Eu Me Importo

Crítica – Eu Me Importo

Sinopse (imdb): Uma guardiã legal corrupta que drena as economias de seus curatelados encontra um desafio quando uma mulher que ela tenta enganar acaba sendo mais esperta do que parece à primeira vista.

Eu Me Importo (I Care a Lot, no original) é escrito e dirigido por J Blakeson, que dirigiu A Quinta Onda o que não é exatamente um bom título pra apresentar no currículo. Em defesa do cara, A Quinta Onda não foi escrito por ele. Já Eu Me Importo foi escrito e dirigido.

O ritmo do filme é bem legal. Logo de cara a gente já entende qualé a do esquema da protagonista Marla, e toda a sucessão de acontecimentos do filme é bem equilibrada.
Aliás, que personagem, e que interpretação. Rosamund Pike está excelente, cínica, com aquele sorriso maravilhoso e o penteado perfeito!

O elenco é a melhor coisa de Eu Me Importo. Não só a Rosamund Pike, o Peter Dinklage já tinha mostrado que era um grande ator (cabe trocadilho), ele era uma das melhores coisas de Game of Thrones, e aqui ele está sensacional como o mafioso anão zen. A Dianne Wiest também está ótima como a velha misteriosa. Do elenco principal, só Eiza Gonzalez que faz o feijão com arroz, mas me parece que a culpa é do roteiro e não da atriz.

Sobre o roteiro, tem duas coisas que não gostei, mas entendo que são coisas comuns em roteiros por aí. Uma delas é a conveniência de certos acontecimentos, tipo a falta de precisão dos criminosos – não entro em detalhes por causa de spoilers. Outro problema é que a Marla tinha um esquema muito bem arquitetado pra arriscar tudo por uma cliente. Mas… 1- ela explica por que ela quer insistir no caso, e 2- se não fosse isso não tinha filme…

Não gostei do fim do filme. Entendo que é difícil você ter um final politicamente correto quando os seus protagonistas são pessoas de moral duvidosa, mas, faz parte, acho que o final poderia ter pegado outro caminho. Mas não chegou a atrapalhar a experiência.
Eu Me Importo vale, nem que seja pela Rosamund Pike.

Os Garotos Perdidos

Crítica – Os Garotos Perdidos

Hora de rever mais um clássico oitentista!

Uma mãe recém separada se muda com seus filhos para Santa Clara, uma cidade que tem muitos jovens desaparecidos. Logo os irmãos descobrem que uma gangue de vampiros age na cidade, e Michael, o irmão mais velho, gradualmente começa a se tornar um deles.

É estranho rever Os Garotos Perdidos (Lost Boys, no original) hoje em dia. Por um lado, mesmo tendo momentos e personagens caricatos, é um filme que leva a sério o mito dos vampiros e não inventa modas – diferente de boa parte dos filmes atuais. Mas, por outro lado, o visual é tão datado que às vezes fica difícil de acompanhar sem rir do visual.

Os Garotos Perdidos é muito datado. Figurinos, cabelos, trilha sonora, tudo tem muita cara de anos 80. Mas, se a gente conseguir “comprar” a ideia, o filme é bem legal, e consegue um bom equilíbrio entre os momentos assustadores e os momentos bem humorados. Como se fazia muito naquela década, o filme é repleto de frases de efeito, e consegue ter trechos engraçados sem virar uma comédia.

A direção é de Joel Schumacher, num tempo em que ele ainda acertava. Preciso admitir que já fui fui fã do cara, por filmes como O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (1985), Linha Mortal (90) e Um Dia de Fúria (93) – mas hoje é impossível a gente não lembrar de seus dois filmes com o “Batman carnavalesco” (95 e 97). Enfim, apesar dos Batman, Schumacher tem talento (ou pelo menos tinha), e mostra isso aqui.

Ainda precisamos citar a fotografia, muito bem trabalhada, apesar de parecer oitentista demais. A trilha sonora também é muito boa. E os efeitos especiais são simples e eficientes.

O elenco é muito bom. Jason Patric, projeto de galã que nunca decolou alto, faz um dos irmãos; o outro, Corey Haim, também nunca foi um grande nome, apesar de alguns filmes legais no currículo. Kiefer Sutherland, o Jack Bauer em pessoa, faz o líder dos vampiros; Corey Feldman anda sumido, mas esteve em vários filmes importantes da época (Os Goonies, Gremlins, Conta Comigo). Jami Gertz parecia que ia virar uma estrela – ela também estava em Abaixo de Zero, A Encruzilhada e A Primeira Transa de Jonathan – mas sua carreira nunca vingou; Jamison Newlander tem uma carreira curiosa: só fez cinco filmes, sendo que três são da franquia Garotos Perdidos. Ainda no elenco, Dianne Wiest, Edward Herrman e Barnard Hughes.

Os Garotos Perdidos teve duas continuações, mas que curiosamente, só vieram mais de vinte anos depois do primeiro filme: Lost Boys 2 – The Tribe, de 2008, e Lost Boys 3 – The Thirst, de 2010. Existia um gancho para um quarto filme, mas até agora, nada.

Ao lado de A Hora do EspantoOs Garotos Perdidos continua sendo um dos meus filmes favoritos de vampiros dos anos 80!

Footloose (1984)

Crítica – Footloose (1984)

A refilmagem de Footloose já está disponível para download. Resolvi então rever o original, um dos meus filmes preferidos dos anos 80.

A trama é simples, e até meio clichê. Jovem meio rebelde se muda para uma cidadezinha de população com mentalidade retrógrada e bate de frente com uma lei local que proíbe a dança. Claro que rola um romance com a menina bonitinha que é filha do pastor que manda na comunidade. Claro que rola uma briga com o valentão ex-namorado da bonitinha. E claro que tudo acaba bem com todos dançando, agora dentro da lei. Previsível, mas nem por isso ruim.

O diretor é Herbert Ross, de Flores de Aço e O Segredo do Meu Sucesso, nada muito famoso hoje em dia. Já sobre elenco, tenho algumas coisas a falar. Em primeiro lugar, é curioso ver Kevin Bacon praticando ginástica olímpica e dançando daquele jeito. O cara tá aí até hoje, fez dezenas de filmes famosos, e não me lembro dele fazendo nada parecido em nenhum outro filme. Não é um John Travolta, por exemplo, que também tem uma carreira extensa, mas aparece dançando em vários filmes. E olha que Bacon dança muito bem!

Falando em Travolta, diz a lenda que ele foi chamado antes para o papel, mas recusou. Tom Cruise teria sido chamado, mas preferiu fazer All The Right Moves; Rob Lowe também, mas teria machucado o joelho. E Bacon teria largado Christine, o Carro Assassino para fazer Footloose. Já para o papel que ficou com Lori Singer, a lista é ainda maior: teria sido recusado por Daryl Hannah, Elizabeth McGovern, Michelle Pfeiffer, Jamie Lee Curtis, Meg Ryan, Jodie Foster, Tatum O’Neal e Brooke Shields.

Outro comentário é sobre os coadjuvantes. Todo mundo lembra dos principais, Kevin Bacon, Lori Singer, John Lithgow e Dianne Wiest. Mas poucos se lembram dos amigos, interpretados por Chris Penn e Sarah Jessica Parker. Sim, eles mesmos, o gordo Nice Guy Eddie de Cães de Aluguel e a líder das peruas de Sex And The City são os melhores amigos dos protagonistas aqui.

Um último comentário sobre o elenco: Lori Singer, que parecia uma Daryl Hannah genérica, sumiu. Antes disso, ela tinha feito O Homem do Sapato Vermelho, pouco depois fez Warlock – O Demônio, e em 93 esteve em Shortcuts. Nos anos 90, fez uns filmes meio vagabas como Sunset Grill e F.T,W., e depois sumiu. Pelo imdb, de 1998 pra cá ela fez um curta e um episódio de Law & Order. Só.

A trilha sonora é sensacional. Até hoje a música Footloose anima qualquer festa dançante. A música do Kenny Loggins é tão boa que aparece na cena final e na divertida abertura, que mostra closes de pés dançando. E não é só a música tema, o filme é recheado de músicas boas, como Almost Paradise (Mike Reno e Ann Wilson), Holding Out for a Hero (Bonnie Tyler), Let´s Hear It For The Boy (Deniece Williams) e I’m Free (outra do Kenny Loggins).

Não sei se falo só por mim, mas Footloose foi um dos filmes mais marcantes da minha adolescência. Momento “mico do blogueiro”: por causa deste filme, usei os cabelos arrepiados, num corte imitando o Kevin Bacon… Meu álbum de formatura na escola, em 1988, é uma prova disso…

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Reencontrando a Felicidade

Crítica – Reencontrando a Felicidade

Um casal tenta reconstruir a vida depois de perder o filho de quatro anos, morto atropelado.

Confesso que tinha dois receios para ver este filme. Um receio cinematográfico (pé atrás com o diretor John Cameron Mitchell), outro receio pessoal.

Vou abrir um “cantinho do desabafo” aqui. Este assunto é muito delicado pra mim. Minha filha mais velha nasceu com problemas cardíacos, e faleceu em 2003, com os mesmos quatro anos que o garoto do filme tinha. É sempre difícil pra mim ver um filme com o tema “morte de filho”. É complicado fazer uma crítica, porque o emocional sempre fala alto. Dito isso, posso dizer que entendo tudo o que Becca, a personagem de Nicole Kidman, está passando. Me vi na tela diversas vezes. Compartilho com Becca vários questionamentos, inclusive religiosos. Dá pra se escrever uma crítica assim? Bem, vou tentar…

Antes de tudo, preciso falar que o meu receio cinematográfico era infundado. Meu pé atrás com John Cameron Mitchell é porque o seu Hedwig é muito irregular, e o seu Shortbus pode até ser divertido, mas é uma grande picaretagem. Mas aqui ele faz um belo trabalho. Reencontrando a Felicidade é um filme sensível e bonito, dentro do que o assunto permite.

O roteiro, escrito por David Lindsay-Abaire (baseado na sua própria peça), é muito eficiente ao apresentar os traumas que afligem o casal. A história é triste, triste, mas em momento nenhum o filme é monótono.

O elenco é um dos pontos fortes do filme. Nicole Kidman arrebenta, foi até indicada para o último Oscar por este papel. Aaron Eckhart não fica pra trás, também está bem seguro como o pai que quer seguir com a vida. Ainda no elenco, Diane Wiest, Miles Teller e Sandra Oh.

Preciso ainda falar do título em português. Onde diabos está a tal felicidade? O garoto morreu, a família está caindo aos pedaços… Abaixo os nomes inventados!

Não tenho condições de recomendar este filme para ninguém. Mas admito que foi uma experiência forte.

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