Duna: Parte 2

Crítica – Duna: Parte 2

Sinopse (imdb): Diante da difícil escolha entre o amor de sua vida e o destino do universo conhecido, Paul Atreides, agora ao lado de Chani e dos Fremen, dará tudo de si para evitar o futuro terrível que só ele pode prever.

Estreou a aguardada continuação de Duna, de 2021. Heu tinha um receio sobre o final do filme, mas achei satisfatório – mais tarde volto a esse assunto.

Mais uma vez dirigido por Dennis Villeneuve, Duna: Parte 2 é um filmão, com tudo de superlativo que isso carrega. Elenco recheado de estrelas, cenários fantásticos, figurinos caprichados, trilha sonora excelente, tudo aqui é grandioso.

Não li os livros, tudo o que conheço do universo de Duna aprendi no filme de 2021 e no filme de 1984 dirigido por David Lynch. Um amigo que leu comentou que tem coisa diferente, mas faz parte do conceito de “adaptação”.

A história já começa de onde o primeiro filme acabousim, precisa ver ou rever o filme de 2021, senão você pode ficar um pouco perdido. Agora Paul Atreides está com o povo Fremen e precisa lutar contra os Harkonnen, enquanto rola um questionamento religioso se ele seria o novo messias.

Nem sei por onde começar a falar. Acho que posso começar com o visual do filme. Não tenho ideia do quanto foi filmado em locações e quanto foi filmado em estúdio. Mas podemos afirmar que absolutamente nada parece artificial. Se existe tela verde e cgi (e deve ter de monte), não aparece na tela. Cenários, figurinos, props, efeitos especiais, efeitos sonoros, tudo é tecnicamente perfeito.

Vi o filme no Imax. Não só a imagem é ótima, como o som estava muito alto (em algumas cenas, as poltronas do cinema tremiam!) Todo o som do filme é impressionante, tanto a trilha sonora de Hans Zimmer quanto os efeitos sonoros – o efeito usado nas vozes imperativas é assustador.

Vou copiar um parágrafo que escrevi no texto do primeiro filme, porque repito o mesmo comentário: “De vez em quando falam coisas como “o streaming vai matar o cinema”. Olha, a não ser que você seja muito rico e tenha uma sala de cinema especialmente construída na sua casa, não tem como barrar a experiência de ver um filme desses numa sala de cinema, com uma tela grande e um som equilibrado em volta. Duna é filme pra se ver no cinema!

Uma coisa que heu não me lembrava era toda a pegada religiosa. Paul Atreides vira quase um líder de uma seita extremista. E o personagem do Javier Bardem está ótimo como o cara que alimenta todo o fanatismo em volta desse messias.

O elenco é excelente. Timothée Chalamet está muito bem como o protagonista, e, apesar de ser magrelo, convence quando precisa assumir o papel de liderança. Mas quem rouba a cena é Austin Butler (o Elvis!) como Feyd-Rautha, papel que foi do Sting na versão de 84. Butler está assustador! Muito mais do que Dave Bautista que tem porte físico para colocar medo nos adversários.

(Uma curiosidade: Villeneuve disse que pensou no personagem como uma mistura entre o Mick Jagger, um assassino psicopata, um espadachim olímpico e uma cobra. Mick Jagger foi cotado para viver o mesmo personagem na versão de Alejandro Jodorowsky que nunca foi terminada.)

Ainda no elenco, vou contra a maré. Achei que a Zendaya foi o ponto fraco. A personagem dela gosta do Paul, mas resolve não apoiar o lado messiânico, e na minha humilde opinião ela não conseguiu trabalhar bem essa dualidade. Não estraga o filme, mas todo o resto está melhor.

Também no elenco, Rebecca Ferguson, Josh Brolin, Florence Pugh, Christopher Walken, Léa Seydoux, Stellan Skarsgård e Charlotte Rampling, além do já citado Javier Bardem. E uma curiosidade: Anya Taylor-Joy está no filme mas só aparece em uma cena! Piscou, perdeu!

É um filme longo, duas horas e quarenta e seis minutos. Vai ter gente dizendo que é um filme chato. Mas heu consegui “entrar” no filme e em nenhum momento me cansou.

Por fim, gostaria de falar sobre o final do filme. Heu tinha um pé atrás porque o imdb já falava sobre um terceiro filme, e fiquei traumatizado com o Aranhaverso 2, filme que não tem fim. Mas, a boa notícia é que Duna Parte 2 faz o correto: encerra a história que estamos vivendo, e deixa pontas soltas para serem resolvidas num possível terceiro filme. Mas, se não tiver esse terceiro filme, ok, temos um encerramento.

Filmão. Grandes chances de top 10 do ano.

Duna (2021)

Crítica – Duna Parte 1 (2021)

Sinopse (imdb): Adaptação do romance de ficção científica de Frank Herbert, sobre o filho de uma família nobre encarregada de proteger o bem mais valioso e o elemento mais vital da galáxia.

É curioso ver um novo filme logo depois de ver uma versão anterior. Na verdade, este filme não tem nada a ver com aquele, mas como os dois são baseados no mesmo livro, várias cenas são bem parecidas. Aliás, diria que quem está com a outra versão fresca na cabeça vai saber mais ou menos dois terços do que acontece aqui.

Mas, em defesa da nova versão, aqui tudo é mais bem feito. Este novo Duna acerta em quase tudo o que o outro errou.

Mas, começarei o meu comentário com uma crítica. Logo no início, vemos o título “Duna Parte 1”. Ou seja, já começamos sabendo que é um filme sem fim.

Claro que O Senhor dos Anéis vem à lembrança. São dois clássicos da literatura fantástica (um de fantasia, outro de ficção científica), duas obras com fama de serem difíceis de adaptar, e duas obras que já tiveram uma adaptação cinematográfica que não deu muito certo (o sucesso do Senhor dos Anéis do Peter Jackson foi tanto que muita gente esqueceu da versão em animação feita por Ralph Bakshi em 1978). A diferença é que Peter Jackson bateu o pé para que se filmassem logo os três filmes da trilogia Senhor dos Anéis – coisa que o estúdio não queria (porque se o primeiro flopasse, o que fazer com as continuações?). Duna só tem a primeira parte filmada; a continuação ainda não foi confirmada pelo estúdio…

Enfim, a gente tem que trabalhar com o que tem nas mãos. Não sabemos se o filme terá fim, mas, pelo menos esta metade que está pronta trouxe um resultado muito positivo.

Dirigido por Denis Villeneuve (Blade Runner 2049 e A Chegada), Duna é um filmão. A fotografia é um espetáculo. Tudo é grandioso, os cenários (digitais ou não, não sei) são gigantescos, os diferentes planetas são mostrados em planos abertos, tem um monte de  personagens com armaduras e trajes diferentes (quem coleciona action figures vai ter um prejuízo com esse filme). Tudo passa a sensação de que estamos diante de um “filme evento”.

(De vez em quando falam coisas como “o streaming vai matar o cinema”. Olha, a não ser que você seja muito rico e tenha uma sala de cinema especialmente construída na sua casa, não tem como barrar a experiência de ver um filme desses numa sala de cinema, com uma tela grande e um som equilibrado em volta. Duna é filme pra se ver no cinema!)

Não curti muito a trilha sonora do Hans Zimmer. Reconheço que é uma trilha épica, coerente com a proposta do filme. Mas achei a pegada muito parecida com o tema da Mulher Maravilha no Snydercut – composta pelo mesmo Hans Zimmer.

O elenco é cheio de estrelas. Assim como na versão de 84, este formato não cabe grandes atuações, mas podemos dizer que Timothée Chalamet é perfeito para o papel – ele tem cara de novo e seu tipo físico aparenta fragilidade, mesmo assim tem agilidade para as cenas de ação, e, principalmente, tem carisma para carregar o protagonismo de um filme desse porte. Se tiver que escolher um destaque para o resto do elenco, fico com Jason Momoa, seu personagem aqui tem muito mais relevância que no filme de 84. Também no elenco, Rebecca Ferguson, Zendaya, Oscar Isaac, Stellan Skarsgård, Josh Brolin, Javier Bardem, Dave Bautista, Charlotte Rampling e David Dastmalchian. A Zendaya tem muito pouco tempo de tela, mas sua personagem deve ter destaque no próximo filme.

Teve um detalhe que achei bem legal, um cuidado com as legendas. Não li o livro, mas sei que existem termos criados pelo autor, e que estão num glossário dentro do livro. O tradutor teve o cuidado de procurar palavras como trajestilador, dagacris e ornitoptero e incluir nas legendas.

Nem todo mundo vai curtir. É um filme longo – pouco mais de duas horas e meia – e lento. Várias cenas contemplativas. E, pela divulgação, sei que tem gente que vai ao cinema atrás de um novo Star Wars. Esses vão sair do cinema decepcionados. Cometi o mesmo erro quando adolescente, quando fui ver Blade Runner querendo ver uma aventura espacial e me decepcionei com o que vi (anos depois revi e virei fã de Blade Runner).

Agora é torcer pro estúdio bancar a segunda parte!

Operação Red Sparrow

Operação Red SparrowCrítica – Operação Red Sparrow

Sinopse (imdb): A bailarina Dominika Egorova é recrutada para a “Sparrow School”, um serviço de inteligência russo onde é obrigada a usar seu corpo como arma. Sua primeira missão, visando um agente da C.I.A., ameaça desvendar a segurança de ambas as nações.

Atômica, um dos melhores filmes do ano passado, mostrava uma espiã na Europa em cenas de ação de tirar o fôlego. Este Operação Red Sparrow (Red Sparrow, no original) também traz uma espiã europeia, mas é outro estilo de filme, totalmente diferente.

Dirigido por Francis Lawrence (que não é parente, mas que já dirigiu Jennifer Lawrence em três filmes da franquia Jogos Vorazes), Operação Red Sparrow é um filme lento, que foca mais no “jogo de xadrez” político do que na ação. Vai ter gente decepcionada.

(Depois da sessão de imprensa, ouvi alguns críticos reclamando que o trailer dava sinais de que a Jennifer Lawrence de Operação Red Sparrow seria quase uma Natasha Romanoff. Sorte que não vi o trailer…)

Baseado num livro escrito por Jason Matthews, um ex-agente da CIA, Operação Red Sparrow tem pouca ação, é um filme de espionagem à moda antiga, com uma trama complexa e algumas reviravoltas no roteiro. É um bom filme, mas tem problemas de ritmo, e a longa duração atrapalha. Se dessem uma enxugada o resultado seria melhor.

A parte do treinamento dos sparrows é uma das melhores coisas do filme – sedução se mistura com humilhação (física e psicológica). A gente sempre vê espiões no cinema usando sexo e sedução, aqui eles aprendem a usar isso – e de maneira fria. Taí, acho que heu veria um filme inteiro só com os sparrows – primeiro os treinamentos, depois a prática.

Retrato dos dias atuais: temos uma mudança da visão do comportamento sexual dos personagens. Décadas atrás, o sexo era muito presente nos filmes do James Bond, mas a gente tinha uma visão romântica disso. Dominika Egorova usa o sexo sem emoções, somente para conseguir seus objetivos.

As cenas de nudez da Jennifer Lawrence são um reflexo disso. Nas cenas de sexo, ela não mostra nada. Só mostra em cenas onde o “assunto” é poder e dominação.

O elenco é muito bom. Jennifer Lawrence é um dos maiores nomes do cinema contemporâneo, apesar de muita gente não gostar dela. E ela está acompanhada de um elenco de primeira linha, que inclui Joel Edgerton, Matthias Schoenaerts, Charlotte Rampling, Mary-Louise Parker, Jeremy Irons, Ciarán Hinds e Joely Richardson. Mas teve uma coisa que achei mal feita. Boa parte dos personagens são russos, e a produção decidiu deixá-los falando inglês, com sotaque. Ficou tosco…

Pelo hype, muita gente vai ver Operação Red Sparrow, mas tenho minhas dúvidas se muita gente vai gostar.

Assassins Creed

Assassins Creed

Crítica – Assassin’s Creed

Por meio de uma tecnologia revolucionária que destrava suas memórias genéticas, um homem experimenta as aventuras de seu ancestral na Espanha do século XV. Ele descobre que é descendente de uma misteriosa sociedade secreta, os Assassinos, e acumula conhecimentos e habilidades incríveis para enfrentar a organização opressiva e poderosa dos Templários nos dias de hoje.

Existe uma máxima que diz que filmes baseados em videogames não são bons. Bem, este novo Assassin’s Creed (idem, no original) não vai mudar esta máxima.

A direção é de Justin Kurzel, que já tinha trabalhado com Michael Fassbender e Marion Cotillard no recente (e cansativo) Macbeth. Seu novo filme também é cansativo, e olha que Assassin’s Creed até tem bastante ação.

Assassin’s Creed tem vários problemas. Começo com o fraco desenvolvimento dos personagens. O protagonista tem um breve prólogo na sua infância, logo corta pra 30 anos depois, quando ele está preso, no corredor da morte. Quem é esse cara? Por que devo torcer por ele? Isso porque não estou falando de vários personagens secundários que não têm nenhuma função na trama.

Tem elementos aqui tirados do jogo, claro. No game, existe um “salto de fé”, onde um personagem pula lááá do alto de uma torre, cai num montinho de feno, e sai andando. Claro que no cinema esse montinho de feno ia ficar ridículo, então foi cortado da história. Mas o salto é importante na mitologia do jogo. O que fazer? Ah, coloca ele saltando, e depois corta pra outra cena antes dele chegar no chão…

Isso sem contar com vááários furos de roteiro, como, por exemplo, os seguranças que no início do filme usam armas de fogo, mas quando isso mataria personagens importantes, usam só cassetetes e tasers.

Mas o pior de tudo, na minha humilde opinião, foi a trilha sonora, alta, monótona e irritante. Vi no Imax, onde o som é muito alto, dava vontade de pedir pra alguém abaixar o som!

Pena, porque temos um bom elenco à serviço de um filme meia boca. Afinal, não é todo filme que consegue reunir Michael Fassbender, Jeremy Irons, Marion Cotillard, Brendan Gleeson e Charlotte Rampling.

Outra coisa boa é que as cenas passadas na Espanha antiga (e são muitas cenas) são faladas em espanhol. Bom saber que Hollywood evoluiu, alguns anos atrás tudo seria em inglês mesmo. Algumas (poucas) sequências de ação também se salvam.

Pena. E o pior é que o filme termina com um gancho para começar uma nova franquia…

Rio Sex Comedy

Crítica – Rio Sex Comedy

Um filme feito no Rio com a Irène Jacob, a Charlotte Rampling e o Bill Pullman no elenco? Vamos ver qualé.

O filme mostra algumas histórias independentes sobre estrangeiros no Rio de Janeiro: o novo embaixador dos EUA foge para uma favela; uma conceituada cirurgiã plástica resolve convencer os pacientes a não fazerem cirurgias; um casal de cineastas franceses está fazendo um documentário sobre a desigualdade social relativa às empregadas domésticas; e um americano que trabalha com turismo quer casar com uma índia.

Lembro da época que Rio Sex Comedy passou no Festival do Rio, uns anos atrás. Achei a ideia curiosa, mas dei preferência a outros filmes. Aí agora apareceu outra oportunidade e aproveitei. Mas talvez fosse melhor nem ter visto…

Rio Sex Comedy tem dois problemas básicos. O primeiro é a longa duração e a insistência em desenvolver histórias desinteressantes. Mais de duas horas para acompanhar tramas bestas? Por exemplo, tire a parte dos índios que o filme não perde nada. E o final da trama do embaixador é completamente sem sentido. Ah, e precisamos lembrar que um filme que tem “comedy” no título deveria ser engraçado, o que não acontece aqui.

Mas o pior é ver o que os gringos pensam sobre o Rio e sobre o povo carioca. Parece que aqui no Rio todos só pensam em sexo o tempo todo, e a única outra opção de assunto é a busca do corpo perfeito através de cirurgias plásticas. Sim, Rio Sex Comedy mostra que, lá fora, a única coisa que existe na imagem do Rio é o turismo sexual.

O pior é que parece que o diretor e roteirista Jonathan Nossiter morava no Rio na época do filme. Ou seja, o cara deveria ter legitimidade pra falar da cidade. Só não sei que Rio é esse. Porque o Rio onde heu nasci e moro até hoje não é assim.

Salvam-se a atuação das duas francesas. E vale notar: Irène Jacob está linda e bem à vontade nas cenas de nudez, apesar dos 44 anos.

Mas é pouco, muito pouco. Rio Sex Comedy é uma decepção.

Melancolia


Crítica – Melancolia

Mais uma picaretagem assinada por Lars von Trier…

O filme é dividido em duas partes, além de um prólogo apenas com imagens soltas, em câmera lenta. A primeira parte mostra a festa de casamento de Justine (Kirsten Dunst) num suntuoso castelo; a segunda mostra Justine e sua irmã Claire (Charlotte Gainsbourg) às vésperas de uma possível catástrofe: o planeta Melancolia está se movendo em rota de colisão com a Terra.

Analisemos por partes. O prólogo até tem algumas imagens bonitas. Mas são uns oito minutos de imagens em câmera lenta, sem diálogos, sem história. Na boa, cansa. Pra piorar, vemos várias imagens do fim do mundo, e heu achava que aquilo ia ser explicado no fim do filme. Nada. Algumas das imagens continuam sem nenhum sentido – uma delas mostra a casa com três corpos celestes em cima, um ao lado do outro, como se fosse a Lua, o planeta Melancolia, e, talvez, o Sol, mas ao lado, como se fossem 3 órbitas paralelas – wtf?

Depois o filme começa de fato. A primeira parte, que mostra a festa de casamento de Justine, nem é tão ruim. Claro, rolam aqueles lances “vontriescos”, câmera trêmula na mão e algumas situações meio forçadas – se John foi capaz de fazer as malas da sogra e levá-las pra fora, por que as traria de volta? E por que o recem casado Michael desistiria de sua recem esposa, logo no dia do casamento? Mas o talento do bom elenco segura a onda – além de Dunst e Gainsbourg, ainda temos Kiefer Sutherland, Alexander Skarsgård, Charlotte Rampling, John Hurt, Udo Kier e Stellan Skarsgård. Tipo assim, não temos muita história pra contar, então soltemos o improviso dos atores. Não ficou uma obra prima, mas “passa”.

Tudo piora na segunda (e última) parte. Numa festa de casamento há espaço para improvisos de atores; mas como a trama agora gira em torno da aproximação do planeta Melancolia, o filme se perde completamente. Tudo fica excessivamente monótono.

Melancolia é menos ruim que Anticristo. Pelo menos aqui tem algo aproveitável, algumas cenas têm o visual bonito, principalmente na parte final, quando aparece o planeta Melancolia.

Mas, assim como em Anticristo tinha uma cena de sexo explícito gratuita e desnecessária, mais uma vez, Lars von Trier se baseia na polêmica pra divulgar seu filme. Aqui rola um rápido nu frontal de Kirsten Dunst também gratuito e desnecessário – não que heu esteja reclamando, longe disso, mas a cena é completamente fora do contexto. Parece que foi colocada lá apenas pra chamar a atenção.

E parece que uma cena de nudez não era o suficiente para a polêmica pretendida por Lars von Trier. Depois da exibição de Melancolia no Festival de Cannes deste ano, von Trier deu uma entrevista onde se declarou nazista. Claro que logo depois pediu desculpas, mas o seu objetivo foi alcançado: mais uma polêmica levou seu nome para todos os jornais e sites de notícias…

Von Trier precisa disso, porque seu filme não se sustenta sozinho. E o pior é que essa ideia me pareceu interessante, um planeta, maior que o nosso,  em rota de colisão com a Terra. Acho que essa história nunca rolou no cinema – pelo menos não me lembro – de um choque causando a destruição total do planeta. Por incrível que pareça, esse é um filme que seria melhor se fosse dirigido por um cara como Roland Emmerich, alguém pop, mais ligado em filmes-catástrofe. Ia ser interessante explorar o lado científico-catastrófico aqui… Mas, com o Lars von Trier, esqueçam isso…

Enfim, o Blog do Heu não recomenda! Tem filme melhor por aí, e de diretores que merecem a nossa atenção!

Boogie Woogie

Boogie Woogie

Sou muito fã do filme Boogie Nights, com a Heather Graham. Quando heu soube de um filme com a mesma atriz, chamado Boogie Woogie, corri para ver!

Mas Boogie Woogie não tem nada a ver com os temas do filme de 1997. Boogie Woogie é um quadro de Mondrian, e o filme aqui fala de arte moderna. O filme mostra os bastidores da cena londrina contemporânea de arte moderna.

O elenco é muito bom. Heather Graham, Amanda Seyfried, Gillian Anderson, Charlotte Rampling, Gemma Atkinson, Jaime Winstone, Christopher Lee, Alan Cumming, Danny Huston e Stellan Skarsgard, entre outros menos cotados. Mas o roteiro é fraco… As várias situações são jogadas aparentemente sem um objetivo, sem seguir uma ordem lógica. Por exemplo, pra que serviu a cena da cirurgia de Paige?

Boogie Woogie foi baseado num livro homônimo, provavelmente no livro tudo é melhor explicado. Mas aqui no filme não funciona…

Mesmo assim, por ter uma edição ágil e ser um filme curtinho (pouco mais de hora e meia), e pelo elenco, Boogie Woogie não é chato. Pode ser uma opção para quem não for muito exigente.

A Vida Durante a Guerra

A Vida Durante a Guerra

Doze anos depois, Todd Solondz retorna ao ambiente bizarro de Felicidade (Happiness), seu filme mais famoso.

As três irmãs do primeiro filme voltam, mas interpretadas por atrizes diferentes. Trish está separada do marido, preso por pedofilia, e está prestes a se casar novamente. Joy, que trabalha com presidiários, vive assombrada por fantasmas de namorados anteriores. E Helen, atualmente uma celebridade, se afastou de quase todos (e tem um papel pequeno).

Achei Felicidade muito bom quando vi a primeira vez. Mas, pouco depois, revi, e confesso que não gostei, o filme me incomodou um pouco (de repente era algo que heu estava passando na época). Agora, de volta ao universo “solondziano”, o novo filme não me incomodou. Mas também não me empolgou.

Um bom elenco passeia por situações esquisitas, bem ao estilo do diretor. Shirley Henderson, Allison Janney, Michael Lerner, Dylan Riley Snyder, Ciarán Hinds, Chris Marquette, Paul Reubens, Charlotte Rampling e Ally Sheedy enfrentam temas como pedofilia, terrorismo e suicídio.

Mas, no fim, Solondz ficou devendo. O roteiro é fraco, as atuações são burocráticas, e o resultado é decepcionante…

Não é de todo ruim, mas tem coisa melhor nas telas cariocas.

Babylon A.D.

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Babylon A.D.

No futuro, um mercenário é contratado pra levar uma menina misteriosa de um convento na Rússia até a América. Dirigido por Mathieu Kassovitz e com Vin Diesel e Michelle Yeoh nos papéis principais e ainda contando com a presença de Gerard Depardieu e Charlotte Rampling em “pontas de luxo”, esse filme realmente prometia.

Prometia, com o verbo conjugado no passado. Kassovitz brigou com o estúdio e se desligou do projeto antes do lançamento do filme. O estúdio cortou 70 minutos (!), pra chegar a uma versão comercial de pouco mais de uma hora e meia.

É uma pena, porque o filme começa muito bem.  Mas acaba de maneira abrupta, e vemos como uma briga entre diretor e produtor pode atrapalhar um projeto…

Vin Diesel encontrou um prsonagem que é a sua cara com o mercenário Toorop. E Michelle Yeoh também está bem como a freira Rebeka, que toma conta de Aurora, a jovem a ser protegida. Melanie Thierry, que faz Aurora, é que às vezes parece um pouco exagerada. Mas nada que atrapalhe muito.

Ao longo do filme descobrimos que existe um grande plano religioso por trás do mistério de Aurora. Sim, lembra um pouco O Quinto Elemento, de Luc Besson, mas aqui existem mentes manipuladoras por trás da história. A trama é interessante. Infelizmente, mal resolvida…

Kassovitz recomendou a todos: “não vejam o filme!”. Mas acho que pode ser visto sim. É só não esperarmos uma obra prima.

E tomara que apareça em breve um “director’s cut”!