Morte no Nilo

Crítica – Morte no Nilo

Sinopse (imdb): Enquanto está de férias no Nilo, Hercule Poirot investiga o assassinato de uma jovem herdeira.

Tecnicamente falando, esta é uma continuação de Assassinato no Expresso Oriente, de 2017. Mas não é exatamente continuação. Este é outro filme também baseado em Agatha Christie, com o mesmo personagem Hercule Poirot, mas um filme não tem nada a ver com o outro.

Antes de entrar no filme, uma coisa pessoal: para mim, este filme teve uma vantagem sobre o outro. No outro, heu me lembrava quem era o assassino. Neste filme, não me lembrava nem quem ia morrer, muito menos o assassino. Não me lembrava do livro, nem do filme de 1978 com Peter Ustinov de Poirot.

Morte no Nilo (Death on the Nile, no original) segue o clássico formato whodoneit, um o estilo de história onde a trama levanta vários suspeitos e o espectador é instigado a descobrir quem é o culpado. Ou seja, a gente já sabe o que vai acontecer: um crime será cometido, todos serão suspeitos, e o Poirot vai fazer uma investigação para descobrir o culpado.

Este formato cabe na clássica fórmula que o escritor Syd Field apresentou no seu livro “Manual do Roteiro” (e que cabe em mais de 90% dos filmes que a gente vê por aí): meia hora de introdução, aí tem um ponto de virada, a trama segue por outro(s) caminho(s), até que, meia hora antes do fim, outro ponto de virada direciona a trama para a conclusão. E por que estou falando sobre Syd Field? Porque, neste filme, achei que a primeira parte demorou tempo demais. Entendo que o espectador precise conhecer os personagens, não dá pra começar direto pela “morte no Nilo”. Mas todo esse setup demora uma hora de filme. Chega a cansar.

(Tem uma breve introdução com um Poirot jovem na primeira Guerra Mundial. Mas é um trecho meio besta, se tirar esse trecho o filme não perde nada.)

Teve uma coisa que achei ruim: diferente de um Sherlock Holmes, que apresenta ao espectador todas as pistas e todo o seu raciocínio, Poirot não explica a sua dedução. Na hora que ele fala de uma pessoa que teria jogado uma pedra em uma tentativa de assassinato, ele não fala como chegou a essa conclusão. Prefiro quando o detetive compartilha o raciocínio com o espectador.

A fotografia é boa, temos várias cenas em paisagens no Egito. Pena que algumas vezes parece tudo artificial – todo aquele cenário deve ser digital, e em alguns takes isso fica claro.

Como aconteceu no outro filme, o elenco é muito bom, afinal não é qualquer dia que a gente tem Kenneth Branagh, Letitia Wright, Sophie Okonedo, Emma Mackey, Armie Hammer, Gal Gadot, Tom Bateman, Annette Bening, Rose Leslie e Russell Brand – este último, irreconhecível.

No fim, temos um filme apenas correto.

Capitã Marvel

Crítica – Capitã Marvel

Sinopse (imdb): Carol Danvers se torna um das heroínas mais poderosas do universo quando a Terra se encontra no meio de uma guerra galáctica entre duas raças alienígenas.

Finalmente é chegada a hora de conhecermos a Capitã Marvel, a grande surpresa da cena pós créditos de Vingadores Guerra Infinita!

Era impossível não criar expectativas. Depois de uma sequência final devastadora, Guerra Infinita terminava com uma cena pós créditos citando uma nova personagem, a Capitã Marvel. Claro que todo espectador “não leitor de HQ” ficou se perguntando quem é ela, e como ela conseguiria se encaixar no MCU.

Mais uma vez, a Marvel / Disney mostra que estamos diante de um filme “de produtor”. A direção ficou a cargo da desconhecida dupla Anna Boden e Ryan Fleck. Mas, como aconteceu outras vezes, isso não afetou a qualidade. Capitã Marvel (Captain Marvel, no original) segue o alto padrão de qualidade MCU.

O filme se passa nos anos 90 (o que gera uma nostalgia boa, a quantidade de elementos “noventistas” é enorme), e isso abre espaço para mais um passo rumo ao “ator digital”. Já vimos antes, inclusive na Marvel, atores rejuvenescidos digitalmente (Robert Downey Jr, Kurt Russell, Michelle Pfeiffer), mas até agora era em algumas cenas rápidas. Aqui vemos Samuel L Jackson como Nick Fury, aparecendo quase tanto quanto a protagonista Brie Larson – ou seja, boa parte do filme. E em momento nenhum parece artificial.

Aliás, é bom falar: os efeitos especiais são ótimos. Não só o rejuvenescimento digital, como toda a ambientação em outros planetas é excelente. O mesmo podemos dizer sobre as batalhas, todas enchem os olhos. Não gostei do visual da Capitã Marvel no “modo ultra badass”, com o cabelo moicano saindo do capacete, mas parece que é assim nos quadrinhos, então deixa pra lá.

O elenco, como era de se esperar, é ótimo. Além dos já citados Samuel L Jackson e Brie Larson, Capitã Marvel ainda conta com Jude Law, Anette Benning, Ben Mendelsohn, Lashana Lynch e Clark Gregg. Djimon Hounsou e Lee Pace voltam a seus papéis apresentados em Guardiões da Galáxia. Claro, tem uma ponta do Stan Lee (aliás, o logo da Marvel faz uma bela homenagem a Stan Lee, vai ter muito nerd chorando antes do filme começar).

Para surpresa de ninguém, são duas cenas pós créditos, uma ligando ao MCU, outra com uma piadinha. Fiquem até o fim dos créditos!

Capitã Marvel é um filme de origem de super herói. É curioso notar que funciona como um filme “solo”, independente dos outros; e ao mesmo tempo se encaixa perfeitamente na linha temporal entre os dois Guerra Infinita (pela cena pós créditos).

Que venha Vingadores Ultimato!

Ruby Sparks: A Namorada Perfeita

Crítica – Ruby Sparks: A Namorada Perfeita

Calvin, um jovem escritor com bloqueio criativo, encontra o amor na forma menos usual possível: criando Ruby, uma personagem que ele acredita que irá amá-lo. O que ele não esperava é que Ruby se tornasse real.

A ideia não é 100% original, de vez em quando vemos filmes onde a metalinguagem é colocada em foco (principalmente Mais Estranho que a Ficção, que tem uma premissa bem parecida). O que faz a diferença é o modo como essa metalinguagem é apresentada aqui. Ruby Sparks tem formato de uma leve e divertida comédia romântica – felizmente mais criativa e menos previsível que a maior parte das comédias românticas por aí.

Acredito que boa parte do mérito seja do casal de diretores Jonathan Dayton e Valerie Faris (casados na vida real), os mesmos do simpático Pequena Miss Sunshine (2006). Ruby Sparks é apenas o segundo filme de Dayton e Faris, que demoraram seis anos na “gestação” da nova produção. E não decepcionaram, quem gostou de Pequena Miss Sunshine vai curtir este novo filme da dupla.

Outro mérito é da roteirista Zoe Kazan (também protagonista), que construiu uma história simples, agradável e cativante. Este é seu primeiro roteiro, mas ela tem “pedigree”: é neta de Elia Kazan (Sindicato de Ladrões, Uma Rua Chamada Pecado), e filha de um casal de roteiristas, Nicholas Kazan (O Reverso da Fortuna, O Homem Bicentenário) e Robin Swicord (Memórias de uma Gueixa, O Curioso Caso de Benjamin Button).

O elenco também está muito bem. Paul Dano e Zoe Kazan (outro casal na vida real) estão excelentes como o casal central, a química entre eles é muito boa. Além deles, Annette Benning, Antonio Banderas, Elliot Gould, Chris Messina e Deborah Ann Woll.

Quem perdeu Ruby Sparks no Festival do Rio vai ter mais chances de ver o filme, parece que entra no circuito semana que vem!

Minhas Mães e Meu Pai

Minhas Mães e Meu Pai

Uma premissa interessante e um bom elenco. Parece garantia de um bom programa, não? Nem sempre…

As mulheres Nic e Jules são um casal, com dois filhos adolescentes, Joni e Laser. Ambos foram concebidos por inseminação artificial, o mesmo doador foi usado para as duas mães. Joni e Laser resolvem encontrar o pai biológico, que bagunça a rotina da família com a sua chegada.

O filme não é ruim, longe disso. Mas também não é bom. É daquele tipo de filme que, quando acaba, a gente se pergunta “pra que dediquei uma hora e quarenta minutos da minha vida a isso?”. Minhas Mães e Meu Pai é daquele tipo de filme que não te leva a lugar nenhum.

Cinema tem que ter magia. Cinema tem que trazer histórias interessantes. E a história de Minhas Mães e Meu Pai é banal. E olha que me empolguei com o título original do filme, The Kids Are Allright, que foi tirado de uma música do The Who, banda que não está nem na trilha sonora!

Pena, porque o elenco é muito bom. O trio principal, Julianne Moore, Annette Bening e Mark Ruffalo, está inspirado. E os filhos são interpretados por Mia Wasikova (A Alice de Tim Burton) e Josh Hutcherson (que esteve em vários filmes infanto-juvenis nos últimos anos, como Zathura, Ponte Para Terabithia e Viagem Ao Centro da Terra).

Enfim, como disse, não é ruim. Mas só recomendo àqueles que estiverem com tempo sobrando…