Não Olhe Para Cima

Crítica – Não Olhe Para Cima

Sinopse (imdb): Conta a história de dois astrônomos que participam de uma gigantesca cobertura de imprensa para alertar a humanidade sobre a aproximação de um cometa que destruirá a Terra.

Um pouco atrasado, vamos falar de Não Olhe Para Cima. Ia escrever aqui semana passada, mas resolvi fazer os posts de retrospectiva e expectativas. Bem, vamos ao filme.

Tem dois tipos de pessoas que se incomodaram com Não Olhe Para Cima – existe o lado social e o lado cinematográfico. Vamos por partes. Não Olhe Para Cima é o filme novo de Adam Mckey. Se a gente analisar os seus dois últimos filmes, podemos ver um padrão em pelo menos dois aspectos: um bom trabalho com os atores, e uma edição nada convencional. Essa parte da edição sei que vai incomodar muita gente. Pra citar um exemplo claro: em Vice, seu filme anterior, sobem os créditos finais no meio do filme! Aqui em Não Olhe Para Cima não tem nada tão radical, mas mesmo assim, estamos longe da narrativa convencional (em determinado momento do filme aparece um QR Code na tela, que direciona a um clipe da Ariana Grande).

Pra curtir Não Olhe Para Cima tem que embarcar na proposta do diretor. Conheço gente que simplesmente largou o filme no meio por causa dessas maluquices.

Além disso tem a parte ideológica. Não Olhe Para Cima foi criado para criticar o aquecimento global. Mas, pelo menos aqui no Brasil polarizado de 2021, virou uma cutucada explícita nos negacionistas da vacina. E vários aspectos são muito semelhantes a situações vividas aqui no Brasil, inclusive tem personagens que parecem inspirados em pessoas da nossa política. Mas, existem dezenas de textos analisando o filme sob este ângulo, então aqui no heuvi vou focar mais no lado cinematográfico, ok?

O destaque, claro, é o elenco. Só de ganhadores do Oscar, são cinco: Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Cate Blanchett e Mark Rylance; e ainda tem outros dois que já foram indicados (Jonah Hill e Timothée Chalamet). E ainda tem Rob Morgan, Ron Perlman, Tyler Perry, Ariana Grande, Himesh Patel e Melanie Lynskey. E ainda tem uma ponta do Chris Evans!

De um modo geral, todos estão bem. Se for pra escolher um destaque, seria o Leonardo DiCaprio, quem tem um personagem melhor desenvolvido e com mais camadas. E se for escolher um destaque negativo, seria Meryl Streep. Não, ela não está mal, Meryl Streep não consegue atuar mal nunca, mas ela está apenas ok. Já vi filmes fracos onde o destaque era a atuação da Meryl Streep, ela estar apenas ok não é aceitável.

(Uma pequena curiosidade: o personagem de DiCaprio é casado com Melanie Lynskey. E cada um dos dois tem um filme marcante na carreira onde o par romântico é a Kate Winslet – Titanic (97) e Almas Gêmeas (94).)

O roteiro e a direção de Adam McKay acertam o ponto exato da comédia. No início de sua carreira, McKay fez alguns filmes com Will Ferrell, filmes que até têm seus bons momentos, mas têm muitas piadas bobas. Depois McKay entrou numa fase mais “séria”, trocando o humor escrachado pela ironia, nos filmes A Grande Aposta e Vice. Na minha humilde opinião, Não Olhe Para Cima é o seu melhor trabalho, com uma edição precisa e bons efeitos especiais nos momentos do meteoro.

Teve uma coisa que não gostei. A ameaça é mundial, e quase todo o filme só mostra como se fosse um problema só nos EUA – tem uma breve cena onde falam de um plano frustrado envolvendo China, Rússia e Índia. Acho que seria melhor mostrar núcleos em outros países, a trama ia ficar mais rica.

Mesmo assim, o resultado final ficou muito bom. É uma comédia com humor ácido, que acerta o ponto exato na crítica.

Ah, são duas cenas pós créditos. Tem uma piadinha lááá no fim, coisa incomum quando se trata de Netflix – normalmente eles não deixam ver os créditos e te jogam pra ver outro filme / série.

Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo

Crítica – Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo

Sinopse (imdb): Cinco anos depois dos eventos de Mamma Mia! O Filme, Sophie aprende sobre o passado de sua mãe durante a gravidez.

O primeiro Mamma Mia foi um grande sucesso. Claro que uma continuação era prevista, afinal, estamos falando de Hollywood. A dúvida era como eles fariam, já que quase todas as músicas famosas do ABBA estavam no primeiro filme. E, se o filme só tivesse “lados B”, não venderia tanto.

A solução foi repetir músicas, mas em outros contextos (com exceção da mais famosa de todas, Dancing Queen, que repete o mesmo cenário e as mesmas coreografias do primeiro filme). Além de Dancing Queen, temos novamente Thank You For The Music, Waterloo, S.O.S., I Have A Dream, Mamma Mia (claro) e Super Trouper (essa como encerramento, com todo o elenco cantando). Não me lembro de como foi Mamma Mia no filme anterior, mas aqui ficou bem legal.

Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo (Mamma Mia! Here We Go Again, no original) resolve usar flashbacks pra contar o passado da personagem. Assim, Meryl Streep dá lugar a Lily James, que vira a protagonista do filme e conta a história dos três pais e da chegada à Grécia, vinte anos antes do filme anterior.

(Uma crítica que fiz sobre o filme anterior é que não sabíamos quando se passava. Agora dá pra saber: Donna chegou na Grécia em 1979, então o filme anterior se passa em 1999, e este aqui seria em 2004. Custava eles dizerem que era um filme “de época”?)

A direção é do desconhecido Ol Parker, que não inventa novidades e deixa o filme fluir de acordo com as músicas. Afinal, o que mais funcionou no primeiro filme foram os belos cenários gregos e as boas músicas do ABBA. Então, o negócio é repetir, e todo mundo sai do cinema feliz.

Sobre o elenco: Meryl Streep deveria estar com a agenda cheia, então seu papel é reduzido (ela só filmou por uma semana). Estão de volta Amanda Seyfried, Pierce Brosnan, Colin Firth, Stellan Skarsgård, Dominic Cooper, Christine Baranski e Julie Walters; de novidades, temos Lily James, Andy Garcia, Cher, Alexa Davies, Jessica Keenan Wynn, Hugh Skinner, Josh Dylan e Jeremy Irvine. E, para os fãs, temos cameos dos dois “B” do ABBA, Benny Andersson e Björn Ulvaeus.

O segundo filme está sendo um grande sucesso de bilheteria, assim como foi o primeiro. Claro que estão pensando num terceiro filme. O ABBA tem música pra três filmes? Ou vão ter que pegar emprestadas músicas de outra banda sueca? O Roxette ia gostar… 😉

Ricki and the Flash: De Volta Para Casa

Ricki-and-the-Flash-De-Volta-pra-Casa-posterCrítica – Ricki and the Flash: De Volta Para Casa

Uma música que largou a família para seguir a carreira de rockstar (apesar de só ter lançado apenas um disco) retorna para a antiga casa e reencontra os filhos e o ex-marido.

Ricki and the Flash: De Volta Para Casa (Ricki and the Flash, no original) é o novo filme de Jonathan Demme, que tem uma carreira curiosa. Nos anos 80, Demme fazia filmes leves e divertidos, como Totalmente SelvagemDe Caso Com a Máfia. Ganhou o Oscar de melhor diretor por O Silêncio dos Inocentes (1991), e depois disso fez muito pouca coisa relevante na carreira – acho que seu único filme famoso pós Silêncio dos Inocentes é Filadélfia, de 93. Este seu novo filme não veio para mudar a rotina. Ricki and the Flash é divertidinho, mas esquecível.

O roteiro é de Diablo Cody, que a cada filme novo nos dá indícios de que era “fogo de palha”. Cody chamou a atenção do mundo ao ganhar o Oscar de melhor roteirista com seu filme de estreia, Juno. Mas, de lá pra cá, ainda não apresentou um segundo bom trabalho – Jovens Adultos é mediano; Garota Infernal é ruim. E Ricki and the Flash não vai mudar este cenário.

Se direção e roteiro são medianos, o que salva Ricki and the Flash da mediocridade é Meryl Streep. Streep é uma grande atriz e funciona bem fazendo qualquer coisa. Suas cenas no palco, cantando e tocando com a banda The Flash, são deliciosas!

No resto do elenco, ninguém chama a atenção. Aliás, chama sim, o grande Kevin Kline está tão apagado que seu papel poderia ser interpretado por qualquer ator meia boca. De resto, nomes semi-desconhecidos como Mamie Gummer (a filha da Meryl Streep). Pra
não dizer que todos estão mal, gostei de Rick Springfield como o par de Streep.

No final, o que salva o filme é ver Meryl Streep empunhando uma guitarra em uma banda de rock’n’roll. Mas não salva Ricki and the Flash de ter cara de sessão da tarde.

Caminhos da Floresta

caminhos-da-florestaCrítica – Caminhos da Floresta

Perdi o lançamento de Caminhos da Floresta, mas aproveitei o podcast de musicais pra ver.

Uma mistura dos conhecidos contos de fada dos irmãos Grimm em formato musical. Um padeiro e sua esposa, que não conseguem ter filhos por causa da maldição de uma bruxa, interagem com Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, João e o Pé de Feijão e Rapunzel.

Antes de tudo, preciso avisar que não vi o musical de Stephen Sondheim no teatro, então não sabia nada sobre o filme. E até achei a ideia interessante: misturar vários contos clássicos – vemos interação entre a Cinderela, a Rapunzel, a Chapeuzinho Vermelho e o João do Pé de Feijão.

Mas… Caminhos da Floresta (Into The Woods, no original) tem um problema básico: é chato. A narrativa se arrasta pelos contos conhecidos, e quando chega no segundo ato, que seria a história “inédita”, ninguém mais tem saco para acompanhar o filme. Não vi o musical, mas pelo que li, no teatro é ainda mais longo. Talvez funcione no teatro, mas a adaptação pras telas não ficou legal.

(Também li que o musical tem uma forte conotação sexual na música entre Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau. Isso foi mudado no filme, aqui está tudo no padrão Disney. Por outro lado, a Madrasta da Cinderela corta os pés das filhas pra tentar calçar o sapatinho de cristal – fato que foi ignorado no desenho e no recente filme da Disney.)

O elenco é muito bom. Meryl Streep (que foi indicada ao Oscar pelo papel) mais uma vez mostra que é uma das melhores atrizes contemporâneas, e mais uma vez, canta de verdade (como já fizera antes em Mamma Mia) – todo o resto do elenco atuava dublando as músicas, enquanto Meryl cantava ao vivo. Também no elenco, Anna Kendrick, Emily Blunt, James Corden, Chris Pine, Daniel Huttlestone, Christine Baranski, Tracy Ullman, Lilla Crawford, Billy Magnussen e Mackenzie Mauzi. A nota ruim vai para Johnny Depp, que pouco aparece e está muito caricato com seu lobo mau caricato.

Caminhos da Floresta tem seus fãs, mas acredito que são fãs da peça de teatro que queriam ver a peça nas telas…

Simplesmente Complicado

Simplesmente Complicado

A ideia era boa: uma comédia romântica usando os veteranos Meryl Streep, Alec Baldwin e Steve Martin. Pena que o resultado ficou a desejar…

Jane, bem sucedida profissionalmente, mantém uma relação amigável com seu ex, pai de seus três filhos, de quem está separada há dez anos. Até que um dia, ela tem uma “recaída” e eles começam a se ver de novo. Detalhe: ele está casado com uma outra bem mais nova. Detalhe 2: a separação aconteceu porque ele começou a ter um caso com a atual esposa.

Vejam bem, Simplesmente Complicado não é um filme ruim. É que, não sei vocês, mas heu esperava mais.

Escrito, produzido e dirigido por Nancy Meyers (de Alguém Tem Que Ceder e O Amor Não Tira Férias), Simplesmente Complicado foi vendido como uma comédia. E tem poucos momentos engraçados. E, pra piorar, o filme é longo, são mais de duas horas!

Sobre o elenco, Meryl Streep está ótima, como sempre. Alec Baldwin, que era um galã meio canastrão nos anos 80 (época que era casado com a então gostosona Kim Basinger), atualmente está bem cotado pelo seu bom personagem na sitcom 30 Rock, e aqui também está bem. Já Steve Martin parece que está no filme errado… Seu papel é sério, deu saudade dos bons tempos, quando ele era um dos atores mais engraçados de Hollywood.

O filme é correto. Tecnicamente bem feito, tem boas atuações, e vai emocionar o público alvo nos momentos-chave. Só que poderia ser melhor, bem melhor…

Mamma Mia!

Mamma Mia!

Alguns filmes parece que são feitos para um determinado tipo de público. Este é o caso de Mamma Mia, um musical baseado nas músicas do grupo sueco Abba: se você é fã de Abba, vai adorar. Mas se não for fã…

A idéia é até interessante: várias músicas do Abba são costuradas, criando uma história: uma menina de 20 anos, às vésperas do casamento, descobre que sua mãe teve aventuras amorosas com três diferentes homens antes de engravidar. Assim, ela manda convites para os possíveis pais, para tentar descobrir qual dos três é o verdadeiro pai.

Confesso que não sou fã de Abba (só reconheci 4 músicas!), então não sei se as adaptações foram fiéis ou se as músicas foram modificadas. Mesmo assim, a história quase sempre funciona, apesar dos personagens clichês.

Quase sempre funciona, heu disse. Tem coisas mal pensadas no roteiro, como, por exemplo, a época que o filme se passa. Fala-se de internet, então não se passa há muitos anos. Mas a menina de 20 anos foi gerada na época do “flower power”. Ou seja, uma menina gerada no fim dos anos 60 ou início dos 70, com 20 anos hoje em dia – bem, as minhas contas não bateram…

Um dos pontos positivos é o cenário: o filme se passa inteiramente em ensolaradas e belíssimas ilhas gregas. E o elenco quase funciona.

Sim, heu disse quase de novo. Meryl Streep está ótima como a mãe, e além de boa atriz, também canta bem – o momento “The winner takes it all” é ótimo. Amanda Seyfried não decepciona como a filha. E os 3 candidatos a pai são interpretados por Stellan Skarsgard, Colin Firth e Pierce Brosnan. E, bem, a voz deste último não funciona tão bem assim… Talvez a escolha do elenco devesse pensar também nas vozes que iriam cantar.

Mas, apesar de tudo, o filme diverte. Podia ser um pouco mais curto (precisava de Dancing Queen duas vezes?), mas, mesmo assim, é divertido.