Feriado Sangrento

Crítica – Feriado Sangrento

Sinopse (imdb): Depois que um tumulto em uma liquidação acaba em tragédia, um assassino misterioso fantasiado de peregrino aterroriza a cidade de Plymouth em Massachusetts, cidade berço do feriado americano de Ação de Graças.

Antes de falar sobre o filme, aquele comentário que infelizmente tem sido mais recorrente do que deveria ser. A crítica está atrasada porque Feriado Sangrento não teve sessão de imprensa. Cheguei a entrar em contato com a assessoria, disseram que ia ser exibido na CCXP, ou seja, quem não foi pra CCXP não viu antes da estreia…

Enfim, vamos ao filme. Feriado Sangrento, ou Thanksgiving, no original, na verdade era um trailer fake do projeto Grindhouse. Pra quem não se lembra, em 2007 Quentin Tarantino e Robert Rodriguez criaram um projeto que emularia sessões de cinemas vagabundos dos anos 70. Tarantino fez À Prova de Morte; Rodriguez, Planeta Terror, e a ideia era exibir uma sessão dupla com alguns trailers de filmes que não existem.

A ideia não deu certo, quase nenhum cinema exibiu a sessão dupla, e os dois filmes acabaram sendo lançados individualmente. Mas os trailers estão por aí, inclusive o trailer de Thanksgiving está no youtube.

(Outros dois trailers fakes também viraram longas metragens, Machete e Hobo With a Shotgun.)

Anos se passaram, e agora Eli Roth, que tinha feito aquele trailer, agora finalmente apresenta o longa!

Algumas das cenas do trailer estão no longa, mas a proposta é um pouco diferente. No trailer tudo tinha cara de anos 70, e Feriado Sangrento não só se passa nos dias de hoje, como lives de redes sociais são parte intrínseca da trama.

Feriado Sangrento não é um grande filme, é apenas um slasher eficiente. Mas, em tempos de lançamentos ruins no circuito como O Jogo da Invocação e A Maldição do Queen Mary, ser “apenas um slasher eficiente” num cenário desses é uma boa notícia. Temos boas mortes, um clima tenso até o fim do filme, e um whodunit que funciona.

Talvez Eli Roth seja mais conhecido por ter sido um dos atores principais de Bastardos Inglórios, mas a gente não pode esquecer que um dos seus primeiros filmes como diretor foi O Albergue. Ou seja, o cara manja dos paranauês de filmar um bom gore. E isso tem aqui em uma quantidade razoável: são algumas mortes bem criativas – apesar de algumas delas estarem no trailer fake.

E preciso falar do whodunit. Assim como Pânico, este é um slasher com whodunit – a gente tem alguns personagens suspeitos, precisamos descobrir qual deles é o assassino e qual foi o motivo. E, admito: não pesquei quem era.

No elenco, pouca gente conhecida. Patrick Dempsey tem um papel importante, mas secundário; Gina Gershon faz quase uma ponta. A final girl da vez é Nell Verlaque, não conhecia, ela funciona pro que o filme pede.

Como falei antes, Feriado Sangrento não é um grande filme, mas é bem feito, divertido, e serve ao seu propósito: um bom slasher que vai agradar o público que for ao cinema.

Agora, dos cinco trailers fakes do Grindhouse, faltam dois. Será que veremos os longas Don’t, do Edgar Wright, ou Werewolf Women of the S.S., do Rob Zombie?

O Mistério do Relógio na Parede

Crítica – O Mistério do Relógio na Parede

Sinopse (imdb): Um jovem órfão chamado Lewis Barnavelt ajuda seu tio mágico a localizar um relógio com o poder de trazer o fim do mundo.

Filme de fantasia infanto-juvenil, escrito por Eric Kripke (criador da série Supernatural) e dirigido por Eli Roth. Será que funciona?

Baseado no livro homônimo de John Bellairs, O Mistério do Relógio na Parede (The House with a Clock in Its Walls, no original) traz uma boa ambientação e um bom elenco, numa história um pouco sem sal. E a direção de Eli Roth traz algumas cenas um pouco mais fortes na parte final, mas nada que atrapalhe a diversão da criançada.

(Eli Roth surgiu para o cinema com filmes de terror caprichados no gore, com Cabana do Inferno (2002) e O Albergue (05). Mas não sei por que, ele tem mudado de estilo. Em 2015, lançou Bata Antes de Entrar, suspense com zero gore, e este ano este é seu segundo filme, depois do policial Desejo de Matar.)

Vamos ao que funciona. Cate Blanchett está maravilhosa, como sempre, e mostra boa química com Jack Black, interpretando o mesmo Jack Black de sempre, mas que funciona para o que o filme pede. Os diálogos entre os dois são ótimos! O garoto Owen Vaccaro era pra ser o personagem principal, mas o roteiro espertamente divide o tempo de tela com Blanchett e Black (o que foi uma boa escolha). Também no elenco, Kyle MacLachlan, Renée Elise Goldsberry, Sunny Suljic e Lorenza Izzo.

Agora, O Mistério do Relógio na Parede sofre pela impressão de “já vi isso antes”. Não só tem cheiro de Harry Potter ao longo de todo o filme (garoto órfão aprendendo a ser bruxo), como parece uma versão de Desventuras em Série dirigida pelo Tim Burton.

Parece que John Bellairs escreveu uma trilogia. Ou seja, aguardem as continuações…

Desejo de Matar (2018)

Desejo de MatarCrítica – Desejo de Matar (2018)

Sinopse (imdb): Dr. Paul Kersey é um cirurgião experiente, um homem que passou sua vida salvando vidas. Depois de um ataque à sua família, Paul embarca em sua própria missão por justiça.

Uma das mais famosas franquias de vingança da história do cinema é Desejo de Matar original, que teve cinco filmes entre 1974 e 94, todos estrelados por Charles Bronson. Mas seu conceito básico perde força nos atuais dias politicamente corretos, com a grande discussão sobre os direitos humanos.

Mesmo sabendo que provavelmente a ideia não ia funcionar, heu tinha uma boa expectativa pelo filme, pelo trio ator (Bruce Willis) / roteirista (Joe Carnaham) / diretor (Eli Roth). Bruce Willis é Bruce Willis, não precisa de apresentação. Joe Carnaham escreveu e dirigiu a versão para cinema de Esquadrão Classe A. E Eli Roth ficou famoso com O Albergue, e também dirigiu Cabin Fever, Bata Antes de Entrar e Canibais. Taí, quero ver um projeto reunindo estes três nomes.

A premissa abria espaço para a discussão sobre prós e contras do vigilantismo e do controle de armas, mas o filme não se aprofunda nisso. Temos algumas coisas interessantes, como a visita à loja de armas, ou o protagonista aprender a usar armas através de vídeos no youtube, e também acompanhamos trechos de debates em rádios. Mas o filme não vai por esse caminho. Desejo de Matar só funciona se for encarado como “apenas mais um filme de ação”.

(Pelo menos uma cena é bem legal: quando a tela é dividida e, ao som de AC/DC, o protagonista aprende a usar armas enquanto trabalha como médico.)

No elenco, além de Bruce Willis, Desejo de Matar conta com Vincent D’Onofrio, Elizabeth Shue, Camila Morrone, Dean Norris e Kimberly Elise. Ah, e Desejo de Matar não é terror, mas, tendo Eli Roth na direção, o filme tem espaço pra um pouco de gore.

Enfim, como disse lá em cima, apenas mais um filme de ação genérico.

p.s.: Por uma coincidência dos títulos brasileiros, vai ter gente confundindo as franquias, e vai achar que este é um novo Duro de Matar…

Bata Antes de Entrar

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Crítica – Bata Antes de Entrar

Um homem está sozinho em casa enquanto sua esposa e filhos passam o fim de semana fora. À noite, com chuva, duas belas jovens batem à sua porta, perdidas. Ele oferece abrigo enquanto chama um táxi, mas elas o seduzem. E no dia seguinte, tocam o terror na casa.

Eli Roth chamou a atenção em 2005 quando fez O Albergue, um dos mais famosos “torture porn” dos últimos tempos (o outro é Jogos Mortais). Mas seu filme novo, Bata Antes de Entrar (Knock Knock, no original) está longe daquele festival de gore. Até temos alguma violência física, mas o foco aqui é mais a violência psicológica.

Bata Antes de Entrar não é um grande filme (acho que nunca quis ser), mas mesmo assim tem um bom desenvolvimento e flui bem. O fato de não ter nada de sobrenatural ajuda o espectador a “comprar a ideia” e se colocar no papel do personagem de Keanu Reeves. Quem não cederia à tentação?

O elenco tem basicamente três nomes, e todos funcionam para o que o filme pede. O veterano Keanu Reeves divide o espaço com duas belas pouco conhecidas, a cubana Ana de Armas e a chilena Lorenza Izzo (a atual sra. Eli Roth). Bata Antes de Entrar  é uma co-produção EUA e Chile, e o roteiro foi escrito por Roth em parceria com os chilenos Nicolás Lopez e Guillermo Amoedo, nomes por trás de Aftershock, um filme chileno com Roth no elenco.

Não gostei do fim, acho que se existisse um motivo, a história seria mais crível. Mas não me aprofundo nisso por causa de spoilers.

Agora, o lançamento deste filme me deixou curioso com uma coisa: que fim levou Canibais / Green Inferno, filme que o Eli Roth fez com a mesma Lorenza Izzo, que passou aqui no Festival do Rio de dois anos atrás? Sabe-se lá por que, nunca tinha sido lançado em nenhum lugar do mundo, mas que parece que finalmente apareceu nos cinemas americanos no mês passado…

Aftershock

Crítica – Aftershock

Filme de terror chileno, estrelado pelo Eli Roth? Vamos ver qualé.

Um grupo de turistas se diverte em festas pelo Chile, quando um terremoto afeta a região. Eles pensam que a maior dificuldade será sair dos escombros, mas algo muito pior espera por eles na superfície.

A premissa do despretensioso Aftershock é interessante: o que acontece durante e logo depois de um terremoto. Não é um grande filme, mas mesmo assim é legal vermos um filme latino-americano que não é drama ou comédia.

Pena que nem tudo funciona. Por exemplo, a parte inicial, que mostra os amigos em festas, é longa demais, o filme demora a engrenar por causa disso. E os personagens não têm carisma, principalmente os dois homens chilenos – um passa o filme inteiro reclamando da ex; o outro, com o visual copiado do Alan de Se Beber Não Case, é um riquinho mala filhinho de papai. A gente quase torce pra eles morrerem logo.

O diretor Nicoláz López, também co-autor do roteiro (ao lado do “padrinho” Eli Roth, que ainda foi produtor), acerta a mão quando acontece o terremoto. A partir daí, o filme pega um bom ritmo, antagonistas são introduzidos na história e temos sangue e gore. A maquiagem é bem feita.

No elenco, só reconheci Eli Roth (Bastardos Inglórios) e Natasha Yarovenko (Room in Rome). A popstar teen Selena Gomez faz uma ponta que faz a gente se perguntar – “o que ela está fazendo aí?”.

A parte final tem uma coisa boa e outra ruim. O “plot twist” do personagem que se revela mau é inconsistente – por que o cara mudaria a personalidade só porque foi descoberto? Por outro lado, a cena final é muito boa. Tá, o efeito especial ficou tosco, mas o humor negro foi ótimo!

The Man With The Iron Fists

Crítica – The Man With The Iron Fists

Nova produção de Quentin Tarantino. Motivo de euforia ou de pé atrás?

Atrás de um tesouro em ouro, guerreiros, assassinos e um oficial inglês se enfrentam em uma vila da China feudal. No meio disso tudo, um humilde ferreiro negro tenta se defender.

Explico a dúvida do primeiro parágrafo. Tarantino costuma ser garantia de qualidade quando está no roteiro ou direção. Mas ele já emprestou seu nome para os créditos de produções de qualidade duvidosa, como Hell Ride ou Meu Nome É Modesty Blaise – quer dizer, no caso de Hell Ride, não chega a ser duvidoso, o filme é ruim mesmo.

Pelo menos The Man With The Iron Fists tinha uma vantagem: Eli Roth como co-roteirista. Tá, Roth não é conhecido por ser um grande roteirista, mas pelo menos Cabana do Inferno e O Albergue são filmes divertidos.

The Man With The Iron Fists é a estreia na direção de RZA, rapper e ator bissexto. É o “seu” filme, RZA também co escreveu o roteiro, é um dos autores da trilha sonora e ficou com o papel principal.

O filme prometia. Apadrinhamento de Tarantino, roteiro de Eli Roth é um ar de Grindhouse. Mas… RZA não tem o talento de um Tarantino ou de um Robert Rodriguez. Apesar da boa intenção, o resultado final ficou devendo.

Lembrei da série Californication, do personagem Samurai Apocalipse, interpretado pelo próprio RZA. Na série, Samurai era um músico marrento e de hábitos truculentos que resolveu entrar no mundo do cinema impondo suas regras, independente de isso ser bom para o filme ou não. Sei lá, em algumas cenas, heu conseguia visualizar o Samurai discutindo com o roteirista Hank Moody / Eli Roth…

Outra coisa que não funcionou foi a trilha sonora. Tarantino consegue colocar músicas “diferentes” em suas trilhas, e o resultado fica quase sempre ótimo. Mas aqui existe um excesso de rap e hip hop – que não têm nada a ver com o clima de “faroeste oriental” do filme.

Mais uma coisa que ficou estranha são os “super poderes”. A explicação para os punhos de aço ficou forçada, mas, vá lá, explicaram. Mas, e o cara que vira bronze? Qual é a dele? Será que os roteiristas não se tocaram que os espectadores ia querer saber a história dele? Mais: um cara com aqueles poderes é quase invencível. Colocá-lo contra os outros é mais ou menos como se o Dr. Manhatan resolvesse lutar contra os outros Watchmen – ia ser covardia. Digo mais: me questiono por que alguém com tais poderes seria subordinado de outra pessoa…

E as lutas? Bem, as lutas nem são ruins. Acredito que a falta de gravidade seja proposital, então um lutador que flutua no ar é estilo, e não tosqueira (já vimos isso em filmes bons, né?). Apesar disso, as lutas não são lá grandes coisas.

No elenco, acho que o único que está bem é Russell Crowe. Lucy Liu não está mal, mas seu personagem não ajuda. O destaque negativo é o próprio RZA, inexpressivo em todas as cenas que aparece. Ainda no elenco, Jamie Chung, Rick Yune, Dave Bautista, Cung Le, Byron Mann, Daniel Wu e uma ponta de Pam Grier.

No fim, fica uma sensação de boa ideia desperdiçada. The Man With The Iron Fists parece uma versão pobre e mal feita de Kill Bill. O conceito “grindhouse”, que Robert Rodriguez explorou tão bem em Machete, não foi bem utilizado aqui…

Comic-Con Episode IV – A Fan’s Hope

Crítica – Comic-Con Episode IV – A Fan’s Hope

Documentário sobre a mais famosa de todas as convenções nerds, chamado pelo Festival do Rio de “A Saga Comic-Con, O Sonho de um Fã”.

A Comic-Con em San Diego é a maior convenção de quadrinhos e cultura geek do mundo, onde centenas de sonhos e aspirações se encontram. Acompanhamos alguns anônimos que pretendem realizar seus sonhos durante a convenção.

A Comic-Con é o sonho de todo nerd – heu mesmo já pensei em viajar pra San Diego só pra visitar a convenção. O diretor Morgan Spurlock (autor de Super Size Me, aquele documentário onde ele passa o mês inteiro comendo no McDonald’s) fez um bom trabalho mostrando detalhes deste mundinho alternativo que atrai milhares de pessoas a cada ano.

Comic-Con Episode IV – A Fan’s Hope mostra dois ilustradores que desejam ser contratados por editoras de quadrinhos, uma criadora de fantasias, um comerciante de quadrinhos em busca de uma grande venda e um cara que pretende propor sua namorada em casamento, entre outros.

A dinâmica do documentário é interessante: acompanhamos os “personagens” apresentados em suas incursões durante a Comic-Con. Entremeando isso, temos depoimentos de um monte de gente famosa, como Kevin Smith, Seth Rogen, Stan Lee, Frank Miller, Joss Whedon, Keneth Branagh, Eli Roth, Seth Green e Zachary Quinto, entre vários outros.

Às vezes o filme parece um reality show. Alguns terminam o evento mais bem sucedidos que outros, o que prende a atenção até o fim – será que este vai conseguir o que pretendia? Nisso, Comic-Con Episode IV – A Fan’s Hope é bem eficiente, me vi torcendo por alguns deles.

Algumas histórias são mais interessantes que outras (um cara quer ir para a Comic-Con apenas pra comprar um determinado boneco, que está no catálogo do fabricante, não me pareceu uma tarefa muito difícil…). Isso torna o documentário irregular. Talvez Spurlock devesse focar mais nas melhores histórias.

As entrevistas com famosos são muito boas. Algumas sacadas são hilárias. Kevin Smith contou que uma vez foi cumprimentado por Stan Lee ao chegar na Comic Con. E ele se lembrou que quando tinha 11 anos de idade, se imaginava indo pra Comic Con e cumprimentando o Stan Lee. E agora ele imaginava ele com 11 anos vendo a cena, e o que ele diria? “Como você engordou!”

Não sei se o público “não nerd” vai curtir Comic-Con Episode IV – A Fan’s Hope. Mas é um programa obrigatório para nerds e geeks!

Rock Of Ages – O Filme

Crítica – Rock Of Ages

Um musical recheado de músicas de rock farofa dos anos 80 e 90, estrelado por Tom Cruise e dirigido por Adam Shankman, o mesmo de Hairspray? Pára tudo, preciso ver isso!

1987. Sherrie, uma menina do interior, vai até Los Angeles para tentar a carreira de cantora. Consegue um emprego de garçonete no famoso Bourbon Club, às vésperas do aguardado show de despedida da banda Arsenal, já que Stacee Jaxx, seu vocalista, está prestes a sair em carreira solo.

Rock Of Ages – O Filme não é perfeito. Comecemos pelo que não funcionou: os personagens são todos caricatos, e a história é clichê e previsível. Além disso, o filme é um pouco longo demais, com pouco mais de duas horas – algumas “gorduras” poderiam ter sido cortadas. Mesmo assim, apesar das falhas, achei o filme divertidíssimo. Forte candidato a um dos melhores lançamentos de 2012!

Assim como acontece com Hairspray, Rock Of Ages – O Filme é leve, divertido e super alto astral. A gente sai do cinema com vontade de procurar os velhos vinis de rock farofa, para ouvir e cantar tudo aquilo batendo cabeça!

Aviso logo: o formato é o “musical clássico” – a cena inicial do filme já deixa isso claro, quando Sherrie começa a cantar no ônibus e todos em volta resolvem cantar interagindo com ela. Tem gente que não curte esse estilo, entendo isso. Mas quem curte vai ouvir novos arranjos de um monte de músicas legais de artistas conhecidos como Bon Jovi, Poison, Journey, Guns’n’Roses, Whitesnake, Extreme, Twisted Sister, Foreigner, Def Leppard, REO Speedwagon, Starship, Scorpions, Joan Jett, Pat Benatar, entre outros. Mais: algumas músicas estão inteiras, outras estão em “mashups” – duas (ou mais) músicas misturadas como se fossem apenas uma. Não é todo dia que temos algo assim!

Aliás, boa notícia sobre a parte musical: os atores cantam! Se os dois que formam o casal principal, Julianne Hough e Diego Boneta, não são muito conhecidos e podem ter sido escalados por terem boa voz, o que dizer de Tom Cruise, Alec Baldwin, Malin Akerman, Catherine Zeta-Jones, Paul Giamatti e Russel Brand? Esses são atores, e alguns nunca tinham cantado antes em filmes. E aqui todos fazem um excelente trabalho. Quem diria que Tom Cruise teria voz para cantar Paradise City, do Guns?

Aliás, falando em Tom Cruise… Dois meses atrás fiz aqui um Top 10 de atores que envelheceram bem. O Top 10 já estava certo ao trazer Cruise em primeiro lugar, mas heu ainda não tinha visto Rock Of Ages. Aqui ele está ainda mais impressionante. Agora um cinquentão (fez 50 anos mês passado), Cruise passa o filme inteiro sem camisa e com um físico de dar inveja a muitos caras de trinta anos na cara. Só pra ter uma ideia: Alec Baldwin é apenas quatro anos mais velho que Tom Cruise. Vejam os dois no filme e me digam se são só quatro anos de diferença… Só tenho uma única crítica ao seu personagem: o achei muito parecido com o Axl Rose, acho que o seu Stacee Jaxx poderia misturar outros “bad boys” do rock.

O elenco está ótimo. Além dos já citados, o filme ainda conta com Bryan Cranston (que acho que é o único dos principais que não canta) e a cantora Mary J. Blige, além de pontas de músicos de bandas citadas no filme, como Nuno Bettencourt (Extreme), Sebastian Bach (Skid Row), Kevin Cronin (REO Speedwagon) e Debbie Gibson, além do Eli Roth (O Albergue) como o diretor do videoclipe. Só não gostei muito do papel de Mary J.Blige, era pra ser um papel bem menor, me pareceu que ela só teve mais tempo de tela por causa de sua poderosa voz.

Na minha humilde opinião, esta super valorização do personagem de Blige é uma das falhas do roteiro escrito por Justin Theroux, Chris D’Arienzo e Allan Loeb. Também achei forçada a cena com Alec Baldwin e Russel Brand (apesar da música ter ficado engraçadíssima!). Sei lá, de repente cortando esses lances, o filme teria meia hora a menos e seria mais ágil… Além disso, tem o lance dos personagens caricatos. Mas acho que isso foi de propósito, alguns personagens foram construídos para serem clichês: o “rockstar”, a “falsa puritana”, etc.

Apesar dos defeitos, Rock Of Ages – O Filme é delicioso, pelo menos para aqueles que viveram esta onda de “hair metal” dos anos 80 e 90. Se você curte um bom rock farofa, é um programa imperdível!

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Across The Universe

Piranha

Piranha

Estreou o novo Piranha em 3D!

Neste terceiro Piranha, um terremoto soltou milhares de piranhas pré-históricas, que estavam presas num lago subterrâneo. Claro que isso acontece em uma cidade turística, e claro que isso acontece às vésperas de começar o famoso feriadão spring break, onde centenas de jovens com pouca roupa só querem saber de farra.

Piranha é melhor que o decepcionante Espelhos do Medo, mas acho que o diretor Alexandre Aja ainda não alcançou o nível de seu ótimo Haute Tension, feito na sua França natal. Mas, poxa, este é um “filme-galhofa”. Não é pra levar a sério um filme onde o mais legal são meninas de biquini e muito sangue, né? Vendo por este ângulo, Piranha é muito bom!

(Vale lembrar que o primeiro Piranha, de 1978, foi dirigido por Joe Dante, o mesmo de Gremlins; e o segundo, de 1981, foi o filme de estreia de um tal de James Cameron.)

O elenco é acima da média. Logo na cena inicial, aparece Richard Dreyfuss numa genial citação a Tubarão – vale lembrar que o primeiro Piranha, foi comparado ao primeiro Tubarão, de dois anos antes. Dreyfuss está vestido como Matt Hopper, personagem do filme de Spielberg, e até cantarola a mesma música. Legal, não?

E não é só isso! Acho que o único desconhecido no elenco principal é o protagonista, Steven R. McQueen (neto do Steve McQueen famoso). O resto do elenco ainda conta com Elisabeth Shue, Ving Rhames, Jerry O’Connel, Jessica Szohr, Adam Scott, Dina Meyer, Ricardo Chavina e Christopher Lloyd – claro, interpretando um cientista meio louco. E também tem uma divertida ponta do diretor / ator Eli Roth. Isso porque ainda não falei das gostosonas Kelly Brook e Riley Steele, que protagonizam, nuas, belíssimas cenas sub aquáticas.

O roteiro é cheio de furos e situações forçadas. Mas o que conta num filme desses é a boa quantidade de nudez, e muito sangue, muito gore (a maquiagem é extremamente bem feita!) e várias mortes legais – como o próprio Eli Roth, uma loura de biquini cortada ao meio, uma outra que é escalpelada… E ainda tem uma cena engraçada com uma “parte íntima” de um dos atores…

Enfim, deixe o cérebro de lado, procure uma sala 3D e divirta-se!

Bastardos Inglórios

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Bastardos Inglórios

Oba! Hoje estreia um filme novo do Quentin Tarantino aqui no Brasil! Isso não acontece desde Kill Bill vol. 2!

Fiquei traumatizado com o que fizeram com o penúltimo filme do Tarantino, À Prova de Morte. Passou no festival de 2007, mas num dia diferente do divulgado, e depois, inexplicavelmente, nunca entrou em cartaz, nem nunca foi lançado em dvd. Heu tenho em dvd original, mas é porque comprei uma edição gringa…

Mas voltemos ao filme novo!

Durante a Segunda Guerra Mundial, na França ocupada pelos nazistas, o tenente americano Aldo Raine (Brad Pitt) é o líder de uma pequena equipe secreta, formada por soldados judeus: os “Bastardos”. O objetivo deles é simples: matar brutalmente nazistas, para espalhar medo entre eles.

Bastardos Inglórios é um filme atípico na carreira do Tarantino. Afinal, até agora ele não tinha feito nenhum filme de época, nem usado personagens históricos. E aqui temos Hitler, Goebbels e até Churchill numa ponta!

Mesmo assim o filme se porta como um “legítimo Tarantino”. Diálogos afiadíssimos, personagens muito bem construídos, violência gráfica na dose certa e trilha sonora cool. E uma das coisas que mais gosto nos filmes dele: situações imprevisíveis.

Uma coisa que Tarantino sabe fazer muito bem é construir expectativas para depois frustrá-las. Quer um exemplo? Se Kill Bill vol 1 tem rios de sangue, Kill Bill vol 2 é muito mais discreto. Algo parecido acontece com o destino de alguns dos personagens e algumas das situações de Bastardos Inglórios. Não, não vai acontecer o que você espera!

Tem outra coisa que senti falta. Tarantino normalmente usa vários atores famosos em papéis inesperados. E aqui não temos muita gente conhecida – pelo menos não tanto quanto em seus outros filmes. Sim, claro, tem o Brad Pitt, e também Diane Kruger, mas paramos por aí. Acho que o único papel “inesperado” é o do Mike Myers (Quanto Mais Idiota Melhor, Austin Powers). Procure bem, senão você não o encontrará! Fora isso, temos as vozes de Samuel L Jackson, Harvey Keitel e do próprio Tarantino, mas só as vozes mesmo.

Bem, o fato dos atores serem menos conhecidos não atrapalha o resultado final do filme. Todos estão excelentes em seus papéis. Inclusive, Christopher Walz ganhou a Palma de Ouro de melhor ator em Cannes este ano pelo seu magnífico coronel Hans Landa.

Tarantino confessou que este filme está para os filmes de guerra como um spaguetti western está para os faroestes. Inclusive, ele pensou em chamar o filme de “Era Uma Vez na França Ocupada por Nazistas“.

O fim é meio estranho, mas não comento mais nada pra não mandar spoilers. Mesmo assim, é um bom filme!