Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seya: O Começo

Crítica – Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seya: O Começo

Sinopse (imdb): O jovem Seiya luta por dinheiro enquanto procura por sua irmã sequestrada. Quando uma de suas lutas explora poderes que nunca soube que tinha, Seiya se vê lançado em um mundo de guerreiros e uma deusa reencarnada que precisa de proteção.

Nunca fui ligado em Cavaleiros do Zodíaco. O desenho estreou aqui no Brasil em 1994, nessa época heu estava no cinema vendo Pulp Fiction, Um Sonho de Liberdade e Entrevista com o Vampiro. Aí quando lançaram este filme, sem sessão de imprensa, e com vários boatos de que era muito ruim, nem me animei. Mas agora surgiu a oportunidade e resolvi ver logo de uma vez.

E confirmei: sim, é ruim.

Como falei, nunca vi o desenho, então meus comentários serão somente sobre o que está na tela, ok?

Parece que a tentativa era de criar uma nova franquia, afinal, o título do filme já diz “o começo”. Mas o roteiro é tão ruim que preferi fazer um top 10 de coisas sem sentido em vez da crítica convencional.

(Claro, spoilers liberados a partir de agora!)

Vamulá?

– Seya aparentemente ganha a vida em lutas underground. O estilo dele é evitar golpes do adversário (Muhammad Ali fazia isso!). Mas uma hora, Cassios, o dono do ringue, fica com raiva, interrompe a luta que ele mesmo estava organizando, só pra bater no Seya.

– Ainda o Cassios: ele resolve entrar pro time dos vilões, só pra matar o Seya. Oferecem dinheiro, ele diz que não precisa, só quer matar o ex funcionário.

– Os vilões têm uns capangas que usam armaduras especiais que são muito resistentes. Ok. Uma cena o Mylock se depara com 4 capangas. Aí ele saca uma arma, atira, e – surpresa! A arma consegue perfurar a armadura! Mylock explica que aquela arma é diferente. Mas… Logo depois ele atira de novo, e a arma não funciona mais.

– Ainda o Mylock nessa luta: se as armaduras são tão fortes, como é que ele consegue quebrar com um bastão?

– A personagem da Marin. Tudo o que envolve ela não faz o menor sentido. Por que ela precisa ficar isolada? Por que ela não ajuda quando o bicho pega? Por que ela não tira a máscara?

– O cenário onde a Marin vive tem um monte de coisas que não respeitam a gravidade. Até aí, aceito. O que não aceito é o Seya chegar lá e achar tudo isso normal.

– Alman Kido solta uma bomba e morre. A única explicação pra isso é: “precisamos reforçar o meme de que o Sean Bean sempre morre nos filmes!”

– Ainda a bomba: explode tudo, todas as construções, tudo vira pó. Mas, Seya e Mylock continuam lá, sem nenhum ferimento.

– Seya, de camiseta, está lutando contra o Cassios ciborgue, com braços e punhos feitos daquele material super duro. Só um soco daquele punho já seria o suficiente pra quebrar todos os ossos de Seya.

– Guraad quase consegue o seu objetivo, que era matar Saori. Mas, quando está quase lá, resolve mudar de ideia.

Perdido em Marte

Perdido em MarteCrítica – Perdido em Marte

Alvíssaras! O melhor Ridley Scott em anos!

Durante uma missão em Marte, o astronauta Mark Watney é dado como morto e deixado para trás, e se vê sozinho no planeta, tendo que sobreviver e encontrar um meio de avisar que ainda está vivo.

Ridley Scott é um cara que vai sempre morar nos nossos corações, afinal, o cara fez AlienBlade Runner. Mas, de uns anos pra cá, o cara só batia na trave – seus últimos filmes foram Prometeus, O Conselheiro do Crime e Êxodo: Deuses e Reis. Mas agora a coisa mudou: Perdido em Marte (The Martian, no original) é emocionante, divertido, tenso e engraçado, e um forte candidato a um dos melhores filmes do ano!

Baseado no livro homônimo de Andy Weir, o roteiro escrito por Drew Goddard (O Segredo da Cabana, Guerra Mundial Z) é muito bem equilibrado e flui bem ao contar a história de Mark Watney. Diferente do universo alienígena de AlienPrometeus, Perdido em Marte tem uma trama que lembra mais Gravidade: trata-se de um filme de sobrevivência.

A fotografia utiliza vários formatos de câmera, aproveitando o fato de terem várias câmeras espalhadas pela missão da NASA. Temos várias imagens de tela do computador e de câmeras acopladas às roupas e aos veículos, além das imagens tradicionais. Boa sacada!

O filme é estrelado por Matt Damon, em talvez o melhor papel de sua carreira. Sabe aquele filme pro cara ser indicado a prêmios? Perdido em Marte é um deles. Damon passa boa parte do filme sozinho, e seu Mark Watney é um personagem rico, um prato cheio para um bom ator se exercitar. Ainda é cedo, mas não vou achar estranho se houver indicações a prêmios. Um grande elenco acompanha Damon: Jessica Chastain, Kristen Wiig, Jeff Daniels, Sean Bean, Michael Peña, Aksel Hennie, Chiwetel Ejiofor, Mackenzie Davis, Donald Glover, e um casal improvável, Sue Storm e Bucky Barns, quer dizer, Kate Mara e Sebastian Stan.

Falar de efeitos especiais numa produção deste porte é chover no molhado. Claro que os efeitos são top de linha. Mas, confesso, queria ver algo que mostrasse que a gravidade em Marte é bem menor que aqui na Terra.

Falando nisso, li um artigo onde astronautas criticam o lado científico de certas escolhas tomadas pelo roteiro. Parece que a tempestade de areia que acontece logo no começo – e que dá início à toda a trama do filme – não aconteceria daquele jeito por causa do ar rarefeito de Marte. Mas, como não sou cientista, não me incomodou. É um filme, galera!

Ouvi gente criticando o bom humor do filme. Discordo, gostei de como o personagem de Damon consegue manter o bom humor mesmo nas adversidades. E tem pelo menos uma piada nerd genial: a cena do “conselho de Elrond” (Sean Bean, que interpretou o Boromir, está presente na cena!). E não posso deixar de citar a trilha sonora, repleta de músicas disco que não têm nada a ver com o estilo, mas tudo a ver com a trama, e se encaixam perfeitamente.

Por fim, o 3D. Como sempre, nada demais. Perdido em Marte sobrevive em 2D.

p.s.: O Matt Damon também ficou sozinho num planeta em Interestelar. Gente, cuidado ao levá-lo para um planeta desabitado, o cara costuma se perder e ficar por lá!

 

Pixels

0-Pixels-posterCrítica – Pixels

A premissa era genial: Quando alienígenas interpretam uma transmissão de videogames dos anos 80 como uma declaração de guerra, eles atacam a Terra – como se fossem videogames dos anos 80. Mas aí a gente vê o nome “Adam Sandler” no elenco e já fica com o pé atrás.

Vejam bem: não tenho nada contra o Adam Sandler. Ele já provou que é capaz de fazer filmes legais, como Embriagado de Amor, Tratamento de Choque e Click, isso porque não estou falando de seu trabalho em dramas recentes como Tá Rindo do Que?Homens, Mulheres e Filhos. O problema é quando o filme tem “humor de Adam Sandler” – algo que acontece frequentemente. Por isso o pé atrás.

Pixels infelizmente sofre com este problema, e acho que sei por que. Um dos roteiristas é Tim Herlihy, e uma rápida olhada em sua página no imdb, vemos que ele já tinha escrito outros 9 longas para o Adam Sandler, isso sem contar com alguns roteiros de Saturday Night Live. Resultado: o roteiro está cheio de situações forçadas com “humor de Adam Sandler”, como ele invadindo uma reunião de crise militar só porque é amigo do presidente dos EUA, ou toda a relação de seu personagem com a “mocinha” – no mundo real, um cara daqueles NUNCA invadiria o closet dela daquele jeito.

O que dá mais pena é ver que o filme foi dirigido por Chris Columbus, um grande nome do cinema infanto-juvenil contemporâneo, hoje mais conhecido como diretor de filmes como Percy Jackson e o Ladrão de Raios, os dois primeiros Esqueceram de Mim e os dois primeiros Harry Potter, mas que no início da carreira era roteirista, e escreveu Goonies, Gremlins e O Enigma da Pirâmide. Podiam ter perguntado se ele queria voltar a escrever roteiros…

Bem, a boa notícia é que se a gente deixar o cérebro fora da sala do cinema e não der bola pras piadas bobas, pode se divertir. Pixels tem um bom ritmo e excelentes efeitos especiais – e, acreditem, algumas boas piadas.

Achei os efeitos especiais sensacionais. Assim como o título do filme sugere, os videogames são pixelados. Tudo é gigantesco e em baixa definição! Digo mais: quando os alienígenas atiram em alguma coisa, transforma tudo em quadradinhos. Depois de uma explosão, vemos dezenas de cubos espalhados. Genial! E quem curte videogames antigos vai se divertir. Vemos Pac Man, Galaga, Space Invaders, Tetris, Q-Bert, Donkey Kong, Space Invaders, Frogger, Centipede e vários outros.

O filme traz algumas boas piadas, o roteiro acerta quando mira em referências à cultura pop – principalmente quando o alvo são ícones da década de 80 como Madonna e Daryl Hall & John Oates. Pena que essas piadas têm que brigar pelo espaço na tela com o Adam Sandler fazendo caretas no trânsito para a Michelle Monaghan, ou o Josh Gad deslumbrado porque viu um robô.

O elenco está prejudicado pelo roteiro. Claro, a gente não esperaria muita coisa de atores como Kevin James e Josh Gad, mas mesmo bons atores como Peter Dinklage, Brian Cox e Sean Bean estão caricatos demais. E Michelle Monaghan, coitada, é a mais prejudicada pelo roteiro, com um papel com zero de realidade. Também no elenco, Ashley Benson, Jane Krakowski e Dan Aykroyd.

No fim, fica a sensação de uma boa ideia desperdiçada num filme mediano. Pixels merecia outro roteirista…

p.s.: O longa Pixels foi baseado em um curta homônimo, dirigido por Patrick Jean, facilmente encontrável no youtube. Vale ver o curta!

O Destino de Júpiter

0-destino de jupiterCrítica – O Destino de Júpiter

Filme novo dos Wachowskis!

Uma jovem imigrante ilegal vira alvo de uma disputa entre herdeiros de uma poderosa família intergalática, dona de vários planetas. Acompanhada de um guerreiro geneticamente modificado, ela viaja para tentar salvar a Terra.

Os Wachowskis, Andy e Lana Wachowski (antes eram “irmãos Wachowski”, mas Larry mudou de sexo e virou Lana, então agora ele preferem ser chamados de “Wachowskis”) têm uma filmografia peculiar. Eles fizeram Matrix, um dos melhores filmes de ficção científica da história do cinema. E nunca mais conseguiram fazer algo que chegasse nem ao menos perto disso. Depois das continuações Matrix 2 (irregular) e Matrix 3 (ruim), eles fizeram Speed Racer (que desagradou a quase todos) e o confuso e mal terminado A Viagem.

Seu novo filme, O Destino de Júpiter (Jupiter Ascending, no original) tem um problema básico: talvez o maior furo de roteiro dos últimos tempos (em se tratando de grandes produções). Falo aqui, isso acontece logo no início do filme: Jupiter (Mila Kunis) estava usando um nome falso quando foi abordada e sequestrada. Como assim, uma pessoa que não era pra estar lá de repente vira “a escolhida”??? Que fim levou a loirinha?

Ao lado disso, a gente deixa pra lá outros furos menores, tipo, os alienígenas reconstroem tudo pra ninguém saber que eles estiveram lá – mas os mesmos alienígenas deixam crop circles (aquelas marcas redondas nas plantações de milho). Por que é importante apagar uma coisa e não a outra?

O roteiro não é ruim apenas por causa dos furos. Além de personagens mal construídos (os vilões parecem saídos de uma peça de teatro infantil), temos falta de ritmo (quase dormi entre o segundo e o terceiro vilões). E, na boa, até a Disney já desistiu desse papo de príncipe encantado e amor à primeira vista.

Ainda tem espaço pra falar mal do roteiro mais um pouquinho? Prometo que vai ser rapidinho! É que tem uma sequência, a da burocracia, que me pareceu completamente deslocada de toda a proposta do filme. É mais ou menos como pedir pro Terry Gilliam filmar uma sequência para o Interestelar. A sequência nem é ruim, mas não tem nada a ver – parecia que estávamos vendo Brazil – O Filme.

(Aliás, o próprio Terry Gilliam faz uma ponta, justamente nessa sequência, mas confesso que não reconheci…)

No elenco, Mila Kunis e Channing Tatum nem estão mal, mas também não conseguem fazer muito com um roteiro desses. Acho que Sean Bean é o único que tem um personagem bem construído. Já Eddie Redmayne, um dos favoritos ao Oscar de melhor ator daqui a duas semanas, está caricato demais. Ainda no elenco, Tuppence Middleton, Douglas Booth, Doona Bae, Vanessa Kirby e James D’Arcy.

Se tem algo bom aqui são os efeitos especiais. Não preciso lembrar que os Wachowski revolucionaram os efeitos especiais no cinema quando criaram o efeito bullet time no primeiro Matrix, né? Aqui não tem nada revolucionário, mas pelo menos temos efeitos extremamente bem feitos. Na primeira parte do filme, uma perseguição pelo céu de Chicago chama a atenção pela riqueza de detalhes. Quem gosta de efeitos especiais vai se deleitar.

Mas, quem gosta de cinema provavelmente vai se decepcionar. Em vez de fazer um novo Matrix, os Wachowskis parece que estão tentando fazer um novo A Reconquista

Espelho, Espelho Meu

Crítica – Espelho, Espelho Meu

Depois de Branca de Neve e o Caçador, vamos ao outro filme sobre a Branca de Neve…

A história é a de sempre: órfã, Branca de Neve mora com sua madrasta, a Rainha Má. Quando Branca completa 18 anos, a Rainha tem planos para matá-la, e ser a mais bela do reino.

Espelho, Espelho Meu (Mirror, Mirror, no original) foi dirigido por Tarsem Singh, o mesmo de A Cela e Imortais. Por aí, a gente já consegue antecipar como será a sua versão do conto da Branca de Neve. Cenários grandiosos e estilizados, tudo muito cheio de pompa, tudo meio… carnavalesco. Singh é uma espécie de Joãosinho Trinta hollywoodiano.

Pra quem gosta do estilo, Espelho, Espelho Meu nem é ruim. Heu, particularmente, achei tudo muito plástico, muito artificial. Esse visual estilizado e farsesco até combina com alguns tipos de filmes, mas não gostei muito do resultado aqui.

A comparação com Branca de Neve e o Caçador é inevitável, né? Afinal, foram dois filmes simultâneos trazendo versões para o mesmo conto dos Irmãos Grimm… Bem, Branca de Neve e o Caçador foi lançado um pouco depois, mas é bem melhor que este Espelho, Espelho Meu – apesar da Kristen Stewart ser uma péssima Branca de Neve.

Sobre o elenco: Julia Roberts está bem como a Rainha, ela tem umas boas tiradas irônicas. Mas preferi a Rainha da Charlize Theron – enquanto Julia é má e ao mesmo tempo engraçada, Charlize é má “de verdade”. Já Lily Collins está melhor que Kristen Stewart. Mas aí também é covardia, qualquer uma seria melhor que Kristen… Ainda no elenco, Nathan Lane, Armie Hammer (o gêmeo Winklevoss de A Rede Social), Mare Winningham e uma ponta de Sean Bean. Todos estão no limite da caricatura, mas pelo estilo do filme, até que funciona.

Novo parágrafo para falar dos anões. Se em Branca de Neve e o Caçador os anões eram interpretados por atores “normais” alterados digitalmente, aqui são sete atores anões, quase todos desconhecidos (acho que só reconheci Martin Klebba, da série Piratas do Caribe). E eles têm boa química juntos, fazem um bom time. Ponto positivo!

Ainda preciso falar do número musical bollywoodiano que encerra o filme. Sei lá, achei que não teve nada a ver. Achei meio fora de propósito.

Ainda me falaram de outra versão, mais antiga, com a Sigourney Weaver como Rainha Má. Vou procurar…

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O Senhor Dos Anéis – As Duas Torres

Crítica – O Senhor Dos Anéis – As Duas Torres

Hora de falar do segundo filme da saga!

A trama segue exatamente de onde acabou o primeiro filme. Frodo precisa levar o Um Anel até Mordor, mas a Sociedade do Anel acaba se desfazendo em três núcleos, que seguem caminhos diferentes.

As Duas Torres é uma continuação diferente da maioria. O padrão em Hollywood é só pensarem na sequência depois do sucesso do primeiro filme – por isso tantas continuações são inferiores aos originais. Mas O Senhor dos Anéis foi pensado desde o início como um filme só, dividido em três partes. Por isso, heu arriscaria dizer que As Duas Torres é ainda melhor que A Sociedade do Anel – o primeiro filme tem que nos apresentar a trama e os personagens e por isso é um pouco lento; este segundo filme vai direto ao assunto.

O grupo se separa, e a trama se divide em caminhos paralelos: temos Frodo, Sam e Gollum a caminho de Mordor; Merry e Pippin fugindo de orcs; e Aragorn, Legolas e Gimli com os cavaleiros de Rohan, entre outras sub-tramas. Sim, são quase quatro horas; sim, o ritmo é quase o tempo todo tenso. E o clímax no Abismo de Helm é sensacional. Mesmo vista hoje, dez anos depois, a batalha que coloca homens e elfos enfrentando milhares de orcs ainda é excelente. Não dá pra saber o que era ator maquiado ou o que era computação gráfica – e também, quem se importa em saber? Só sei que a pancadaria rola solta, em cenas de altíssima qualidade – a sequência é ainda hoje uma das melhores batalhas da história do cinema.

Ainda sobre os efeitos especiais: é hora de falar do Gollum. Em 1999, George Lucas resolveu colocar um personagem digital no seu Star Wars ep I – A Ameaça Fantasma: o controverso Jar Jar Binks. Foi um marco na história dos efeitos especiais, mas a concepção do personagem ficou capenga – Jar Jar era um alívio cômico caricato e insuportavelmente chato. Peter Jackson foi mais feliz: Gollum não só é um personagem mais bem construído, como tecnicamente muito superior a Jar Jar – em Star Wars, um ator com uma máscara interagiu com o resto do elenco, e depois foi substituído pelo personagem digital; aqui, o ator Andy Serkis usou uma roupa com sensores de captura de movimentos – o personagem digital inserido tinha movimentos muito melhores, assim como interagia muito melhor com o resto do elenco.

E como está o Gollum hoje, dez anos depois, agora que já estamos mais acostumados a ver filmes quase inteiros em cgi? Olha, em algumas cenas, conseguimos ver claramente que ele não está no mesmo plano que o resto do filme. Mas essas cenas são minoria, o Gollum de dez anos atrás é melhor que muito cgi atual.

Alguns novo personagens são apresentados, para acompanhar o bom elenco do primeiro filme, como Brad Dourif como Grima Língua de Cobra, Miranda Otto como Eowyn, David Wenham como Faramir e Karl Urban como Eomer. Curiosidade: John Rhys-Davies, o Gimli, faz a voz do Barbárvore!

O ritmo do filme é muito bom, mas nem tudo é perfeito. Os livros davam pouca importância à Arwen e ao seu romance com Aragorn. Já os filmes dedicam muito tempo a esse romance. Essas partes são arrastaaadas… Me pareceu ser uma imposição dos produtores, ter uma “mocinha” e um “mocinho” para ajudar a vender o filme. Não gostei, podia ser como acontece no livro: o romance está lá, mas em segundo plano.

O Oscar não foi muito generoso com esta segunda parte, da trilogia este é o filme com menos prêmios e indicações. Concorreu a seis estatuetas: ganhou efeitos especiais (merecidíssimo) e edição de som; não levou melhor filme, edição, direção de arte e som.

Em breve vou rever o terceiro filme e falo dele aqui!

O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel

Crítica –  O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel

É hora de encarar (mais uma vez) a trilogia estendida d’O Senhor dos Anéis!

Antes de falar do filme em si, vamos a algumas informações interessantes. Os três livros O Senhor dos Anéis, escritos por J. R. R. Tolkien entre 1937 e 1949, e lançados pela primeira vez em 1954 e 55, eram considerados “infilmáveis”. O diretor neo-zelandês Peter Jackson já tinha cinco filmes no currículo, mas nada que enchesse os olhos dos estúdios – eram três trash (Bad Taste – Náusea Total, Fome Animal e Meet The Feebles), um cult (Almas Gêmeas) e uma comédia de terror feita em Hollywood (Os Espíritos). Mesmo assim, ele conseguiu convencer o estúdio New Line Cinema a bancar um projeto ambicioso: Jackson iria com toda a equipe para a Nova Zelândia (por causa das locações naturais e da mão de obra barata), ficaria lá por 13 meses e filmaria os três filmes de uma vez. Claro que o estúdio preferia fazer só o primeiro filme, afinal, se fosse um fracasso de público, o que fariam com as continuações? Mas Jackson bateu o pé e conseguiu carregar a galera para o seu país natal – e assim foi criada uma das melhores sagas da história do cinema!

Quando os três filmes foram lançados em 2001, 2002 e 2003 nos cinemas, cada um tinha cerca de três horas de duração. As versões estendidas, onde cada filme tem cerca de quatro horas, só passaram aqui no Brasil em sessões especiais, não entraram no circuito. E acho que não foram lançadas em dvd aqui no Brasil. Só recentemente tivemos versões oficiais, já em blu-ray. Mas não comprei o blu-ray nacional, já que o box importado, com 15 discos, tem legendas e dublagem em português – comprei o meu pela Amazon.

Vamos ao filme? Quando o “Um Anel”, um anel mágico de poder dado como desaparecido há muito tempo, é encontrado, o pequeno hobbit Frodo tem a tarefa de levá-lo para ser destruído. Ele não está sozinho na sua jornada: é acompanhado por Aragorn, Boromir, o mago Gandalf, o elfo Legolas, o anão Gimli e seus amigos hobbits Sam, Merry e Pippin.

O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel é um daqueles raros e felizes casos onde tudo dá certo. Adaptação literária bem feita, bom elenco, excelentes efeitos especiais, tudo isso numa trama simples (o bem contra o mal), mas contada de uma maneira excepcional.

A adaptação, que era uma grande incógnita, foi muito bem feita. Os fãs mais xiitas do livro reclamaram de algumas ausências, como por exemplo os trechos envolvendo o personagem Tom Bombadil (ignorado pelo filme), mas, afinal, era uma “adaptação”, não tinha como entrar tudo em um filme para cinema (talvez em uma mini série).

Acho que uma das coisas mais difíceis era mostrar personagens de tamanhos diferentes. Temos homens, elfos e orcs, mas todos têm tamanhos semelhantes. Já os hobbits, personagens importantíssimos na saga, são seres da altura de uma criança. E ainda tem um anão – interpretado por John Rhys-Davies, um ator de 1,85. E esses seres de tamanhos diferentes aparecem juntos vááárias vezes, e em nenhuma delas parece falso. Digo mais: hoje em dia seria tudo cgi, mas naquela época o cgi ainda não era o que é hoje (vou falar mais do cgi no texto sobre o próximo filme, As Duas Torres). Jackson usou truques de câmera e dublês nas cenas em close. O resultado ficou irretocável!

O elenco misturava atores desconhecidos com alguns de fama intermediária, como Ian McKellen, Liv Tyler, Cate Blanchett, Ian Holm e Christopher Lee. Boa parte do elenco soube capitalizar em cima do sucesso dos filmes e hoje são nomes bem conhecidos, mas antes eram nomes “lado B” – também, quem estava disposto a se mandar pra Nova Zelândia por um projeto arriscado e com mais de um ano de duração? Mas mesmo assim, a escolha do elenco foi perfeita, cada ator “vestiu” perfeitamente o seu personagem.

Lembro de Viggo Mortensen como coadjuvante de Demi Moore em GI Jane e num pequeno papel em O Pagamento Final – hoje o cara é protagonista de grandes produções como A Estrada e Um Método Perigoso – e chegou a concorrer ao Oscar de melhor ator por Senhores do Crime. Antes desconhecido, Orlando Bloom depois esteve nos três primeiros Piratas do Caribe e em Os Três Mosqueteiros. Elijah Wood participou de bons filmes como Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças e Sin City. Dominic Monaghan teve papéis importantes em séries badaladas como Lost e Flash Forward; Sean Bean foi o personagem central da primeira temporada da elogiada série Game of Thrones. Hugo Weaving antes era mais lembrado por Priscilla, a Rainha do Deserto; hoje o currículo dele é bem extenso, com filmes do porte de Matrix, Capitão América, O Lobisomem, V de Vingança e a franquia Transformers.

Outros atores ainda estão por aí, mas não são tão famosos hoje. John Rhys-Davies já tinha uma extensa carreira, mesmo não sendo um rosto muito conhecido – acho que o seu papel mais famoso era o Sallah de Os Caçadores da Arca Perdida (1981) e Indiana Jones e a Última Cruzada (1989). Sean Astin é outro que também já tinha currículo, ele foi o ator principal de Os Goonies quando tinha 14 anos. E acho que o único do elenco principal que era desconhecido e continua assim até hoje é Billy Boyd, o hobbit Pippin…

Os efeitos especiais também são sensacionais. Tudo bem que o que a trilogia traz de mais impressionante (o Gollum) só aparece no segundo filme. Mas mesmo assim, tudo aqui é extremamente bem feito – a começar pelo tamanho dos personagens que falei alguns parágrafos acima. Um universo onde a magia faz parte do dia-a-dia é mostrado e, hoje, uma década depois, os efeitos ainda não “perderam a validade”.

Ainda preciso falar das locações. Jackson estava certo quando quis fazer seu filme na Nova Zelândia – florestas, montanhas, planícies, rios, neve, tem todas as paisagens que o livro pedia. Boa escolha!

O filme concorreu a 13 Oscars, incluindo melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro adaptado e melhor ator coadjuvante para Ian McKellen. Não ganhou nenhum desses, mas levou quatro estatuetas: trilha sonora, fotografia, efeitos especiais e maquiagem.

Heu poderia continuar falando do filme, mas – caramba, o post já tá gigantesco! Só preciso falar mais uma coisa: a versão que passou nos cinemas é boa, mas, se você é fã, procure a versão estendida. É um total de 12 horas de filme, mas vale a pena!

Em breve, falo do segundo filme aqui!

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Game Of Thrones

Crítica – Game Of Thrones

Nova super produção da HBO!

Trata-se de uma adaptação do livro homônimo de George R.R. Martin. Ambientada na Idade Média, nas míticas terras de Westeros,  Game Of Thrones conta a história de famílias que lutam pelo poder, em tramas cheias de intrigas políticas e sexuais.

Game Of Thrones tem um problema. A adaptação literária traz uma enorme quantidade de personagens. A longo prazo, isso pode ser interessante, mas, por agora, no episódio piloto, é muita gente a ser apresentada em aproximadamente uma hora. Quem não leu o livro (meu caso) fica um pouco perdido com a enxurrada de personagens. Mas nada que não se resolva ao longo de 10 capítulos.

O elenco não traz muitos nomes famosos. Acho que o único grande nome é Sean Bean, o Boromir de Senhor dos Anéis, e, talvez, Lena Headey, protagonista da série Terminator – Sarah Connor Chronicles. O resto é desconhecido, mas ninguém compromete.

A produção é impecável, aliás, como era de se esperar em uma produção na HBO. Assim como acontece normalmente com as séries da HBO (Roma, Band of Brothers), eles não economizam em “detalhes” como cenários e figurinos. O visual da série enche os olhos.

Outra característica da HBO está presente: Game Of Thrones tem muita violência e muita nudez. Não é recomendado para menores!

Já saíram os episódios 2 e 3 – heu que estou atrasado e ainda não vi. Ainda é cedo para imaginar o fim da série, mas podemos afirmar que começou bem!

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Corrida Mortal 2

Corrida Mortal 2

Apesar do número “2” no título, na verdade trata-se de um prequel do filme Corrida Mortal, de 2008.

No primeiro Corrida Mortal, o personagem de Jason Statham é chamado para tomar o lugar de um corredor morto, o lendário Frankenstein, em uma violenta corrida de carros dentro de uma grande penitenciária, transmitida ao vivo pelo pay per view. Este prequel mostra a origem da corrida e do piloto Frankenstein.

Corrida Mortal 2 tem seus méritos e seus defeitos. Vou falar primeiro do lado bom.

A história é repleta de clichês, mas isso já era esperado, afinal, o primeiro filme também é. O que é legal é como os clichês são mostrados. O filme é cheio de câmeras lentas estilosas e ângulos de efeito – plasticamente, o visual do filme é muito legal.

Ou seja, temos um bom filme de ação, com boas cenas de corridas de carro, muita pancadaria, muitos tiros e muitas explosões, tudo isso com o visual requintado. Só isso já é meio caminho andado para uma boa diversão.

Mas tem que ter um lado ruim, né? Não sei se foi inexperiência do diretor Roel Reiné ou do roteirista Tony Giglio (nenhum dos dois tem nada relevante no currículo), não sei se achavam que por ser um lançamento direto para o video o filme mereceria menos cuidado (o que heu discordo). Mas achei algumas coisas forçadas demais. A troca entre a “luta mortal” e a “corrida mortal” foi ok. Mas, numa prisão dividida entre vários guetos, todos exalando ódio entre si, sortear um piloto pra trabalhar com uma equipe nunca ia funcionar. A não ser, claro, que o piloto tenha a sorte do mocinho Lucas, que não só ganhou seus únicos três amigos como equipe como ainda ganhou a co-pilota com quem ele flertara na véspera. Assim fica fácil…

O roteiro traz algumas incoerências assim – outro exemplo são as mulheres morrendo como co-pilotos e ninguém dando bola pra isso; ou o vilãozão malvadão que tem acesso a tudo dentro da penitenciária mas precisa de um intermediário pra tentar chegar no mocinho. Se a gente não der bola pra esses “detalhes”, o filme é até divertido…

O papel principal coube ao pouco conhecido Luke Goss. Alguns rostos mais conhecidos, como Ving Rhames, Danny Trejo e Sean Bean, têm papeis coadjuvantes, junto com as belas Lauren Cohen e Tanit Phoenix.

Enfim, o filme é legal, mas perdeu a oportunidade de ser melhor, era só ter cuidado um pouco melhor do roteiro.

Percy Jackson e o Ladrão de Raios

Percy Jackson e o Ladrão de Raios

Percy Jackson acha que é um garoto normal. Até que, de repente, descobre que não só ele é filho do deus grego Poseidon, como ele está sendo acusado de ter roubado o raio de Zeus!

O que é interessante nesta nova aventura infanto juvenil, em cartaz nos cinemas cariocas, é o uso da mitologia grega. Temos os deuses do Olimpo, como Zeus, Poseidon, Hades e Atena, além de várias figuras fantásticas como o Minotauro, a Medusa e a Fúria.

Claro que o visual do filme deu uma modernizada nesta mitologia. O sátiro é negro, o centauro se disfarça no mundo real com uma cadeira de rodas, a entrada do Olimpo é um elevador no Empire State, e por aí vai. Gostei do Hades, deus do inferno, com cara de roqueiro cinquentão, algo entre o Tonni Iommi e o Richie Blackmore!

A história é bobinha, afinal, o público alvo é a garotada. Algumas coisas parecem simples demais – será que seria tão fácil assim roubar o raio de Zeus? Mesmo assim, adultos podem curtir o filme, se estiverem no clima certo.

O elenco principal traz três jovens ainda desconhecidos, Logan Lerman, Alexandra Daddario e Brandon T Jackson. Mas temos vários nomes famosos entre os coadjuvantes, como Pierce Brosnam, Uma Thurman, Sean Bean, Rosario Dawson, Catherine Keener, Melina Kanakaredes, Joe Pantoliano e Kevin McKidd.

Como era de se esperar num blockbuster deste estilo, os efeitos especiais são de primeira linha. Nada demais para os dias de hoje, quando o cgi chegou ao nível onde se encontra. Apenas ficou fácil mostrar sátiros, centauros e medusas convincentes.

(Na cena da medusa, fiquei me lembrando do clássico Fúria de Titãs, com a animação em stop motion de Ray Harryhausen – a “animação de massinha”. Aquilo era muito legal, mas não convencia ninguém!)

O diretor é Chris Columbus, o mesmo dos primeiros Harry Potter. E, se a gente olhar bem, a estrutura é bem parecida: “jovem descobre que tem poderes especiais e por isso é levado para um lugar isolado, onde outros jovens semelhantes aprendem a usar suas habilidades”. Ah, sim, ainda tem o fato que tanto Harry quanto Percy andam acompanhados de um amigo e uma amiga. Sim, parece um “Harry Potter e o raio de Zeus”…

Percy Jackson tem tudo para virar uma nova franquia cinematográfica. Tomara que mantenham o bom nível deste primeiro filme!