O Círculo

O CírculoCrítica – O Círculo

Uma jovem consegue um trabalho de sonho em uma poderosa empresa de tecnologia chamada Círculo, e acaba descobrindo uma ferramenta que afetará a vida de toda a humanidade.

Sabe quando um filme parte de uma premissa boa, mas o resultado final é maomeno? É o caso aqui.

A ideia inicial é meio Black Mirror, um mundo onde uma rede social tipo o Facebook domina a maior parte da sociedade. Conhecemos as entranhas da empresa, incluindo as reuniões dos cabeças para que a empresa cresça no seu plano megalomaníaco de conquistar o mundo meio Pinky e Cérebro. Essa é a parte interessante do filme, porque acredito que empresas como o Google e o próprio Facebook devem testar estratégias parecidas.

Mas durante o filme o roteiro pega alguns caminhos que atrapalham tudo. O foco deixa de ser o Círculo e passa a ser a mocinha. E aí aparecem situações mal desenvolvidas, como todo o relacionamento entre a protagonista e o personagem do John Boyega; ou a repentina mudança de atitude da personagem de Karen Gillan. Isso sem falar do final do filme, tão inocente que parece tirado de um desenho animado pra tv.

O elenco se baseia em dois grandes nomes: Tom Hanks e Emma Watson. Hanks está bem como sempre, mas nada que lhe renda mais uma indicação ao Oscar; gostei de ver Emma sem o sotaque britânico de sempre, mas também nada de mais. Também no elenco, além do já citados John Boyega e Karen Gillan, Patton Oswalt e Ellar Coltrane. A nota triste é que Glenne Headly e Bill Paxton – os pais – faleceram pouco depois deste filme.

Não chega a ser ruim, mas fica aquela sensação de que poderia ter sido bem melhor…

A Bela e a Fera

a-bela-e-a-feraCrítica – A Bela e a Fera

(Antes de tudo, preciso falar que não gosto desta história. Numa sociedade que briga pelos direitos das mulheres, acho um retrocesso uma princesa que só gosta do príncipe porque ele é rico. Estamos ensinando nossas filhas a serem interesseiras? Isso porque não estou falando da Síndrome de Estocolmo! Mas, vamos ao filme…)

Adaptação do conto de fadas onde uma jovem e um príncipe monstro se apaixonam.

A Disney é especialista na arte de fazer dinheiro. A novidade (de uns anos pra cá) é criar versões live action (com atores) dos desenhos clássicos. Já tivemos Malévola, Cinderela e Mogli. Agora chegou a vez de A Bela e a Fera.

O risco de adaptar A Bela e a Fera era um pouco maior. Não só é mais recente (1991), como é um filme historicamente importante na linha do tempo da Disney – depois de uma década de 80 com pouco sucesso artístico e comercial (época de O Cão e a Raposa, O Caldeirão Mágico e As Peripécias do Ratinho Detetive), A Bela e a Fera não só foi um grande sucesso de bilheteria como também concorreu a seis Oscar (incluindo melhor filme – a primeira vez que uma animação concorreu ao prêmio principal) e ganhou as estatuetas de trilha sonora e canção. E ainda ajudou a firmar a Disney no topo novamente (logo antes tivemos A Pequena Sereia, logo depois, Alladin e O Rei Leão). Ou seja, um marco.

Bem, acredito que quem gostou do desenho não vai se decepcionar. Todas as músicas estão lá e algumas sequências foram recriadas fielmente. Aposto como vai ter fã chorando de emoção. Porém… o grande mérito é, ao mesmo tempo, um problema. Porque, na comparação, o filme perde para o desenho.

O filme é muito mais longo que o desenho (45 minutos!). Como era previsível, temos músicas novas (uma música só concorre ao Oscar se for feita para o filme, por isso adaptações sempre trazem pelo menos uma música inédita). E essas músicas novas não são tão cativantes quanto as do filme dos anos 90.

Outro problema do filme é a caracterização da Fera. Em vez de maquiagem, a produção optou por captura de movimentos. Mas o resultado ficou bem artificial. E pensar que há mais de 30 anos o Michael Jackson usou maquiagem no videoclipe de Thriller e ficou infinitamente melhor…

Os efeitos especiais são muito bons. Os coadjuvantes Lumiere (o candelabro) e Cogsworth (o relógio) são perfeitos! Já o bule Ms. Potts ficou esquisito, porque tem olhos e bocas desenhados, foge ao padrão que todos os outros objetos usam.

A direção ficou com Bill Condon, que tem um Oscar pelo roteiro de Deuses e Monstros, mas já trabalhou com musicais: escreveu o roteiro de Chicago e dirigiu Dreamgirls. Mas não podemos nos esquecer que o cara também dirigiu dois CrepúsculosA Bela e a Fera se aproxima mais destes últimos…

O elenco é muito bom. Mas o destaque não está com os protagonistas. Sempre canastrão, Luke Evans está ótimo como Gaston, e digo o mesmo sobre o LeFou de Josh Gad, aqui abertamente assumindo ser gay (fato que irritou alguns fãs xiitas, mas não me incomodou). Os coadjuvantes / objetos (Ewan McGregor, Ian McKellen, Emma Thompson, Stanley Tucci e Gugu Mbatha-Raw), que só mostram a cara no fim, também estão bem. Emma Hermione Watson está bem, mas nada demais (ela não tem uma grande voz, mas não atrapalha); Dan Stevens (quem?) fecha o elenco principal, interpretando a Fera.

Enfim, como disse lá em cima, quem curtiu a versão dos anos 90 vai se divertir. Mas ainda acho melhor rever o desenho.

Noé

0-noe1Crítica – Noé

Novo blockbuster bíblico?

Um homem é escolhido por Deus para uma missão de resgate de todos os animais da Terra, antes que um dilúvio apocalíptico destrua o planeta.

Tem gente achando que é um blockbuster, né? Ué, não viram quem é o diretor? Darren Aronofsky, o mesmo de Pi e Réquiem Para um Sonho? Claro que o filme não será convencional!

Noé falha logo de cara, no seu conceito mais básico. É uma história bíblica, todo mundo conhece, então não dá pra inventar muita coisa. Agora, se o Darren Aronofsky queria inovar, deveria ter chamado o seu filme de outro nome, como “Norberto” ou “Nerval”. Porque Noé, o filme, parece que se passa em outro planeta. Vemos estrelas no céu mesmo de dia, e gigantes de pedra, com quatro braços e olhos luminosos, dividem as terras com os humanos.

Me parece que Aronofsky quis criar um clima onírico, talvez pra justifcar as viagens de ácido que tem no roteiro (co-escrito por ele mesmo). Afinal, fica mais fácil “comprar a ideia” de um dilúvio onde a água também brota do chão ou uma fumacinha mágica que faz os animais chaparem por tempo indeterminado – serve para TODOS os animais, mamíferos, aves, répteis, mas não afeta os humanos.

Ainda tem o personagem Matusalém, interpretado pelo grande Anthony Hopkins. A melhor definição para este personagem ouvi do meu amigo Eduardo Miranda: Matusalém é o Mestre dos Magos! Não só ele é careca em cima da cabeça mas com longos e lisos cabelos brancos na laterais, como é um velhinho que aparece apenas em momentos-chave, capaz de mágicas poderosas que resolvem problemas pontuais, mas que sempre fala frases incompletas e some logo depois. Pô, se a mágica do Matusalém é tão poderosa, por que ele não ajuda na hora do pega pra capar?

(E por que Noé o deixou de fora da arca é outra coisa que nem vou perguntar…)

O resto do elenco parece tão perdido quanto Hopkins. Russell Crowe me parece um pouco “gladiador” demais, sempre imaginei Noé como um velho sábio e tranquilo. Jennifer Connelly e Emma Watson estão desperdiçadas em papeis sem sal. Ray Winstone está bem até começar a chuva, depois seu papel vai ladeira abaixo. Logan Lerman e Douglas Booth parece que só estão no filme por serem rostos bonitinhos. E diz a lenda que temos as vozes de Nick Nolte e Frank Langella como vozes dos monstros de pedra, mas as vozes têm tantos efeitos que na verdade tanto faz quem dublou.

Ainda sobre a arca: o roteiro vai tropeçando até o dilúvio. Mas o filme piora muito quando toda a ação vai para dentro da arca. Spoiler leve: tem personagem desnecessário escondido na arca, tire o personagem, nada muda no rumo do filme.

Outro problema: Noé tem um maniqueísmo que chega a incomodar. Todos os descendentes de Caim são malvados que merecem ser varridos da face da Terra por uma enchente gigantesca – aparentemente só porque não são vegetarianos, segundo o filme, comer carne deve ser um pecado tão terrível que leva os pecadores direto ao inferno. Já o descendente de Seth pode ameaçar matar crianças que não deixa de ser o “mocinho”.

Nem tudo é ruim. Os efeitos especiais são excelentes. Parece que não tinha nenhum animal no set de filmagens, é tudo cgi – e são perfeitos! Os efeitos que mostram a criação dos monstros de pedra também foram impressionantes. O dilúvio em si também é muito bem feito. E tem uma breve sequência muito boa que mostra guerras ao longo dos tempos.

Mas é pouco, muito pouco. Noé está sendo vendido como um grande blockbuster, e está longe disso. E isso porque nem vou entrar na polêmica religiosa. Desculpem o trocadilho óbvio, mas Noé vai naufragar nas bilheterias…

É o Fim

Crítica – É o Fim

Uma comédia apocalíptica com humor negro e politicamente incorreto onde atores famosos interpretam eles mesmos? Quero ver isso!

Jay Baruchel viaja até Los Angeles para visitar seu amigo Seth Rogen. Lá, eles vão a uma festa na casa de James Franco. Mas durante a festa, começa o apocalipse bíblico!

É o Fim (This is the End, no original) foi escrito e dirigido por Seth Rogen e Evan Goldberg, que também escreveram juntos Segurando as Pontas e Superbad. Eles aproveitaram os amigos e fizeram essa divertida farra.

O grande barato de É o Fim é mostrar atores se sacaneando e interpretando versões caricatas deles mesmos. Eles não poupam nem piadas sobre seus próprios defeitos e fracassos de bilheteria. Aliás, me questiono se eles pensam nas próprias imagens, porque quase todas as piadas do filme são sobre drogas ou sexo… Mas parece que eles não estão preocupados com isso, afinal o elenco é invejável: Seth Rogen, James Franco, Jay Baruchel, Danny McBride, Jonah Hill, Craig Robinson, Emma Watson, Rihanna, Michael Cera, Jason Segel, Chaning Tatum, Christopher Mintz-Plasse e Paul Rudd, entre vários outros.

Claro que o humor nem sempre “desce redondo”. Algumas piadas, além de grosseiras, são sem graça – aquela discussão envolvendo a revista pornô foi desnecessária. Mas, no geral, gostei. É bom saber que o bom e velho humor politicamente incorreto ainda está vivo!

Resumindo: quem gosta de ver gente que não se leva a sério vai gostar. Mas aqueles que preferem comédias mais convencionais devem procurar outro filme.

Ah, um comentário sobre o fim do filme, com spoilers levíssimos: Backstreet Boys não, né?