Ghosted: Sem Resposta

Crítica – Ghosted: Sem Resposta

Sinopse (imdb): O corretíssimo Cole se apaixona pela enigmática Sadie, mas logo enfrenta a chocante descoberta de que ela é uma agente secreta. Antes que eles possam decidir se terão ou não um segundo encontro, Cole e Sadie são arrastados para uma aventura internacional para salvar o mundo.

Na época que heu tinha videolocadora, existiam os conceitos de “filme de ponta” e “filme de apoio”. O filme de ponta era aquele que passava no cinema, com atores conhecidos, e que, apesar de um pouco mais caro, tinha boa saída. O filme de apoio era quando o cara entrava na locadora e não tinha o filme que ele queria, então ele pega a um genérico qualquer.

Me parece que hoje em dia o filme de apoio virou “direto para o streaming”. Apesar de ter atores conhecidos, temos uma leva de filmes genéricos e esquecíveis que acho que fariam feio nas bilheterias. Filmes como Esquadrão 6 (com Ryan Reynolds), Alerta Vermelho (com Dwayne Johnson, Ryan Reynolds e Gal Gadot), A Guerra do Amanhã (com Chris Pratt), e O Agente Oculto (com Ryan Gosling, Ana de Armas e Chris Evans).

(Não podemos generalizar, afinal alguns grandes filmes vão direto para o streaming, tipo o Pinóquio do Del Toro, melhor filme de 2022 aqui no heuvi. Alguns filmes muito bons são do streaming, como O Irlandês, Roma, Mank, Não Olhe Para Cima, Os 7 de Chicago… Mas, vamulá, esses bons são minoria.)

Voltando… Ghosted: Sem Resposta (Ghosted, no original) me lembrou outros filmes genéricos do streaming, principalmente O Agente Oculto (pelo casal protagonista). Filme raso e genérico, mas com bom elenco, boas locações, “muita correria e muita confusão!”

Aliás, falando em genérico, a trívia do imdb me lembrou de Encontro Explosivo, filme de 2010 com Tom Cruise e Cameron Diaz que tinha basicamente a mesma história, mas invertendo os gêneros (o homem era o agente secreto). Os filmes são tão parecidos que vou copiar um parágrafo do que escrevi sobre aquele filme: “Encontro Explosivo é uma eficiente mistura de comédia com ação exagerada. A ação tem um ritmo frenético, deve ser pra gente não reparar nas várias inconsistências do roteiro – muita coisa lá é absurda! Mas, relevando o lado impossível, dá pra se divertir.

Aliás, falando nessa inversão de gêneros, quero elogiar Ghosted: Sem Resposta. A melhor cena do último 007 foi quando Ana de Armas entrou em ação ao lado do James Bond. Vê-la como protagonista de um filme de ação girl power e muito bom! Aguardo ansiosamente pelo Ballerina, spin off de John Wick que ela vai estrelar.

Mas, vamos ao filme. Genérico sim, esquecível também, mas se a gente relevar isso, Ghosted: Sem Resposta é um filme divertido. A direção e de Dexter Fletcher, que era ator (lembro dele em Jogos Trapaças e Dois Canos Fumegantes), mas que também virou diretor, e dirigiu Rocketman, além de ter terminado Bohemian Rhapsody. O elenco é muito bom, tanto o principal quanto as várias participações especiais. A trilha sonora com músicas pop bem colocadas também é boa.

Claro, nem tudo funciona. Tem uma coisa que me incomodou bastante que rola logo no início do filme (espero que não seja spoiler). O cara conhece a garota, eles se dão bem e passam a noite juntos. Aí depois ele fica obcecado por ela a ponto de descobrir que ela viajou pra Inglaterra e vai atrás dela. Amigo, ela não tem nenhum compromisso com você! Ela pode ter um outro cara, e você não tem nada a ver com isso! Pare de ser stalker!

(Pra piorar, ele vai até a Inglaterra atrás de uma bombinha de asma que não e citada pelo roteiro no resto do filme. Se a bombinha era algo tão sem importância, pra que colocar um gps?)

Algumas sequências de ação são bem filmadas, mas não fazem muito sentido. O personagem de Chris Evans é um fazendeiro, ele não saberia brigar e atirar tão bem como aparece no filme. Ou seja, as cenas são boas, mas precisa desligar o cérebro.

Sobre o elenco: Ana de Armas e Chris Evans têm boa química – já e o terceiro filme onde eles atuam juntos (além de O Agente Oculto, teve Entre Facas e Segredos). Adrien Brody está bem como o vilão caricato. E as participações especiais são ótimas! Anthony Mackie, Sebastian Stan, John Cho e Ryan Reynolds aparecem por poucos segundos, mas cada um tem um bom momento. Tim Blake Nelson e Burn Gorman têm um pouco mais de tempo de tela (pouca coisa), e também são cenas divertidas.

Quem conseguir relevar os problemas vai ter uma boa diversão por quase duas horas. Mas provavelmente vai esquecer do filme depois de alguns dias.

Trem Bala

Crítica – Trem Bala

Sinopse (imdb): Joaninha (Brad Pitt) é um assassino azarado determinado a fazer seu trabalho pacificamente depois de muitos outros saírem dos trilhos. O destino, no entanto, pode ter outros planos, pois a última missão de Joaninha o coloca em rota de colisão com adversários letais de todo o mundo – todos com objetivos conectados, mas conflitantes – no trem mais rápido do mundo. O fim da linha é apenas o começo nesta emocionante viagem sem parar pelo Japão moderno.

Tem gente que se empolga com filme novo de determinados super heróis. Heu me empolgo com filme novo de determinados diretores, como é o caso de David Leitch (não confundir com David Lynch!). Trem Bala (Bullet Train no original) estava no topo da minha lista de expectativas para 2022!

David Leitch era dublê, e virou diretor ao lado de Chad Stahelski com John Wick. Sozinho, fez Atômica, o melhor dos filmes de ação girl power que vi nos últimos anos. Leitch também fez Deadpool 2 e Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw, divertidos (mas inferiores a Atômica).

Se Atômica tinha um tom mais sério, Trem Bala está mais próximo de Deadpool e Hobbes & Shaw e abraça a comédia sem medo de ser feliz. Algumas cenas são engraçadíssimas. E mesmo assim o filme é bem violento. Humor negro rola solto aqui.

O clima às vezes lembra os filmes do Tarantino, com violência e bom humor. Mas acho que ficou mais próximo do trabalho do Guy Ritchie, que sabe trabalhar bem com personagens marginais e descolados, e isso tudo envolto numa edição estilosa.

Quando li a sinopse e a duração, rolou uma preocupação, porque um filme de mais de duas horas todo dentro de um trem com uma trama aparentemente simples podia ficar cansativo. Mas o roteiro é bem construído, com bons diálogos, temos flashbacks aqui e ali apresentando elementos extras, e temos uma excelente galeria de personagens. Ah, o desenho Thomas o Trem tem uma grande importância na trama!

Já que falei dos personagens, estes merecem um parágrafo à parte. Não tem nenhum personagem “normal” – talvez só o japonês atrás de vingança. Todos são esquisitos, todos são excêntricos. E o filme ainda usa uns letreiros para apresentá-los. E a dinâmica entre eles é muito boa, porque são objetivos diferentes, mas todos entrelaçados.

Aproveito pra falar do elenco. Brad Pitt é ótimo, sempre foi, sou fã do cara desde 12 Macacos e Clube da Luta, e aqui ele está sensacional. A gente lê a premissa e imagina um personagem sério tipo um John Wick, mas o seu Joaninha é um assassino profissional em busca da paz interior, então ele passa boa parte do filme em diálogos contra a violência. Aaron Taylor-Johnson (Kick-Ass) e Brian Tyree Henry (Eternos) são Limão e Tangerina, irmãos gêmeos (???), e têm uma ótima dinâmica juntos. Sandra Bullock aparece pouco, mas está ao telefone durante todo o filme, falando com o Joaninha; Michael Shannon também aparece pouco, mas é um personagem central. Joey King (A Princesa) convence com sua aparente fragilidade; Logan Lerman (Percy Jackson) tem um papel importante mas passa quase o filme todo morto; Zazie Beetz (Deadpool) aparece pouco mas é uma peça essencial para o quebra cabeça. Também no elenco, Andrew Koji, Hiroyuki Sanada e Bad Bunny. Ah, prestem atenção no condutor, é o Masi Oka de Heroes; e a atendente que interrompe a luta entre o Joaninha e o Tangerina é Karen Fukuhara, a Kimiko de The Boys.

(Tem duas participações especiais não creditadas, não sei se posso citar aqui, pode ser um spoiler. Bem, um deles esteve recentemente nas telas com Brad Pitt e Sandra Bullock; o outro já estrelou um filme do mesmo diretor.)

(Uma curiosidade: o diretor David Leitch era dublê e já tinha trabalhado como duble do Brad Pitt algumas vezes, em filmes como Clube da Luta, Onze Homens e um Segredo, Troia e Sr e Sra Smith).

Entendo que é um filme exagerado. Tem muita coisa forçada. Tem lutas no trem, tem gente andando armada e suja de sangue, e o trem tem passageiros que não estão na trama. E determinado momento o trem fica vazio – pra onde foram as pessoas que trabalham no trem, como o condutor? Quem se importar com isso, vai se incomodar.

Uma coisa que gostei e que admiro é que Trem Bala não é franquia, não é continuação e traz uma história fechada – acho difícil virar franquia. Por mais que tenha gostado de todo esse universo criado para o filme, sei que uma franquia pode estragar o universo. Por isso fico feliz com a proposta!

 

O Projeto Adam

Crítica – O Projeto Adam

Sinopse (imdb): Um piloto que viaja no tempo junta-se a seu eu mais jovem e a seu falecido pai para chegar a um acordo com seu passado e salvar o futuro.

Ano passado a parceria entre Ryan Reynolds e o diretor Shawn Levy gerou um bom filme, Free Guy. Resolveram repetir a parceira no novo lançamento da Netflix.

O Projeto Adam (The Adam Project, no original) é um bom filme família, uma aventura com toques de ficção científica e cara de filmes dos anos 80. Claro, tem suas inconsistências, mas quem embarcar na proposta vai se divertir.

O melhor de O Projeto Adam é a interação entre os dois Adams. Ryan Reynolds faz o de sempre, o engraçadinho irônico que ele se especializou de um tempo pra cá. Se por um lado não tem nada de novo, por outro lado ele faz isso muito bem. E o garoto Walker Scobell é ótimo, e a dupla funciona muito bem junta.

No resto do elenco, ninguém chama a atenção, mas são atores carismáticos, que agradam mesmo fazendo o feijão com arroz – como Zoe Saldana e Jennifer Garner, que são muito secundárias e infelizmente pouco aparecem. Já Mark Ruffalo tem um pouco mais de tempo de tela. Catherine Keener faz a vilã, e o que chama a atenção é que temos duas versões dela uma delas rejuvenescida digitalmente. O que era novidade poucos anos atrás já é algo corriqueiro.

Assim como Free Guy, O Projeto Adam tem referências à cultura pop. Algumas são discretas, como a perseguição na floresta que lembra muito O Retorno do Jedi, outras são explícitas, como a arma que parece um sabre de luz (o pequeno Adam inclusive chama de sabre de luz). Ah, a caixa onde o Mark Ruffalo guarda as bolas e luvas tem um adesivo do Hulk e outro do Deadpool. E a minha cena favorita é quando o garoto pega e usa o “sabre de luz”, cena que inclusive cita o “super hero landing” de Deadpool.

Li críticas sobre os efeitos especiais, mas não teve nenhum que me incomodou.

Claro, nem tudo é perfeito. O roteiro é cheio de conveniências e algumas coisas sem lógica – tipo se o guarda fica invisível até se aproximar, por que não ficar invisível por mais um ou dois segundos? Só pra dar tempo de reação? Além disso, por duas vezes o protagonista está em uma situação sem saída e ele é ajudado por uma solução deus ex machina.

Mas, como falei, quem embarcar na proposta vai se divertir.

Alerta Vermelho

Crítica – Alerta Vermelho

Sinopse (imdb): Um agente da Interpol rastreia o ladrão de arte mais procurado do mundo.

Grande lançamento da Netflix, Alerta Vermelho (Red Notice, no original) chega com a divulgação de ser “o filme mais caro da história da Netflix”. Pena que o dinheiro não garantiu a qualidade.

Escrito e dirigido por Rawson Marshall Thurber (que já tinha feito outros dois filmes com Dwayne Johnson, Um Espião em Meio e Arranha Céu), Alerta Vermelho tem como grande mérito o carisma de seus três atores principais, Dwayne Johnson, Ryan Reynolds e Gal Gadot. Realmente, nessa parte o filme funciona. Agora, o roteiro…

Alerta Vermelho tem tantas conveniências no roteiro que chega um ponto que o espectador diz “chega!”. Ok, a gente entende que é Hollywood, filme pipoca, pra desligar o cérebro e curtir, mas precisa saber dosar. Porque é difícil chegar ao fim sem pensar “pô, aí não, forçaram a barra”.

Pra piorar, alguns cenários são bem básicos, nem parece “o filme mais caro”. Tem uma cena numa floresta, logo depois da cachoeira, que quase dá pra ver a parede do estúdio, de tão artificial.

(E, olha, quando mostram o ponto no mapa na América Latina, heu acho que aquilo é no Brasil e não na Argentina…)

Agora, preciso admitir que me diverti em vários momentos. Reconheço que os trio principal de atores repete os papeis de sempre, mas esses papeis funcionam bem.

Aliás, preciso dizer que Ryan Reynolds acertou em cheio pelo menos duas vezes. Uma é quando o filme entra numa vibe Caçadores da Arca Perdida e ele assobia o tema do Indiana Jones; a outra é quando ele diz que está procurando “uma caixa que diz MacGuffin”. Ri alto nessas duas piadas.

(MacGuffin era um termo usado por Hitchcock pra falar de alguma coisa que os personagens estão procurando, mas que não tem importância pro espectador. Segundo a wikipedia, “é um dispositivo do enredo, na forma de algum objetivo, objeto desejado, ou outro motivador que o protagonista persegue, muitas vezes com pouca ou nenhuma explicação narrativa. A especificidade de um MacGuffin, normalmente, é sem importância para a trama geral.”)

Ou seja, Alerta Vermelho só serve se você for fã dos atores e se desligar de todo o resto. Dá pra se divertir, mas é bem esquecível.

Alerta Vermelho está na Netflix, mas também teve lançamento nos cinemas. Achei uma estratégia estranha. Lembro que quando O Irlandês estreou na Netflix, houve sessões nos cinemas. Mas, IMHO, O Irlandês é um filme com mais atrativos pra levar o espectador pro cinema. Tenho minhas dúvidas se este Alerta Vermelho vendeu algum ingresso.

Free Guy

Crítica – Free Guy

Sinopse (imdb): Um caixa de banco descobre que ele é na verdade um NPC dentro de um violento videogame de mundo aberto.

Antes de tudo, uma explicação pra quem não sabe o que é um NPC. É um “non player character”, ou um “personagem não jogável”. Em alguns videogames, você cria o seu personagem, e ele interage com outros personagens que estão no jogo. Alguns são controlados por outros jogadores, enquanto outros são controlados pelo computador. Esses são os NPC.

Dirigido por Shawn Levy (diretor da trilogia Noite no Museu, e que nos últimos anos dirigiu vários episódios de Stranger Things), Free Guy: Assumindo o Controle (Free Guy, no original) parece uma mistura de Show de Truman, Tron, Detona Ralph e mais algumas coisinhas. Às vezes, misturar tudo pode ter cara de cópia – falei disso no texto sobre Gunpowder Milkshake. Mas às vezes a mistura fica boa, e felizmente é o caso aqui. E, ainda sobre as ideias recicladas: o roteiro é de Matt Lieberman e Zakk Penn – este último também é o roteirista de O Último Grande Herói e Jogador Nº1. Ou seja, ele já tinha abordado temas parecidos.

Free Guy é mais um filme que foi adiado pela pandemia. Lembro de ter visto o trailer meses atrás. Agora, finalmente o filme chega às telas.

O modo como o jogo mostra o jogo é genial. É uma cidade com tiroteios, explosões, tanques nas ruas, mas sob o ponto de vista do “morador” da cidade. Isso traz algumas cenas muito engraçadas. Além disso, tem várias coisas acontecendo em segundo plano, tipo um carro que muda de cor porque está sendo personalizado; ou jogadores que ainda não pegaram a manha e seus avatares andam sem rumo; ou avatares fazendo dancinhas. A Free City foi inspirado na Liberty City do GTA, e o jogo também traz elementos do Fortnite.

Acho que o maior mérito de Free Guy está em seu protagonista. Ryan Reynolds criou um personagem sonso e irônico, que se adapta a alguns papeis. Guy parece ser uma versão light do mesmo Deadpool de sempre (papel também parecido com Dupla Explosiva 2, que comentei aqui outro dia). Guy é aquele cara super feliz na vidinha medíocre, enquanto é assaltado e apanha todos os dias. Não consigo pensar num ator melhor pra isso.

Aproveito pra falar do resto do elenco. O outro nome a ser citado é Taika Waititi, que virou uma personalidade importante depois que dirigiu Thor Ragnarok e ganhou Oscar de roteiro por Jojo Rabbit. Ele aqui está caricato ao extremo como o vilão. Sei que foi proposital, mas acho que ele exagerou um pouco, passou do ponto. Também no elenco, Jodie Comer, Joe Keery, Utkarsh Ambudkar, Lil Rel Howery e Channing Tatum num papel pequeno e muito engraçado. Ah, tem um cameo genial, mas não vou falar por causa de spoilers.

Free Guy tem uma segunda parte fora do videogame, com toda uma trama que inclusive explica por que o personagem título age daquele jeito. Afinal, ia cansar se ficasse só nas piadinhas do jogo. Agora, não que essa parte seja ruim, mas senti uma queda de ritmo, prefiro a parte dentro do jogo.

Free Guy estreia semana que vem nos cinemas. Vou voltar com os filhos pra rever!

Dupla Explosiva 2: E a Primeira-Dama do Crime

Crítica – Dupla Explosiva 2: E a Primeira-Dama do Crime

Sinopse (imdb): A dupla formada pelo guarda-costas Michael Bryce e o assassino Darius Kincaid está de volta em outra missão com risco de vida. Ainda sem licença e sob escrutínio, Bryce é forçado a entrar em ação pela esposa ainda mais volátil de Darius, a infame vigarista internacional Sonia Kincaid. Enquanto Bryce é levado ao limite por seus dois protegidos mais perigosos, o trio se mete em uma trama global e logo descobre que eles são os únicos que podem salvar a Europa de um louco vingativo e poderoso.

Em 2017, tivemos Dupla Explosiva um divertido filme de ação / comédia, com Ryan Reynolds e Samuel L. Jackson, uma bobagem exagerada e divertida. Como se faz uma continuação de um filme desses? É fácil, é só exagerar ainda mais.

A trama não faz sentido e é cheia de absurdos. Mas quem não se ligar em detalhes como “lógica”, vai se divertir. O grande trunfo aqui é o elenco. Não é qualquer filme que tem Ryan Reynolds, Samuel L. Jackson, Salma Hayek, Antonio Banderas e Morgan Freeman. Eles estão atuando bem? Não importa, o importante aqui é que parece que eles estão se divertindo muito, e isso passa para a tela. Aliás é curioso analisar a carreira do Ryan Reynolds e ver que ele fazia comédias românticas. Hoje é impossível vê-lo fora do clima Deadpool.

O cgi aqui às vezes é meio capenga, mas pelo menos as sequências de ação são boas, e bem violentas. É, claro, algumas piadas são hilariantes.

Ok, admito que o roteiro poderia ser melhor. Um exemplo claro: o personagem do Frank Grillo aparece e some quando sem explicações. Focaram demais nas piadinhas e aparentemente esqueceram de revisar o roteiro…

Por fim preciso falar mal do título em português. O primeiro filme era The Hitman’s Bodyguard, ou seja, “O Guarda Costas do Assassino de Aluguel” – mas resolveram chamar de “Dupla Explosiva”. Agora, com Hitman’s Wife’s Bodyguard, tiveram que chamar de Dupla Explosiva 2, o que não faz sentido…

Dupla Explosiva 2: E a Primeira-Dama do Crime é bom? Não. Mas me diverti vendo. Se fizerem um terceiro filme, verei!

Era uma Vez um Deadpool

Crítica – Era Uma Vez um Deadpool

Sinopse (ingresso.com): Deadpool 2 está de volta aos cinemas em sua versão conto de fadas. Para dar o pontapé inicial da temporada de férias, o público de quase todas as idades poderá desfrutar o Mercenário Boca Suja repaginado através do prisma da inocência infantil.

O Deadpool é um herói diferente dos outros. Seus filmes têm muito mais violência e humor politicamente incorreto que qualquer outro filme de super herói (independente de ser Marvel ou DC). Claro que isso impacta na bilheteria. O que fazer então? Uma nova versão do filme, suavizada.

Não sou muito a favor de uma nova versão (porque não deixa de ser uma forma de censura), mas entendo o propósito – principalmente porque sou pai de um moleque que queria ver o filme do Deadpool. Mas, um aviso importante: este Era uma Vez um Deadpool tem menos sangue, mas as piadas continuam adultas.

Vamos a esta nova versão. De diferente, além das suavizadas no humor e na violência temos uma nova e longa cena, com apenas um cenário e dois atores, que serve como introdução e encerramento, além de vários interlúdios ao longo do filme.

Como estamos falando do Deadpool, claro que os diálogos dessa cena nova são repletos de metalinguagem e humor politicamente incorreto. Inclusive, tem uma piada excelente usando a confusão Disney x Marvel x Fox.

Se isso é o suficiente para pagar um novo ingresso, aí não sei. Porque o filme é basicamente o mesmo. Agora, no finzinho, depois da última cena pós créditos, existe uma homenagem ao recém falecido Stan Lee que vai deixar muitos fãs com lágrimas nos olhos. Se você é muito fã do Stan Lee, aí sim Era uma Vez um Deadpool vale a pena.

Fora isso, vale mais (re)ver o original, com toda a violência e incorreção política que o personagem pede.

Deadpool 2

Deadpool2Crítica – Deadpool 2

Sinopse (imdb): O mercenário mutante boca suja Wade Wilson (AKA. Deadpool) reúne uma equipe de companheiros mutantes para proteger um jovem de habilidades sobrenaturais do brutal mutante viajante no tempo, Cable.

Quem mais estava aguardando outro filme do super herói mais zoador de todos?

Não escondo de ninguém que gostei muito do primeiro Deadpool, Gosto do conceito de um personagem politicamente incorreto, que sacaneia tudo e todos em volta, num filme cheio de referências à cultura pop. Só isso já é o suficiente pra me fazer querer ver o filme.

Pra vocês verem o quanto o filme é zoado, o imdb colocou uma “sinopse oficial” escrita pela própria Fox: “Depois de sobreviver a um ataque bovino quase fatal, um chef de lanchonete desfigurado (Wade Wilson) se esforça para realizar o sonho de se tornar o bartender mais quente de Mayberry, enquanto aprende a lidar com seu senso de paladar perdido. Buscando recuperar sua especiaria para a vida, bem como um capacitor de fluxo, Wade precisa lutar contra os ninjas, a Yakuza e um bando de caninos sexualmente agressivos, enquanto viaja pelo mundo para descobrir a importância da família, amizade e sabor. um novo gosto pela aventura e ganhar o cobiçado título de melhor amante do mundo.” Sim, isso está no imdb!

Como aconteceu no primeiro filme, Deadpool 2 (idem no original) segue esta onda. Alem de ter mais violência e sangue do que outros filmes de super heróis, temos muitas referências a outros filmes e elementos da cultura pop, e muito humor escrachado, incluindo humor grosseiro e ofensivo – a cena que cita Instinto Selvagem me lembrou Borat, no limite entre o muito engraçado e o muito grotesco. E, assim como no primeiro filme, também temos muita metalinguagem e quebras de quarta parede.

A quantidade de referências à cultura pop aqui é enorme. O filme não perdoa ninguém, cita personagens da Marvel e da DC, faz zoações em cima da carreira do próprio protagonista, cita filmes novos, filmes velhos, quadrinhos… Não chega ao nível de Jogador Nº 1, mas mesmo assim dava vontade de pausar o filme pra digerir tudo. Com certeza verei de novo.

A direção mudou, e quem assumiu foi David Leich, responsável por Atômica, um dos melhores filmes do ano passado. Atômica é um filme sério, com um excepcional trabalho de dublês. Leitch mostrou versatilidade, Deadpool 2 não mostra nem uma pequena fração daquela sisudez.

E assim o filme segue. Ritmo desenfreadao, piada atrás de piada, referência atrás de referência. Além disso, uma boa trilha sonora com músicas fora do óbvio e efeitos especiais bons o suficiente para o que o filme pede. Prato cheio pra quem gosta do gênero.

No elenco, Ryan Reynolds mostra que, assim como Hugh Jackman é “o” Wolverine, ele é “o” Deadpool. O cara está excelente, fica impossível imaginar outro ator no papel. Josh Brolin, ainda em cartaz como Thanos, também está ótimo. Morena Baccarin, Brianna Hildebrand e T.J. Miller voltam aos seus papéis, e ainda temos rápidas participações de Terry Crews, Bill Skarsgård e Brad Pitt – este último, numa cena tão rápida que quem piscar o olho perde. Zazie Beetz é o novo nome no elenco principal.

Por fim, claro, temos cenas pós créditos. Como no filme anterior, cenas engraçadíssimas, Pará entrar em listas de melhores cenas pós créditos da história.

Muito se fala das negociações entre o Marvel Studios e a Fox, sobre uma possível compra dos personagens – seria um jeito de trazer os X-Men e o Quarteto Fantástico para o MCU (Universo Cinematográfico da Marvel). Torço para que se um dia isso acontecer, que deixem o Deadpool de fora. Um herói assim nunca se encaixaria no MCU!

Dupla Explosiva

dupla-explosiva-posterCrítica – Dupla Explosiva

O melhor guarda-costas do mundo recebe um novo cliente, um velho inimigo, que que deve testemunhar na Corte Internacional de Justiça em Haia. Eles devem colocar suas diferenças de lado e trabalhar juntos para chegarem ao julgamento no tempo.

Apesar de ter um nome nacional horrível (parece filme para a Sessão da Tarde!), Dupla Explosiva (The Hitman’s Bodyguard, no original) é uma agradável surpresa, uma boa mistura de ação com comédia.

Com muito bom humor e uma edição ágil, cheia de cortes rápidos e flashbacks, o diretor Patrick Hughes consegue aqui um resultado bem melhor que o seu último trabalho, o fraco Mercenários 3. Ok, não vemos nada de novo. Mas pelo menos o feijão com arroz está bem temperado.

Acho que o grande mérito aqui é dos dois atores principais. Ryan Reynolds e Samuel L. Jackson parecem estar se divertindo muito – ambos são carismáticos e têm bom timing para o estilo. Dupla Explosiva não é uma comédia de ação, e sim um filme de ação bem humorado – existe uma sutil diferença na proposta entre um Anjos da Lei e um Em Ritmo de Fuga, por exemplo.

Claro que os dois são destaques. Mas outros dois nomes também merecem ser citados. Salma Hayek está ótima como a esposa do Samuel L. Jackson – o flashback que mostra como eles se conheceram é sensacional. E Gary Oldman está ótimo, como sempre, interpretando o vilão bielorrusso. Também no elenco, Elodie Yung, Richard E. Grant, Joaquim de Almeida e Tine Joustra.

Um aviso: uma piada presente no trailer não aparece no filme. O trailer brinca com o nome “Guarda Costas” e usa a icônica música da Withney Houston. Mas a música não aparece no filme.

Ah, tem uma cena pós créditos, um erro de gravação. Me identifiquei, já passei diversas vezes pelo mesmo problema na minha carreira de diretor independente.

Vida

VidaCrítica – Vida

A bordo de uma Estação Espacial Internacional em órbita da Terra, uma equipe de cientistas descobre uma forma de vida, proveniente de Marte, que tem uma rápida evolução, e que agora ameaça toda a tripulação.

Ué? Refilmagem de Alien?

Vida (Life, no original) inevitavelmente vai ser comparado com o clássico dirigido por Ridley Scott em 79. As sinopses são muito parecidas – alguns astronautas presos numa nave, fugindo de um misterioso e mortal alienígena. Mas, mesmo assim, o resultado é muito bom.

O filme dirigido por Daniel Espinosa (que, apesar do nome, nasceu na Suécia) usa um argumento semelhante, mas cumpriu a proposta de criar um clima tenso e claustrofóbico. Resumindo: se você procura uma história inédita, veja outro filme; mas se você quiser ficar grudado na poltrona do cinema, este é o seu filme!

Tecnicamente, o filme é impressionante. Quase todo o filme se passa em gravidade zero, e isso é mostrado naturalmente. Os atores flutuam o tempo todo, o roteiro (escrito por Rhett Reese e Paul Wernick, os mesmos de Deadpool) não inventou subterfúgios pra fugir desta dificuldade técnica. Vou além: a cena inicial é um grande plano sequência passeando pelos apertados corredores da estação espacial, passando por vários personagens, atarefados com um evento que acontecerá em breve. Tudo sem gravidade! Lembrei de Gravidade e seus planos sequência impressionantes.

O elenco está ok. Ryan Reynolds está engraçadinho como sempre, mas se segura pra não virar um novo Deadpool; Jake Gyllenhaal não tem uma atuação digna de prêmios, mas funciona bem para o que o filme pede. Além dos dois mais famosos, o diminuto elenco conta com Rebecca Ferguson (Missão Impossível), Hiroyuki Sanada, Olga Dihovichnaya e Ariyon Bakare.

Disse lá em cima, e repito: mesmo com uma história sem muitas novidades, Vida é uma boa opção!