-la, Jack quer aprender a nadar e a cozinhar.

Vejo Você no Próximo Verão não é exatamente “ruim”. Mas tá longe de ser bom. Afinal, são personagens sem graça vivendo situações cotidianas. O filme passa, e nada acontece. Gosto quando o cinema nos conta histórias diferentes e interessantes; conheço histórias melhores que as do filme vividas por pessoas próximas…

O ritmo do filme é leeento… E a trilha sonora, com um violãozinho monótono, só atrapalha.

Se existe algo digno de nota aqui é o trabalho dos atores. Todos os quatro principais estão bem – além de Hoffman, o elenco conta com os pouco conhecidos John Ortiz, Daphne Rubin-Vega e Amy Ryan. Também pudera, o filme é a adaptação de uma peça de teatro estrelada por três deles (Amy Ryan não estava na peça).

Enfim, Vejo Você no Próximo Verão não é de todo mal – alguns poderão se emocionar com a história de Jack. Mas heu acho que Hoffman deveria ter escolhido um argumento melhorzinho para o seu debut como diretor.

O Primeiro Mentiroso

O Primeiro Mentiroso

Imagine uma sociedade onde não existe a mentira. Todos dizem a verdade – sempre! Interessante, não? Pois este é o mundo onde se passa O Primeiro Mentiroso (The Invention of Lying).

Mark Bellison (Ricky Gervais) é um roteirista de cinema que um dia tem uma ideia genial: mentir! E como ele está num mundo onde TODOS sempre dizem a verdade, ninguém duvida dele…

(Aliás, é bom explicar: como funciona o cinema num lugar onde não existe a ficção? Fácil! São atores lendo livros de história!)

A ideia do filme é muito boa, e gera piadas sensacionais, como as propagandas de coca e pepsi. Mas acho que o diretor / roteirista / protagonista Gervais se perdeu no meio do caminho – de repente, o filme perde a graça.

Acho que poucas vezes foi tão claro ver o momento exato onde o filme se perde. Isso acontece na cena das caixas de pizza. A partir daí, o filme, antes interessante, fica bobo e enfadonho.

Pena, porque o elenco é bem legal. Temos Jennifer Garner, Rob Lowe, Tina Fey, Jonah Hill, Louis C.K., e ainda rolam pontas de Edward Norton (o policial) e Philip Seymour Hoffman (o barmen).

Assim, uma ideia boa foi desperdiçada. O Primeiro Mentiroso termina com piadas sem graça e um final óbvio de comédia romântica. Pena…

Boogie Nights – Prazer Sem Limites

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Boogie Nights – Prazer Sem Limites

No final da década de 70, um jovem bem-dotado é descoberto por um diretor de filmes adultos. Rapidamente, ele vira um astro do cinema erótico e passa a conviver com os excessos do trinômio sexo, drogas e disco music.

Em seu segundo longa, o diretor e roteirista Paul Thomas Anderson revela um raro talento ao mostrar a ascenção e queda de um ator pornô, e todo o universo em torno disso. Um excelente retrato do cinema erótico do fim dos anos 70 ao início dos anos 80 – quando a película deu lugar ao video-cassete.

Uma excelente galeria de personagens e um elenco perto da perfeição também ajudam, e muito. O quase sempre insosso Mark Wahlberg funciona bem como o protagonista Dirk Diggler – temos inclusive uma cena dele com o, digamos, “instrumento de trabalho” para fora das calças (meninas, o ator usou uma prótese!). Burt Reynolds é Jack Horner, o diretor old school que teima em continuar usando película porque quer fazer cinema e não vídeo (dizem que foi inspirado no diretor pornô Alex de Renzy). Julianne Moore está maravilhosa (como sempre) como Amber Waves, atriz mais experiente, passando por problemas com a guarda do filho (curiosidade: esse papel foi inspirado na atriz pornô Veronica Hart, que passou pelo mesmo problema na vida real; Veronica faz a juíza que julga o caso de Amber). E acho que Heather Graham nunca esteve tão bonita quanto aqui, interpretando a Rollergirl, atriz pornô que nunca tira os patins. E ainda temos John C. Reilly, Don Cheadle, William H. Macy, Luiz Guzman, Philip Seymour Hoffman, Thomas Jane e Alfred Molina, entre outros.

(Outra curiosidade sobre o elenco: a mulher do personagem do William H. Macy é interpretada pela Nina Hartley, atriz pornô na vida real!)

Rumores dizem que Dirk Diggler seria inspirado em John Holmes, um dos maiores nomes da história do pornô. Holmes também era famoso por ser bem-dotado, também teve uma carreira paralela de filmes de ação, também se envolveu com drogas e também tem uma história mal contada envolvendo violência e assassinatos (o filme Crimes em Wonderland, estrelado por Val Kilmer, conta isso com detalhes). Mas tenho cá minhas dúvidas se isso é verdade. Afinal, o próprio Holmes é citado em uma cena do filme, como se fosse um contemporâneo de Diggler.

Boogie Nights ainda tem uma peculiaridade técnica bastante interessante. Sabe a cena inicial de A Marca da Maldade, de Orson Welles, onde, num único plano-sequencia, uma câmera passeia entre vários personagens e as coisas vão acontecendo em volta deste travelling? Esta técnica foi usada por um monte de gente legal, como Robert Altman em O Jogador, ou Brian de Palma em Olhos de Serpente. Pois bem, se uma cena destas é difícil de se fazer, P.T. Anderson mostra habilidade, e faz isso aqui vááárias vezes.

Some a isso tudo uma boa trilha sonora e uma perfeita dosagem entre humor e violência (às vezes lembra Tarantino!), e temos um dos melhores filmes de 97.

Este filme não existia no mercado brasileiro de dvds, mas foi lançado recentemente! Vale a pena comprar!

Antes que o Diabo Saiba que Você está Morto

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Antes que o Diabo Saiba que Você está Morto

Filme novo do veterano diretor Sidney Lumet, famoso por filmes policiais nos anos 70, como Serpico, Um Dia de Cão e Rede de Intrigas.

Andy (Phillip Seymour Hoffman), um executivo decadente viciado em drogas, convence o irmão Hank (Ethan Hawke), cheio de problemas financeiros e com a ex-mulher, a participar de um assalto à joalheria dos pais. Mas, no dia do assalto, sua mãe acaba sendo assassinada acidentalmente.

Ou seja, um filme de anti-heróis, que cada vez mais se afundam em problemas maiores ao tentar resolver os problemas menores.

A ideia é boa, mas o ritmo do filme é às vezes um pouco lento demais. Por outro lado o roteiro é cheio de brilhantes idas e vindas na linha do tempo, com bem sacados flashbacks. Daqueles que a gente tem que ficar ligado nos detalhes, porque eles voltarão através de outro ponto de vista.

O filme não agradou muito à crítica de um modo geral. Acredito heu que seja por causa das altas expectativas geradas pelos nomes envolvidos. Além do diretor Lumet e dos atores Phillip Seymour Hoffman e Ethan Hawke, ainda contamos com Albert Finney e Marisa Tomei. Com tanta gente boa, espera-se algo de alto nível. Mas este está no meio termo…

Uma coisa me intrigou nesse filme: a nudez de Marisa Tomei. Lembro dela, em 98, então com 34 anos, usando dublê de corpo em Slums of Beverly Hil (não me lembro do título em português). E neste filme, agora com 43 anos, está bem desinibida numa “caliente” cena de sexo, e ainda mostra os seios em outras duas cenas! E, pelo que li por aí, ela repete a nudez em “O Lutador. Bem, nada contra a nudez feminina, que fique bem claro! A dúvida é: pra que esperar ter quarenta anos para isso? Pelo menos podemos ver que, apesar de quarentona, Marisa está com tudo em cima, e com um corpo melhor do que muita menininha de 20… (diferente da Meg Ryan, que aos 42, quando resolveu tirar a roupa no Em Carne Viva, já estava meio caída…)

Resumindo, pode interessar, desde que não se espere muito do filme.

Quase Famosos

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Quase Famosos

Outro dia falei aqui do filme Rock Star, que mostra os bastidores de uma banda de rock dos anos 80 através de um personagem mais novo, no caso, um cantor de uma banda cover. Quase Famosos é parecido: conhecemos os bastidores de uma banda de rock, só que desta vez dos anos 70; através de um outro personagem mais novo ainda, um adolescente que se passa por repórter da revista Rolling Stone.

Mas esse filme não é uma cópia, longe disso! Arrisco dizer que esse é ainda melhor que Rock Star!

O filme foi baseado na experiência do próprio diretor Cameron Crowe, que escreveu para a mesma Rolling Stone quando ainda era novo – acredito que não tão novo quanto William Miller, o garoto que mata aulas na escola pra acompanhar a Stillwater, uma banda em ascenção que está prestes a virar matéria de capa da revista.

E o jovem William Miller e sua saga nos deram um dos melhores filmes da história do rock’n’roll!

Esse filme é delicioso. Tudo funciona direitinho. O elenco é perfeito, liderado pelo quase desconhecido Patrick Fugit, e com nomes como Kate Hudson, Billy Crudup, Jason Lee, Anna Paquin, Frances McDormand e Philipp Seymour Hoffman. A trilha sonora tem muitas músicas boas de muitos artistas dos anos 70, como Led Zeppelin, The Who, Elton John, Black Sabbath, Yes, Lynyrd Skynyrd, Beach Boys, etc. E a banda Stillwater passa a impressão de que realmente estava lá!

A banda “fake” Stillwater merece um parágrafo… Eles realmente ensaiaram 4 horas por dia, 5 dias por semana, durante 6 semanas! As músicas interpretadas pela banda foram compostas pelo diretor Cameron Crowe, sua esposa Nancy Wilson (ex vocalista do Heart) e “um tal de” Peter Frampton. Frampton, inclusive, ensinou a Billy Crudup a postura de palco de um verdadeiro guitarrista (quem diria, o peladão azul de Watchmen toca guitarra!). E o nosso vocalista Jason Lee copia o estilo de Paul Rodgers, aquele mesmo que está hoje no Queen.

O resultado? Como poucas vezes na história de Hollywood, a banda parece realmente uma banda na tela… Temos até a briga de egos da dupla vocalista / guitarrista, que quer ser como Robert Plant vs Jimmy Page, ou Ian Gillan vs Ritchie Blackmore!

O filme tem várias cenas memoráveis, como a sensacional cena da pane no avião, ou toda a sequência da “fuga” de Russell Hammond e sua volta, com a galera cantando Tiny Dancer no ônibus…

Foi lançado aqui no Brasil um dvd duplo, com a versão que passou nos cinemas e outra versão, a do diretor, com duas horas e quarenta de filme. Recomendo fortemente essa versão mais longa. Acredite, não parece muito num filme desses…

O Grande Lebowski

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O Grande Lebowski

Um filme pode ter mais forma do que conteúdo e ser bom? Na minha opinião, sim!

Costumo lembrar de dois filmes legais onde a forma é mais importante que o conteúdo: Delicatessen e O Grande Lebowski, dos irmãos Joel e Ethan Coen (dirigido por um, produzido pelo outro, escrito pelos dois), que antes nos deram pérolas como Fargo, Arizona Nunca Mais e Na Roda Fortuna, dentre outros, e ano passado ganharam o Oscar de melhor diretor por Onde os Fracos Não Têm Vez.

Jeffrey Lebowski é um cara largadão. Desempregado, sua vida é jogar boliche, ouvir Creedence, beber white russian e fumar maconha. Inclusive, detesta ser chamado de Jeffrey, prefere simplesmente “The Dude”. Até que um dia é confundido com um milionário homônimo, o seu tapete é danificado e sua vidinha simples é virada ao avesso…

O Dude é maravilhosamente interpretado por Jeff Bridges. Tanto que existe uma convenção nos EUA, a Lebowski Fest, só de fãs do seu estilo de vida (do personagem, não do ator!).

E todos os outros personagens são ótimos, caricatos ao extremo, interpretados de maneira deliciosa por atores-assinatura dos irmãos Coen. John Goodman faz Walter, um veterano do Vietnã estressado e brigão; Steve Buscemi é Donny, o aéreo parceiro de boliche; John Turturro é o sensacional e caricato Jesus, rival no boliche. E tem mais: Julianne Moore, Tara Reid, Philipp Seymour Hoffman, David Huddlestone, Sam Elliot, Ben Gazarra, David Thewlis… O desfile de bons atores em papéis geniais parece interminável!

Detlhe para duas pontas interessantes: o niilista baixinho é Flea, baixista do Red Hot Chilli Peppers; enquanto a coadjuvante no filme Longjammin é Asia Carrera!

Assim, entre personagens estranhos e situações esquisitas, nosso amigo Dude vai se envolvendo com situações cada vez mais bizarras e engraçadas. E, cada vez mais, ele quer se livrar disso tudo e voltar a sua vidinha simples…