In Darkness

Crítica – In Darkness

Sinopse (imdb): Uma música cega ouve um assassinato cometido no apartamento no andar de cima do dela, que a leva a um caminho sombrio para o submundo criminoso de Londres.

Pelo trailer, a premissa parecia ser boa – uma cega “testemunhando” um assassinato. Pena que não era bem isso.

In Darkness tem seus bons momentos. Mas o roteiro tem alguns detalhes tão mal escritos que dão raiva!

Um bom exemplo do que estou falando é a cena da van. Um plano sequência complexo, envolvendo acidente de carro, atropelamento, tiro… Tecnicamente, a cena é ótima! Mas… Quebram dois dedos da personagem, e logo depois ela está usando a mão como se nada tivesse acontecido! Gente, na boa, qual é o problema de se ter coerência?

O roteiro co-escrito pelo diretor Anthony Byrne e pela protagonista Natalie Dormer ainda traz outros exemplos desses altos (gostei da cena onde ela é atacada e só vemos as sombras na parede) e baixos (dá pra adivinhar o “segredo” da infância dela com alguns minutos de filme).

No elenco além da já citada Natalie Dormer, Emily Ratajkowski, Ed Skrein, Joely Richardson e Neil Maskell.

Resumindo: até dá pra curtir o filme, mas se você tiver raiva no meio do caminho, faz parte.

Operação Red Sparrow

Operação Red SparrowCrítica – Operação Red Sparrow

Sinopse (imdb): A bailarina Dominika Egorova é recrutada para a “Sparrow School”, um serviço de inteligência russo onde é obrigada a usar seu corpo como arma. Sua primeira missão, visando um agente da C.I.A., ameaça desvendar a segurança de ambas as nações.

Atômica, um dos melhores filmes do ano passado, mostrava uma espiã na Europa em cenas de ação de tirar o fôlego. Este Operação Red Sparrow (Red Sparrow, no original) também traz uma espiã europeia, mas é outro estilo de filme, totalmente diferente.

Dirigido por Francis Lawrence (que não é parente, mas que já dirigiu Jennifer Lawrence em três filmes da franquia Jogos Vorazes), Operação Red Sparrow é um filme lento, que foca mais no “jogo de xadrez” político do que na ação. Vai ter gente decepcionada.

(Depois da sessão de imprensa, ouvi alguns críticos reclamando que o trailer dava sinais de que a Jennifer Lawrence de Operação Red Sparrow seria quase uma Natasha Romanoff. Sorte que não vi o trailer…)

Baseado num livro escrito por Jason Matthews, um ex-agente da CIA, Operação Red Sparrow tem pouca ação, é um filme de espionagem à moda antiga, com uma trama complexa e algumas reviravoltas no roteiro. É um bom filme, mas tem problemas de ritmo, e a longa duração atrapalha. Se dessem uma enxugada o resultado seria melhor.

A parte do treinamento dos sparrows é uma das melhores coisas do filme – sedução se mistura com humilhação (física e psicológica). A gente sempre vê espiões no cinema usando sexo e sedução, aqui eles aprendem a usar isso – e de maneira fria. Taí, acho que heu veria um filme inteiro só com os sparrows – primeiro os treinamentos, depois a prática.

Retrato dos dias atuais: temos uma mudança da visão do comportamento sexual dos personagens. Décadas atrás, o sexo era muito presente nos filmes do James Bond, mas a gente tinha uma visão romântica disso. Dominika Egorova usa o sexo sem emoções, somente para conseguir seus objetivos.

As cenas de nudez da Jennifer Lawrence são um reflexo disso. Nas cenas de sexo, ela não mostra nada. Só mostra em cenas onde o “assunto” é poder e dominação.

O elenco é muito bom. Jennifer Lawrence é um dos maiores nomes do cinema contemporâneo, apesar de muita gente não gostar dela. E ela está acompanhada de um elenco de primeira linha, que inclui Joel Edgerton, Matthias Schoenaerts, Charlotte Rampling, Mary-Louise Parker, Jeremy Irons, Ciarán Hinds e Joely Richardson. Mas teve uma coisa que achei mal feita. Boa parte dos personagens são russos, e a produção decidiu deixá-los falando inglês, com sotaque. Ficou tosco…

Pelo hype, muita gente vai ver Operação Red Sparrow, mas tenho minhas dúvidas se muita gente vai gostar.

Poder Paranormal

Crítica – Poder Paranormal

Novo filme de Rodrigo Cortés, diretor e roteirista de Enterrado Vivo, desta vez à frente de uma produção de maior porte.

A Dra. Margaret Matheson e seu parceiro Tom Buckley são especialistas em desmascarar falsos casos paranormais. Quando Simon Silver, um vidente cego de fama internacional, resolve retornar depois de 30 anos afastado dos holofotes, ele acaba atraindo a atenção da dupla, que quer desmascarar o “poder” do médium.

Enterrado Vivo foi um interessante e criativo exercício de claustrofobia – um filme de uma hora e meia que só tem um único ator, e tudo se passa dentro de um caixão. Um ótimo exemplo de como se fazer um filme com recursos mínimos. Agora, Cortés tinha uma produção convencional em mãos. Bom sinal, né? Pena que nem tudo funciona.

Poder Paranormal (Red Lights, no original) se desenvolve bem, cria uma boa tensão ao longo da projeção, mas parece que no meio do caminho algo se perdeu. O roteiro, também escrito por Cortés, resolve guardar uma grande reviravolta para o fim. O problema é que essa reviravolta não convence ninguém. Mas antes de falar disso, vamos aos avisos de spoiler:

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

Um monte de coisas soam forçadas depois da revelação final. Mas nada justifica o fato de ninguém pensar em testar a visão de Silver. Como assim o cara não é cego e ninguém pensou em verificar isso em mais de 30 anos?

FIM DOS SPOILERS!

O elenco traz alguns bons nomes. Cillian Murphy e Sigourney Weaver estão bem liderando o elenco. Robert De Niro não está mal, mas está longe do grande ator que foi anos atrás. Ainda no elenco, Elizabeth Olsen, Joely Richardson e Toby Jones.

No fim, fica aquela sensação de boa ideia estragada por um fim preguiçoso. Rodrigo Cortés ainda tem crédito, ainda quero acompanhar sua carreira. Mas precisa tomar cuidado para não virar um novo Shyamalan.

Anônimo

Crítica – Anônimo

Um filme de época, falando sobre uma teoria da conspiração envolvendo William Shakespeare. Dirigido por Roland Emmerich? Como assim???

Anônimo traz uma teoria interessante: William Shakespeare, o maior escritor da língua inglesa, não seria o autor de seus textos, e sim o Conde Edward de Vere, que precisou arranjar um “laranja” para divulgar o que escreveu – teoria defendida por gente importante como Mark Twain, Charles Dickens e Sigmund Freud.

A grande interrogação do primeiro parágrafo é porque Anônimo (Anonymous, no original) é diferente de tudo o que o diretor já fez até hoje. Emmerich se tornou “o especialista” em cinema catástrofe na Hollywood contemporânea. É só darmos uma olhada na sua carreira: Independence Day, 2012, O Dia Depois de Amanhã, Godzilla… Mesmo quando o cara não fazia filmes catástrofe, seu currículo continuava coerente, com títulos como Soldado Universal, Stargate e 10.000 AC.

Bem, não é a primeira vez que um diretor se aventura em uma área diferente da sua “zona de conforto” – me lembro logo de dois exemplos: Por Amor, um drama tendo baseball como pano de fundo, dirigido por Sam Raimi (Evil Dead, Homem Aranha); e Música do Coração, um drama sobre uma professora de violino interpretada por Meryl Streep, dirigido por Wes Craven (A Hora do Pesadelo, Pânico). O problema é constatar que o cara é melhor na área que ele está acostumado a trabalhar.

Muita gente por aí odeia o Roland Emmerich. Não é o meu caso. Me divirto com seus filmes absurdos. E isso foi um problema aqui – não achei Anônimo nada divertido. O filme não é ruim, mas também não é bom. A trama é muito confusa, principalmente no início, com atores diferentes para cada papel. Isso aliado a um desenvolvimento lento faz o filme se tornar monótono e desinteressante.

De positivo, podemos destacar a cuidadosa reconstituição de época – o filme chegou a ser indicado ao Oscar de melhor figurino!

O elenco conta com alguns nomes mais ou menos conhecidos, como Vanessa Redgrave, Joely Richardson, David Thewlis, Rhys Ifans, Rafe Spall, Jamie Campbell Bower e Derek Jacobi. Ninguém se destaca, mas pelo menos ninguém atrapalha.

No fim, fica a vontade de mandar um recado: “Sr. Emmerich, volte a destruir o mundo! É mais divertido do que ver a destruição da reputação de uma pessoa!”