Paul

Crítica – Paul

Há dois anos atrás, apareceu por aí Fanboys, um road movie que parecia escrito mirando na parcela nerd do público. Heu diria que este Paul segue o mesmo caminho: um “road movie nerd”.

Dois nerds ingleses vão para os EUA para a Comic-Con e uma viagem por pontos turísticos ligados à ficção científica. No meio do caminho, encontram Paul, um inteligente e irônico alienígena, que está fugindo da Área 51 e tentando voltar para o seu planeta. Para ajudar Paul, a dupla tem que fugir da polícia, de caipiras e de fanáticos religiosos.

A primeira lembrança que vem à mente são os filmes Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso, ambos estrelados por Simon Pegg e Nick Frost, dirigidos por Edward Wright e escritos por Pegg e Wright, cada um satirizando um estilo de filme (terror e ação). A diferença é que Wright não está aqui – o roteiro foi escrito por Pegg e Frost, e a direção está nas mãos de Greg Mottola, de Superbad e Férias Frustradas de Verão. (Wright também está em Hollywood, ano passado ele lançou Scott Pilgrim Contra O Mundo.)

Mottola, que antes fazia “filmes com cara de Judd Apatow” – comédias bem escritas, mas nem sempre engraçadas, tem aqui o seu melhor momento na carreira. Paul é divertidíssimo! Algumas piadas são geniais, aliás, arrisco a dizer que esta é uma das comédias mais engraçadas que vi nos últimos anos. O roteiro escrito pela dupla protagonistas é afiado, com um timing perfeito.

Paul é um prato cheio para nerds e fãs de ficção científica. São incontáveis as referências ao universo da FC, rolam citações a Guerra nas Estrelas, Star Trek, E.T., Arquivo X, BSG… Algumas das referências são claras para o público “leigo”; outras, só quem conhece os filmes (como o tema Cantina Band tocado no bar, a briga tosca de Star Trek no deserto, ou a Torre do Diabo de Contatos Imediatos do Terceiro Grau).

Tem mais. Além das citações a outros filmes, vários dos diálogos mencionam clichês da FC – principalmente as falas de Paul. E, last but not least: o próprio Steven Spielberg faz uma participação especial pelo telefone!

Confesso que rolava um certo receio quando li que Seth Rogen seria a voz do alienígena – Rogen está entrando naquele clube do “ator de um só papel”, atores que sempre repetem uma variação do mesmo personagem de sempre (como Jack Nicholson ou Selton Mello, por exemplo). Boa notícia: Rogen não faz feio aqui. Seu sarcástico e irônico Paul é muito bem escrito – talvez o melhor dentre os vários bons personagens. E além disso, a animação em cgi é perfeita – Rogen usou a mesma técnica utilizada por Andy Serkis para fazer o Gollum e o King Kong. O alienígena Paul é impressionante!

O resto do elenco também está ótimo. Simon Pegg e Nick Frost têm excelente química, isso a gente já sabia desde a época dos seus filmes ingleses – o que a gente não sabia é como a dupla iria funcionar hoje, já que a carreira de Pegg deslanchou em Hollywood (ele estava até no elenco do recente Star Trek). O resto do elenco conta com bons nomes como Kristen Wiig, Jason Bateman, Bill Hader e uma participação especial de Sigourney Weaver.

O imdb não fala nada sobre um possível lançamento brasileiro. Se não for lançado aqui, farei o mesmo que fiz com Fanboys: comprarei o dvd importado!

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Férias Frustradas de Verão

Férias Frustradas de Verão

Recém formado no colégio, James Brennan (Jesse Eisenberg) pretendia viajar para a Europa. Mas, sem dinheiro, ele é obrigado a desistir da viagem e pegar um emprego de verão no parque de diversões Adventureland.

Férias Frustradas de Verão (Adventureland no original) é um bom filme. Mas, infelizmente, está sendo vendido da maneira errada por aqui – a divulgação dá a entender que trata-se de uma comédia – primeiro pelo diretor, Greg Mottola, o mesmo de SuperbadÉ Hoje; depois, pelo título em português, copiando aquela famosa franquia com cara de Sessão da Tarde. E não tem nada de comédia aqui!

Trata-se de um drama, um filme sério, sobre amadurecimento e entrada no “mundo adulto”. James tem seu primeiro contato com problemas no trabalho e, mais importante, com problemas com garotas.

O elenco está muito bem. Eisenberg convence como protagonista (apesar de seu personagem ter a cara de Michael Cera, de Juno). Ryan Reynolds, normalmente exagerado, aqui está contido como o papel pede. O elenco ainda conta com Martin Starr, Bill Hader (talvez um pouco caricato demais), Kristen Wiig e Margarita Levieva. A bola fora é Kristen Stewart, que aqui repete todos os maneirismos da sua Bella, da saga Crepúsculo. (Stewart estará em breve nos cinemas interpretando Joan Jett, no filme Runaways. Tomara que ela não estrague o filme!)

A trilha sonora do filme, que se passa em 1987, foi bastante elogiada. Só temos músicas dos anos 80. Mas nem toda a trilha fez sucesso por aqui. Talvez os fãs das festas Ploc achem algumas músicas estranhas…

Ah, sim, já falei mas vou repetir: é preciso criticar o título nacional do filme. Por mais que exista um sentido em chamar de Férias Frustradas de Verão – afinal, James teve suas férias de verão frustradas pela falta de grana – este nome remete à clássica franquia Férias Frustradas (National Lampoons Vacation), estrelada por Chevy Chase. Ou seja, cuidado ao procurar este Adventureland na locadora, porque estão rotulando-o como algo que ele não é!

p.s.: em 2009, Jesse Eisenberg fez este Adventureland e o já falado aqui Zombieland. Qual será o seu próximo “land”?

Superbad – É Hoje

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Superbad – É Hoje

Comi mosca na época do lançamento de Superbad e não tinha visto ainda – o filme é de 2007. É que na verdade não sou muito fã do estilo “apatowniano” de comédia. Mas admito que Judd Apatow é um nome importante nos últimos anos. Então, lá fui heu assistir Superbad.

(Judd Apatow é o nome por trás de títulos como O Virgem de 40 Anos e Ligeiramente Grávidos. São bons filmes, ok, mas é que o meu conceito de comédia é algo bem mais engraçado. Sou mais nomes como Mel Brooks, Monty Python e Zucker Abrahams Zucker – isso sim é comédia!)

Voltemos ao Superbad. Seth e Evan (Jonah Hill e Michael Cera) são dois amigos inseparáveis, nos últimos dias de aula do último ano da escola antes de irem para a faculdade. Ambos têm problemas para se socializar e não têm namorada. Na esperança de “se dar bem”, eles tentam conseguir bebidas alcoólicas para uma festa, com a ajuda de Foggel, ou McLovin (Christopher Mintz-Plasse), um amigo ainda mais nerd do que eles.

Algumas piadas são boas, mas temos dois problemas básicos. O primeiro é que quase todas as piadas giram em torno do mesmo assunto: sexo – o que torna o filme um pouco previsível. O segundo é que trata-se de uma realidade bem diferente da nossa, e por isso fica difícil da gente se identificar. Afinal, aqui no Brasil nem todas as amizades de colégio se perdem na época da faculdade, assim como não é tão difícil para um menor comprar bebidas.

O filme tem outro problema, pelo menos para mim. Mas antes, o aviso de spoiler! Se você não viu o filme, pule para o próximo parágrafo! Bem, se você continuou lendo, vamos ao problema: no mundo real, Evan e Seth NUNCA terminariam com aquelas meninas! Acredito que o final escrito era um sonho distante dos roteiristas, Seth Rogen (que também atua no filme) e Evan Goldberg, que começaram a escrever o roteiro deste filme quando ainda tinham 13 anos e estavam na escola – tanto que os personagens se chamam Seth e Evan.. Ah, sim, eles não só não ficariam com as garotas como também iriam apanhar do valentão quando chegassem na festa!

Bem, pelo menos uma virtude o filme tem: boa parte dos atores é da “patota Apatow”. Isso facilita o entrosamento entre eles. Apatow já tinha trabalhado entes com Jonah Hill, Seth Rogen e Bill Hader, e mais de uma vez. Acho que faltaram chamar Jason Segel, Paul Rudd e Leslie Mann…

Enfim, Superbad – É Hoje pode ser uma boa opção, mas apenas naqueles dias que não estamos exigindo muita coisa…