Espíritos Obscuros

Crítica – Espíritos Obscuros

Sinopse (imdb): Uma professora de uma cidade pequena do Oregon e seu irmão, o xerife local, se entrelaçam com um jovem estudante que guarda um segredo perigoso com consequências assustadoras.

O primeiro nome que aparece na divulgação é Guillermo del Toro, mas ele aqui só é produtor. Espíritos Obscuros (Antlers, no original) foi dirigido por Scott Cooper, que fez alguns bons filmes, mas sempre no drama (Coração Louco, Tudo Por Justiça, Aliança do Crime). Mas… seu novo projeto não se decide entre o drama e o terror. Não tenho nada contra diretores que transitam entre diferentes gêneros, costumo sempre lembrar de John Landis, que fazia comédia (Trocando as Bolas, As Amazonas na Lua), terror (Um Lobisomem Americano em Londres) e filmes ligados à música (Blues Brothers), além de ter dirigido o videoclipe de Thriller, do Michael Jackson.

Mas pena, Scott Cooper não conseguiu um bom resultado. Como terror, Espíritos Obscuros falha porque explora mal a criatura; e como drama, Espíritos Obscuros falha porque apenas aborda superficialmente situações que poderiam ser melhor exploradas (como, por exemplo, a tendência ao alcoolismo da protagonista).

Pra piorar, Espíritos Obscuros é um filme bem lento – assim como o resto da filmografia do diretor. Tudo demora muito a acontecer, chega um ponto que o espectador desiste daqueles personagens.

Posso reclamar só de mais uma coisa? Não me incomodo com clichês quando estes são bem utilizados. Mas aqui tem um personagem que aparece só pra explicar o que é a criatura, e no meio da explicação conta como derrotá-la. Pronto, já sabemos o fim do filme…

Mas, apesar de tudo isso, Espíritos Obscuros não é de todo ruim. Gostei da criatura – não entro em detalhes sobre o que é por causa de spoilers. Mas, digo que gostei em dois níveis. Um é porque a exposição da criatura é valorizada, vemos pouco a princípio, só partes do bicho – e dos chifres, o nome original do filme é “Antlers”, que significa chifres em inglês. O filme guarda até o final pra gente realmente ver como é a criatura (lembrei de Alien, onde só conseguimos ver a forma do monstro na cena final). Além disso, gostei do efeito especial da criatura. Não sei se foi cgi ou se teve algum animatronic, só sei que ficou muito bem feita, quando aparece e interage com os personagens.

O elenco é bom – Cooper é bom para trabalhar com atores, como já vimos nos seus filmes anteriores. Keri Russell e Jesse Plemons estão bem, mas quem chama a atenção é o garoto Jeremy T. Thomas. Não sei que idade ele tinha, o filme foi filmado em 2018, mas ele está realmente muito bem.

No fim, Espíritos Obscuros nem é ruim, mas fica a sensação de que poderia facilmente ser muito melhor.

Aliança do Crime

aliancadocrime-posterCrítica – Aliança do Crime

A história real de Whitey Bulger, irmão de um Senador, e o mais violento criminoso da história do sul de Boston, que se uniu ao FBI contra a Máfia italiana.

Sabe quando a gente sente que um filme foi feito como veículo para mostrar o potencial de um ator? Aliança do Crime (Black Mass, no original) é assim. O filme é legal, mas o que chama a atenção é a atuação de Johnny Depp, quase irreconhecível debaixo da maquiagem do mafioso Whitey Bulger. Não acharei estranho se Depp for indicado ao Oscar ano que vem por este papel.

Aliás, o elenco do filme é excelente. Joel Edgerton, menos conhecido que Depp, tem um papel talvez ainda mais importante, como o agente do FBI amigo de infância do mafioso – boa parte do filme é em cima do seu personagem. Também no elenco, Benedict Cumberbatch, Kevin Bacon, Dakota Johnson, Julianne Nicholson, Rory Cochrane, Jesse Plemons, David Harbour e Adam Scott. O elenco é tão rico que atores conhecidos como Juno Temple e Peter Sarsgaard fazem papéis bem pequenos.

Gostei muito da ambientação de época, do figurino e da maquiagem. Pena que o ritmo não é muito bom, o filme às vezes se arrasta um pouco. Acredito que isso seja uma característica do diretor Scott Cooper, que mostrou competência na direção de atores, mas falta de ritmo, em seus dois filmes anteriores, Tudo Por Justiça e Coração Louco.

Vale pelo Johnny Depp…

Tudo Por Justiça

0-Tudo-Por-JustiçaCrítica – Tudo Por Justiça

Dá uma sacada no elenco desse filme: Christian Bale, Zoe Saldana, Forest Whitaker, Woody Harrelson, Willem Dafoe e Casey Affleck. Nada mal, hein?

Quando Rodney Baze misteriosamente desaparece e a lei se mostra incompetente, Russell, seu irmão mais velho, resolve procurar justiça com as próprias mãos.

Trata-se do segundo filme de Scott Cooper, que, quatro anos antes, com seu filme de estreia, Coração Louco, deu o Oscar a Jeff Bridges. Tudo Por Justiça (Out Of The Furnace, no original) tem um elenco excelente e inspirado, mas tem dois problemas básicos: previsibilidade e falta de ritmo.

Vamos ao que funciona: o elenco está quase todo muito bem. Disse quase todo, porque Zoe Saldana tem muito pouco tempo de tela, e o personagem de Forest Whitaker parece perdido – não me pareceu culpa do ator, e sim da (falta de) construção do personagem (tire Whitaker e coloque um extra qualquer, não muda nada na trama). Por outro lado Bale, Affleck, Dafoe e, principalmente, Harrelson, estão muito bem. O filme não fica cansativo, apesar de longo, por causa das inspiradas atuações.

A violência física também está muito bem retratada. Tudo Por Justiça é um filme muito violento, os golpes soam secos e parecem doer mais do que os socos estilizados que estamos acostumados a ver.

Mas… O roteiro é tão previsível… Só de ler a sinopse e ver 10 minutos de filme, a gente já adivinha todo o caminho até a cena final. E o ritmo lento e arrastado não ajuda.

Enfim, os fãs do Christian Bale vão curtir, mais uma vez ele mostra que é muito mais do que “o Batman”. Mas ele já fez coisa melhor.

Coração Louco

Coração Louco

Atrasado, mas vi Coração Louco, o filme que deu o Oscar em 2009 para o grande Jeff Bridges!

Com 57 anos, o cantor de country Bad Blake vive à sombra do próprio passado, tocando em buracos quase sempre indignos do seu talento, acompanhado de muito cigarro e muito álcool. O orgulho o impede de se aproximar de Tommy Sweet, um cantor mais novo que no passado foi seu pupilo, e hoje goza de grande fama e prestígio. Apesar de vários casamentos frustrados, Bad ainda faz uma nova tentativa com a jovem jornalista Jean.

Jeff Bridges está ótimo, como sempre. Admito que sou fã do cara, caramba, ele é o Dude Lebowski! E não só isso, é só olhar o currículo dele pra virar fã: Tron, Starman, O Pescador de Ilusões… Ele estava até em Homem de Ferro! Confesso que Bad Blake não é o meu personagem preferido de sua carreira recente – ele merecia um prêmio por Os Homens Que Encaravam Cabras, isso sim! Mas pelo menos o Oscar foi para a pessoa certa.

O resto do elenco também está ok. Colin Farrell, sei lá por que, não está nos créditos principais, mas tem um dos principais papeis como Tommy Sweet. E Maggie Gyllenhaal, feinha mas simpaticíssima, está perfeita como Jean, a mulher que sabe que precisa manter distância do homem que ama. E ainda tem Robert Duvall num papel pequeno.

Preciso falar da parte musical. Por um lado, é legal ver Bridges e Farrell cantando e tocando, gosto muito quando os atores “colocam a mão na massa” e conseguimos vê-los cantando e tocando (confira nos créditos: eles não foram dublados!). Mas, por outro lado, não sou chegado em música country… Mesmo assim, reconheço o bom trabalho – e não estou sozinho, a Academia deu à canção “The Weary Kind” o outro Oscar de Coração Louco.

Coração Louco é o filme de estreia do diretor Scott Cooper, que também escreveu o roteiro. O filme é interessante, mas é o tipo de filme que não tem muito como ser criativo. É aquilo, cantor veterano tem problemas com álcool, com mulheres, com ego… e depois tem problemas com álcool, com mulheres, com ego… Não sou muito fã do estilo, então não virei fã do filme. Mas é sempre um prazer ver Jeff Bridges atuando bem!