Daisy Jones & The Six

Crítica – Daisy Jones & The Six

Sinopse (imdb): Siga o sucesso da banda de rock Daisy Jones e The Six através da cena musical de Los Angeles da década de 1970 em sua busca para se tornar um ícone global.

Há umas semanas, atrás me indicaram lá no grupo de apoiadores do Podcrastinadores uma nova série musical: Daisy Jones and The Six, da Amazon Prime, que mostra uma banda fictícia dos anos 70 que estava no auge do sucesso, quando algo aconteceu durante uma turnê e a banda se separou e nunca mais fizeram nada. Anos depois, eles estão sendo entrevistados (separadamente), para contar o que aconteceu. A série alterna momentos dessa entrevista com flashbacks, num formato que parece uma mistura de This is Spinal Tap com Quase Famosos.

A reconstituição de época está perfeita, e a parte musical é muito boa. A banda é inspirada no Fleetwood Mac, banda que conheço pouco. Tenho um grande elogio e um mimimi pra fazer sobre a parte musical. O elogio é que poucas vezes vi um filme ou série com músicos tão bem representados. Sou chato e presto atenção no ator interpretando um músico – ele não precisa tocar, mas precisa fingir bem que toca (caso do De Volta para o Futuro) (um ator interpretando um cirurgião não precisa fazer a cirurgia, apenas precisa convencer no seu fingimento). E, tirando um detalhe aqui, outro detalhe ali, aqui os atores estão excelentes! Inclusive, segundo o imdb, eles chegaram a fazer um show como se fossem uma banda de verdade, como laboratório! Digo mais: em mais de um momento ao longo da série, a gente vê uma música sendo executada num estúdio ou num palco, e o volume dos instrumentos varia conforme a câmera anda – o que aconteceria na vida real.

Agora, posso fazer um mimimi? Todos os atores convencem (inclusive Riley Keough quando toca violão meio sem jeito enquanto compõe – ela não domina o violão, mas toca os acordes pra apresentar a música para os companheiros de banda), menos a Suki Waterhouse como tecladista. Ok, um tecladista ou pianista pode interpretar bem sem mostrar as mãos, mas, teve uma cena em particular onde parece que ela está usando pick up de DJ, enquanto mexe em drawbars de um órgão Hammond!

A série é baseada no livro “Daisy Jones and The Six, Uma história de amor e música”, da escritora Taylor Jenkins Reid. Não li o livro, não sei se a série é fiel, mas tenho algumas críticas. A história da banda é muito boa, mas tem uma história paralela sobre a Simone, amiga da protagonista Daisy Jones, que tenta carreira como cantora disco. E essa história paralela é bem mais fraca que a história principal. Digo mais: o episódio onde Daisy vai pra Grécia e se casa é completamente dispensável. Podia ter um episódio a menos, e quando ela aparecesse com o marido, era só apresentá-lo.

Sobre o elenco, tem um problema recorrente em Hollywood, que é a idade dos atores. Sam Claffin tem 36 anos, e precisa convencer como um jovem recém saído da escola no início da banda. E como temos todo o elenco em diferentes épocas, esse problema acontece com todos. Mas, se a gente relevar esse detalhe, o elenco está bem.

Riley Keough é filha de Lisa Marie Presley e neta de Elvis Presley, e nunca tinha interpretado uma cantora (ela estava no filme The Runaways, mas interpretava a irmã da vocalista). Ela convence aqui como um dos dois principais nomes, e ela funciona bem ao lado de Sam Claffin, que também está bem. Sobre o resto da banda, tive um problema com Will Harrison e Josh Whitehouse, que fazem o guitarrista e o baixista, porque achei os personagens muito parecidos (só consegui diferenciar um do outro no décimo episódio!). Completam a banda Suki Waterhouse e Sebastian Chacon, o baterista, que é um dos melhores personagens. Um nome relativamente conhecido num papel menor é Timothy Olyphant, como um empresário que ajuda a banda. Ainda no elenco, Camila Morrone, Tom Wright e Nabiyah Be.

O último episódio traz um plot twist que achei bem legal, mas não contarei por aqui porque não gosto de spoilers.

O Culpado

Crítica – O Culpado

Sinopse (imdb): Um policial rebaixado designado para o escritório de chamadas fica em conflito quando recebe uma ligação telefônica de emergência de uma mulher sequestrada.

Filme novo da Netflix, O Culpado (The Guilty, no original) é uma daquelas produções diminutas, baseadas em um ator e um ou dois cenários – tipo Oxigênio, outro filme Netflix que falei aqui outro dia.

Filmes assim precisam se apoiar em algumas coisas, como um bom roteiro (precisa manter o espectador interessado mostrando o mesmo personagem e o mesmo cenário); uma direção criativa (mais uma vez, pra não cansar o espectador) e um bom ator protagonista.

O Culpado é refilmagem do dinamarquês Culpa, de 2018, que chegou a ser pré selecionado ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 2019 (existe uma lista maior antes de divulgarem os cinco candidatos ao prêmio). Não vi o original, não sei o quanto a história se parece. O roteiro desta refilmagem é eficiente ao segurar a atenção do espectador por quase uma hora e meia, guardando alguns segredos sobre o protagonista e um plot twist meio previsível no terço final.

A direção é de Antoine Fuqua, que já fez bons filme em grandes produções, como Dia de Treinamento, O Protetor e Sete Homens e um Destino – mas também nos trouxe o fraco Infinite, lançado este ano. Com poucas opções de cenários, Fuqua procura ângulos diferentes e incomuns pro espectador se aproximar do protagonista e não se cansar.

O grande trunfo de O Culpado é Jake Gyllenhal, que também aparece como produtor. Ele está muito bem, seu personagem tem um dilema moral que só é revelado no fim do filme, e ele fica obcecado tentando resolver o problema do sequestro que guia o filme inteiro.

Alguns coadjuvantes aparecem aqui e ali, mas o filme é quase todo com Jake Gyllenhal aparece em tela, falando ao telefone. E ter um grande diretor e um grande ator ajuda no elenco de apoio. Ethan Hawke, Riley Keough, Peter Sarsgaard e Paul Dano fazem algumas das vozes ao telefone com Gyllenhal.

Não gostei muito do fim do filme, o plot twist já era esperado, e achei que depois de tudo revelado, o filme ainda se estica alguns minutos desnecessariamente. Mesmo assim, achei um resultado positivo.

Logan Lucky – Roubo em Família

logan luckyCrítica – Logan Lucky – Roubo em Família

Sinopse (catálogo do Festival do Rio): Os irmãos Jimmy e Clyde Logan acreditam que sua família sofre de uma terrível maldição, que justifica um azar financeiro que vem se estendendo por gerações. A fim de tentar reverter essa condição, eles decidem executar um ambicioso assalto durante uma corrida de automóveis da NASCAR, o maior campeonato de stock car dos Estados Unidos. No entanto, nem tudo sairá como o previsto.

O diretor Steven Soderbergh tem um jeitão de fazer “filmes pipoca” leves, onde grandes atores parecem que estão se divertindo. Isso acontece com este Logan Lucky – Roubo em Família (Logan Lucky, no original). Um bom elenco num filme divertido e despretensioso.

Um dos problemas aqui é a inevitável comparação com 11 Homens e um Segredo e suas continuações. Ok, Channing Tatum e Adam Driver são nomes badalados, mas acredito que Brad Pitt e George Clooney eram nomes mais fortes na época do outro filme. Mas, na minha humilde opinião, o pior problema é que o roubo deste Logan Lucky tem muitos furos. Um bom filme de roubo precisa trazer um plano mirabolante e que convença o espectador. O plano aqui parou no “mirabolante”.

Mas, como disse lá em cima, o elenco não deixa a peteca cair, e a fórmula soderberghiana segue fluindo. Afinal, não é todo dia que temos Channing Tatum, Adam Driver, Daniel Craig, Riley Keough, Katie Holmes, Seth MacFarlane, Katherine Waterston e Hilary Swank à disposição…

O resultado final não é lá grandes coisas, mas pelo menos vai divertir os menos exigentes.