Linha Mortal

Crítica – Linha Mortal

“Hoje é um bom dia para morrer!”

Um grupo de cinco estudantes de medicina resolve testar os limites da morte. Fazem o coração parar de bater por alguns minutos e depois usam métodos artificiais para voltarem à vida, só para saber se existe algo depois de morrer.

Vi uma promoção na Amazon com o blu-ray de Linha Mortal (Flatliners) e aproveitei para rever um filme que não via desde o início dos anos 90, época do lançamento nos cinemas. Sempre achei fascinante o argumento deste filme, afinal todos querem saber o que acontece depois da morte.

Linha Mortal é da época que Joel Schumacher ainda fazia filmes bons – o cara fez Os Garotos Perdidos, Um Dia de Fúria e O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas. Pena que parece que ele perdeu a mão na época do segundo Batman, ele nunca mais fez nada relevante.

Gosto muito da ambientação de Linha Mortal. A fotografia é de Jan De Bont, que depois viraria diretor (Twister, os dois Velocidade Máxima), que fez um excelente trabalho com cores e muito contra-luz. A trilha sonora também ajuda no clima, que apesar de às vezes soar datado, ainda traz sequências belíssimas.

O elenco está muito bem. Kiefer Sutherland, que já tinha trabalhado com Schumacher em Garotos Perdidos, está ótimo como o protagonista Nelson. Kevin Bacon, cabeludão, também está muito bem; Julia Roberts tem uma das melhores atuações de sua irregular carreira. Os sumidos William Baldwin e Oliver Platt fecham o time de médicos.

Não gosto da mudança de foco do roteiro no terço final do filme. Na minha humilde opinião, o filme cai um pouco quando entra no lado sobrenatural. Mas nada que atrapalhe muito o resultado final.

Um último comentário sobre o blu-ray que comprei na Amazon. O disco traz legendas em 22 idiomas diferentes – mas não tem em português. Mas não me arrependo. Não sei onde vende o blu-ray nacional de Linha Mortal. E, mesmo se soubesse, este teria um preço extorsivo – como quase todos os blu-rays nacionais…

Os Garotos Perdidos

Crítica – Os Garotos Perdidos

Hora de rever mais um clássico oitentista!

Uma mãe recém separada se muda com seus filhos para Santa Clara, uma cidade que tem muitos jovens desaparecidos. Logo os irmãos descobrem que uma gangue de vampiros age na cidade, e Michael, o irmão mais velho, gradualmente começa a se tornar um deles.

É estranho rever Os Garotos Perdidos (Lost Boys, no original) hoje em dia. Por um lado, mesmo tendo momentos e personagens caricatos, é um filme que leva a sério o mito dos vampiros e não inventa modas – diferente de boa parte dos filmes atuais. Mas, por outro lado, o visual é tão datado que às vezes fica difícil de acompanhar sem rir do visual.

Os Garotos Perdidos é muito datado. Figurinos, cabelos, trilha sonora, tudo tem muita cara de anos 80. Mas, se a gente conseguir “comprar” a ideia, o filme é bem legal, e consegue um bom equilíbrio entre os momentos assustadores e os momentos bem humorados. Como se fazia muito naquela década, o filme é repleto de frases de efeito, e consegue ter trechos engraçados sem virar uma comédia.

A direção é de Joel Schumacher, num tempo em que ele ainda acertava. Preciso admitir que já fui fui fã do cara, por filmes como O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (1985), Linha Mortal (90) e Um Dia de Fúria (93) – mas hoje é impossível a gente não lembrar de seus dois filmes com o “Batman carnavalesco” (95 e 97). Enfim, apesar dos Batman, Schumacher tem talento (ou pelo menos tinha), e mostra isso aqui.

Ainda precisamos citar a fotografia, muito bem trabalhada, apesar de parecer oitentista demais. A trilha sonora também é muito boa. E os efeitos especiais são simples e eficientes.

O elenco é muito bom. Jason Patric, projeto de galã que nunca decolou alto, faz um dos irmãos; o outro, Corey Haim, também nunca foi um grande nome, apesar de alguns filmes legais no currículo. Kiefer Sutherland, o Jack Bauer em pessoa, faz o líder dos vampiros; Corey Feldman anda sumido, mas esteve em vários filmes importantes da época (Os Goonies, Gremlins, Conta Comigo). Jami Gertz parecia que ia virar uma estrela – ela também estava em Abaixo de Zero, A Encruzilhada e A Primeira Transa de Jonathan – mas sua carreira nunca vingou; Jamison Newlander tem uma carreira curiosa: só fez cinco filmes, sendo que três são da franquia Garotos Perdidos. Ainda no elenco, Dianne Wiest, Edward Herrman e Barnard Hughes.

Os Garotos Perdidos teve duas continuações, mas que curiosamente, só vieram mais de vinte anos depois do primeiro filme: Lost Boys 2 – The Tribe, de 2008, e Lost Boys 3 – The Thirst, de 2010. Existia um gancho para um quarto filme, mas até agora, nada.

Ao lado de A Hora do EspantoOs Garotos Perdidos continua sendo um dos meus filmes favoritos de vampiros dos anos 80!

O Primeiro Ano do Resto Das Nossas Vidas

Crítica – O Primeiro Ano do Resto Das Nossas Vidas

Outro dia falei aqui da época que Joel Schumacher fazia bons filmes. Aproveitei pra rever O Primeiro Ano do Resto Das Nossas Vidas, um de seus filmes dessa época.

Sete amigos recém-formados enfrentam o primeiro ano de suas vidas adultas, se deparando com a amarga realidade do mundo real e tendo que conviver com a insegurança profissional e emocional nesta nova fase da vida.

Lançado em 1985, O Primeiro Ano do Resto Das Nossas Vidas tem como grande chamariz o seu elenco. Este era um dos três filmes-base da chamada “brat pack”, como ficou conhecida esta geração de atores . O nome “brat pack” era uma referência ao “rat pack”, um grupo composto por gente como Frank Sinatra, Dean Martin e Sammy Davis Jr., no início dos anos 60. “Brat” significa “pirralho”, e o “brat pack” era essa galera que fez vários filmes adolescentes nos anos 80 – os outros dois filmes sempre citados são O Clube dos Cinco, de Jonh Hughes, e Vidas Sem Rumo, de Francis Ford Coppola.

Apesar da maioria do elenco estar no ostracismo hoje em dia, os nomes estavam em alta na época: Demi Moore, Rob Lowe, Emilio Estevez, Aly Sheedy, Judd Nelson, Mare Wininghan e Andrew McCarthy, e ainda tem a Andie McDowell em papel secundário. Grande elenco, e bem equilibrado pelo roteiro, o foco é bem dividido entre eles.

É curioso a gente analisar este elenco hoje, um quarto de século depois. Demi Moore é a única estrela inegável dentre os sete principais. Rob Lowe tinha uma carreira em ascenção, quando um suposto video caseiro pornô dele com duas adolescentes o colocou na “geladeira” – anos depois, ele recuperou prestígio e hoje é um nome forte na tv. Emilio Estevez foi um nome grande nos anos 80 e 90, mas está meio sumido, hoje ele é “o irmão menos famoso do Charlie Sheen”. Judd Nelson e Ally Sheedy, que também estavam em Clube dos Cinco (ao lado de Estevez), não fizeram nada relevante depois dos anos 80; o mesmo podemos dizer sobre Andrew McCarthy e Mare Winninghan. (Andie McDowell ficoi mais famosa nos anos seguintes, mas aqui ela era coadjuvante).

(No ano seguinte, Rob Lowe e Demi Moore estrelariam juntos o romance Sobre Ontem À Noite. Na minha humilde opinião, Demi nunca foi tão bonita quanto neste filme!)

A proposta do filme é falar sobre o amadurecimento. O roteiro poderia se aprofundar mais em diversas situações, mas o maior foco são os relacionamentos entre os personagens. Isso desagradou parte da crítica, mas não me incomodou. Por outro lado, o visual do filme é a parte que “envelheceu mal”. Tudo é muito datado, roupas, cabelos, cenários, músicas, às vezes o filme parece uma caricatura. Heu gosto disso porque vivi a época, mas acho que vai incomodar os mais novos que se aventurarem a ver.

Por fim, preciso falar que este é um dos raros casos onde acho o nome nacional melhor que o original. Além do bar onde eles se encontram se chamar St. Elmo, rola uma explicação, o personagem de Rob Lowe fala um papo cabeça sobre o Fogo de Santelmo. Mas “O Primeiro Ano do Resto Das Nossas Vidas” tem mais a ver!