Os Fabelmans

Crítica – Os Fabelmans

Sinopse (imdb): Crescendo no Arizona da era pós Segunda Guerra Mundial, um jovem chamado Sammy Fabelman descobre um segredo de família e explora como o poder dos filmes pode ajudá-lo a ver a verdade.

De vez em quando a gente vê filmes onde os diretores mostram lembranças de sua juventude. Chegou a vez de ver uma história trazendo o que seria um jovem Steven Spielberg.

Mas, antes de entrar no filme, posso fazer alguns comentários sobre o diretor Spielberg? Sou fã do cara desde a minha adolescência. Nos anos 80, o nome Steven Spielberg estava presente em muitos dos bons filmes lançados nos cinemas. Não só ele dirigiu vários filmes importantes, como ET, Caçadores da Arca Perdida, Indiana Jones e o Templo da Perdição e No Limite da Realidade; como também produziu muita coisa, tipo De Volta Para o Futuro, Roger Rabbit, Gremlins, Goonies, Viagem Insólita, Enigma da Pirâmide, Poltergeist, Te Pego Lá Fora… O cara era sinônimo de cinema pop de boa qualidade.

Mas heu me lembro que a crítica não o levava a sério. Tanto que em 1985 ele dirigiu um filme sério, A Cor Púrpura, e o filme foi indicado a 11 Oscars – mas não foi indicado a diretor. E não venceu nenhum dos Oscars.

Heu, moleque, nem dava bola pra crítica, e continuava fã daquele diretor e produtor que continuava fazendo filmes mágicos. Até que em 1993 / 94 parece que finalmente a crítica se rendeu ao talento e genialidade de Spielberg. No Oscar de 94, A Lista de Schindler ganhou 7 Oscars, incluindo dois para o próprio Spielberg, diretor e produtor (ele ganharia mais um de diretor em 99 por Resgate do Soldado Ryan). E não era só isso: em 93 Spielberg tinha lançado dois filmes, o outro era Parque dos Dinossauros, que não só ganhou 3 Oscars, como ainda se tornou a maior bilheteria da história – batendo o próprio recorde, já que até então a maior bilheteria era ET!

(Lembro de uma foto no jornal com Spielberg abraçando dez estatuetas, acho que era uma espécie de “vingança” porque pouco depois dele perder todos os prêmios por A Cor Púrpura, O Último Imperador tinha ganhado nove Oscars. O tempo mostrou que Spielberg seria maior do que isso.)

E por que estou falando isso tudo? Porque pra mim é uma satisfação ver que o cara que heu era fã há 30, 35 anos atrás, hoje é reverenciado como um dos maiores nomes da história do cinema! E, para um fã, ver um filme como Os Fabelmans é uma delícia!

Porque, se a gente parar pra pensar, diferente da maioria dos filmes do Spielberg, Os Fabelmans é meio simples demais. Não temos uma história mirabolante nem efeitos especiais impressionantes, temos uma história simples de um adolescente apaixonado por cinema, e seus problemas comuns a muitos outros adolescentes, como separação dos pais, mudanças de cidade, ou bullying na escola (por causa de anti semitismo). E mesmo assim é uma história emocionante!

Os Fabelmans é inspirado na adolescência do próprio Spielberg – o roteiro foi escrito por Tony Kushner (Munique, Lincoln, Amor Sublime Amor) em parceria com Spielberg – é a primeira vez que ele roteiriza um filme desde Inteligência Artificial, de 2001. Não sei o que realmente aconteceu e o que foi apenas inspirado, mas li no imdb que os filmes em super 8 são recriações de filmes super 8 que Spielberg fez na época.

(O imdb atualizou a página do Spielberg e incluiu 6 curtas que ele fez entre 1959 e 68. Ele começou a filmar aos 13 anos! Quero ver esses curtas!!!)

As cenas das filmagens são deliciosas, assim como as cenas que mostram a exibição dos filmes. Tem alguns detalhes geniais, tipo ele furando o filme para criar os efeitos especiais dos tiros de revólver, ou quando os extras mortos no chão se levantam e correm para deitar em outro lugar enquanto a câmera foca no ator que está em pé.

Lembrando que temos os filmes feitos pelo personagem Sammy, e que tudo isso é filmado pela câmera do Spielberg. E ver um filme dirigido pelo Spielberg sempre é um prazer! A cena onde a Michelle Williams dança é belíssima!

Mas Os Fabelmans ainda tem outras coisas muito boas. Paul Dano, Seth Rogen e o jovem Gabriel LaBelle estão muito bem, mas Michelle Williams está sensacional. Tem uma cena, onde Sammy Fabelman está chateado com a mãe, e ela tenta conversar com o filho, mas Sammy em vez de falar a coloca pra assistir um filminho que ele montou. Não vemos o filminho (a gente já sabe o que tem lá), só vemos a reação da Michelle Williams. Olha, não sei com quem ela vai concorrer, mas temos uma indicada muito forte ao Oscar de melhor atriz!

Ainda no elenco: o fim do filme traz uma divertida participação especial do David Lynch. E essa participação interfere na cena final, justo a cena que termina o filme para começarem os créditos. E essa cena me deixou com um sorriso no rosto!

Venom: Tempo de Carnificina

Crítica – Venom: Tempo de Carnificina

Sinopse (imdb): Eddie Brock tenta reacender sua carreira entrevistando o assassino serial Cletus Kasady, que se torna o hospedeiro do simbionte Carnage e escapa da prisão após uma execução fracassada.

Preciso começar avisando que achei bem ruim o primeiro Venom, de 2018. Mas filme de universo de super heróis tem que entrar aqui, né? Então vambora.

O primeiro filme foi ruim, então a expectativa agora era bem baixa. Mas, pelo menos pra mim, sabe o que piorou o segundo filme? Foi o Esquadrão Suicida. Porque a gente tem que lembrar que o Venom originalmente é um vilão, então um problema que a produção tem é como fazer um filme “limpinho” onde o personagem título é um vilão que come cérebros humanos. Aí a gente vê um filme sem violência, sem mortes e sem sangue, e lembra que Esquadrão Suicida tem violência, tem mortes, tem sangue, e tem humor negro. Fica difícil aceitar um conceito de um vilão-herói em um filme feito pra crianças.

O King Shark / Nanauê é o Venom que deu certo! Pensa só, ele um grandalhão que mata e come pessoas, e que solta várias piadas durante o filme. O Venom só diz que quer matar, mas não mata ninguém; e passa o filme inteiro tentando fazer piadas, mas todas são sem graça! Tem uma cena do Venom cozinhando que parecia sessão da tarde!

Dirigido por Andy Serkis, mais conhecido como “o cara” da captura de movimento – ele era o Gollum e o Caesar (Planeta dos Macacos), Venom: Tempo de Carnificina tem uma história besta, personagens bobos, e um antagonista mal construído – Woody Harrelson está caricato demais, e o roteiro pouco aproveita do passado do seu personagem.

O resultado final é esse. Um filme bobo e desnecessário. Mas que, como tem boa bilheteria, vão continuar fazendo mais.

Ah, tem uma cena pós créditos bem importante pro futuro da franquia. Mais não digo porque não quero falar spoilers.

Venom

Crítica – Venom

Sinopse (imdb): Quando Eddie Brock adquire os poderes de um simbionte, ele terá que liberar seu alter-ego “Venom” para salvar sua vida.

Sabe quando tudo dá errado? Poizé…

Este Venom (idem, no original) já estava sendo criticado por fãs das HQs desde a produção, porque o Venom é intimamente ligado ao Homem Aranha – personagem que não está presente. Mas, quem costuma ler o heuvi, sabe que não dou muita bola para quadrinhos, então isso não era algo que me incomodava.

Quem dera esse fosse o maior problema…

Dirigido por Ruben Fleischer (Zombieland), Venom tem um roteiro muito mal construído. É difícil falar da enorme quantidade de tosqueiras presentes aqui sem entrar em spoilers, mas posso citar algumas coisas. Por exemplo, quando o Venom fala que sabe tudo o que está na cabeça do Eddie Brock, mas na cena seguinte pergunta quem é Annie. Ou várias pessoas mortas em um local público por “lâminas alienígenas”, mas sem nenhuma repercussão da polícia e/ou da mídia. Ou um laboratório super protegido que não tem câmeras de segurança. Ou um vidro super resistente por dentro, mas que quebra facilmente por fora. Ou uma sala de ressonância magnética que tem uma porta com um vidro tão resistente que consegue segurar uma criatura poderosa e super forte. Ou uma longa perseguição de carros com muita destruição por ruas movimentadas de uma grande cidade, onde não aparece um único carro de polícia. Ou…

Mas, acreditem, ainda não acabou. Por incrível que pareça, teve outra coisa no filme que me incomodou ainda mais do que essas falhas de roteiro. Foi a repentina mudança de personalidade do personagem título. Do nada, sem motivação. Naquele momento o filme, que já estava ruim, conseguiu piorar.

Se tem algo que se salva, Tom Hardy tem um bom timing pra comédia, e algumas cenas são divertidas. Muito pouco. Michelle Williams não atrapalha, mas tampouco ajuda. Riz Ahmed, por outro lado, faz um vilão bem fraco.

Segundo filme onde aparece o Venom, os dois são ruins. Uma ideia para os produtores: assistam os filmes do Deadpool. Todos. O ruim e depois os dois bons. Vejam o que deu certo, e repensem o Venom. Porque tem uma cena pós créditos com gancho para uma continuação. E, na boa, ninguém quer uma continuação tão ruim.

p.s.: Tem uma segunda cena pós créditos, no fim de tudo, com uma animação com o Homem Aranha, nada a ver com o filme do Venom. Deve ser um teaser para um próximo filme.

O Rei do Show

Rei do ShowCrítica – O Rei do Show

Sinopse (imdb): O filme celebra o nascimento do show business e mostra um visionário que surgiu do nada para criar um espetáculo que se tornou uma sensação mundial.

Sinopse (heuvi): Segundo a Wikipedia, “Phineas Taylor Barnum foi um showman e empresário do ramo do entretenimento norte-americano, lembrado principalmente por promover as mais famosas fraudes (…) O circo foi a origem de sua fama duradoura. Ele fundou o ‘P. T. Barnum Grande Museu, Zoológico e Hipódromo Itinerante’, uma mistura de circo, zoológico e museu de freaks que mudou de nome várias vezes.”. O Rei do Show mostra uma visão romântica da vida e do sonho de P. T. Barnum.

Assim como aconteceu um ano atrás com La La Land, entrei na sala de cinema para ver O Rei do Show (The Greatest Showman, no original) sem saber que se tratava de um musical. E, mais uma vez, me surpreendi positivamente.

(O trailer de O Rei do Show vende um filme colorido, com um visual que lembra Moulin Rouge, mas não deixa claro que é um musical “clássico”, daqueles onde as pessoas param os diálogos para cantar e fazer coreografias. Sorte que não tenho nada contra musicais…)

Bem, O Rei do Show não é tão bom quanto La La Land (o grande injustiçado do Oscar do ano passado). Mas a comparação é injusta, né? Porque O Rei do Show pode não ser “papa Oscar” (La La Land ganhou seis e concorreu a outros oito), mas é um ótimo filme!

Dirigido por Michael Gracey, O Rei do Show tem uma história cativante, e, principalmente, músicas empolgantes, compostas por Benj Pasek e Justin Paul (que ganharam o Oscar ano passado por, olha só, La La Land) – coisa essencial quando estamos falando de um musical. A primeira coisa que fiz quando cheguei do cinema foi catar a trilha no youtube, pra ouvir as músicas de novo…

Ok, o roteiro escrito por Jenny Bicks e Bill Condon (ganhador do Oscar de melhor roteiro por Chicago) tem clichês, e todos os conflitos são rasos e resolvidos facilmente. Além disso, queria ter visto mais sobre os personagens freaks do circo. Quem estiver atrás de uma trama mais complexa pode se decepcionar.

Li em algum lugar que o P.T. Barnum real era um cara bem diferente desse aí, que seria um cara oportunista e aproveitador. Aqui ele é mostrado como um romântico sonhador. Sei lá, acho que podiam ter criado um personagem fictício, apenas baseado no Barnum real.

O elenco está muito bem. Hugh Jackman já tinha feito um musical, o bom (mas cansativo) Os Miseráveis, aqui ele está bem melhor. Zac Efron, veterano em musicais apesar da pouca idade (foram três High School Musical e um papel importante em Hairspray) é um ótimo coadjuvante – a cena onde os dois negociam a parceria é ótima! Zendaya (que estava no úlyimo Homem Aranha) não só canta, como ainda fez todas as cenas de trapézio. Rebecca Ferguson é a única que é dublada – ela declarou que sabe cantar, mas como interpreta “a melhor voz da Europa”, achou melhor deixar uma cantora profissional fazer as honras. Michelle Williams fecha o elenco principal.

Falei lá em cima que esse filme não seria um “papa Oscar”. É, não acredito que ele ganhe muitas indicações. Mas provavelmente teremos uma ou duas músicas indicadas, tocando na festa do Oscar. Uma delas já levou o Globo de Ouro…

A Experiência (1995)

a experienciaCrítica – A Experiência (1995)

Hora de rever A Experiência!

Um cientista reúne um time para caçar Sil, uma bela predadora, resultado de uma experiência com dna alienígena.

Com um elenco acima da média, uma protagonista exuberante e uma criatura com a assinatura do H.R. Giger, A Experiência (Species, no original) é um dos marcos da mistura de ficção científica com terror, como Alien, Força Sinistra e O Enigma de Outro Mundo.

Ok, revendo hoje, a gente repara um monte de inconsistências no roteiro do filme dirigido por Roger Donaldson (November Man, Efeito Dominó) – tipo, como é que a Sil sai do trem usando o uniforme da funcionária, e ninguém repara? Ou, como é que não reparam que o corpo encontrado no carro estava amarrado, e no banco do carona? E por aí vai…

Mas aí a gente vê a Natasha Henstridge e esquece de tudo isso. Em sua estreia no cinema, Natasha rivaliza com a Mathilda May de Força Sinistra como a predadora alienígena mais sexy da história do cinema. Natasha está linda e passa boa parte do filme sem roupa. Conheço gente que diz que toparia morrer que nem o personagem de Alfred Molina – if you know what I mean…

Mas A Experiência não é apenas um filme exploitation, onde tudo o que interessa é a nudez. A criatura foi desenhada por H.R. Giger, o mesmo que desenhou o Alien do Ridley Scott. E o elenco é cheio de nomes legais: Ben Kingsley , Michael Madsen, Alfred Molina , Forest Whitaker, Marg Helgenberger e Michelle Williams, ainda adolescente.

O filme teve três sequências, em 1998, 2004 e 2007. A qualidade foi caindo ao longo das sequências…

Tem gente por aí que critica A Experiência, que acha que é um grande filme B. Discordo. O filme consegue manter o clima de tensão e, com efeitos especiais coerentes com a época, oferece uma diversão honesta – apesar dos furos de roteiro.

Oz: Mágico e Poderoso

Crítica – Oz: Mágico e Poderoso

Sou fã do Sam Raimi desde a época dos Evil Dead. Claro que não ia deixar de ver sua versão para a origem do Mágico de Oz, né?

Fugindo de uma briga, o mágico de circo Oscar Diggs acaba chegando na Terra de Oz. Lá, ele conhece as bruxas Theodora, Evanora e Glinda, e, com a ajuda de um macaco alado e de uma boneca de porcelana, precisa descobrir quem é do bem e quem é do mal.

Sim, é isso mesmo, esqueça a Dorothy, o Totó, o Espantalho, o Leão e o Homem de Lata. Trata-se de um prequel, mostrando como o Mágico chegou em Oz.

Li que a produção deste Oz: Mágico e Poderoso teve problemas com direitos autorais. O livro de L Frank Baum, de onde saiu a história, está em domínio público, mas o filme de 1939 O Mágico de Oz não está, e os donos dos direitos não liberaram. Então, tudo aqui teve que ser minuciosamente pensado. As citações ao filme original não podiam ser diretas. Um exemplo disso é o início do filme em preto e branco – as cores aparecem quando ele chega a Oz, como acontece no filme clássico.

Claro que os saudosistas vão dizer que este Oz: Mágico e Poderoso não chega aos pés do filme de 39. Mas acho que isso já era previsto: qualquer um que for “cutucar” um dos maiores clássicos da história do cinema vai encontrar uma legião de “haters”. Faz parte.

Na minha humilde opinião, o resultado ficou bem interessante, uma fantasia a la Tim Burton – diferente do último filme de Raimi, o bom terror Arraste-me Para o Inferno. Raimi consegue desenvolver bem uma nova fábula no mundo de Oz.

A produção é Disney, o que pode ser uma boa e ao mesmo tempo uma má notícia. Por um lado, a produção é de altíssimo nível – a animação dos coadjuvantes (o macaco alado e a boneca) é de uma qualidade impressionante. Por outro, Raimi está mais discreto que o habitual (é só compararmos com o resto da boa filmografia do diretor). Se Raimi estivesse mais “solto”, o resultado provavelmente seria menos comportado.

Sobre os efeitos especiais, eles ficaram meio artificiais, mas isso me pareceu proposital. Alguns cenários são muito coloridos, algumas maquiagens são muito caricatas – os cenários e caracterizações parecem uma mistura de Alice no País das Maravilhas do Tim Burton com O Grinch do Jim Carrey.

No elenco, não vi nenhum destaque. James Franco está canastrão, mas acho que o personagem pedia isso. Não gostei da atuação de Mila Kunis, ela parece artificial demais. Rachel Weisz se sai um pouco melhor com sua bruxa menos caricata. Ainda no elenco, Michelle Williams, Zach Braff, Bill Cobbs e as tradicionais pontas de Bruce Campbell e Ted Raimi.

Enfim, Oz: Mágico e Poderoso não se tornará um clássico como o filme de 39. Mas é uma boa diversão.