Sete Psicopatas e um Shih Tzu

Crítica – Sete Psicopatas e um Shih-Tzu

Um roteirista com bloqueio criativo se envolve com o mundo do crime quando seus amigos sequestram o cachorro de um gangster.

Não vi Na Mira do Chefe (In Bruges, de 2008), o elogiado filme de estreia do escritor e roteirista britânico Martin McDonagh, então não tenho como comparar. Mas pelo que li por aí, este seu segundo filme é mais fraco… Não que Sete Psicopatas e um Shih-Tzu (Seven Psychopaths, no original) seja ruim, longe disso. Mas o roteiro “viaja” demais, e o filme se perde.

Vamos primeiro ao que funciona: Sete Psicopatas e um Shih-Tzu tem algumas coisas boas, como um roteiro que foge do previsível, apesar de, à primeira vista, parecer um pastiche de Tarantino com Guy Ritchie. Os personagens são interessantes, alguns diálogos são geniais e os atores estão todos muito bem.

Mas… O roteiro resolve brincar com metalinguagem. Isso é legal, quando bem feito. O problema é que aqui a metalinguagem é exagerada, e na parte final do filme a gente não sabe se aquilo está acontecendo ou se é imaginação dentro da cabeça do roteirista. E, pra piorar, o roteiro ainda tem umas piadas internas que, na minha humilde opinião, não funcionaram – como, por exemplo, reduzir a importância de todos os personagens femininos.

O elenco todo está fenomenal. Além dos sete que estão no poster – Collin Farrell, Sam Rockwell, Christopher Walken, Woody Harrelson, Tom Waits, Olga Kurilenko e Abbie Cornish (detalhe importante: nem todos esses são psicopatas, como o cartaz dá a entender!) – o filme ainda conta com Harry Dean Stanton, Helena Mattsson, Michael Pitt, Michael Stuhlbarg, Kevin Corrigan e Gabourey Sidibe. Todos inspirados, sem exceção. Que elenco, hein?

No fim, fica aquela impressão de que poderia ter sido melhor. Acho que vou procurar o Na Mira do Chefe

Roubo nas Alturas

Crítica – Roubo nas Alturas

Filme novo com Ben Stiller, Eddie Murphy e Mathew Brodderick? Ok, vamos ver qualé.

Quando funcionários de um prédio de luxo de Nova York descobrem que caíram em um golpe, aplicado pelo rico morador da cobertura, eles resolvem se unir para tentar roubá-lo e recuperar o dinheiro perdido.

Roubo nas Alturas (Tower Heist, no original) é um daqueles filmes onde um bom elenco sustenta uma trama divertida e improvável. O plano do assalto tem algumas situações meio forçadas, mas o filme não deixa de ser interessante por isso.

O melhor de Roubo nas Alturas é sem dúvida o elenco. Eddie Murphy está bem diferente do “estilo Norbit” – onde ele faz vários papeis em uma comédia com humor de gosto duvidoso. Aqui, Murphy tem um papel secundário, e seu personagem lembra os bons tempos de comédias policiais, como Um Tira da Pesada. Gosto do Ben Stiller, ele não é um grande ator, mas sabe muito bem escolher os seus projetos, tanto como ator, quanto como diretor (tipo Trovão Tropical). E sou fã de Mathew Brodderick – pô, o cara é o Ferris Bueller! Brodderick tem um papel menor aqui, e mesmo assim é uma das melhores coisas do filme. E os três não estão sozinhos, o elenco ainda conta com outros bons nomes como Téa Leoni, Alan Alda, Casey Affleck, Michael Peña e Gabourey Sidibe.

A direção ficou a cargo de Brett Ratner, profissional competente mas sem muita personalidade – o cara dirigiu A Hora do Rush, Dragão Vermelho, X-Men 3… Como o filme é construído em cima do bom elenco, Ratner só tem que ficar quieto e não atrapalhar. E a parte técnica segue a mesma filosofia de não atrapalhar o trabalho dos atores – tudo certinho, tudo até meio previsível. Gostei das locações, com algumas belas paisagens de Nova York.

Roubo nas Alturas não vai virar o filme preferido de ninguém. Mas pode ser uma boa diversão, se você estiver no clima certo.

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Se você gostou de Roubo nas Alturas, o Blog do Heu recomenda:
Tiras em Apuros
Trovão Tropical
Red
Assalto em Dose Dupla

Preciosa – Uma História de Esperança

Preciosa – Uma História de Esperança

Tudo na vida de Clareece Precious Jones está errado. Pobre, analfabeta e gorda, muito gorda, ela está grávida do segundo filho, ambos frutos de estupros cometidos pelo próprio pai. Detalhe: Precious tem apenas 16 anos! E isso não é tudo, ainda tem coisa pior a ser revelada…

É complicado falar sobre um filme como Preciosa – Uma História de Esperança. Afinal, o filme dirigido por Lee Daniels é muito bom no que se propõe: causar desconforto ao espectador. Acho inclusive que usar a câmera na mão, como se fosse algo documental, ajudou nesse sentido. Trata-se de um filme muito pesado. Em vários momentos, a gente torce para acontecer algo de muito ruim com aquela mãe!

A atriz Mo’Nique, que interpreta a mãe, é um show à parte. Muito merecidamente, ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante este ano, para guardar ao lado do Globo de Ouro, do Bafta (o Oscar inglês), do prêmio do sindicato de atores e do Critics Choice. Tudo isso por interpretar um dos personagens mais repugnantes da história do cinema.

A estreante Gabourey Sidibe também está muito bem como a protagonista Precious. Pena que ela já tinha 24 anos na época das filmagens. Isso é um dos pontos fracos do filme, afinal, ela parece velha demais para uma adolescente.

O bom elenco, que ainda conta com uma ótima atuação de Paula Patton como a professora, traz também dois grandes nomes da música. Lenny Kravitz faz o enfermeiro, enquanto uma Mariah Carey, despida do visual habitual, faz a assistente social.

O filme ainda traz uma coisa interessante: achei muito boa a solução criada para as fugas internas de Precious – nos momentos mais difíceis, ela se imagina glamourosa como uma pop star.

Teve uma coisa que não gostei: o nome original. “Preciosa, baseado no livro Push, de Saphire“. Precisava disso tudo no nome do filme? Imagine se a moda pega. Aquele filme do qual falei outro dia seria “Renascido das Trevas, baseado no romance O Caso de Charles Dexter Ward, de H.P. Lovecraft“…

Preciosa – Uma História de Esperança não é para qualquer hora. Mas é uma boa opção para aqueles dias que você acha que sua vida é ruim.