O Projeto Adam

Crítica – O Projeto Adam

Sinopse (imdb): Um piloto que viaja no tempo junta-se a seu eu mais jovem e a seu falecido pai para chegar a um acordo com seu passado e salvar o futuro.

Ano passado a parceria entre Ryan Reynolds e o diretor Shawn Levy gerou um bom filme, Free Guy. Resolveram repetir a parceira no novo lançamento da Netflix.

O Projeto Adam (The Adam Project, no original) é um bom filme família, uma aventura com toques de ficção científica e cara de filmes dos anos 80. Claro, tem suas inconsistências, mas quem embarcar na proposta vai se divertir.

O melhor de O Projeto Adam é a interação entre os dois Adams. Ryan Reynolds faz o de sempre, o engraçadinho irônico que ele se especializou de um tempo pra cá. Se por um lado não tem nada de novo, por outro lado ele faz isso muito bem. E o garoto Walker Scobell é ótimo, e a dupla funciona muito bem junta.

No resto do elenco, ninguém chama a atenção, mas são atores carismáticos, que agradam mesmo fazendo o feijão com arroz – como Zoe Saldana e Jennifer Garner, que são muito secundárias e infelizmente pouco aparecem. Já Mark Ruffalo tem um pouco mais de tempo de tela. Catherine Keener faz a vilã, e o que chama a atenção é que temos duas versões dela uma delas rejuvenescida digitalmente. O que era novidade poucos anos atrás já é algo corriqueiro.

Assim como Free Guy, O Projeto Adam tem referências à cultura pop. Algumas são discretas, como a perseguição na floresta que lembra muito O Retorno do Jedi, outras são explícitas, como a arma que parece um sabre de luz (o pequeno Adam inclusive chama de sabre de luz). Ah, a caixa onde o Mark Ruffalo guarda as bolas e luvas tem um adesivo do Hulk e outro do Deadpool. E a minha cena favorita é quando o garoto pega e usa o “sabre de luz”, cena que inclusive cita o “super hero landing” de Deadpool.

Li críticas sobre os efeitos especiais, mas não teve nenhum que me incomodou.

Claro, nem tudo é perfeito. O roteiro é cheio de conveniências e algumas coisas sem lógica – tipo se o guarda fica invisível até se aproximar, por que não ficar invisível por mais um ou dois segundos? Só pra dar tempo de reação? Além disso, por duas vezes o protagonista está em uma situação sem saída e ele é ajudado por uma solução deus ex machina.

Mas, como falei, quem embarcar na proposta vai se divertir.

Os Incríveis 2

Os Incríveis 2Crítica – Os Incríveis 2

Sinopse (imdb): Roberto Pera (Sr. Incrível) é deixado para cuidar das crianças enquanto Helena (Mulher Elástica) está fora salvando o mundo.

O primeiro Os Incríveis, de 2004, é um dos meus favoritos da Pixar. Será que a continuação é tão boa quanto?

Escrito e dirigido pelo mesmo Brad Bird do primeiro, Os Incríveis 2 (Incredibles 2, no original) mantém o nível, num ótimo equilíbrio entre ação e comédia, numa história que começa logo depois do fim do primeiro filme (apesar de termos 14 anos separando os dois).

As sequências de ação são excelentes, não devem nada a filmes live action (não à toa, em 2011 Brad Bird dirigiu Missão Impossível Protocolo Fantasma). E, na parte da comédia, o filme é muito, muito engraçado. Todas as sequências com o Zezé descobrindo seus poderes são hilárias.

Não só Os Incríveis 2 mantém o nível do primeiro, como se atualiza para se encaixar melhor no cinema de hoje, onde o empoderamento feminino está em toda parte. Helena vai para as ruas combater o crime, enquanto Roberto fica em casa com as crianças – não se esqueçam que a trama se passa na década de 60! E o melhor de tudo é que isso soa normal na tela, não parece panfletário.

Na parte da animação, não tem o que se falar. É Pixar. Ponto. Animação simplesmente perfeita, tudo na tela tem textura real. Soma-se a isso uma ótima trilha sonora de Michael Giacchino que emula filmes policiais dos anos 60 / 70, um clima meio Henry Mancini / Lalo Schifrin.

O elenco original é bom (Craig T. Nelson, Holly Hunter, Catherine Keener, Samuel L. Jackson, Isabella Rossellini, Bob Odenkirk, Sophia Bush), mas vi a versão dublada. Pelo menos a dublagem é muito boa, e uma das melhores piadas está na dublagem!

Se existe algo de negativo em Os Incríveis 2 é que o plot twist é um pouco previsível. Mas, visto que o público alvo a princípio são crianças, não acho tão grave assim.

Sicário: Dia do Soldado

Sicario 2Crítica – Sicário Dia do Soldado

Sinopse (imdb): A guerra às drogas na fronteira entre os EUA e o México aumentou à medida que os cartéis começaram a traficar terroristas pela fronteira dos EUA. Para combater a guerra, o agente federal Matt Graver se reencontra com o imprevisível Alejandro.

Sicario: Terra de Ninguém, de 2015, é um filme de ação cultuado entre os críticos, por ter Dennis Villeneuve na direção e Roger Deakins na fotografia – o que realmente dava um visual mais bem elaborado do que a maioria dos filmes de ação. Esta continuação não tem nem Villeneuve nem Deakins, mas mesmo assim o resultado ficou muito bom.

Sicario: Dia do Soldado (Sicario: Day of the Soldado, no original) não tem o visual elaborado do filme anterior, mas o pouco conhecido diretor Stefano Sollima (ele já fez bastante coisa na Itália, mas acho que é seu primeiro trabalho em Hollywood) mandou bem. O filme é tenso e tem cenas de ação muito bem filmadas.

Parte do mérito é do roteirista Taylor Sheridan, o mesmo do primeiro filme. Sheridan consegue entregar uma trama muito bem amarrada (tirando alguns escorregões na parte final). Sicario: Dia do Soldado tem um bom ritmo, bons personagens e uma trama que prende o espectador.

Sobre a dúvida que paira sobre toda continuação: não, não é preciso (re)ver o primeiro filme. Inclusive, a protagonista do filme anterior (Emily Blunt) nem foi citada aqui. Dá pra acompanhar tudo sem problemas.

Entrando no elenco, não tem como reconhecer que Josh Brolin vive um momento excelente na carreira – no intervalo de poucos meses, ele foi a figura central de Guerra Infinita, o antagonista de Deadpool 2, e agora estrela outro filme de ação. Papéis centrais em três grandes filmes seguidos! Brolin, mais uma vez, está muito bem, assim como Benicio Del Toro (que, por coincidência, também estava em Guerra Infinita). Também no elenco, Isabela Moner, Catherine Keener, Matthew Modine, Jeffrey Donovan e Manuel Garcia-Rulfo.

O fim do filme tem uns furos de roteiro meio feios, tipo o cara baleado encontrar os carros que deveriam estar a quilômetros de distância. E achei que o personagem de Josh Brolin não tomaria aquela atitude. Entendo isso como uma decisão de deixar pontas soltas para um Sicario 3

Mesmo Se Nada Der Certo

Mesmo se nada der certo

Crítica – Mesmo se nada der certo

Um encontro ao acaso entre um executivo de gravadora desempregado e com problemas com bebida e uma jovem compositora que acabou de levar um fora do namorado que ficou famoso se torna uma promissora colaboração entre os dois talentos.

A princípio parece que Mesmo se Nada Der Certo (Begin Again, no original) é mais uma comédia romântica. Mas, em primeiro lugar, não é uma comédia, apenas um filme romântico. Em segundo lugar, a estrutura do filme não segue o “padrão comédia romântica mocinho não se dá bem com mocinha até o fim do filme quando ficam juntos”. Felizmente!

Mesmo se Nada Der Certo é muito legal, mas tem um problema: é parecido demais com Apenas Uma Vez (Once), filme anterior do mesmo diretor John Carney. Toda a estrutura do filme é a mesma – um casal ligado à música se conhece e ele ajuda ela a gravar, usando artistas de rua.

Mas, mesmo usando uma ideia reciclada, Mesmo se Nada Der Certo não parece uma “refilmagem com atores famosos” (o primeiro filme era estrelado pelos desconhecidos Glen Hansard e Markéta Irglova, enquanto este tem Keira Knightley e Mark Ruffalo como protagonistas). Mesmo se Nada Der Certo funciona muito bem por conta própria, é um filme simpático e cativante.

O roteiro escrito pelo próprio John Carney acerta ao contar a história do executivo de gravadora desempregado e da compositora avessa ao mainstream através de uma narrativa não linear e diálogos bem construídos. Mas preciso dizer que esse papo de gravação na rua, tecnicamente falando, é uma grande furada. Aquilo NUNCA funcionaria no mundo real! Mas… É um filme! Dentro do filme, ficou bem legal.

Por outro lado, a cena que mostra como funcionam os arranjos musicais dentro da cabeça do produtor ficou sensacional. Ver os instrumentos criando vida própria e entrando na música foi uma ideia excelente!

O elenco é outro dos destaques. Keira Knightley e Mark Ruffalo mostram boa química e estão muito à vontade nos seus papeis. Adam Levine, vocalista do Maroon 5, está perfeito como o projeto de estrela pop – não sei se o cantor é igual ao personagem, ou se ele é um bom ator. Também no elenco, Hailee Steinfeld, Catherine Keener, James Corden, Ceelo Green e Mos Def, creditado como Yasiin Bey.

Não gostei muito do fim do filme – além de não ter explicado o que aconteceu com a protagonista, ainda teve uma certa semelhança com o fim de Apenas Uma Vez. Mais não conto por causa de spoilers… Mesmo assim, Mesmo Se Nada Der Certo ainda foi uma agradável surpresa.

Os Croods

Crítica – Os Croods

Filme novo da Dreamworks!

Após ver sua caverna destruída, uma família de homens das cavernas sai à procura de um novo lar no meio de um estranho mundo novo, com a ajuda de um jovem criativo.

Quando a Dreamworks e a Pixar apareceram, surgiu um novo padrão nos longa metragem em animação. Mas parece que com o passar dos anos a Dreamworks assumiu o posto de segundo lugar. Enquanto a Pixar continua nos surpreendendo quase sempre, a Dreamworks mais uma vez apresenta um filme meia bomba.

Os Croods não é ruim, longe disso. É divertido, com bons personagens, e tecnicamente bem feito. Mas o problema é que hoje em dia estamos mal acostumados, e quando aparece um novo longa de animação, a gente espera ser surpreendido. E Os Croods não surpreende nada. É um bom desenho, e só.

Tem uma outra coisa que me incomodou um pouco: a ambientação do filme no “fim do mundo”. Como é um desenho pra crianças, precisa de um final feliz. Mas aqueles meteoritos caindo pouco antes do fim do filme deixam claro que aquela família não sobreviveria. Além da suspensão de descrença pra ver um bebê correndo rápido como um animal ou pessoas caindo de grandes alturas sem se machucar, precisamos de mais suspensão de descrença pra acreditar que o mundo só acabou pela metade.

Mesmo assim, o filme é bem divertido. Algumas situações são hilárias – a preguiça “Braço” é um excelente alívio cômico. E a parte técnica é de cair o queixo, tanto em cenas de ação (como a perseguição no “café da manhã”), quanto em cenários e bichos estranhos e coloridos. E o 3D é muito bem feito.

(O elenco original é estelar – Nicolas Cage, Emma Stone, Ryan Reynolds, Cloris Leachman, Catherine Keener e Clark Duke. Mas vi a versão dublada, então não posso palpitar aqui.)

Pena que ao fim da projeção fica aquela sensação de que faltou alguma coisa. Espero que Monsters University e Meu Malvado Favorito 2 nos surpreendam!

p.s.: No fim dos créditos rola uma piadinha rápida, mas nada demais.

Na Natureza Selvagem

na-natureza-selvagem-poster01

Na Natureza Selvagem

Seguindo mais uma sugestão, procurei este belo filme, Na Natureza Selvagem, que conta a história de um anti-herói usando cenários naturais deslumbrantes.

Quem nunca se imaginou chutando o balde e largando a própria vida para tentar uma nova, completamente diferente, em busca de respostas para questões internas?

Christopher McCandless fez isso. Aos vinte e poucos anos, recém formado na escola, abandonou a família, rasgou os documentos, doou todas as economias e saiu de mochila nas costas, sem rumo.

Dirigido pelo ator Sean Penn, Na Natureza Selvagem foi inspirado na história real de Christopher McCandless, que existiu de verdade e fez isso tudo isso de verdade.

Bem, acho que podemos analisar a saga de McCandless por dois ângulos opostos:

– Podemos admirar sua coragem, de largar tudo em busca de um sonho.

Ou…

– Na verdade ele foi egoísta e irresponsável. Um garoto jovem, inteligente, com família, casa, educação, e que joga tudo fora e sai por aí de maneira inconsequente.

(Claro que o filme opta pela primeira opção…)

O filme é um pouco longo (quase duas horas e meia) e o ritmo é lento. Mas em momento nenhum é chato. Pelo contrário, a história é envolvente. A história começa com a chegada de McCandless no Alasca, e a partir daí acompanhamos toda a sua trajetória através de flashbacks.

Como disse antes, os cenários são deslumbrantes. O filme foi inteiramente rodado em locações espalhadas pelos Estados Unidos. E o Alasca, onde a maior parte da trama se passa, foi visitado em quatro diferentes épocas do ano.

Ainda devemos citar a belíssima trilha-sonora composta por Eddie Vedder, que ganhou um Globo de Ouro por melhor canção e chegou a ser indicado ao Oscar de melhor trilha sonora.

O prestígio de Sean Penn conseguiu reunir um ótimo elenco. Emile Hirsch (que logo depois foi o protagonista de “Speed Racer”) chegou a emagrecer 18 quilos para o papel, além de dispensar dublês. Ainda temos no elenco William Hurt, Marcia Gay Harden, Jena Malone, Catherine Keener, Kristen Stewart e Vince Vaughn, entre outros.

Veja o filme e decida se McCandless foi correto e corajoso, ou se simplesmente desperdiçou sua vida…