CBGB

0-CBGBCrítica – CBGB

Um filme contando a história do lendário clube novaiorquino CBGB? Quero ver!

A sinopse? Simples como um cara criou, meio sem querer, uma das casas mais importantes da história do rock’n’roll.

Em primeiro lugar, preciso falar que não sou muito fã da filosofia musical do punk rock – gosto de música bem tocada ;-). Mas reconheço a importância do movimento punk. E tem mais: o filme é sobre o CBGB, não sobre o punk. Então a gente vê o Talking Heads e o Blondie na tela…

Dito isso, vamos ao filme. Antes de ser um filme sobre o clube, CBGB é sobre Hilly Kristal, o dono do local. Um homem visionário, mas um péssimo administrador (o clube estava sempre lotado, e mesmo assim as contas viviam atrasadas).

(Aliás, o filme explica as inicias “CBGB OMFUG” – que sempre li, mas nunca tive ideia do que significava. Curiosamente, Hilly queria fazer um clube de country e blues, e chamou sua casa de “Country Blue Grass Blues”. Mas só conseguiu músics de outros estilos, então acrescentou “Other Music For Uplifting Gormandizers”…)

O filme escrito e dirigido por Randall Miller é sobre Hilly Kristal, e “o nome do filme” é Alan Rickman. Não sei nada sobre o Hilly original, não sei se a caracterização foi fiel. Rickman é um grande ator, a gente já sabia, e aqui ele constroi um personagem rico, um cara popular e bem sucedido, e, ao mesmo tempo, solitário e fracassado.

Aliás, o elenco inteiro está muito bem. Rupert Grint, o Ron de Harry Potter, impressiona como o guitarrista dos Dead Boys, completamente diferente do seu personagem mais famoso. Malin Akerman pouco aparece, mas ficou bem parecida com a Debbie Harry – outros músicos aparecem e estão ainda mais parecidos, mas são interpretados por atores desconhecidos. Ainda no elenco, Ashley Greene, Johnny Galecki, Stana Katic, Justin Bartha, Richard de Klerk, Freddy Rodríguez e Bradley Whitford.

Gostei muito de ver as bandas caracterizadas no palco do CBGB – Talking Heads, Blondie, Ramones, The Police, Iggy Pop, etc (e confesso que nunca tinha ouvido falar de Dead Boys…). Foi uma boa colocarem atores parecidos com os músicos dublando as músicas originais. O único problema é que o som ficou limpo demais – mas é melhor do que ouvir anônimos tocando e cantando músicas icônicas.

Também gostei da edição usando quadrinhos. Tudo a ver com o estilo do filme!

CBGB é baseado em fatos reais, mas nem tudo o que vemos no filme aconteceu de verdade. O próprio filme avisa isso, nos créditos finais, quando avisa que Iggy Pop nunca cantou no CBGB, e manda um “just deal with it”. Aliás, foi engraçado ler “nenhum animal foi maltratado durante as filmagens, as baratas esmagadas eram biscoitos Fig Newtons” (um biscoito recheado parecido com o nosso goiabinha).

Li no fórum do imdb algumas pessoas criticando a cenografia, porque usou vários props reais tirados do próprio CBGB. Se a gente prestar atenção, pode ver flyers dos anos 80 e 90, e o filme se passa na década de 70. Mas isso não me incomodou, achei que o visual do filme ficou mais rico assim.

Terminado o filme, fiquei com vontade de ver um filme semelhante sobre o Garage, da rua Ceará, aqui no Rio. Se heu tivesse os contatos certos, heu bem que tentava fazer este filme!

The Spirit

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The Spirit

Algumas pessoas conseguem uma boa desenvoltura em diferentes artes. Outras não. O músico Rob Zombie se revelou um excelente diretor de cinema (Rejeitados pelo Diabo, Halloween); por outro lado, o badalado Caetano Veloso dirigiu um filme nos anos 80 e hoje em dia quer que todos esqueçam aquela bomba, de tão ruim que é…

Frank Miller, infelizmente, está no grupo dos que não deveriam se aventurar em outra arte…

Frank Miller é um quadrinista conceituadíssimo. Dentre suas obras, estão as famosas graphic novels 300 e Sin City (por coincidência, 2 bons exemplos de boas adaptações cinematográficas de quadrinhos), além do cultuadíssimo O Cavaleiro das Trevas . Aí, em 1990, resolveu responder ao canto da sereia hollywoodiana e escreveu o roteiro ruim de Robocop 2, e depois o roteiro pior ainda de Robocop 3.

Traumatizado com Hollywood, ele declarou que nunca mais ia trabalhar com cinema. Até que Robert Rodriguez o convenceu que era possível transformar Sin City em um filme. Rodriguez e Miller assinam juntos a direção do fantástico Sin City.

Aí Miller resolveu andar sozinho de novo em Hollywood. E fez esse The Spirit, baseado nos clássicos quadrinhos de Will Eisner. The Spirit conta a história do ex-policial e galã Denny Colt, que voltou à vida depois de morto, e agora age como um quase super-herói.

Bem, infelizmente não funciona. E sabe por que? Porque o filme não se decide entre a farsa e o filme sério. Hoje em dia estamos acostumados a ver super-heróis mais humanizados, dentro de contextos mais reais. E enquanto The Spirit tem um pouco disso,  acontecem cenas onde é tudo tão escrachado e tão exagerado que parece um desenho animado. A primeira luta entre o Spirit e o vilão Octopus (Samuel L Jackson) é tão ridícula que se caísse uma bigorna na cabeça de um deles talvez a gente achasse normal…

300 foi escrito por Frank Miller, mas filmado por Zack Snyder; Sin City foi dirigido por Miller, mas com Robert Rodriguez ao seu lado. Sozinho, Miller não conseguiu encontrar o tom certo para o seu filme. Tudo é caricato demais, às vezes parece um filme dos Trapalhões…

Apesar disso, nem tudo se perde no filme. O visual é bem legal, com vários efeitos de computador bem colocados. As cores são saturadas, exageradas como numa história em quadrinhos, muito branco e preto com detalhes vermelhos – inclusive, nos cinemas as legendas são amarelas, se fossem brancas muito ia se perder!

Outra coisa digna de nota é o elenco feminino. Eva Mendes, Scarlett Johansson, Sarah Paulson, Paz Vega, Jaime King e Stana Katic, cada uma mais bonita que a outra. Nisso Miller acertou!

O fim do filme indica que teremos continuações. Tomara que da próxima vez consigam um diretor com talento pra cinema!