Aquaman 2: O Reino Perdido

Crítica – Aquaman 2: O Reino Perdido

Sinopse (imdb): Arthur precisa contar com a ajuda de seu meio-irmão Orm para proteger Atlantis contra Black Manta, que liberou uma arma devastadora em sua busca obsessiva para vingar a morte de seu pai.

Este Aquaman 2: O Reino Perdido é o décimo quinto filme do DCEU – e também o último. A partir do ano que vem, a DC já avisou que vai recomeçar seu universo expandido.

Se Aquaman 2: O Reino Perdido fosse “apenas mais um filme de super heróis, seria algo mais aceitável. Mas existe todo um legado por trás, e é o filme que vai encerrar um universo cinematográfico, e justamente por isso é complicado de analisar o filme isoladamente.

E qual é o resultado? A gente tem um filme bagunçado nas telas. Não é um filme ruim, mas está bem longe de ser bom. Vamulá.

Mais uma vez dirigido por James Wan (achei um desperdício, este é um “filme de produtor”, Wan, volte pro terror!), Aquaman 2: O Reino Perdido (Aquaman and the Lost Kingdom, no original) tem alguns erros básicos. Um deles é que existe um “reino perdido” no título do filme, mas esse tal reino é quase irrelevante pra trama. A ideia de existir um reino perdido não é ruim, mas se está no título do filme, acredito que deveria ser algo mais presente na trama.

Mas acho que ainda pior é trazer um antagonista que estava no primeiro filme e que tinha uma rivalidade real contra o Aquaman, mas esse cara é “possuído” por um vilãozão meio sobrenatural, e meio que tanto faz as motivações anteriores do personagem. Caramba, se é pra ter alguém possuído, podia ser qualquer um! Jogaram fora as reais motivações do antagonista…

Outra coisa que ficou estranha é a colagem de cenas que parecem extraídas de outros filmes. O antagonista usa um óculos que solta um raio vermelho igual ao Cíclope em X-Men. O vilãozão é quase igual ao Sauron de O Senhor dos Anéis, só que em vez de usar o Um Anel ele usa um tridente. Tem uma cena que é uma mistura de Cantina de Mos Eisley em Guerra nas Estrelas com palácio do Jabba no Retorno do Jedi – incluindo um personagem igual ao Jabba! E por aí vai…

O filme tem muitas piadinhas, mas isso nunca me incomodou. Agora, o que incomoda são sequências inteiras que não fazem o menor sentido, como uma cena numa floresta com insetos gigantes. Gente, se existem animais gigantes na ilha, por que só naquele trecho? Ou uma sequência no meio do deserto, onde falam “está no meio do deserto pro povo da água não ir”, e na cena seguinte a gente vê um polvo rolando na areia. E isso porque não vou falar no assistente do vilão, que literalmente o traiu, mas continua tendo o cargo de maior importância!

Preciso comentar os efeitos especiais das cenas de batalhas sub aquáticas quando vemos os personagens nadando rápido. Ok, funcionam, mas acho que vão perder a validade cedo.

Tem uma coisa que heu não entendi. A gente sabe que a Amber Heard está “cancelada” por causa da polêmica com o Johnny Depp, e disseram que este filme teria a participação dela reduzida. Mas, não só ela está presente em quase todo o filme, como ainda salva o Aquaman em uma ou duas soluções deus ex machina. Ou seja, não só a personagem está presente, como ela é necessária para a sobrevivência do protagonista! Que tipo de cancelamento foi esse?

Aproveito pra falar do elenco. Jason Momoa é um Aquaman ótimo, um cara grande, forte, carismático e que faz piadinhas o tempo todo. Patrick Wilson também está bem como o irmão, e está presente quase todo o filme. Já Yahya Abdul-Mateen II faz o vilão ruim e não está bem. Também no elenco, Nicole Kidman, Dolph Lundgren e Temuera Morrison. Willem Dafoe não pôde participar por conflito de agenda. E Ben Affleck está creditado como Batman, mas não aparece no filme, seja lá qual foi sua participação, foi cortada.

Agora, Aquaman 2: O Reino Perdido é bagunçado mas pelo menos é divertido. Tem cena que beiram a falta de lógica, mas não tem nenhum momento chato. E não canso de repetir: o carisma de Jason Momoa vale o ingresso, ele parece estar se divertindo muito.

(Tem uma coisa que achei curiosa, uma capanga do vilão é vivida pela atriz portuguesa Jani Zhao. Por duas vezes no filme ela grita ordens em português!)

Por fim, a sessão de imprensa foi em 3D. Completamente desnecessário, não tem nenhuma cena que justifique o efeito.

Ah, tem uma cena no meio dos créditos com uma piadinha, e lá no fim não tem nada. Como acabou o DCEU, não tem gancho pra continuação.

O Homem do Norte

Crítica – O Homem do Norte

sinopse (imdb): Depois de testemunhar o assassinato do pai pelas mãos do seu tio Fjölnir, e ver sua mãe e reino tomados pelo assassino, o jovem Príncipe Amleth foge para retornar anos depois, já adulto, determinado a fazer justiça.

Estreou o aguardado épico viking O Homem do Norte (The Northman, no original), novo filme de Robert Eggers.

Como falo sempre, a gente deve seguir o nome do diretor. Este é o terceiro filme dirigido por Eggers, e heu tenho opiniões opostas com relação aos outros dois. Gosto muito de A Bruxa, mas acho O Farol muito ruim. Então, rolava uma expectativa, mas ao mesmo tempo rolava um pé atrás.

A boa notícia é que gostei muito de O Homem do Norte. Gostei mais até do que A Bruxa. Empolgante, violento e muito bem filmado.

O Homem do Norte é o filme mais palatável de Eggers. Sim, tem partes contemplativas e algumas sequências cabeça, mas bem menos que os anteriores. A Bruxa era um terror cabeça, muita gente saiu do cinema com raiva do filme pelos seus momentos “tênis verde”. E O Farol era ainda mais hermético, tipo, “não gostou do meu filme porque é cabeça, vou fazer um ainda mais cabeça”. O Homem do Norte tem seus momentos “tênis verde”, claro, mas por outro lado traz uma clássica história de vingança, num ritmo alucinante, e com muito muito sangue. O cara que for ao multiplex no shopping pode até comentar sobre alguns momentos onde não dá pra entender nada, mas vai curtir a jornada de sangue e violência do protagonista Amleth.

Falei violento? O Homem do Norte é MUITO violento, e tem algumas sequências muito boas. Tem uma (que me pareceu ser um plano sequência) onde um grupo de vikings ataca uma vila e faz um massacre violentíssimo – aliás, é desta sequência que tiraram a imagem do pôster. Vou além: algumas mortes são tão gráficas que vão agradar os fãs de gore.

O visual do filme é um espetáculo. Não li sobre os bastidores, não sei se foi tudo filmado em locações ou se teve algo em estúdio, mas o resultado ficou excelente, vários planos abertos onde dá pra pausar e colocar num quadro. A trilha sonora, que usa muitos sons de instrumentos antigos, também é muito boa.

Queria fazer dois comentários sobre o elenco. O primeiro é sobre o protagonista Alexander Skarsgård. Sou fã do cara desde a época de True Blood. Ele foi o Tarzan, mas flopou. Ele estava num filme do King Kong mas ninguém lembra. Ele aqui está sensacional, ele tem porte físico coerente com o que o personagem pede, e mostra a fúria necessária para o filme. Torço muito por ele, tomara que a partir deste filme sua carreira decole.

O outro comentário não é tão elogioso. Por opção, o filme é falado em inglês, com um sotaque que ficou muito forçado. Grandes atores (Nicole Kidman, Ethan Hawke, Anya Taylor-Joy, Willem Dafoe) , grandes atuações, atrapalhadas por um sotaque artificial.

Segundo o imdb, O Homem do Norte é o filme viking mais correto feito até hoje, historicamente falando. Eggers, junto com historiadores, fez uma pesquisa minuciosa para ter cenários, figurinos e props o mais próximos o possível da realidade.

Filmão!

Aquaman

Crítica – Aquaman

Sinopse (imdb): Arthur Curry descobre que ele é o herdeiro do reino subaquático de Atlântida e deve dar um passo adiante para liderar seu povo e ser um herói para o mundo.

Finalmente, o aguardado Aquaman! Será que a DC acertou?

Não escondo de ninguém que sou fã do James Wan. Minha expectativa com Aquaman (idem, no original) não era pelo personagem (afinal, não leio HQs), mas para ver como Wan se sairia num grande blockbuster de super heróis. E, olha, o resultado ficou legal. Aquaman é tão bom quanto Mulher Maravilha.

Algumas coisas me incomodaram, tipo toda a parte do deserto (vou comentar com mais detalhes no Podcrastinadores que vai sair em breve). A sequência final também é fraca. Felizmente não é nada muito grave.

Aquaman é colorido e divertido, incluindo piadinhas e frases de efeito aqui e acolá (se o formato dá certo na Marvel, por que a DC não pode repetir?). O visual de Atlântida é bem legal, o clima lembra um pouco Flash Gordon, aquele clássico incompreendido dos anos 80.

O filme é um pouco longo (duas horas e vinte e três minutos). Talvez fosse melhor só ter um vilão e guardar o segundo para a continuação, mas a gente sabe que a DC não pensa muito a longo prazo.

James Wan tem um bom currículo no cinema de terror. A cena com os seres das profundezas (que parecem gremlins grandes) mostra bem essa vocação, aquele trecho tem o maior jeitão de filme de terror.

No papel principal, Jason Momoa é um dos grandes responsáveis pelo sucesso do filme. Carismático, ele nos convence que o Aquaman é um herói cool, bem diferente daquele loirinho bobinho que todos conhecem do desenho animado. Também no elenco, Nicole Kidman, Amber Heard, Willem Dafoe, Patrick Wilson, Dolph Lundgren, Temuera Morrison e Yahya Abdul-Mateen II (sim, o Khal Drogo é filho da namorada do Batman com o Jango Fett, e é treinado pelo Duende Verde, que trabalha pro Coruja, amigo do Ivan Drago).

No fim, o saldo é positivo, apesar de alguns escorregões. Que a DC continue assim. O espectador é quem ganha!

How to Talk to Girls at Parties

How to Talk to Girls at PartiesCrítica – How to Talk to Girls at Parties

Sinopse (catálogo do Festival do Rio): No Reino Unido do fim dos anos 1970, Enn, um jovem tímido e fã da nova febre punk, está pronto para se apaixonar. Até que ele conhece a etérea Zan, que acredita que o punk vem “de uma outra colônia”, uma de muitas pistas de que ela talvez não seja desse planeta. Uma história sobre o nascimento do punk, a exuberância do primeiro amor e o maior de todos os mistérios do universo: como conversar com garotas em festas?

Quando vi Antiporno, pensei que era o filme mais maluco do festival. Que nada. Ainda faltava este How to Talk to Girls at Parties.

É difícil falar de How to Talk to Girls at Parties. É um filme completamente “fora da caixinha”. “Festa estranha com gente esquisita”, um desfile de personagens bizarros em situações bizarras. Mesmo assim, arrancou gargalhadas da plateia várias vezes. Apesar de ser um filme diferente de tudo, é o mais leve e divertido que já vi do diretor John Cameron Mitchell (Hedwig, Shortbus, Reencontrando a Felicidade).

Trata-se de uma adaptação de um conto de Neil Gaiman (que tem uma versão em graphic novel, desenhada pelos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá). Não li o livro, nem os quadrinhos. Mas é curioso ver que o título não faz sentido na história do filme.

Os figurinos dos alienígenas merecem uma citação. O filme explora o clichê de alienígena dos anos 70, roupas colantes em cores berrantes. O visual ficou bem legal. E tudo combina com a grande coleção de personagens excêntricos. Quem embarcar na viagem proposta por Mitchell vai se divertir.

O papel principal ficou nas mãos do desconhecido Alex Sharp, mas ele faz par com Elle Fanning (o que deve ajudar a vender o filme). Nicole Kidman faz um papel menor como uma punk veterana.

Acho difícil este filme chegar no circuito…

De Olhos Bem Fechados

De Olhos Bem FechadosCrítica – De Olhos Bem Fechados

Para o podcast sobre Tom Cruise, revi De Olhos Bem Fechados, filme que heu só tinha visto uma única vez, na época do lançamento.

Um médico novaiorquino, casado com uma curadora de arte, se vê em uma perigosa odisseia noturna de descobertas morais e sexuais depois que sua esposa admite que quase o traiu.

De Olhos Bem Fechados (Eyes Wide Shut, no original) foi o último filme de Stanley Kubrick – segundo o que foi noticiado na época, Kubrick morreu quatro dias depois de entregar o filme pronto. Mas a recepção, tanto do público, quanto da crítica, não foi boa, e muita gente se questiona se a versão oficial é realmente o filme que Kubrick pretendia fazer.

A produção de De Olhos Bem Fechados foi bem conturbada. Boatos na época diziam que Harvey Keitel e Jennifer Jason Leigh teriam papeis importantes na trama. Mas por causa dos atrasos (o filme demorou mais de dois anos pra ficar pronto), Keitel brigou com Kubrick e se desligou do projeto. Kubrik então resolveu reescrever e refilmar tudo, para não usar nenhuma imagem com Keitel. Aí foi a vez de Jennifer se pronunciar: ela tinha contrato para filmar eXistenZ com David Cronenberg e não tinha tempo pra refazer tudo. Resultado? Os papeis foram reduzidos e entregues a Sydney Pollack e Marie Richardson.

Outro problema foi que a divulgação na época dizia que o filme teria tórridas cenas de sexo entre o casal “namoradinho da América”, Tom Cruise e Nicole Kidman, que eram casados na época mas se separaram pouco depois. Nada, o filme até mostra bastante nudez e sexo, mas pouca coisa entre Tom e Nicole.

(Diferente de Jennifer e Keitel, Tom e Nicole assinaram contratos onde garantiam que esperariam o tempo que fosse necessário até Kubrick liberar o casal. De Olhos Bem Fechados está no Guiness como o recorde de maior tempo de filmagem, 400 dias. Tom Cruise não lançou nenhum filme em 97 e 98…)

Cinematograficamente falando, o resultado final de De Olhos Bem Fechados ficou impecável (afinal, Kubrick gastou tanto tempo porque era perfeccionista). Quase todas as cenas têm muitas luzes dentro dos cenários, criando um visual incomum e onírico, e a trilha sonora com poucas notas no piano ajuda a criar o clima tenso – e toda a sequência do baile de máscaras é muito boa. Mas, por outro lado, o desenvolvimento da história não agradou a quase ninguém na época do lançamento – houve muitas críticas vindas de todos os lados, me lembro que saí do cinema (em 1999) perplexo, sem entender nada, e com muita raiva de ter esperado tanto tempo por aquilo.

Revi agora sob outra ótica, que ajuda um pouco a compreensão. Precisa de aviso de spoilers para um filme de dezesseis anos atrás?

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Imaginem que o dr. Bill é um sujeito muito certinho, e um dia, ouve sua esposa falando de uma possível traição (ela não chega a admitir que traiu). Bill pira com isso, e resolve sair à procura de uma transgressão. Mas ele é tão certinho que não consegue – ele mesmo sabota as próprias transgressões (a prostituta, a filha do lojista, a orgia). Ou seja, tudo a partir daquele papo com a esposa seria uma viagem na cabeça de Bill.

FIM DOS SPOILERS!

Mesmo revendo sob este ponto de vista, o fim do filme continua ruim, na minha humilde opinião.

De Olhos Bem Fechados, assim como acontece com toda a carreira de Kubrick, é repleto de simbolismos. Mas não vou entrar nesse aspecto do filme, quem tiver interesse é só dar uma googlada…

Antes de Dormir

Antes-de-DormirCrítica – Antes de Dormir

Uma mulher acorda todos os dias sem se lembrar de nada recente, resultado de um traumático acidente no seu passado. Um dia, novas evidências aparecem e a forçam a questionar todos em sua volta.

Lendo a sinopse, parece uma mistura de Como se Fosse a Primeira Vez com Amnésia. Mas, na verdade, Antes de Dormir (Before I Go to Sleep, no original) tem muito pouco em comum com esses filmes.

Antes de Dormir é um filme “correto”: boa fotografia, trilha sonora ok… mas no fundo nunca deixa de parecer um “filme de Supercine”, uma produção daquelas que iria direto para o mercado de home video – infelizmente, o filme não engrena nunca. O único destaque aqui é o elenco, afinal, não é sempre que se pode contar com Nicole Kidman, Colin Firth e Mark Strong. Os três estão bem. E – para os fãs de Nicole – ela tem uma rápida cena de nudez, onde mostra que ainda está com tudo em cima aos 47 anos de idade.

Rowan Joffe dirigiu e escreveu o roteiro (baseado no livro homônimo de S. J. Watson). É o segundo longa para o cinema dirigido por Rowan, seu currículo como roteirista é um pouco maior (Extermínio 2, Um Homem Misterioso, entre outros). Rowan é pouco conhecido, mas filho de gente importante – seu pai é Roland Joffé, de A MissãoOs Gritos do Silêncio. Triste fato: como diretor, Rowan ainda é mais fraco que o pai.

Antes de Dormir é um daqueles suspenses onde os elementos são colocados na trama como se fosse um quebra cabeça. O problema é que o plot twist final é tão mirabolante que fica difícil acreditar que uma pessoa seria capaz de tal plano.

Enfim, um filme mediano, que não ofende ninguém, mas que também pode passar batido.

Mulheres Perfeitas (2004)

0-mulheres-perfeitasCrítica – Mulheres Perfeitas (2004)

Quando uma alta executiva da tv é demitida e entra em depressão, seu marido a leva para a comunidade de Stepford, em Connecticut, onde todas as mulheres são perfeitas – às vezes até demais.

Frank Oz, além de ter sido o braço direito de Jim Henson nos Muppets e de ter interpretado o Yoda, também era diretor. Não é uma carreira muito extensa (12 longas, segundo o imdb), mas tem alguns filmes excelentes – sou muito fã da sua versão de A Pequena Loja dos Horrores. Oz aqui apresenta mais um bom filme.

Este Mulheres Perfeitas é uma refilmagem de Esposas em Conflito, de 1975, inspirado no livro “As Possuídas”, de Ira Levin, lançado em 1972 (todos têm o nome original “Stepford Wives”). Não vi o original, mas pelo que li, é mais sério, mais puxado para o suspense. Esta versão de 2004 não tem nada de suspense, é uma boa comédia de humor negro.

O clima de Mulheres Perfeitas é de uma deliciosa farsa. Tanto é uma farsa que ninguém trabalha naquela cidade, mas todos têm um alto padrão de vida. Os figurinos, a cenografia e a inspirada trilha sonora de David Arnold (parece Danny Elfman, não?) ajudam no clima farsesco.

Algumas características das mulheres de Stepford são inconsistentes. A cena que uma mulher vira um caixa eletrônico não é coerente com a cena final, por exemplo. Falha do roteiro, precisamos reconhecer…

O elenco é excelente. Nicole Kidman está perfeita no papel principal tanto antes, como executiva estafada, quanto depois, como “mulher perfeita”. Christopher Walken exercita sua divertida canastrice com um papel que é a sua cara. Bette Midler, exagerada como sempre, ganhou um papel exagerado que que combina com o seu estilo. Matthew Brodderick é que está um pouco apagado… Ainda no elenco, Glenn Close, Jon Lovitz, Roger Bart e Faith Hill.

Mulheres Perfeitas não é o melhor filme de Frank Oz. Mas pode divertir quem entrar no clima.

Crítica – Moulin Rouge

Crítica – Moulin Rouge

Há tempos queria rever Moulin Rouge. Aproveitei que estou numa “onda musical” enquanto lapido o roteiro do meu primeiro longa (Você Não Soube Me Amar – O Filme).

Paris, 1899. Um escritor se apaixona pela estrela do badalado clube noturno Moulin Rouge. O problema é que ela também é cortejada por um poderoso duque, que investe dinheiro no clube.

Moulin Rouge é um grande filme. O diretor Baz Luhrmann já tinha chamado a atenção com seu filme anterior, Romeu + Julieta, quando filmou atores e cenários contemporâneos recitando os versos clássicos originais de Shakespeare – o contraste era usar o visual moderno com o inglês arcaico. Agora a sua “novidade” era contar uma história passada em 1899, mas usando músicas atuais.

A trilha sonora é de longe o melhor de Moulin Rouge. Músicas de Elton John, Madonna, Beatles, U2, Kiss, Nirvana, Queen e The Police, entre outros, estão revistas e misturadas em arranjos muito inspirados. Só a trilha sonora já vale o filme.

Outro destaque é o visual do filme, muito bem cuidado, assim como os figurinos, tudo muito colorido, tudo meio estilizado. Luhrmann foi um pouco exagerado ao compor o visual de Moulin Rouge, mas admito que gostei disso.

Infelizmente, nem tudo funciona. O filme é longo, pouco mais de duas horas, e cansa – principalmente na segunda metade. E o exagero característico do diretor atrapalha quando o filme está cansativo.

No elenco, destaque para o casal principal, Nicole Kidman e Ewan McGregor, que inclusive cantam as suas músicas – Nicole está lindíssima, acho que esse é um dos filmes que melhor souberam aproveitar sua beleza. John Leguizamo faz um anão (!), usando cgi e truques de câmera (depois de O Senhor dos Aneis, acho que ficou mais fácil para atores altos interpretarem pessoas pequenas). Ainda no elenco, Jim Braodbent, Richard Roxburgh e uma ponta da cantora Kylie Minogue, como a fada verde.

Depois deste filme, de 2001, Lurmann só foi lançar um novo filme em 2008, o épico não tão bem falado Austrália. Mas este ainda não vi – e nem tenho muita vontade…

Reféns

Crítica – Reféns

Confesso que já fui fã do Joel Schumacher. Nos anos 80, seu currículo era muito bom, com filmes como O Primeiro Ano do Resto das Nossas Vidas, Linha Mortal e Garotos Perdidos. Mas parece que depois dos dos lamentáveis Batman (1995 e 1997), ele nunca mais acertou a mão. Este Reféns é mais uma prova disso.

Um bem sucedido negociador de diamantes mora com a esposa e a filha adolescente em uma mansão e tem um carro esporte conversível. Mal sabe ele que bandidos invadirão sua casa atrás do seu dinheiro.

Nem sei dizer exatamente qual é o problema aqui. O filme simplesmente não engrena. Não sei se é o roteiro ruim ou as atuações fracas, mas o resultado deixa a desejar.

O roteiro, assinado pelo estreante Karl Gajdusek, vai direto ao assalto. Isso pode dar agilidade à trama, mas causa um problema: não há nada que nos faça ter simpatia por Kyle, o arrogante personagem de Nicolas Cage. Se não há conexão com o personagem, não temos vontade de torcer por ele enquanto ele enfrenta os bandidos. E ainda tem outro problema, o roteiro traz um monte de reviravoltas, e nem todas são coerentes. E a falta de coerência também atinge a construção de alguns personagens.

Schumacher conseguiu dois nomes de peso para o elenco. O problema é que Nicolas Cage há tempos também passa por uma fase ruim na carreira – é só a gente se lembrar dos seus últimos filmes, como Fúria Sobre Rodas e Caça às Bruxas. Seu Kyle não é tão caricato como tem sido comum, mas está longe de ser uma boa interpretação. E aí sobra pra Nicole Kidman, grande atriz, mas que não faz milagre com um roteiro fraco nas mãos. Ainda no elenco, Cam Gigandet, Liana Liberato e Ben Mendelsohn.

Tem crítico por aí dizendo que Reféns é o pior filme do ano. Discordo. Não que seja bom, mas é que tem coisa pior por aí – por exemplo, 11-11-11, post de quatro dias atrás. Mas, mesmo não sendo “o pior filme do ano”, Reféns nem vale a pena.

Reencontrando a Felicidade

Crítica – Reencontrando a Felicidade

Um casal tenta reconstruir a vida depois de perder o filho de quatro anos, morto atropelado.

Confesso que tinha dois receios para ver este filme. Um receio cinematográfico (pé atrás com o diretor John Cameron Mitchell), outro receio pessoal.

Vou abrir um “cantinho do desabafo” aqui. Este assunto é muito delicado pra mim. Minha filha mais velha nasceu com problemas cardíacos, e faleceu em 2003, com os mesmos quatro anos que o garoto do filme tinha. É sempre difícil pra mim ver um filme com o tema “morte de filho”. É complicado fazer uma crítica, porque o emocional sempre fala alto. Dito isso, posso dizer que entendo tudo o que Becca, a personagem de Nicole Kidman, está passando. Me vi na tela diversas vezes. Compartilho com Becca vários questionamentos, inclusive religiosos. Dá pra se escrever uma crítica assim? Bem, vou tentar…

Antes de tudo, preciso falar que o meu receio cinematográfico era infundado. Meu pé atrás com John Cameron Mitchell é porque o seu Hedwig é muito irregular, e o seu Shortbus pode até ser divertido, mas é uma grande picaretagem. Mas aqui ele faz um belo trabalho. Reencontrando a Felicidade é um filme sensível e bonito, dentro do que o assunto permite.

O roteiro, escrito por David Lindsay-Abaire (baseado na sua própria peça), é muito eficiente ao apresentar os traumas que afligem o casal. A história é triste, triste, mas em momento nenhum o filme é monótono.

O elenco é um dos pontos fortes do filme. Nicole Kidman arrebenta, foi até indicada para o último Oscar por este papel. Aaron Eckhart não fica pra trás, também está bem seguro como o pai que quer seguir com a vida. Ainda no elenco, Diane Wiest, Miles Teller e Sandra Oh.

Preciso ainda falar do título em português. Onde diabos está a tal felicidade? O garoto morreu, a família está caindo aos pedaços… Abaixo os nomes inventados!

Não tenho condições de recomendar este filme para ninguém. Mas admito que foi uma experiência forte.

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