O Assassino

Crítica – O Assassino

Sinopse (imdb): Um assassino começa a colapsar psicologicamente enquanto começa a desenvolver uma consciência, mesmo enquanto seus clientes continuam a solicitar seus serviços.

Dirigido por David Fincher, O Assassino (The Killer, no original) não é um filme de assassino profissional como tantos outros por aí. Temos menos ação e mais momentos reflexivos dentro da cabeça do protagonista. Se por um lado isso deixa o filme um pouco lento (e, reconheço, meio chato às vezes), por outro lado sempre apoio filmes diferentes do óbvio.

O início do filme é muito bom, o protagonista está pronto para cometer um assassinato como sniper, coisa que a gente já viu em dezenas de outros filmes. Mas, o alvo ainda não estava no local. Quanto tempo um sniper precisa ficar esperando pelo tiro perfeito? E o que ele faz enquanto esse momento não acontece? O foco do filme é a rotina do assassino, e não o ato em si!

Agora, precisamos reconhecer que o resto do filme não acompanha esse ritmo. Ele tem tarefas para cumprir e vai seguindo de tarefa em tarefa, e o filme fica meio monótono. Acho que, do resto do filme, a única parte que merece destaque é uma violentíssima luta que acontece mais perto do final.

Ter um nome como Fincher na direção garante a qualidade pelo menos na parte técnica. Se às vezes O Assassino é chato, pelo menos é muito bem filmado. Mas, comparando com outros títulos do diretor (como Seven, O Clube da Luta e Garota Exemplar), na minha humilde opinião O Assassino fica um degrau abaixo.

Um filme nesse formato não funcionaria sem um grande ator no papel principal. E Michael Fassbender está ótimo como o cara metódico e detalhista. Pena que mais ninguém no elenco tem espaço pra desenvolvimento de personagem. Do resto do elenco, a única que tem algum espaço, mesmo que pouco, é Tilda Swinton. O elenco ainda tem um nome que interessaria ao público brasileiro, Sophie Charlotte, mas, diferente da Bruna Marquezine protagonista em Besouro Azul, Sophie quase não aparece aqui.

Enfim, mesmo sendo um filme “menor”, O Assassino ainda tem mais qualidade do que boa parte do que é despejado no streaming. Mas baixe suas expectativas!

Mank

Crítica – Mank

Sinopse (imdb): Hollywood dos anos 1930 é reavaliada pelos olhos do mordaz crítico social e roteirista alcoólatra Herman J. Mankiewicz enquanto ele corre para terminar o roteiro de Cidadão Kane (1941).

Filme do David Fincher, estrelado pelo Gary Oldman, contando bastidores de Cidadão Kane. É, esse é daqueles filmes que a gente precisa ver.

(Momento fofoca de Hollywood: uma curiosidade que não tem nada a ver com o filme: os dois tem a mesma ex esposa, Donya Fiorentino, e ambos os casamentos terminaram mal. Mas é curioso ver que diretor e ator têm filhos que são meio irmãos.)

Para os fãs de cinema clássico, Mank é um prato cheio. Fincher filmou como se fosse um filme da época, preto e branco, som mono, todos os detalhes de figurinos, cenários, enquadramentos, trilha sonora, tudo simula as produções dos anos 30 / 40. Tem até aquelas “marcas de cigarro”, aquelas bolas pretas que aparecem no canto da tela pra avisar pro projecionista que é a hora de trocar de projetor (se você é novo, talvez nunca tenha visto isso, mas até os anos 80 ou 90 era bem comum, tinha em todos os filmes que passavam no cinema).

Claro que conhecer Cidadão Kane é um “pré requisito” pra curtir Mank. Digo mais, o ideal é conhecer histórias da Hollywood clássica. O filme é todo sobre os bastidores hollywoodianos da época.

Agora, dito tudo isso, confesso que não curti muito o filme. Talvez porque não sou tão fã de Cidadão Kane (acho que só vi duas vezes). Reconheço todo o trabalho da produção, reconheço que a fotografia é um espetáculo e traz várias cenas belíssimas, mas, sei lá, Mank não falou diretamente comigo. É um bom filme, mas não curti tanto assim.

Mesmo assim, altamente recomendável para fãs de cinema!

Garota Exemplar

garota-exemplarCrítica – Garota Exemplar

Filme novo do David Fincher!

Quando o desaparecimento de sua esposa vira um circo na mídia, um homem vê os holofotes virados para ele quando se suspeita que ele pode não ser inocente.

Sou fã de Fincher desde Seven e O Clube da Luta (admito que não gostei do Alien 3). Hoje ele é um grande nome em Hollywood – foi indicado ao Oscar de melhor diretor duas vezes, por O Curioso Caso de Benjamin Button em 2009 e por A Rede Social em 2011. E agora, com o seu décimo longa, ele acerta mais uma vez o tom. Na minha humilde opinião, com Garota Exemplar (Gone Girl, no original), Fincher faz o filme que tentou com o confuso Zodíaco: um suspense bem amarrado, com investigações bem construídas e viradas de roteiro nos lugares exatos.

Garota Exemplar foi baseado no livro homônimo, e o roteiro foi escrito pela própria autora, Gillian Flynn. Pelo que li por aí, a estrutura da narrativa é igual, tanto no filme quanto no livro – alternando entre o dia-a-dia do personagem e os flashbacks de sua esposa. A trama flui bem, cheia de surpresas ao longo da história. Aliás, uma dica: o quanto menos você souber da trama, melhor.

É curioso notar que o filme tem momentos bem humorados – o que não costuma acontecer nos filmes de Fincher. Garota Exemplar está longe de ser uma comédia, mas em determinados momentos algumas risadas foram ouvidas no cinema.

Sobre o elenco: quem diria que Rosamund Pike seria um nome quase certo entre as indicações para o Oscar do ano que vem? Sempre gostei dela, mas reconheço que ela tinha “perfil de coadjuvante” – lembro dela em 007 – Um Novo Dia Para Morrer, Substitutos, Fúria de Titãs 2, Jack Reacher e The World’s End, em nenhum deles ela se destaca. Aqui, ela arrebenta, e mostra que merece estar no primeiro escalão de atrizes hollywoodianas.

(Uma curiosidade: Reese Witherspoon tinha comprado os direitos de adaptação do livro e pretendia estrelar o filme, mas David Fincher a convenceu a ficar só na produção. Arrisco a dizer que foi uma sábia decisão de Fincher!)

Ben Affleck também está bem, o seu perfil combina bem com o do personagem. Por outro lado, não gostei de Neil Patrick Harris. Seu papel é de um galanteador que parece uma versão séria do Barney de How I Met Your Mother. E aí a gente fica imaginando quando é que ele vai dizer “This is going to be legen – wait for it – dary!”. Ainda no elenco, Carrie Coon, Tyler Perry, Kim Dickens, Patrick Fugit, Missi Pyle, Sela Ward e Emily Ratajkowski.

Além do elenco e do roteiro, podemos citar outros dois destaques: a fotografia de Jeff Cronenweth e a trilha sonora de Trent Reznor e Atticus Ross – colaboradores habituais de Fincher. E como ponto negativo, acho que não precisava de duas horas e meia…

Por fim, a reclamação “de sempre”: o título brasileiro é pior do que o original. Mas desta vez, a culpa foi de quem traduziu o livro!

Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres

Crítica – Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres

Depois de ver o original, fui ao cinema ver a refilmagem.

A sinopse é exatamente igual à do outro filme, então copiei do texto de anteontem: “O jornalista Mikael Blomkvist, prestes a ser preso, é contratado para tentar descobrir o paradeiro da sobrinha de um milionário, desaparecida 40 anos antes. A hacker esquisitona Lisbeth Salander acaba ajudando-o.”

Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres é um bom filme. Mas… É tudo tão igual ao filme sueco, que a gente se pergunta: pra que refilmar?

Dirigido por David Fincher (Se7en, Clube da Luta), Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres tem um roteiro com um ou outro detalhe diferente, mas tudo coisas sem importância – como Mikael Blomkvist ter ou não alguma coisa no passado ligada a Harriet Vanger (não sei como era no famoso livro homônimo de Stieg Larson). E, no filme em si, algumas coisinhas são diferentes, e talvez até melhores que o original – por exemplo, gostei muito da trilha sonora de Trent Reznor e Atticus Ross, que já tinham feito um excelente trabalho em A Rede Social, filme de Fincher. Mas, na minha humilde opinião, nada que justifique um novo filme.

Ah, a Lisbeth Salander… Se no original Noomi Rapace mandou bem, o mesmo aconteceu aqui com Rooney Mara. Rooney realmente está muito bem e é uma das melhores coisas do filme – foi até indicada ao Oscar pela sua atuação. Mas, se ela ganhar, acho que deveria dedicar seu prêmio a Noomi – suas Lisbeths são bem parecidas…

O elenco é bom. Além da pouco conhecida Rooney, o filme conta com Daniel Craig, Christopher Plummer, Stellan Skarsgård, Robin Wright e Joely Richardson. E, num papel mínimo, Julian Sands fazendo o personagem de Christopher Plummer quando novo.

De resto, não vejo nada mais a se falar sobre o filme. É um bom filme, mas só para quem não viu o original. Porque, pra ver um filme igual, é sempre melhor ver o primeiro – principalmente com um intervalo tão curto de tempo.

Para finalizar, olhem a ironia: existe americanos refilmam filmes estrangeiros por causa da língua, né? Baixei o filme sueco, veio dublado em inglês. E fui ao cinema ver o filme americano, a sessão era dublada em português…

.

.

Se você gostou de Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres, o Blog do Heu recomenda:
Os Homens que Não Amavam as Mulheres
A Rede Social
O Curioso Caso de Benjamin Button

A Rede Social

A Rede Social

Estreia hoje o badalado “filme do Facebook”!

A Rede Social mostra Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), o criador do Facebook, sofrendo acusações em dois processos. Em flashbacks, vemos como a história chegou a esse ponto.

Dirigido por David Fincher (Seven, O Clube da Luta), A Rede Social é um eficiente retrato da sociedade atual, sempre logada nas redes sociais da moda, expondo gratuitamente a sua privacidade. O desafio era interessante: como fazer um filme empolgante com um tema tão técnico? Afinal, como documentário, a ideia é boa, mas o filme é um thriller…

Essa dúvida é respondida com um ótimo roteiro de Aaron Sorkin (baseado no livro “Bilionários Por Acaso – A Criação do Facebook”, escrito por Ben Mezrich), que tem um ritmo acelerado e diálogos ágeis, e é bastante eficiente nas idas e vindas dos flashbacks. E a trilha sonora, composta por Trent Reznor (Nine Inch Nails) e Atticus Ross, é outro acerto do filme. Só antevejo um problema: talvez alguns trechos sejam de difícil compreensão para quem não está habituado ao uso do computador.

O bom elenco também está inspirado. Jesse Eisenberg faz um ótimo Mark Zuckerberg, um sujeito egoísta e antipático ao extremo. Justin Timberlake, o cantor que já mostrou que sabe atuar (Alpha Dog, Entre o Céu e o Inferno), também brilha como Sean Parker, o criador do Napster. Andrew Garfield, que em breve será o novo Homem Aranha, faz o brasileiro Eduardo Saverin, melhor amigo de Zuckerberg. E Armie Hammer interpreta, ao mesmo tempo, os gêmeos Winklevoss, num trabalho tão impressionante que parece que são dois atores diferentes.

Na minha humilde opinião, o filme tem um defeito. Quando surge a ideia da criação do Facebook, os personagens agem como se algo inédito estivesse sendo inventado. Ora, mas o Facebook foi lançado em fevereiro de 2004, pouco depois do Orkut. Ok, aparentemente as ideias embrionárias de ambos as redes de relacionamentos foram na mesma época, mas, mesmo assim, não era algo assim tão inovador. E pelo menos nós, brasileiros, temos que reconhecer que, assim como hoje o Facebook é “in” e o Orkut é “out”, o Orkut se popularizou aqui antes. Aliás, o Orkut nem é citado no filme. Falam do Friendster e do Myspace, mas “esquecem” do Orkut. Me pareceu inveja…

A Rede Social está badalado para o Oscar 2011. Será?

Clube da Luta

fightclub

Clube da Luta

Coloque o dvd no player. Espere os avisos. Aparecerá esse texto:

Warning: If you are reading this then this warning is for you. Every word you read of this useless fine print is another second off your life. Don’t you have other things to do? Is your life so empty that you honestly can’t think of a better way to spend these moments…

A ironia do filme começa antes do filme…

Clube da luta é um filme sobre testosterona. Sobre a necessidade masculina da volta à violência natural do ser humano, que foi suprimida nos tempos modernos. Pensando assim, dois amigos, interpretados por Edward Norton e Brad Pitt, fundam o Clube da Luta – onde podem exercer toda a violência reprimida.

A partir daqui, virão spoilers. Ou seja, se não viu o filme, pare de ler!!!

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Quando penso em “filmes com finais surpreendentes”, lembro de 3: O Sexto Sentido, Jogos Mortais e esse Clube da Luta. E, ao rever o filme, você vê que tudo aquilo faz sentido! Pra começar, o personagem principal não tem nome. Ele é o “narrador” – só. E, revendo o início, você consegue ver flashes do alter ego inseridos no cenário: por 4 vezes, aparece um Brad Pitt como o Tyler Durden que acompanhará o Edward Norton. (ele aparece como mensagem subliminar, assim como o pênis que aparece na cena final)

Sem conseguir paz interior, o narrador começa uma guerra particular contra a sociedade de consumo. E, assim, Tyler Durden e seu alter ego constroem a sua sociedade secreta e subversiva, e nos conquistam com seus ideais fora dos padrões.

Ao lado de Se7en, Clube da Luta é um dos melhores filmes de David Fincher (que, depois, nos trouxe o fraco Zodíaco e agora concorre ao Oscar por O Curioso Caso de Benjamin Button). E os dois atores, Brad Pitt e Edward Norton, como sempre, arrebentam.

Filmão. Violento, mas nada gratuito. Dá uma boa sessão dupla com outro “filme testosterona”, o 300, de Zack Snyder.

O Curioso Caso de Benjamin Button

benjamimbutton

O Curioso Caso de Benjamin Button

O filme conta a história de Benjamin Button, que teve uma vida diferente: nasceu velho, e ao longo dos anos foi rejuvenescendo, até a velhice como uma criança.

Bizarro, não? Mas muito interessante. E muito bem filmado, tecnicamente falando.

Estou frisando o lado técnico, porque não imagino como um filme desses funcionaria anos atrás. O mesmo ator tem que interpretar várias épocas da vida. E isso precisa ser convincente, senão o filme perde a credibilidade! E para se fazer isso, é necessário horas de maquiagem, aliado a efeitos especiais daqueles que “não aparecem” – efeitos que só existem pra parecer que não existem efeitos…

E parece que funcionou. Este filme é o recordista de indicações ao Oscar 2009, que acontecerá mês que vem.  São 13 indicações, incluindo melhor filme e melhor diretor.

O diretor é David Fincher, o mesmo dos geniais Seven e Clube da Luta, ambos com Brad Pitt no papel principal. Seu último filme foi o irregular Zodíaco. Acho que a parceria com Pitt lhe faz bem… E agora, recebe o reconhecimento da Academia!

Algumas curiosidades: o projeto já esteve em outras mãos. Nos anos 90 foi pensado em Tom Cruise no papel principal e Steven Spielberg na direção; em 98, John Travolta e Ron Howard.