A Luz do Demônio

Crítica – A Luz do Demônio

Sinopse (imdb): Uma freira se prepara para realizar um exorcismo e fica cara a cara com uma força demoníaca com laços misteriosos com seu passado.

Antes de tudo preciso dizer que sempre vou apoiar lançamentos no cinema. Ver um filme na sala escura é sempre uma experiência melhor do que ver em casa pelo streaming.

Dito isso, preciso confessar que não entendi a escolha deste A Luz do Demônio para ser um grande lançamento da Paris Filmes, com direito a sessão de imprensa presencial e ações de marketing espalhadas ao longo do próximo fim de semana. A Luz do Demônio não é ruim, mas é um filme bem genérico. E não custa lembrar: tem outros filmes melhores de terror sem distribuição nos cinemas (como Barbarian, que foi direto pro Star+; ou Pearl, que até onde sei ainda não tem previsão de lançamento aqui no Brasil)

Enfim, vamos ao filme. Dirigido por Daniel Stamm (O Último Exorcismo), A Luz do Demônio (Prey for the Devil, no original) se diferencia de outros filmes de exorcismo ao colocar uma mulher como protagonista. Ok, sei que hoje é “modinha”, vários filmes estão usando o protagonismo feminino (e não tenho absolutamente nada a reclamar sobre isso), mas reconheço que às vezes fica forçado. Mas aqui foi uma boa, porque o filme aproveita pra cutucar o machismo da Igreja Católica, que não deixa mulheres praticarem exorcismo.

Fora isso, a gente já viu todo o resto. As cenas de exorcismo copiam os clichês de todos os outros filmes do gênero, incluindo as mesmas maquiagens e contorcionismos. Zero novidades, e o pior: A Luz do Demônio não causa medo.

A parte final é ainda pior. Durante todo o filme a protagonista tem contato com um demônio, e quando finalmente rola o confronto, a solução é bem fuen. E são sequências muito escuras, quase não dá pra ver nada (e olha que vi no cinema, imagina quem vai ver em casa na TV ou no computador!)

No elenco, o papel principal é de Jacqueline Byers, que lembra uma Targaryen com aquele cabelo mal pintado de amarelo. Virgínia Madsen, veterana de filmes de terror, tem um papel menor, que é completamente dispensável (parece que o roteiro já estava pronto, aí conseguiram a atriz, então criaram algumas cenas para incluí-la). Também no elenco, Colin Salmon, Christian Navarro, Nicholas Ralph, Ben Cross e Posy Taylor.

Ainda queria falar do nome original. No imdb está como “Prey for the Devil”, mas no filme estava escrito “The Devil’s Light”. Não entendi por que dois títulos. E também não entendi o que seria uma “luz do demônio”.

A Luz do Demônio estreia nos cinemas nesta quinta. Deve agradar o menos exigentes. Mas fica a tristeza de saber que tinha coisa melhor pra passar na tela grande.

Duna (1984)

Crítica – Duna 1984

Sinopse (imdb): O filho de um duque lidera aos guerreiros contra o imperador galáctico e liberar seu mundo do seu reinado.

Esta semana estreia a esperada nova versão de Duna. Aproveitei pra rever a versão de 1984, dirigida por David Lynch.

O livro Duna, escrito por Frank Herbert, foi publicado originalmente em 1965, e, segundo a wikipedia, “é continuadamente apontada como uma das mais renomadas obras de ficção e fantasia já lançadas, e um dos pilares da ficção científica moderna”. O próprio Frank Herbert escreveu cinco continuações, e seu filho continuou o legado, lançando mais livros.

Mas, e no cinema?

No início dos anos 70, o diretor Alejandro Jodorowsky tentou adaptar, mas a produção teve diversos problemas e o filme nunca foi terminado – este é um daqueles filmes que a gente gostaria de ver um dia, mas infelizmente nunca vai conseguir, tipo o Superman do Tim Burton, ou a versão de Han Solo dirigida por Phil Lord e Chris Miller, ou a Liga da Justiça do George Miller, ou o Alien do Neil Bloomkamp, ou ainda o Watchmen do Terry Gilliam com Robin Williams. O projeto de Jodorowsky era megalomaníaco, contava com Moebius e HR Giger na concepção visual, Salvador Dali e Orson Welles no elenco, e trilha sonora do Pink Floyd. Seria um filme de mais de 12 horas, com um orçamento três vezes maior do que a média da época. Existe até um documentário sobre este Duna do Jodorowsky, lançado em 2013. Olha, já vi filmes do Jodorowsky, se heu fosse produtor, não sei se confiaria um projeto deste tamanho nas mãos dele…

No início dos anos 80, uma nova tentativa estava sendo feita. Ridley Scott seria o diretor, mas se afastou por problemas familiares – seu irmão morreu, e ele queria começar a trabalhar logo, e a produção de Duna ainda ia demorar; Scott acabou assumindo Blade Runner, que estava prestes a ser filmado.

O produtor Dino de Laurentiis (Flash Gordon, King Kong, Conan) resolveu então chamar um jovem promissor, um tal de David Lynch, que tinha chamado a atenção com seus dois primeiros filmes, Ereaserhead (77) e O Homem Elefante (80). Inclusive, Lynch foi sondado para dirigir O Retorno do Jedi, mas recusou o convite dizendo a George Lucas “é a sua obra, não é a minha obra”.

Lynch assumiu, mas o resultado final foi mais um daqueles diversos exemplos de briga entre produtor e diretor… Mais tarde volto a esse ponto. Primeiro vamos ao que funciona.

A produção é grandiosa. Mesmo revisto hoje, 37 anos depois, os cenários e figurinos ainda chamam a atenção. A maquiagem também é muito boa. Carlo Rambaldi, que já tinha dois Oscars, por ET e Alien, foi chamado pra fazer as criaturas.

Por outro lado, os efeitos especiais perderam a validade. Ok, a gente tem que entender que muito tempo se passou, e os efeitos evoluíram muito. Mas, O Retorno de Jedi foi lançado um ano antes, e não me parece tão tosco.

Em Flash Gordon, o Queen foi chamado para fazer a trilha sonora e a combinação deu certo. Tentaram repetir a fórmula e aqui chamaram o Toto pra fazer a trilha. Mas, diferente de Flash Gordon, a trilha aqui é esquecível.

Ah, revisto hoje em dia, muita coisa ainda funciona. Mas a batalha final não. Tanto na parte dos efeitos especiais quanto na parte de roteiro. É uma batalha bem mal feita.

O elenco tem vários grandes nomes, mas é daquele formato de filme onde não tem nenhuma grande atuação O elenco conta com Virginia Madsen, Sean Young, Patrick Stewart, Sting, Max Von Sydow, Dean Stockwell, Brad Dourif, Linda Hunt, Silvana Mangano, Jurgen Prochnow, Everett McGill, Kenneth McMillan, José Ferrer, Alicia Witt, e, claro, o protagonista Kyle MacLachlan, em sua estreia no cinema. Depois MacLachlan faria Veludo Azul e Twin Peaks com David Lynch.

Como falei lá em cima, houve atritos entre diretor e produção (Dino de Laurentiis e sua filha Raffaella de Laurentiis). Lynch queria um filme maior, mas a produção queria o formato comercial de duas horas. Muita coisa foi cortada, e Lynch se desligou completamente da produção – até hoje, ele considera o único fracasso de sua carreira. O rompimento foi tal que, quando foi lançada uma versão estendida em dvd, não foi assinada por Lynch (a direção da versão estendida é de “Alan Smithee”, que é um nome fictício que usam quando um diretor se desliga de um filme e não colocam outro no lugar).

Resultado: o filme é confuso, e chato. Não sei se foi por causa dos cortes, mas o filme é repleto de narrações em off, quase todas desnecessárias. O resultado da bilheteria não foi o esperado, e as ideias de continuação foram engavetadas.

Agora vamos ver o resultado do novo Duna, do Villeneuve…

Joy: O Nome do Sucesso

JoyCrítica – Joy: O Nome do Sucesso

Mais um filme meia boca do superestimado David O. Russell…

Inspirado em uma história real, o filme mostra a jornada de uma mulher determinada a manter sua excêntrica e disfuncional família unida em face da aparentemente insuperável probabilidade. Motivada pela necessidade, engenhosidade e pelo sonho de uma vida, Joy triunfa como a fundadora e matriarca de um bilionário império, transformando sua vida e a de sua família.

A história de uma mulher que inventou um esfregão daria um bom filme? Talvez. Mas precisaria de um bom roteiro, já que a história em si é besta. E isso não acontece aqui.

Joy: O Nome do Sucesso (Joy, no original) tem uma cena boa aqui, outra acolá. Mas no geral, é um filme bobo. Uma história desinteressante sobre uma personagem desinteressante. O filme acaba e a gente fica com aquela sensação de “pra que alguém fez um filme sobre uma mulher que inventou um esfregão?” E o pior é que mais uma vez o filme foi elogiado.

Sobre a Jennifer Lawrence: acho que é uma grande atriz, uma das melhores de sua geração, sabe escolher bons filmes, mas vamos combinar que ela está um pouco supervalorizada. Mais uma vez ela concorre ao Oscar por um filme de O. Russell – ela ganhou por O Lado Bom da Vida e concorreu por Trapaça. Nada contra ela concorrer, mas ela não está tão bem assim. E o pior é a gente sentir que ela está no papel errado – a Joy deveria ser uma atriz mais velha, Jennifer tem 25 anos, ficou forçado imaginá-la como uma mulher separada, mãe de duas crianças.

O elenco tem bons atores, mas nenhum está bem. O. Russell deve gostar dos mesmos atores, mais uma vez temos Jennifer Lawrence, Bradley Cooper e Robert De Niro (os 3 estavam em O Lado Bom da Vida; os dois primeiros em Trapaça). Mas o destaque negativo fica com Isabella Rosselini, grande atriz, mas que está péssima aqui. Também no elenco, Edgar Ramirez, Diane Ladd, Virginia Madsen e Dascha Polanco.

Enfim, dispensável.

A Garota da Capa Vermelha

Crítica – A Garota da Capa Vermelha

A ideia era interessante: uma revisão adulta da história da Chapeuzinho Vermelho, sob a ótica dos filmes de terror, substituindo o Lobo Mau por um lobisomem. Mas aí resolveram colocar o projeto nas mãos de Catherine Hardwicke, a diretora de Crepúsculo. Aí, fica difícil, né?

Uma pequena vila medieval é atacada por um lobo. É chamado um especialista, o Padre Solomon, que traz uma revelação: não se trata de um lobo, e sim de um lobisomem, e que é um dos moradores da vila. Com este pano de fundo, acompanhamos uma jovem dividida entre dois rapazes: o amor de sua vida e o noivo que a família escolheu.

Olha, heu estava torcendo pra ser algo como Na Companhia dos Lobos, filme do Neil Jordan dos anos 80. Mas, infelizmente, A Garota da Capa Vermelha segue a linha água-com-açúcar de Crepúsculo, tem até um triângulo amoroso semelhante.

Quase nada funciona. O visual é até bem cuidado, lembra A Vila do Shyamalan (o que nãosei se é uma boa referência…), mas, hoje em dia, uma vila medieval precisaria ser mais “suja” – tudo é limpinho, as roupas são bonitas e os cabelos são bem cortados e bem penteados demais. Tem mais: na festinha da vila medieval rola festa com música eletrônica!

O roteiro é confuso, às vezes parece esquecer que era pra remeter à Chapeuzinho Vermelho, e vira uma história de terror no estilo “quem é o assassino”. Aí, de repente, do nada, o roteirista deve ter se lembrado, e incluiu uma cena forçada com o famoso diálogo “vovó, que olhos grandes…”. Nem lá, nem cá, é um completo desastre.

No elenco, acho que o único que se salva é Gary Oldman como o padre. Boas atrizes como Virginia Madsen e Julie Christie estão completamente desperdiçadas. E Amanda Seyfried precisa um dia fazer um grande filme, até agora ela parou no “quase”, em filmes como Mamma Mia, Boogie Oogie, O Preço da Traição ou Garota Infernal.

Enfim, o filme talvez agrade as menininhas fãs de Crepúsculo. Para o resto, é dispensável.

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Se você gostou de A Garota da Capa Vermelha, o Blog do Heu recomenda o Top 10 de melhores filmes de Lobisomem

Evocando Espíritos

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Evocando Espíritos

Uma família se muda para um velho casarão, mais perto do hospital onde o filho adolescente se trata de um câncer em estado avançado. Só depois descobrem que a casa era uma funerária. E que hoje é assombrada.

Interessante filme sobre casa mal assombrada. E, para ficar ainda mais assustador, a divulgação diz que é baseado em fatos reais.

Virginia Madsen e Martin Donovan encabeçam um elenco sem muitos rostos conhecidos – ainda temos um papel menor, mas importante, feito por Elias Koteas.

Alguns dos sustos e situações passadas dentro da casa são clichês – parece que não há nada de novo a se acrescentar ao tema “casa mal-assombrada”. Mesmo assim, o diretor Peter Cornwell consegue criar um bom clima de tensão ao longo do filme.

Não entrará na história como um dos melhores filmes do gênero, mas pode render uma boa diversão para os menos exigentes.