Pobres Criaturas

Crítica – Pobres Criaturas

Sinopse (Festival do Rio): A fantástica evolução de Bella Baxter, uma jovem que é trazida de volta à vida pelo brilhante e pouco ortodoxo cientista Dr. Godwin Baxter. Sob a proteção de Baxter, Bella está ansiosa para aprender. Desejando conhecer mais sobre o mundo, Bella foge com Duncan Wedderburn, um advogado astuto e debochado, para uma aventura por vários continentes. Livre dos preconceitos de sua época, Bella se firma em seu propósito de defender a igualdade e a libertação.

Heu lembro de quando eu fui ver O Lagosta no Festival do Rio de 2015. Era um filme maluco com uma ideia maluca – uma sociedade onde se você chega a uma certa idade e não casou, você tem que ser transformado em um bicho. Não faz o menor sentido, mas dentro da lógica do filme funciona redondinho. A partir daí guardei o nome do diretor, Yorgos Lanthimos. E parece que não fui só heu, porque esse filme abriu as portas do cinema internacional pra ele, que então fez O Sacrifício do Cervo Sagrado e A Favorita – que concorreu a dez Oscars, incluindo melhor filme, melhor direção e melhor roteiro, e deu o Oscar de melhor atriz pra Olivia Colman.

E agora chega Pobres Criaturas (Poor Things, no original). Na minha humilde opinião, o seu melhor filme.

Pobres Criaturas não é um filme fácil. Não é fácil na forma, porque ele tem um visual esquisito, tem atuações esquisitas, tem personagens esquisitos, e também tem uma trilha sonora esquisita. Tudo no filme é esquisito! Além disso, não é fácil pela temática, porque a gente vê tabus sexuais sendo abordados de uma maneira nada convencional.

A história aqui é bem esquisita: um médico que é uma espécie de doutor Frankenstein, que faz experiências fora do convencional (por exemplo, ele tem bichos na casa dele que são misturados, como uma galinha com cabeça de porco ou um cachorro com cabeça de pato), faz uma experiência onde ele coloca o cérebro de um bebê na cabeça de uma mulher adulta.

Uma coisa que ajuda tudo a ficar estranho é que o diretor fica alternando a lente que ele usa para filmar. Às vezes ele usa lentes normais, outra vezes, lentes que distorcem a imagem (ele fez isso em A Favorita, com aquela lente “olho de peixe” que deixa as beiradas arredondadas). E ele ainda alterna entre colorido e preto e branco. Deve existir algum significado por trás dessas alterações todas, mas heu não captei.

Alguns cenários do filme tem um que de steampunk – ao mesmo tempo futurista e retrô. As cenas em Lisboa mostram um teleférico bem diferente do que estamos acostumados, e Alexandria tem um cenário impressionante. Também preciso dizer que curti muito a trilha sonora de Jerskin Fendrix – segundo o imdbd, é a sua primeira trilha!

O elenco todo está muito bem. William Dafoe está ótimo como sempre, Mark Ruffalo também está bem. Mas preciso falar da Emma Stone, que provavelmente vai concorrer ao Oscar por causa deste papel (ela já tem um por La La Land). Ela está sensacional, sua personagem tem uma evolução – ela começa agindo como se fosse uma criança e vai evoluindo ao longo do filme. E sim, o filme tem muitas cenas de nudez e muitas cenas de sexo.

O filme ainda aproveita pra levantar questões sobre determinados comportamentos sociais, como sexo, masturbação e a posição da mulher na sociedade. É daquele tipo de filme que fica martelando ideias na cabeça pelos dias posteriores.

Pobres Criaturas é sem dúvida um dos melhores filmes do ano. Pena que não dá pra recomendar pra qualquer um.

A notícia ruim é que, segundo o Filme B, Pobres Criaturas só estreia dia 01 de fevereiro do ano que vem. Vai demorar pra conseguir trocar ideias com alguém, assim como vai demorar pra conseguir rever o filme.

Cruella

Crítica – Cruella

Sinopse (imdb): Um longa-metragem de live action seguindo uma jovem Cruella de Vil.

Não curto muito essa nova onda de live actions da Disney. Lembro de um Podcrastinadores recente onde falamos de Aladdin, Rei Leão, Dumbo e Christopher Robin (do Ursinho Puff), e lembro que falei mal de todos eles. Também posso incluir o desnecessário A Bela e A Fera, longo e chato. Nem vi Mulan, Malévola 2 e A Dama e o Vagabundo, tamanho o desânimo. Mas resolvi dar uma chance pra Cruella.

Que bom que dei a chance. Cruella é ótimo!

Dirigido pelo pouco conhecido Craig Gillespie (Eu Tonya), Cruella tem uma tarefa difícil: fazer o espectador gostar de uma pessoa que maltrata cachorrinhos. Olha, dá pra curtir a personagem, mas a gente precisa esquecer a Cruella do desenho. O filme Cruella funciona sozinho, mas não pode ser visto junto com o desenho clássico. Spoiler do bem: a Cruella do filme não mata nenhum cachorro!

(Sei que tiveram dois filmes, em 96 e 2000, mas nem me lembro direito, então minha referência continua sendo o desenho de 1961).

A Cruella da Emma Stone parece uma versão da Arlequina da Margot Robbie, uma vilã simpática e maluquinha, e, principalmente muito carismática – algo essencial para o grande público gostar de uma personagem má. E Emma Stone está fantástica! Às vezes um pouco exagerada, mas mesmo nesses momentos de over acting, ela funciona bem dentro da proposta da personagem. Aliás, a outra Emma, Emma Thompson também está ótima como a vilã mais vilã que a vilã protagonista. Também no elenco, Joel Fry, Paul Walter Hauser, Mark Strong, John McCrea e Kirby Howell-Baptiste.

Claro, precisamos falar também dos cachorros! Não sei o que foi cgi ou o que foi cachorro treinado (hoje em dia não duvido de nada), mas temos várias cenas divertidas com participações dos cachorros. As melhores são com o Wink, o cachorrinho de tapa olho.

Ah, a trilha sonora! Que trilha sonora fantástica! Deep Purple, Queen, Supertramp, Bee Gees, Blondie, The Clash, Black Sabbath, Rolling Stones, J Geils Band, versões de Beatles e Led Zeppelin, e todas se encaixam perfeitamente no filme! Se fosse nos anos 90, provavelmente ia comprar o cd com a trilha sonora e ficar ouvindo no carro, como fazia com as trilhas de Forrest Gump e Pulp Fiction.

Outro destaque, claro, são os figurinos e penteados, além de uma excelente reconstituição de época dos anos 70. Filmes lançados nesta época do ano nem sempre são lembrados na época do Oscar, mas Cruella deve ter indicações à estatueta!

Nem tudo é perfeito. Às vezes o tom fica um pouco bobo, afinal, é um prequel para um desenho animado, então algumas cenas são meio sem graça. Mas nada que atrapalhe o bom resultado final.

E, atenção! Tem uma cena pós créditos que liga o filme diretamente ao desenho!

A Favorita

Crítica – A Favorita

Sinopse (imdb): No início do século XVIII na Inglaterra, uma frágil rainha Anne ocupa o trono e sua amiga mais próxima, Lady Sarah, governa o país em seu lugar. Quando chega uma nova serva, Abigail, seu charme a leva a Sarah.

Estranhei quando vi o nome do diretor Yorgos Lanthimos aqui. Lembro de quando vi O Lagosta no Festival do Rio, gostei do estilo esquisitão do diretor e fiquei de catar outros filmes dele, como Dente Canino ou O Sacrifício do Cervo Sagrado (filme que já me foi recomendado mais de uma vez). Ok, ainda não vi os outros, mas aproveitei para conferir este A Favorita, badalado na atual temporada de prêmios (está concorrendo a dez Oscars).

Olhando de longe, A Favorita (The Favourite, no original) parece ser mais próximo de um Ligações Perigosas ou um Valmont, dramas de época com tramas cheias de intrigas. Sim, é um drama de época com trama cheia de intrigas. Mas… olhando de perto, também é esquisitão – como gosta o diretor.

Duas coisas chamam a atenção logo de cara. Primeiro, o cuidado com a produção. Os figurinos são exuberantes, e os cenários, grandiosos. Quase toda a luz usada é natural (luz do dia para externas, lareiras e velas para internas), o que deu um charme todo especial à fotografia do filme.

A outra coisa que chama a atenção são as lentes usadas. Temos várias cenas com lente grande angular, em algumas, os cantos da tela chegam a ficar arredondados (aquele efeito “olho de peixe”). Se isso já parece estranho com a câmera parada, quando temos uma câmera rodando dentro do cenário, o desconforto é ainda maior.

O trio principal de atrizes é excelente. Olivia Colman, Emma Stone e Rachel Weisz estão ótimas, é até difícil destacar qual está melhor – tanto que as três estão indicadas ao Oscar. Também no elenco, Nicholas Hoult, James Smith e Mark Gattis.

É. Gostei de O Lagosta e de A Favorita. Preciso ver O Sacrifício do Cervo Sagrado assim que possível…

La La Land: Cantando Estações

La La LandCrítica – La La Land: Cantando Estações

Em Los Angeles, um pianista de jazz que sonha em ter a sua própria casa noturna se apaixona por uma aspirante a atriz.

La La Land: Cantando Estações (La La Land, no original) chamou atenção quando ganhou sete Globos de Ouro: melhores filme, ator e atriz (comédia ou musical); diretor, roteiro, trilha sonora e canção. Ok, a gente sabe que a premiação do Globo de Ouro separa os filmes musicais dos dramas, é “mais fácil” ganhar um prêmio quando não é drama (onde normalmente estão os principais candidatos). Mas se a gente lembrar que os cinco prêmios mais importantes do Oscar são filme, diretor, roteiro, ator e atriz,  La La Land se saiu MUITO bem no Globo de Ouro.

(Atualizando: saiu a lista dos indicados ao Oscar, La La Land concorre a 14 estatuetas – número recorde, nunca um filme concorreu a 15. As chances de Oscar são bem grandes.)

La La Land foi escrito e dirigido por Damien Chazelle, o mesmo de Whiplash. Seu novo filme é um “musical clássico”, daqueles que as pessoas param de falar, começam a cantar e dançar, e, quando a música acaba, tudo volta ao normal. A boa notícia é que as músicas são muito boas, dá vontade de caçar o cd com a trilha sonora quando saímos do cinema.

Não só o filme é alegre, colorido e empolgante, como a parte técnica também é excelente. Vemos vários planos sequência complexos, cheios de coreografias de dança e sapateado!

Ainda sobre a parte técnica, queria falar sobre o Ryan Gosling tocando piano. Chazelle declarou que tudo o que vemos na tela foi realmente tocado pelo ator. Olha, posso garantir que o que vemos não é resultado de apenas alguns meses de prática. Quem toca aquilo no piano estudou por anos. Ou seja: ou Gosling já tocava piano antes, ou tem um dublê de mãos inserido digitalmente.

Ah, o elenco. Ryan Gosling não é um ator muito versátil, ele costuma ter a mesma “cara de paisagem” em todos os filmes (sempre lembro dele nos filmes Drive e Só Deus Perdoa, onde ele usa a mesma expressão durante todo o filme). Mas aqui ele está bem, ele toca piano, canta, dança sapateia, e, apesar de continuar com cara de paisagem, não incomoda. Emma Stone também está bem. Nenhum dos dois tem um vozeirão, mas os arranjos foram feitos respeitando as suas extensões vocais, então tudo desce redondinho (apesar do grave de Gosling ser bastante fraco). J.K. Simmons, que ganhou um Oscar trabalhando com Chazelle, aparece num pequeno papel; o músico John Legend também tem um papel importante.

Claro que tem gente que não suporta musicais e vai passar longe. Mas quem não tiver preconceito verá o primeiro grande filme de 2017.

O Espetacular Homem-Aranha 2 – A Ameaça de Electro

0-HA2

Crítica – O Espetacular Homem Aranha 2 – A Ameaça de Electro

E vamos à segunda parte do reboot que ninguém pediu…

Peter Parker adora sua vida de Homem Aranha, balançando entre os prédios de Nova York e passando tempo com sua namorada Gwen Sacy. Mas ser um super heroi tem um preço: ele precisa proteger a população dos super vilões. E quando seu velho amigo Harry Osborn volta, Peter descobre que todos os seus inimigos têm uma coisa em comum: a Oscorp.

No meu texto sobre o filme anterior já falei mal do timing deste reboot, então não serei repetitivo. Não concordo com o reboot tão próximo da trilogia terminada em 2007, mas pelo menos a notícia é boa: O Espetacular Homem Aranha 2 – A Ameaça de Electro é um bom filme.

Mais uma vez dirigido por Mark Webb, o filme traz sequências extremamente bem feitas do Homem Aranha se movimentando pendurado nas teias, sempre pontuadas pelo bom humor dos comentários do personagem. Não sei se diria isso sobre o próprio Homem Aranha, mas pelo menos os efeitos especiais são “espetaculares”.

O roteiro tem falhas, mas traz uma coisa que gostei muito: a coragem de matar um personagem importante, coisa incomum em filmes de super herois. E a cena toda é muito boa, talvez a melhor do filme.

Bom filme, mas longe de ser perfeito. O Espetacular Homem-Aranha 2 sofre problemas sérios de ritmo, e é longo demais – as duas horas e vinte e dois minutos são intermináveis. E, na boa? Não precisava do terceiro vilão no finzinho. Principalmente porque já divulgaram que serão quatro em vez de três filmes.

Também tem o lance da idade do ator. Andrew Garfield está com 30 anos, então, por mais que seja um bom Peter Parker perde credibilidade por estar muito velho para o papel. Afinal, um cara que termina o segundo grau com trinta anos não pode ser chamado de inteligente, certo?

(Dane DeHaan, o Harry Osborn, por outro lado, tem 27 mas tem cara de moleque. Esse funciona para o papel, apesar de ser mais velho. Além disso, mostra que é um bom ator.)

Dois comentários sobre o elenco: achei um desperdício usar o talento de um cara como o Jamie Foxx para aparecer em três ou quatro cenas rápidas e depois transformá-lo em cgi. Electro é um bom vilão, mas não exige nada do ator. E colocar um ator do calibre do Paul Giamatti naquela cena inicial foi um grande spoiler. Claro que ele voltaria!

(Só heu achei que os vilões parecem reciclados de outros filmes? Electro parece o Dr. Manhattan de Watchmen; o Duende Verde é a cara do Evil Ed de A Hora do Espanto…)

Emma Stone e Sally Field estão bem, de volta aos seus papeis do filme anterior. Ainda no elenco, Felicity Jones, Colm Feore e Marton Csokas. E, claro, tem uma ponta do Stan Lee.

Ah, o 3D. Sempre falo que o único tipo de 3D que vale a pena é o que usa o “fator parque de diversões”, aquele que joga objetos em direção à tela. Bem, O Espetacular Homem-Aranha 2 tem algumas cenas assim. A cena da teia sendo arremessada em câmera lenta na queda livre ficou bem legal. Mas, mesmo assim, não acho que vale pagar mais caro só por isso.

Por fim, a cena depois dos créditos é boa, mas não tem nada a ver com o filme. É apenas um trailer do próximo X-Men. Admito que achei decepcionante.

p.s.: Este texto foi escrito meses atrás, mas estava perdido nos rascunhos do site. Peço desculpas pelo atraso!

Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

birdmanCrítica – Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Outro dia falei de como o cgi mudou o plano sequência. E agora estreia talvez o exemplo mais impressionante (até agora) da história do plano sequência no cinema: Birdman!

Um ator que fez sucesso interpretando um super herói caiu no esquecimento quando se recusou a estrelar o quarto filme com o personagem. Em busca da fama perdida e do reconhecimento, ele decide roteirizar, dirigir e estrelar uma adaptação de um texto consagrado para a Broadway.

O diretor Alejandro González Iñárritu conseguiu um resultado impressionante com o seu plano sequência megalomaníaco que mostra os bastidores de uma peça teatral, num interessante exercício de metalinguagem. Birdman tem quase duas horas (119 min) e é basicamente um único plano sequência – no fim do filme, temos alguns planos curtos, e logo depois volta o plano sequência. Mas o filme não é um plano sequência convencional, existem passagens temporais (mesmo sem cortes visíveis na imagem) – o filme todo se passa ao longo de três dias.

Aliado a este impressionante exercício técnico, temos um ótimo elenco, com atores inspirados. Michael Keaton está impressionante e é candidato fortíssimo ao Oscar de melhor ator mês que vem. Talvez ele estivesse inspirado pelo “fantasma do Batman” – durante o filme inteiro, o protagonista dialoga com o seu alter ego. Edward Norton e Naomi Watts também estão excelentes, mas isso não é surpresa, todos sabem que são grandes atores; quem surpreende é Zach Galifianakis, num papel diferente do “gordo bobão” de sempre. Ainda no elenco, Emma Stone, Andrea Riseborough e Amy Ryan.

A trilha sonora também merece destaque. Quase todo o filme é sublinhado por uma nervosa trilha percussiva – praticamente só se ouve bateria. Detalhe: por duas vezes vemos o baterista ao fundo da cena quando a câmera passa (outro genial exemplo de metalinguagem). E a fotografia ficou a cargo de Emmanuel Lubezki, que ganhou o Oscar ano passado por Gravidade (coincidência ou não, dois filmes dirigidos por mexicanos) . Por fim, os efeitos especiais: não só o cgi ajudou na edição do plano sequência de “cortes invisíveis”, como ainda está presente em detalhes fundamentais da trama, ilustrando o conflito interno do protagonista com o seu alter-ego (e, em uma cena em particular, pra parecer que estamos realmente vendo um filme de super-heróis).

Sobre o gênero, é difícil classificar Birdman. Não é exatamente uma comédia, mas alguns trechos são muito engraçados – a sequência onde Rigman passeia pela Times Square porque ficou preso fora do teatro é hilária! Mas quem for ao cinema esperando uma comédia pode se decepcionar.

Birdman está concorrendo a 9 Oscars: filme, direção, roteiro original, ator (Michael Keaton), ator coadjuvante (Edward Norton), atriz coadjuvante (Emma Stone), fotografia, som e edição de som. Não será surpresa se for o grande vencedor da noite no próximo dia 22.

Por fim: o subtítulo nacional é horrível, mas não é culpa dos tradutores. O nome original é “Birdman: or (The Unexpected Virtue of Ignorance)”.

Caça Aos Gângsteres

Crítica – Caça Aos Gângsteres

Los Angeles, 1940. Mickey Cohen, um dos líderes da máfia do Brooklyn, decide expandir suas atividades pelo oeste dos Estados Unidos. Um grupo especial da polícia é encarregado de capturá-lo.

Bom elenco, excelente ambientação de época… Mesmo assim, Caça Aos Gângsteres (Gangster Squad, no original) ficou devendo.

O diretor Ruben Fleischer (Zumbilândia) fez um bom trabalho no visual do filme – além de uma câmera lenta bem utilizada, várias sequências são esteticamente muito bonitas. Some-se a isso uma reconstituição de época bem cuidada e temos um filme onde o visual chama a atenção.

Mas, por outro lado, o roteiro é muito fraco. Não só toda a trama é previsível, como todos os personagens são unidimensionais – isso porque não estou falando do maniqueísmo onde os maus são muito maus e os bons são perfeitos.

Pior que o elenco é bom. Acho uma pena ver Sean Penn desperdiçado como um vilão esquecível (Mickey Cohen existiu de verdade, mas os fatos aqui são ficção); enquanto parece que Emma Stone só aparece pra mostrar uma menina bonitinha. Ryan Gosling é badalado atualmente, mas não consigo entender por que, ele fica o filme inteiro com a mesma cara de paisagem que faz em todos os seus filmes (Gosling me parece uma versão masculina da Kirsten Stewart, um rostinho bonito que não consegue fazer uma expressão). Ainda no elenco, Josh Brolin, Nick Nolte, Giovanni Ribisi, Robert Patrick, Anthony Mackie e Michael Peña – todos mal aproveitados.

Por fim, o nome nacional mais uma vez enfraquece a ideia do filme. “Esquadrão de Gângsteres” é porque eles agem paralelamente à lei. “Caça aos Gângsteres” não chega a ser errado, mas passa uma ideia diferente da original.

Enfim, plasticamente, Caça Aos Gângsteres é bonito. Mas trata-se de um filme vazio. É preferível rever Os Intocáveis.

Para Maiores

Crítica – Para Maiores

Fiquei dividido quando vi o trailer deste Para Maiores (Movie 43, no original). Por um lado, o elenco é um dos mais impressionantes que já vi. Por outro lado, o filme parecia ser uma comédia apelativa muito ruim.

Para Maiores é uma série de doze filmes curtos, todos de comédia, sempre usando humor ofensivo. Os filminhos são independentes entre si.

O formato lembra os divertidos Kentucky Fried Movie e As Amazonas da Lua – principalmente o segundo, pelo elenco estelar. A diferença é que Para Maiores é uma comédia sem nenhuma boa piada. Parece que os idealizadores procuraram a polêmica em vez do engraçado. O humor é grosseiro, adolescente – e bobo.

E, inexplicavelmente, o elenco conta com Kate Winslet, Hugh Jackman, Naomi Watts, Halle Berry, Emma Stone, Anna Faris, Gerard Butler, Johnny Knoxville, Sean William Scott, Chloe Grace Moretz, Chistopher Mintz-Plasse, Elizabeth Banks, Josh Duhamel, Richard Gere, Kate Bosworth, Kristen Bell, Leslie Bibb, Uma Thurman, Jason Sudeikis, Liev Schreiber, Justin Long, Terrence Howard, Patrick Warburton, Katrina Bowden e Jack McBryar, entre outros. Como convenceram essa galera a entrar nessa roubada?

Entre os diretores, alguns nomes também surpreendem. Ok, um nome como Peter Farrelly (Quem Vai ficar Com Mary) é coerente. Mas o que os atores Elizabeth Banks e Griffin Dunne estão fazendo dirigindo filminhos aqui?

Pelo imdb, tem gente dizendo que o filme é “ofensivo”. Sim, é. Para Maiores é um mix de vários tipos de piadas de baixo calão. Mas este não é o problema. O problema é ser uma comédia sem graça. Ted, uma das comédias mais divertidas do ano passado, tinha humor grosseiro e politicamente incorreto, mas era um filme engraçado. Não tenho nada contra humor grosseiro; mas tenho tudo contra humor sem graça. Só adolescentes descerebrados vão achar graça em piadas com fezes, menstruação, testículos ou pelos pubianos.

Enfim, dispensável.

p.s.: Descobri que existem duas versões do filme. Segundo o imdb, o filme é guiado por um segmento estrelado por Dennis Quaid e Greg Kinnear, que não está no arquivo disponível nos torrents por aí. No lugar, tem um filmete bobo estrelado por adolescentes. Não sei por que as versões diferentes. Mas, de qualquer maneira, duvido que o segmento de Quaid e Kinnear seja bom…

Os Croods

Crítica – Os Croods

Filme novo da Dreamworks!

Após ver sua caverna destruída, uma família de homens das cavernas sai à procura de um novo lar no meio de um estranho mundo novo, com a ajuda de um jovem criativo.

Quando a Dreamworks e a Pixar apareceram, surgiu um novo padrão nos longa metragem em animação. Mas parece que com o passar dos anos a Dreamworks assumiu o posto de segundo lugar. Enquanto a Pixar continua nos surpreendendo quase sempre, a Dreamworks mais uma vez apresenta um filme meia bomba.

Os Croods não é ruim, longe disso. É divertido, com bons personagens, e tecnicamente bem feito. Mas o problema é que hoje em dia estamos mal acostumados, e quando aparece um novo longa de animação, a gente espera ser surpreendido. E Os Croods não surpreende nada. É um bom desenho, e só.

Tem uma outra coisa que me incomodou um pouco: a ambientação do filme no “fim do mundo”. Como é um desenho pra crianças, precisa de um final feliz. Mas aqueles meteoritos caindo pouco antes do fim do filme deixam claro que aquela família não sobreviveria. Além da suspensão de descrença pra ver um bebê correndo rápido como um animal ou pessoas caindo de grandes alturas sem se machucar, precisamos de mais suspensão de descrença pra acreditar que o mundo só acabou pela metade.

Mesmo assim, o filme é bem divertido. Algumas situações são hilárias – a preguiça “Braço” é um excelente alívio cômico. E a parte técnica é de cair o queixo, tanto em cenas de ação (como a perseguição no “café da manhã”), quanto em cenários e bichos estranhos e coloridos. E o 3D é muito bem feito.

(O elenco original é estelar – Nicolas Cage, Emma Stone, Ryan Reynolds, Cloris Leachman, Catherine Keener e Clark Duke. Mas vi a versão dublada, então não posso palpitar aqui.)

Pena que ao fim da projeção fica aquela sensação de que faltou alguma coisa. Espero que Monsters University e Meu Malvado Favorito 2 nos surpreendam!

p.s.: No fim dos créditos rola uma piadinha rápida, mas nada demais.

O Espetacular Homem Aranha

Crítica – O Espetacular Homem Aranha

Ué, como assim, já tem reboot da franquia Homem Aranha? É, ninguém pediu, mas já está em cartaz nos cinemas o primeiro filme de uma nova trilogia…

Peter Parker, um estudante meio nerd, descobre uma maleta que pertenceu a seu pai, que desapareceu quando ele era criança. Começa então a investigar o caso – o que o leva ao laboratório do Dr. Curt Connors, antigo sócio de seu pai, onde acaba sendo picado por uma aranha e ganhando super poderes.

O Espetacular Homem Aranha não é ruim. Mas tem um grave problema: perde na comparação inevitável com a trilogia dirigida por Sam Raimi.

Na minha humilde opinião, o timing deste reboot foi um erro grave. Os filmes da trilogia de Raimi foram lançados em 2002, 04 e 07. Se a qualidade do terceiro filme é questionável, o mesmo não acontece com os dois primeiros, reverenciados pela crítica e pelos fãs do heroi. E isso tudo é muito recente, os filmes estão por aí em dvd e blu-ray, e em reprises constantes na tv. É muito cedo pra se falar em reboot! É muito cedo para vermos exatamente a mesma história!

Provavelmente os produtores se inspiraram no “caso Batman”. Em 1989 e 92, Tim Burton fez dois bons filmes com o Homem Morcego, mas em 95 e 97, Joel Schumacher “cometeu” duas atrocidades, o ruim Batman Eternamente e o péssimo Batman e Robin. Até que em 2005 Christopher Nolan salvou a reputação do Morcegão, com o excelente reboot Batman Begins. Ou seja, não só esperamos mais tempo entre os primeiros filmes e o reboot, como a saga estava com a moral lááá embaixo… O que não é exatamente o caso do Aranha!

Um dos argumentos que li por aí é que Tobey Maguire (o Peter Parker da trilogia “antiga”) já estava velho para continuar interpretando o papel. Tanto no filme de 2002 quanto neste O Espetacular Homem Aranha, Parker deveria ter por volta de 17 anos, ainda cursando o último ano da escola. Ok, Tobey está velho, acabou de fazer 37 anos, então tem sentido pegar um ator mais novo para o papel. Mas, péra aí, por que Andrew Garfield foi escalado? Será que ninguém reparou que ele tem quase 30 anos? (Garfield faz 29 anos mês que vem!). Ou seja, mais uma vez, Hollywood ignorou as idades dos personagens na hora de contratar os atores. A cena que Emma Stone, com quase 24 anos, grita “eu tenho 17 anos” me deu vontade de rir…

A direção ficou nas mãos do pouco experiente Mark Webb (500 Dias Com Ela) – este é seu segundo longa (Sam Raimi dirigiu nove filmes antes do primeiro Homem Aranha). Webb não faz feio, algumas sequências do Aranha pulando de prédio em prédio, com a câmera na primeira pessoa, ficaram bem legais. Mas… Não sei se foi culpa dele ou do roteiro de James Vanderbilt, Steve Kloves e Alvin Sargent, mas o filme tem sérios problemas de ritmo. Algumas coisas são jogadas sem explicação – por exemplo, como um adolescente de 17 anos consegue costurar tão bem e criar uma maquininha que joga teias? (A solução para as teias do filme de 2002 é diferente do que acontece nos quadrinhos, mas é algo bem mais crível). E em alguns momentos, o filme é leeento. Resultado: suas duas horas e 16 minutos se tornam cansativas, diferente de outros filmes recentes de super herois, mais longos, mas onde o tempo passa e a gente nem sente (Batman Begins tem duas horas e vinte; Os Vingadores tem duas horas e vinte e três).

O elenco está ok. Acho que Andrew Garfield é um pouco velho demais para o papel, mas ele pelo menos é bom ator. O mesmo digo sobre Emma Stone. E gostei de ver Martin Sheen como o tio Ben. Ainda no elenco, Rhys Ifans, Sally Field, Denis Leary, Chris Zylka e C. Thomas Howell num papel pequeno mas importante. E, claro, uma hilária ponta de Stan Lee, o criador do personagem.

Não sou leitor dos quadrinhos, então não posso comparar sob este ângulo. Alguns amigos meus disseram que está fiel aos quadrinhos, outros disseram o contrário… Como filme, independente da adaptação, O Espetacular Homem Aranha pode até funcionar. Mas só pra quem não viu a trilogia anterior. O que é difícil, porque quem é fã do personagem com certeza viu, e quem não dá bola nem vai ver esse…

Ah, claro, como sempre acontece nos filmes da Marvel, tem uma cena depois dos créditos. Mas não é nada demais, apenas um gancho para a continuação…

.

.

Se você gostou de O Espetacular Homem Aranha, o Blog do Heu recomenda:
Os Vingadores
Batman – O Cavaleiro das Trevas
Homem de Ferro