Os Estranhos: Caçada Noturna

Os Estranhos 2Crítica – Os Estranhos: Caçada Noturna

Sinopse (imdb): Uma família de quatro pessoas que se hospeda em um parque residencial isolado à noite é perseguida e depois caçada por três psicopatas mascarados.

Antes de tudo, preciso confessar que não gostei do conceito apresentado no primeiro Os Estranhos, de dez anos atrás. Claro que a empolgação para uma continuação era zero.

Dirigido por Johannes Roberts (Medo Profundo), Os Estranhos: Caçada Noturna (The Strangers: Prey at Night, no original) segue a mesma ideia: pessoas normais atacadas por assassinos mascarados. Só isso. Pra mim é pouco.

O que me incomoda é justamente este conceito básico: pessoas que matam a esmo. Não existe um background desses caras. Determinado momento do filme, perguntam a uma das assassinas por que ela faz isso, a resposta é “por que não?” Sei lá, não consigo comprar a ideia de gente que mata assim, sem um objetivo. Esse filme podia ser passar no universo da série Purge

No elenco, Christina Hendricks, Martin Henderson, Bailee Madison e Lewis Pullman. Nenhum destaque positivo, nenhum destaque negativo.

Se tem uma coisa boa pra se falar, algumas cenas têm o visual bacana, tipo a cena na piscina. Mas isso não apaga o fato do roteiro ser muito forçado – um carro que explode e pega fogo não vai ter sobrevivente, né? Isso dentre várias outras inconsistências.

Por fim, existe um gancho completamente sem sentido na última cena. Ou seja, nem o final salva.

Demônio de Neon

Demônio de NeonCrítica – Demônio de Neon

Quando a aspirante a modelo Jesse se muda para Los Angeles, sua juventude e vitalidade são devoradas por um grupo de mulheres obcecadas por beleza, que assumirão todos os meios necessários para conseguir o que ela tem.

Filme novo do Nicolas Winding Refn. Essa informação é o suficiente pra gente saber qual é a do filme. Demônio de Neon (The Neon Demon, no original) segue EXATAMENTE a fórmula dos outros filmes do diretor dinamarquês.

Alguém aí não conhece os filmes de Refn? Já escrevi sobre seus três últimos filmes, Valhala Rising, Drive e Apenas Deus Perdoa. Olha só o que falei sobre este terceiro filme: “Quem viu Drive (e também quem viu Valhala Rising) sabe o que esperar: ritmo lento, poucos diálogos e muita violência gratuita. Apenas Deus Perdoa segue exatamente a mesma fórmula. E ainda repete Ryan Gosling quase mudo com sua cara de paisagem“.

Para o bem ou para o mal, todos os filmes de Refn são iguais. Um visual muito bem cuidado, mas num ritmo leeento, com atores blasé em um fiapo de história onde quase nada acontece.

Os seus fãs vão argumentar que o visual dos seus filmes é belíssimo. Ok, concordo. Realmente, a fotografia de Demônio de Neon é de cair o queixo. Pena que não existe uma história a ser contada. Conteúdo zero, mas com um belíssimo visual.

(Me lembrei de uma discussão que tive, no início dos anos 90, sobre Peter Greenaway. Um fã defendia sua obra pelo apuro visual; meu argumento era que Greenaway seria um ótimo diretor de fotografia e deveria trabalhar para outros diretores, melhores na arte de contar histórias. Usava como exemplo o Jean Pierre Jeunet, que sabia contar histórias interessantes e tinha um visual tão bem trabalhado quanto Greenaway. Só pra ilustrar meu ponto: em 1991, Greenaway lançou A Última Tempestade, enquanto Jeunet fez Delicatessen.)

O elenco tem alguns bons nomes, mas acho que não existe nenhuma boa atuação em um filme dirigido por Refn. Assim como em seus outros filmes, todos os atores têm um ar blasé e ficam com cara de paisagem durante as longas pausas que acontecem em quase todos os diálogos. Assim, um elenco com Elle Fanning, Jena Malone, Bella Heathcote, Abbey Lee, e pontas de Keanu Reeves e Christina Hendricks é desperdiçado. Ah, também tem o Karl Glusman, o protagonista de Love, acho que o cara gosta de se envolver em projetos polêmicos.

Por fim, queria saber de onde inventaram que Demônio de Neon é um filme de terror. Tem necrofilia, tem sangue. É bizarro. Mas não tem NADA de terror.

Drive

Crítica – Drive

Na época do Festival do Rio, ouvi bons comentários sobre este Drive. Não consegui ver na ocasião, pelos horários escassos, mas achei que ia entrar no circuito. Ainda não entrou, mas, como já saiu o brrip, aproveitei pra conferir.

Um motorista que trabalha às vezes como dublê em filmes, às vezes como piloto de fugas para criminosos, descobre que caiu em uma armadilha quando seu último trabalho dá errado.

A princípio não tinha entendido qual o propósito de Drive. É parado demais pra ser um filme de ação, mas violento demais para um filme cabeça. Aí vi que é de Nicolas Winding Refn, o mesmo diretor de Valhala Rising, e “caiu a ficha”. É a mesma coisa: um cara misterioso, caladão e solitário, cenas looongas com a câmera parada onde nada acontece, e muita violência gráfica. Igualzinho ao seu filme anterior.

E chato. Assim como o seu filme anterior.

A gente fica esperando a história do motorista monossilábico engrenar, mas parece que o diretor só gosta de planos longos e contemplativos, onde vemos os atores parados. Muito pouca coisa acontece no filme.

Com um roteiro onde quase nada acontece, os personagens são rasos. Afinal, como eles vão se desenvolver se não há história? Assim, o bom elenco é desperdiçado: Ryan Gosling, Carey Mulligan, Ron Perlman, Albert Brooks, Christina Hendricks e Brian Cranston não têm muito o que fazer.

E tem a violência. Olha, já vi filme vagabundo de terror com desculpas menos esfarrapadas pra mostrar violência gratuita. O gore aqui é desmedido – chega a aparecer um crânio sendo esmagado – e, na minha humilde opinião, completamente fora do contexto. E olha que gosto de filmes com violência gráfica!

Pra não dizer que o filme é um lixo total, gostei da trilha sonora, que emula sons synth pop dos anos 80. Também gostei de algumas perseguições de carro – a sequência inicial é muito boa, assim como a que sucede o assalto à loja de penhores. A fotografia também é bem cuidada.

Mas é pouco. Muito pouco para um filme que está com nota 8,1 no imdb e que a respeitada crítica Ana Maria Baiana considerou o melhor de 2011. Acho que essas pessoas viram um filme diferente do que heu vi. Ou então elas curtem um filme onde nada acontece…