Terror no Estúdio 666

 

Crítica – Terror no Estúdio 666 / Studio 666

Sinopse (imdb): A lendária banda de rock Foo Fighters se muda para uma mansão em Encino mergulhada na terrível história do rock and roll para gravar seu tão aguardado décimo álbum.

Outro dia falei de garotos de escola tocando rock, hoje vamos falar de uma banda de verdade brincando de fazer cinema.

Antes de tudo: não precisa conhecer os Foo Fighters para curtir o filme. Mas precisa curtir terror B! Terror no Estúdio 666 é uma ideia do Dave Grohl, que criou a história e é o ator principal, e trouxe sua banda inteira para entrar na brincadeira.

Claro, as atuações são ruins. Os seis da banda interpretam eles mesmos, e fica claro que, tirando Dave Grohl, eles não têm talento para atuar. E, para o azar do espectador, um dos papéis mais importantes ficou com Pat Smear, que me pareceu o pior ator dos seis. Rami Jaffe fica pouco atrás, também é um ator bem ruim, e mesmo assim usaram seu personagem para fazer o alívio cômico. Os outros 3, Nate Mendel, Chris Shiflett e Taylor Hawkings, têm papéis mais discretos e não atrapalham – Hawkings inclusive declarou que não leu suas falas no roteiro e decidiu improvisar todos os diálogos.

Também temos algumas participações interessantes no elenco. John Carpenter (que é um dos autores do tema dos créditos iniciais) aparece como um dos técnicos de som. Kerry King, guitarrista do Slayer, tem um papel pequeno. Steve Vai não aparece, apenas suas mãos, quando Grohl aparece tocando rápido. E Lionel Ritchie tem uma participação engraçadíssima. Também no elenco, Jeff Garlin, Whitney Cummings, Jenna Ortega, Will Forte e Jimmi Simpson.

Se no quesito atuação Terror no Estúdio 666 é fraco, isso é compensado no gore. O filme tem muito sangue e algumas mortes bem gráficas, boa parte delas (se não todas) usando efeitos práticos e de maquiagem – o que funciona muito melhor para a proposta do filme do que se usassem cgi. Também tem umas criaturas que parecem sombras que ficaram bem legais (mas acho que tinha algum cgi). E ainda tem uma referência a O Exorcista. Fãs do estilo vão curtir!

Terror no Estúdio 666 tem algumas situações absurdas no roteiro, tipo todos concordarem em entregar os celulares depois que encontram um cadáver. Mas, o objetivo do filme é ser uma grande brincadeira despretensiosa. Se você não levar a sério, vai se divertir. Pelo meu ponto de vista, a banda acertou em cheio, ia ser legal ver outros filmes despretensiosos com outras bandas.

Por fim, a nota triste. O filme foi lançado pouco antes do falecimento do baterista Taylor Hawkings. Fica difícil falar de uma brincadeira divertida na mesma época em que a banda perde um de seus membros.

Eles Vivem

eles vivemCrítica – Eles Vivem

Comprei uma camisa genial com uma referência sobre as mensagens subliminares deste filme. Aproveitei a oportunidade para rever.

Um trabalhador, vindo de outra cidade, descobre uma caixa de óculos escuros que lhe permite descobrir que alienígenas tomaram conta do planeta.

Lançado em 1988, Eles Vivem (They Live, no original) traz uma interessante versão pro tema “ficção científica como metáfora para o macarthismo”, mais usado nos aos 50 e 60. O clima aqui continua conspiratório, mas o alvo é o consumismo em vez do comunismo.

O roteiro é baseado no conto “Eight O’Clock in the Morning”, escrito em 1963 por Ray Nelson. Com suas mensagens subliminares e – principalmente – com o seu jeitão de filme B, John Carpenter entrega mais um bom filme – numa década onde ele fez muita coisa legal, como Fuga de Nova York, O Enigma de Outro Mundo, Christine – O Carro Assassino, Starman – O Homem das Estrelas, Os Aventureiros do Bairro Proibido e Príncipe das Sombras.

O papel principal ficou com Roddy Piper, que era um famoso lutador profissional. O fato de ter um lutador como protagonista gerou um cena famosa: a longa luta entre Piper e o coadjuvante Keith David. A luta era pra durar 20 segundos na tela, mas os dois atores resolveram lutar pra valer (os golpes eram reais, exceto quando era no rosto ou nas partes baixas) e passaram três semanas ensaiando a luta. Resultado: Carpenter ficou tão impressionado que deixou todos os 5 minutos e 20 segundos de luta no filme. Também no elenco, Meg Foster.

O roteiro (também escrito por Carpenter, sob o pseudônimo Frank Armitage) tem suas falhas – o cara entra num banco, armado, mata meia dúzia, e sai tranquilamente? – mas funciona dentro da proposta. A trilha sonora hipnótica (também composta por Carpenter) ajuda no clima de paranoia.

Por fim, a famosa frase “I have come here to chew bubble gum and kick ass, and I’m all out of bubble gum” (“Eu vim aqui mascar chicletes e chutar traseiros, e acabaram os meus chicletes”), que já esteve aqui no heuvi, no Top 10 Melhores Frases, foi improvisada por Roddy Piper, ele tinha essa frase guardada para usar em entrevistas como lutador.

Ah, aqui tem uma imagem da camisa que comprei. No claro, vemos a imagem da esquerda. Mas quando as luzes se apagam, “acendem” as mensagens subliminares!

eles vivem tee fury

O Enigma de Outro Mundo

Crítica – O Enigma de Outro Mundo

Clássico oitentista do cinema fantástico!

No início do inverno na Antártica, um grupo de pesquisadores tem que enfrentar um misterioso e mortal ser alienígena que muda de forma e pode se parecer com qualquer uma de suas vítimas.

O Enigma de Outro Mundo (The Thing, no original) é simplesmente um dos melhores exemplos de boa mistura entre ficção científica e terror da história do cinema. Na minha humilde opinião, figura entre os tops do gênero, ao lado de filmes como Alien, o Oitavo PassageiroForça Sinistra e Invasores de Corpos.

O Enigma de Outro Mundo é baseado no clássico O Monstro do Ártico, de 1951. Não conheço ninguém que viu o primeiro filme, nem consegui descobrir se é uma refilmagem ou uma releitura.

Sou muito fã do diretor, John Carpenter. Mesmo tendo frequentemente um pé no filme trash, Carpenter foi o responsável por alguns dos melhores momentos do cinema fantástico dos anos 70 aos 90, como Halloween, Fuga de Nova York, Christine – O Carro Assassino, Eles Vivem e À Beira da Loucura. Achei que ele tinha se aposentado, mas em 2011 ele lançou um novo filme, Aterrorizada (que é legal, mas está longe dos seus melhores filmes).

Aqui Carpenter está em grande forma. O Enigma de Outro Mundo é um dos seus melhores trabalhos. Um filme sério, sem espaço pra alívio cômico – e sem nada de trash. O filme traz grandes momentos de tensão – a cena do teste de sangue é de fazer rolar na poltrona!

A boa trilha sonora de Ennio Morricone ajuda os momentos de tensão. É curioso notar que a trilha de O Enigma de Outro Mundo se assemelha com outras trilhas monocórdicas compostas pelo próprio Carpenter. Será que Carpenter copiou o estilo de Morricone, ou será que foi Morricone que se inspirou no estilo de Carpenter? Taí uma pergunta que não sei responder…

No elenco, só um rosto conhecido: Kurt Russell – que devia ser amigo de Carpenter, já que eles fizeram outros quatro filmes juntos (Fuga de Nova York, Os Aventureiros do Bairro Proibido, Fuga de Los Angeles e o desconhecido telefilme Elvis).

Os efeitos especiais de Rob Bottin (Um Grito de Horror, Robocop, O Vingador do Futuro) envelheceram, claro – 30 anos se passaram, né? O stop motion “perdeu a validade”, mas ainda funciona pro que o filme pede. O Enigma de Outro Mundo ainda é um filme assustador!

Ainda queria falar da ambientação gelada do filme. Situar a trama num local inóspito como a Antártica foi uma boa, isso ajuda o clima tenso que reina ao longo da projeção.

Ano passado foi lançado um prequel, A Coisa, (lá fora, acho que aqui só passou em festivais). O novo filme conta o que houve logo antes dos acontecimentos de O Enigma de Outro Mundo. Bom filme, dá pra fazer uma boa sessão dupla. A única coisa que achei estranha foi que ambos os filmes têm exatamente o mesmo título em inglês: The Thing. Por que será?

Filme obrigatório!

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Se você gostou de O Enigma de Outro Mundo, o Blog do Heu recomenda:
Força Sinistra
Prometheus
Alien, o Oitavo Passageiro

Aterrorizada

Crítica – Aterrorizada

Para tudo! Tem filme novo do John Carpenter na praça!

Depois de colocar fogo em uma casa, Kristen (Amber Heard) é internada em uma instituição para doentes mentais, só com meninas da sua idade. Mas um fantasma insiste em assombrá-la.

Explico a empolgação do primeiro parágrafo: desde 2001 John Carpenter não dirigia um longa metragem. E, apesar de seu último filme ter sido meia bomba (Fantasmas de Marte), um cara com o currículo dele merece respeito. Afinal, estamos falando do diretor de Halloween, Christine – o Carro Assassino, Eles Vivem, O Enigma de Outro Mundo, Fuga de Nova York… Não são poucos os filmes bons na carreira!

Mas… Infelizmente, Carpenter ficou devendo. Aterrorizada nem é ruim, mas fica longe de seus melhores filmes…

Como falei, o filme não é ruim. Amber Heard (Fúria Sobre Rodas) faz um bom trabalho liderando o elenco, dividindo a tela com Mamie Gummer, Danielle Panabaker, Laura-Leigh, Lyndsy Fonseca e Jared Harris. O roteiro é “certinho”, alterna bons momentos de tensão com alguns sustos no meio. Os personagens são bem construídos, e a reviravolta no fim é bem sacada, apesar de não ser original.

O problema está aí, em não ser original. A gente já viu esse tipo de filme outras vezes. Como a trama é batida, o filme perde o interesse.

Do jeito que ficou, Aterrorizada está mais próximo de produções baratas pra tv a cabo do que dos clássicos “carpenterianos”. Pena…

Vida longa a John Carpenter! E que volte à velha forma!

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Se você gostou de Aterrorizada, o Blog do Heu recomenda:
Sucker Punch
Eles Vivem
Ilha do Medo
And Soon The Darkness

Aventureiros do Bairro Proibido

Aventureiros do Bairro Proibido

Jack Burton (Kurt Russell) é um caminhoneiro tipicamente americano, que se vê envolvido com uma milenar batalha sobrenatural entre o bem e o mal no bairro chinês.

Dirigido por John Carpenter em 1986, Aventureiros do Bairro Proibido (Big Trouble in Little China no original) é um filme vagabundo, com cara de filme vagabundo. E mesmo assim, divertidíssimo!

John Carpenter é um nome normalmente ligado a filmes de terror e suspense – afinal, o cara dirigiu clássicos como Halloween (o primeiro!), O Enigma de Outro Mundo e Eles Vivem. Mas ele tem outra característica, ainda mais presente em sua obra: seus filmes sempre têm clima de filme B. Por isso, ele era o cara certo pra este projeto.

O filme é muito trash. Se a gente levar a sério, o roteiro tem um monte de falhas e situações forçadas. E Kurt Russell é perfeito para protagonizar um anti herói como o protagonista de Aventureiros do Bairro Proibido. Russell tem um jeito marrento, meio canastrão, que é a cara de Jack Burton.

Aliás, falando em Kurt Russell… Você já ouviu a expressão “ator assinatura”? Alguns diretores revelam uma certa preferência por um determinado ator. Assim como Tim Burton e Johnny Depp já fizeram sete filmes juntos, John Carpenter e Kurt Russell têm uma parceria de cinco filmes até agora!

No resto do elenco, só um rosto conhecido: Kim Cattrall, hoje famosa como uma das mulheres de Sex And The City, mas que na época ainda fazia filmes de qualidade duvidosa como Porky’s e Loucademia de Polícia

Além das atuações exageradas e das forçações de barra no roteiro, Aventureiros do Bairro Proibido ainda traz cenários com cara de parque de diversões de beira de estrada (o templo na parte final do filme tem neon em volta do ídolo e uma escada rolante – sim, isso mesmo, uma escada rolante!). Somam-se a isso efeitos especiais que já nos anos 80 pareciam fracos e personagens coadjuvantes completamente caricatos.

E, apesar disso tudo, sou muito fã deste filme! Diversão garantida!

Eles Vivem

Eles Vivem

Um dos melhores filmes de John Carpenter!

Um trabalhador, recém chegado numa cidade, acidentalmente descobre uma caixa de óculos escuros. Ao colocar os óculos, descobre que todos os anúncios contém mensagens de ordem, como “obedeça” ou “continue dormindo”. Mais: descobre que alienígenas estão entre nós, disfarçados! Fomos invadidos por outro planeta, que está discretamente corrompendo e dominando o nosso mundo!

A gente pode ver Eles Vivem de duas maneiras diferentes. Pode ser um divertido filme sobre alienígenas invadindo e tomando conta da Terra. Ou pode ser uma metáfora para a invasão comunista, medo que assombrava os EUA décadas atrás. Na verdade, vários filmes de ficção científica desta época são assim, falando de um misterioso invasor que muda a cabeça do americano típico. Um bom exemplo é Invasores de Corpos (que já foi refilmado três vezes), onde as pessoas são trocadas por cópias sem sentimento.

E John Carpenter é o melhor cara em Hollywood para fazer um filme destes. Ele consegue criar esse clima de filme “B” como poucos!

Roddy Piper, Keith David e Meg Foster encabeçam um elenco sem nomes famosos. Bem, mais ou menos, Piper era lutador de luta livre. Inclusive, a longa luta de mais de cinco minutos entre ele e David era para durar apenas 20 segundos, mas os atores resolveram lutar de verdade (apenas evitando golpes no rosto e nas “partes baixas”), e ensaiaram esta luta por três semanas. A luta ficou tão boa que Carpenter a deixou inteira

(A melhor frase do filme, “I have come here to chew bubble gum and kick ass, and I’m all out of bubble gum” (“Eu vim aqui para mascar chicletes e meter p%$#rrada, e acabaram os meus chicletes”), foi improvisada por Roddy Piper. Ele usava frases assim nas entrevistas que dava na época das lutas.)

Uma curiosidade sobre o protagonista: assim como acontece em Clube da Luta, em nenhum momento seu nome é dito durante o filme. Pelos créditos, vemos que o nome do personagem é “Nada”. Tudo a ver com o filme, não?

Infelizmente Eles Vivem nunca foi lançado aqui no Brasil em dvd… Sorte que consegui comprar um dvd original gringo!

A Cidade dos Amaldiçoados

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A Cidade dos Amaldiçoados

De repente, todas as pessoas de uma cidadezinha dos EUA desmaiam. Ficam desmaiadas por seis horas. Dias depois, descobrem que várias mulheres na cidade engravidaram nesse dia.

Na verdade, este pequeno clássico de John Carpenter, lançado em 1995,  é uma refilmagem de um filme homônimo dos anos 60. Não vi o original, então não posso comparar. Mas esse é muito legal!

A idéia básica é aquela “paranóia de medo do comunismo”, que assolava os filmes de ficção científica dos pós guerra. Pessoas “diferentes”, que vieram pra “tomar conta da sociedade e acabar com o american way of life”. Perfeito prum bom filme B, o que aliás é a cara do John Carpenter. O tema é bom,  já rendeu ótimos filmes, inclusive outro do John Carpenter, “Eles Vivem”.

O elenco é recheado de atores que andam sumidos: Kirstie Alley, Linda Kozlowski, Mark Hamill… E o ator principal é o eterno Superman Christopher Reeve , em seu último filme antes do acidente que o deixou paralítico (na verdade, esse morreu, não sumiu).

Tem uma boa curiosidade no elenco: David, o garotinho que “não tem par”, cresceu, e hoje é o John Connor da série Terminator – Sarah Connor Chronicles!