Crime Sem Saída

Crítica – Crime Sem Saída

Sinopse (imdb): Pronto para o combate, um detetive da polícia de Nova York é levado a uma caçada em toda a cidade atrás de dois assassinos de policiais, depois de descobrir uma conspiração maciça e inesperada.

E vamos de filme policial genérico…

Crime Sem Saída (21 Bridges, no original) usou a Marvel como marketing. Não só o protagonista é Chadwick Boseman (Pantera Negra), como os irmãos Russo (que dirigiram Soldado Invernal, Guerra Civil, Guerra Infinita e Ultimato) estão entre os produtores – mas, se a gente olhar direito, são 17 produtores no total. Ou seja, a Marvel está só na divulgação.

Crime Sem Saída foi dirigido por Brian Kirk, que tem um currículo razoável na TV, mas irrelevante no cinema. Kirk se apoia nos clichês e entrega um filme tecnicamente bem feito, mas previsível ao extremo.

O elenco até é bom, mas não salva o filme. Além de Boseman, Crime Sem Saída conta com Sienna Miller, J.K. Simmons, Taylor Kitsch e Keith David.

Vai agradar os menos exigentes. E já tá bom.

O Grande Heroi

0-O-Grande-HeróiCrítica – O Grande Heroi

Há tempos não vejo uma propaganda pró militar dos EUA tão maniqueísta!

Afeganistão. Uma equipe de quatro soldados americanos se vê encurralada por soldados do Taliban. Baseado em fatos reais.

Vamulá. Não tenho nada contra os EUA, absolutamente nada contra a cultura norte-americana e o american way of life. Sou fã de fast food e do cinema feito em Hollywood, seria hipocrisia da minha parte falar mal dos EUA à toa. Mas, do jeito que as coisas são mostradas em O Grande Heroi, me senti mal.

Pegando um exemplo recente: em Capitão Philips, sabemos que os americanos são os mocinhos e que os piratas somalis são os vilões. E mesmo assim, vemos “o lado de lá”, os piratas têm uma motivação. Aqui não. Não interessa se os EUA invadiram o Afeganistão. Todo americano é santo e bonzinho, enquanto quase todos os afegãos são malvados e vão queimar no inferno.

Uma cena em particular me causou náuseas. Depois de matar vários afegãos, um soldado americano é atingido e capturado. Ele carregava um papel com opções de cores para a reforma da sua casa. E, enquanto ele morre, close cheio de estilo no papel amassado. “Coitadinho, olha como os inimigos malvados destruiram o sonho do heroi americano…”

Ah, tem outro problema: o nome original, “Lone Survivor” (“único sobrevivente”), é um grande spoiler, né? 😉

O diretor Peter Berg (Battleship) até mostra algum talento nas cenas de batalha – as cenas da galera rolando ribanceira abaixo são impressionantes. E o elenco é bom – Mark Wahlberg, Taylor Kitsch, Emile Hirsch, Ben Foster e Eric Bana – nenhum grande ator, mas todos funcionam dentro do esperado.

Mas, a não ser que você seja fã do “american way of war“, O Grande Heroi é intragável. E o fim, mostrando fotos dos “herois” reais, só piora tudo.

Selvagens

Crítica – Selvagens

Filme novo do Oliver Stone!

Dois amigos dividem uma plantação de maconha e o coração de uma mesma namorada. Suas vidas se complicam quando eles começam a ser chantageados por um cartel mexicano de drogas.

Oliver Stone é um cara talentoso, não há dúvidas com relação a isso. Mas também é um cara chato. Uma famosa crítica estadunidense uma vez declarou que iria se aposentar para nunca mais ter que ver os seus filmes. Em certo ponto, concordo com isso. Vejam um exemplo: Stone fez um ótimo filme sobre o Vietnam, Platoon. Aí resolveu fazer um segundo filme sobre o Vietnam, Nascido em 4 de Julho. Chega, né? Nada, quando ninguém mais aguentava mais ouvir falar de Vietnam, ele fez mais um filme sobre o mesmo tema, Entre O Céu e a Terra.

Tudo isso aí em cima foi pra explicar que prefiro quando Stone faz algum filme que não tem nenhum compromisso com posições políticas, como The Doors ou U-Turn. É o caso de Selvagens.

Baseado no livro de Don Winslow (co-autor do roteiro junto com o próprio Stone e mais um crédito), Selvagens está mais próximo de U-Turn do que de The Doors, por não se basearem em fatos e pessoas reais. E Selvagens tem um forte ponto em comum com U-Turn: ambos têm ótimos personagens.

Arriscaria a dizer que o melhor de Selvagens é sua galeria de personagens, principalmente os secundários. Se o trio principal apenas está ok, Salma Hayek, John Travolta, Benicio Del Toro, Emile Hirsch e Demián Bichir valem o ingresso.

O trio principal é um dos pontos fracos. Aaron Taylor-Johnson, o melhor dos três, parece meio perdido (ele estava bem melhor em Kick-Ass); Taylor Kitsch (John Carter) é boa pinta e tem jeito de galã de Hollywood, mas é limitado como ator; Blake Lively (Atração Perigosa) é bonitinha mas fraquinha, e sua narração em off só atrapalha.

(Nada contra a nudez dos dois protagonistas. Mas por que Blake Lively não tira a roupa também? Nas duas cenas de sexo do início do filme, ela está vestida enquanto seus parceiros estão nus…)

Mas acho que o pior de Selvagens é a história fraca. A começar por algumas posrturas dos personagens principais – qualé a do traficante zen com preocupações ecológicas (enquanto mantem um parceiro violento)? E sobre o roteiro, como é que os caras vão deixar tudo para o dia seguinte, mesmo com um violento cartel de traficantes na cola deles? E isso porque não estou falando do final duplo – parece que resolveram criar um novo final para agradar plateias mais caretas.

A parte técnica ê muito boa, pelo menos isso. Selvagens oferece um belo espetáculo visual. Mas no geral, a irregularidade do filme pode desagradar mais do que agradar.

Selvagens passou no Festival do Rio, mas, olha só, acabou de entrar no circuito!

Battleship – A Batalha dos Mares

Crítica – Battleship – A Batalha dos Mares

Um filme baseado num brinquedo, com enormes estruturas metálicas que parecem robôs, vindas de outro planeta, causando destruição por aqui. Não, não estou falando de Transformers, e sim de Battleship – A Batalha dos Mares, novo blockbuster em cartaz nos cinemas.

Durante uma pacífica festa militar no Oceano Pacífico, alguns navios de guerra se vêem obrigados a confrontar perigosas naves alienígenas, que chegam de repente causando destruição e ameaçando a existência da raça humana.

Battleship – A Batalha dos Mares é um típico “blockbuster barulhento”. Muitas explosões, muito barulho, muito apuro visual nos efeitos especiais, tudo isso para disfarçar personagens unidimensionais em uma trama batida e cheia de clichês.

Dirigido por Peter Berg (que fez o divertido Hancock), o filme parece uma mistura do já citado Transformers e Independece Day, com uma pitada de propaganda militar americana desnecessária. Tudo aqui é previsível, todos os personagens estão a caminho de uma espécie de “redenção”: temos o rebelde que vai virar heroi, a mocinha bonitinha que vai ter uma participação essencial, o pai da mocinha que vai ser um empecilho até se render no fim do filme, um antagonista que vai virar o melhor amigo do mocinho, um ex-militar amargurado com um problema físico que vai se redimir… Rola até o cientista gênio atrapalhado que aparece na hora H. Tudo isso no meio de uma overdose de símbolos militares americanos.

O curioso é que o filme foi baseado em um jogo, aquele velho jogo batalha naval (“E5” – “água!”). Mas a trama não tem nada disso…

O elenco nem é ruim. Taylor Kitsch, o John Carter, estrela mais uma produção de grande porte – será que estamos diante de uma nova estrela? Ainda no elenco, Alexander Skarsgård (True Blood), a modelo Brooklyn Decker, a cantora Rihanna e um sub-aproveitado Liam Neeson.

O que funciona muito bem no filme é a parte técnica. Os efeitos especiais são muito bons, as batalhas navais são bastante “reais”, e os alienígenas são bem feitos. Prato cheio para quem gosta do estilo. Só não dá pra parar e pensar no roteiro, porque senão a gente descobre que os alienígenas deveriam ter destruído logo todos os navios em volta – e aí não teria filme… 😉

Enfim, Battleship – A Batalha dos Mares é divertido. Mas talvez seja melhor deixar o cérebro fora do cinema.

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John Carter – Entre Dois Mundos

Crítica – John Carter – Entre Dois Mundos

O trailer de John Carter – Entre Dois Mundos parecia uma mistura de Avatar com Star Wars Ep II – O Ataque dos Clones  – aquela arena é igual a Geonosis! Mas aí vi que o diretor é Andrew Stanton, o mesmo de Wall-E e Procurando Nemo. Tá, merece ver qualé.

Adaptação do livro A Princesa de Marte de Edgar Rice Burroughs. Um veterano da Guerra Civil americana acaba parando em Marte, no meio de uma outra guerra civil, que pode destruir o planeta.

Para um filme que parecia uma cópia, John Carter – Entre Dois Mundos se saiu melhor que o esperado. Tecnicamente perfeito, o filme traz um roteiro sólido e apresenta uma nova saga de fantasia / ficção científica. Um prato cheio para os apreciadores do estilo.

A história de John Carter não é nem um pouco nova – foi escrita em 1912 por Edgar Rice Burroughs, famoso por ser o criador do Tarzan. Já houve algumas tentativas para transpor os livros para o cinema, mas foram todas infrutíferas. John Carter tem o recorde de produção que ficou mais tempo entre a primeira pré-produção e o filme pronto – existia um plano de se fazer em desenho animado em 1931, seria o primeiro longa metragem em animação (antes de Branca de Neve).

Claro, vai ter gente falando que a trama é batida. Verdade, a história do forasteiro rebelde que vira heroi não é novidade. E, convenhamos, o livro é de 100 anos atrás! Mas pelo menos o roteiro do diretor Stanton é bem escrito, o filme nem parece ter pouco mais de duas horas.

Stanton não mandou bem apenas no roteiro. Assim como seu colega Brad Bird, que depois da animação Os Incríveis dirigiu o longa Missão Impossível 4, Stanton também fez um bom trabalho na direção. Tá, metade do elenco é em cgi, mas mesmo assim, o resto do filme são atores de verdade.

Os dois principais nomes do elenco não são muito conhecidos, e, por coincidência, ambos estavam em X-Men Origens: Wolverine – Taylor Kitsch foi o Gambit; Lynn Collins foi a Kayla Silverfox. O resto do elenco tem alguns nomes mais famoso: Mark Strong, Ciarán Hinds, Dominic West e James Purefoy; e as vozes de Willem Dafoe, Samantha Morton e Thomas Haden Church.

Os efeitos especiais são fantásticos. Os Tharks são absurdamente bem feitos, é difícil acreditar que algo tão “real” seja computador. Isso, somado a belíssimas paisagens marcianas baseadas em imagens de Frank Frazetta (que tinha feito ilustrações para os livros na década de 70), dão a John Carter – Entre Dois Mundos um visual caprichadíssimo.

Foram escritos vários livros. Existe um bom material para possíveis continuações – o fim do filme abre espaço para continuarmos a ver a saga de John Carter em Marte.

Por fim, preciso falar de uma confusão que está rolando em quase todos os sites por aí, que se referem a este filme como uma produção da Pixar. Andrew Stanton trabalhava na Pixar antes, mas John Carter – Entre Dois Mundos é uma produção Disney! Não existem créditos da Pixar, nem no filme, nem no imdb. Não sei de onde tanta gente tirou que este seria “o primeiro filme da Pixar com atores”…

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