Ghostbusters: Apocalipse de Gelo

Crítica – Ghostbusters: Apocalipse de Gelo

Sinopse (imdb): Quando a descoberta de um artefato antigo libera uma força do mal, os Caça-Fantasmas originais e os novos precisam unir forças para proteger Nova York e salvar o mundo de uma segunda Era do Gelo.

Tivemos dois Caça Fantasmas nos anos 80, um muito bom em 1984, e uma continuação bem mais fraca em 1989. Em 2016 fizeram um reboot completamente isolado dos outros dois filmes, e que não agradou muito. Aí lançaram um “requel” em 2021, que é um reboot, com personagens novos, mas com elementos dos filmes da década de 80. Claro que teria continuação, né?

Mas, na minha humilde opinião, o pior problema de Ghostbusters: Apocalipse de Gelo (Ghostbusters: Frozen Empire, no original) é que este novo filme, na dúvida entre usar o elenco novo ou usar a galera dos filmes originais, resolveu usar todos ao mesmo tempo. E ainda traz personagens novos. Aí tem MUITA gente em tela, e o filme definitivamente não consegue equilibrar bem toda essa galera.

Um exemplo simples: Dan Aykroyd tem um papel importante, seu personagem tem uma função na trama. Ernie Hudson tem uma importância secundária, o personagem dele é o dono da parada, ele tem uma função, ainda que pequena. Agora, Bill Murray e Annie Potts não têm nenhuma importância na trama. Zero. Tire esses dois personagens e o filme não muda absolutamente nada. “Ah, mas e legal ver o Bill Murray de novo com o uniforme dos Caça-fantasmas!” Concordo, é legal. Mas não adianta trazer o cara e ele ser apenas “mais um”. Aqui ele tem a mesma importância de um figurante.

O mesmo posso dizer sobre “a nova geração”. Paul Rudd começa o filme parecendo que vai ser o protagonista, mas seu personagem some na metade do filme. E parece que a única função do Finn Wolfhard é interagir com o Geleia. E isso porque não estou falando do “segundo escalão”, de personagens inúteis como Lucky e Podcast!

Ghostbusters: Apocalipse de Gelo repete o trio de roteiristas de 2021: Ivan Reitman, Jason Reitman e Gil Kenan. Em 2021 a direção foi de Jason Reitman, agora é Gil Kenan que assume a cadeira. Falecido ano passado, Ivan Reitman (diretor dos dois filmes da década de 80), é homenageado nos créditos.

Tecnicamente, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo é bem feito – o mínimo, já que estamos falando de uma superprodução blockbuster. O filme de estreia do diretor Gil Kenan foi a boa animação A Casa Monstro, e tem um trechinho aqui em animação bem legal, contando a história do monstro. E tem algumas piadas muito boas, ri alto no cd player com Spin Doctors. E, mais uma vez, os pequenos bonecos de marshmellow Stay Puft são as melhores piadas do filme. Pena que aparecem pouco!

Por outro lado, tudo demora muito pra se desenvolver. Quase nada acontece na primeira hora do filme. E o tal monstro só aparece na cena final, é um vilão muito pouco aproveitado. E a cena da cidade congelando, que está no trailer, é bem legal, mas é muito curta.

Tem outro problema, mas como vou comentar o destino de alguns personagens, preciso colocar um aviso de spoilers.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Tem uma cena na biblioteca onde eles explicam como o monstro age: ele congela o sangue, bla bla bla, mata a pessoa de frio. Um tempo depois, o monstro está solto, ataca a Phoebe, que é salva pela Lucky, que solta um raio em cima do monstro. O monstro então congela a Lucky. Mas, ela não morre! Pra que serve uma cena explicando o modus operandi do monstro, se quando ele entra em ação aquilo não vale nada?

Na verdade, na cena final, todos deveriam morrer, menos a Phoebe e o “Mestre do Fogo”. O resto estaria morto antes do monstro ser derrotado.

FIM DOS SPOILERS!

No elenco, além dos já citados Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Bill Murray, Annie Potts, Paul Rudd e Finn Wolfhard, temos Mckenna Grace, Carrie Coon, Kumail Nanjiani, Patton Oswalt, Celeste O’Connor, Logan Kim, Emily Alyn Lind e James Acaste. Muita gente…

Ghostbusters: Apocalipse de Gelo não chega a ser ruim, mas é bem mais fraco que o anterior.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino

Crítica – Indiana Jones e a Relíquia do Destino

Sinopse (imdb): O famoso arqueólogo e professor Jones regressa com novos desafios, perigos e aventuras, mas desta vez ele tem o sangue de uma nova geração para o ajudar nas suas descobertas e na sua luta contra um novo vilão.

O que mais tem na Hollywood contemporânea são continuações, remakes e reboots. É mais fácil vender uma ideia reciclada do que algo novo. É por isso que, 15 anos depois, temos mais um Indiana Jones – lembrando que a franquia já teve um “filho temporão” com o quarto filme, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, lançado 19 anos depois do terceiro filme.

Não sei por que, mas Steven Spielberg não dirigiu este filme, o que é uma pena. A direção ficou com James Mangold, que tem um currículo bem irregular – ele dirigiu o fraco Wolverine Imortal, e quatro anos depois, o ótimo Logan. Não sei se a culpa foi a troca de diretor, mas, em alguns momentos, Indiana Jones e a Relíquia do Destino (Indiana Jones and the Dial of Destiny, no original) infelizmente acabou ficando com cara de genérico (apesar de manter várias coisas icônicas, como o Harrison Ford e a trilha do John Williams).

Já tem anos que não revejo o quarto filme, na época lembro que curti, mas acho que minha avaliação vai diminuir quando o filme for revisitado. Por isso não vou comparar. Mas, mantenho o que já disse antes: os melhores são o primeiro e o terceiro. Este quinto pode brigar no ranking com o quarto e com o segundo, que é incensado pela maioria, mas é de longe o pior da trilogia original.

Vamos ao filme? Logo que começa, tenho um mimimi que talvez seja head canon. Mas, caramba, nos outros quatro filmes do Indy vemos a vinheta da Paramount virar alguma coisa na tela. E aqui nada acontece.

Pelo menos logo depois temos uma excelente (e longa) sequência de ação com o Harrison Ford rejuvenescido digitalmente. Talvez a gente reveja essa cena daqui a alguns anos e ache o cgi mal feito, mas, por agora, podemos afirmar que é um dos melhores já apresentados no cinema. E, independente do cgi, a sequência é muito boa e traz tudo o que um fã de Indiana Jones gostaria de ver.

Agora, o roteiro tem um monte de inconsistências. Ok, entendo que os outros filmes também têm falhas de roteiro aqui e ali, mas não é por isso que vou ignorar o que acontece aqui. Teve uma coisa que me incomodou bastante, que é quando os mocinhos dão uma dica de lugar para o vilão, mas conseguem fugir, e só depois que se afastam mudam de rumo – e o vilão consegue adivinhar o destino só por causa daquela leve mudança de rumo. Ou quando tem umas vinte pessoas atirando no Indy e ele se abaixa para desviar dos tiros, mas logo depois ele se levanta e ninguém mais quer atirar nele. Isso porque não estou falando de furos graves como a ponte dentro da caverna, que arrebentou mas depois aparece intacta.

Sobre o elenco: Harrison Ford é o Indiana Jones. Mesmo velho, ele é a cara do personagem, e continua ótimo no papel. E um dos pontos positivos de Indiana Jones e a Relíquia do Destino é o excelente vilão interpretado por Mads Mikkelsen. Por outro lado, a afilhada do arqueólogo, interpretada por Phoebe Waller-Bridge, é uma personagem arrogante, egoísta e antipática. Acho que muita gente vai reclamar da personagem.

Ainda no elenco. Antonio Banderas tem um papel menor, que fiquei me perguntando pra que chamar um ator deste porte para algo tão pequeno. John Rhys-Davies reaparece rapidamente como Sallah, admito que queria ver mais cenas com ele. Tem outro nome, é o segundo nome na lista do imdb, mas não sei se é spoiler, então não vou falar, mas posso dizer que no fim aparece uma participação especial que vai tocar o coração do fã. Também no elenco, Boyd Holbrook e Toby Jones.

(Cabe uma crítica ao cgi de rejuvenescimento? Harrison Ford é vinte e três anos mais velho que Mads Mikelsen. Quando o filme está em 1969, Ford realmente parece bem mais velho que Mikkelsen. Mas, no trecho inicial, que se passa durante a guerra, os dois aparentam a mesma idade. Ficou mal feito.)

Preciso falar da trilha sonora, mais uma vez nas mãos de John Williams. Por um lado, a trilha é muito boa porque é pontuada com os temas clássicos ao longo de todo o filme, e isso é arrepiante. Mas, por outro lado, não existe nada de novo aqui. A trilha parece uma colagem dos temas que a gente já conhece há quarenta anos.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino é um pouco longo demais, duas horas e trinta e quatro minutos, chega a cansar (os anteriores estão entre 1h55 e 2h07). Não precisava ser tão longo.

O final do filme é emocionante, vai ter muito nerd velho chorando na parte final. E aparentemente, agora acabou de verdade. Acho difícil Harrison Ford (que fez 80 anos ano passado) voltar ao papel. Existem boatos sobre uma série com a personagem da Phoebe Waller-Bridge, mas acho que isso só será definido pela bilheteria. Aguardemos.

Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan

Crítica – Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan

Sinopse (imdb): D’Artagnan chega em Paris a procura de seus agressores após ser dado como morto. Sua busca o leva para o centro de uma guerra real que coloca em risco o futuro da França. Ele se alia à Athos, Porthos e Aramis, três mosqueteiros do rei.

Bora pra mais uma versão da clássica história dos três mosqueteiros?

Produção francesa, essa nova versão tem um problema logo de cara: o filme não tem fim, e o espectador só descobre isso durante a projeção. Qual é o problema de se colocar no cartaz, ou no imdb? Só está escrito “Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan”, quando deveria ter um “parte 1”. Ou seja, estão enganando o espectador!

Dito isso, vamos ao filme. Dirigido por Martin Bourboulon, Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan (Les trois mousquetaires: D’Artagnan, no original) tem algumas sequências de ação muito bem filmadas, como uma luta entre os quatro mosqueteiros e vários soldados do Richelieu, onde tudo acontece em plano sequência (ok, dá pra ver que tem alguns cortes ali, mas não tiro o mérito da filmagem). Outra cena boa é quando a Rainha é encurralada num cômodo, a briga sai do cômodo mas a câmera continua – sem cortes – com a Rainha.

Gostei de toda a ambientação de época. Tudo é muito sujo, e sempre impliquei com filmes medievais “limpinhos”. Aqui não, D’Artagnan aparece sujo no início do filme e continua sujo por várias cenas. Quem está acostumado só com o cinema hollywoodiano talvez ache estranho.

Na minha humilde opinião, o filme tem uns escorregões no terço final. Por exemplo, o Duque de Buckingham estava arrasado, triste porque perdeu o amor da sua vida, e logo depois já estava alegre e serelepe dando mole pra primeira piriguete que apareceu. Mas… Me disseram que no livro é assim também. Não li o livro, não sei, mas, no filme, soou incoerente.

Outro problema: tem um momento onde o Athos conta uma história do seu passado para o D’Artagnan. E essa história não se conecta com absolutamente nada do que acontece no filme. Provavelmente é algo que vai ter continuidade na Parte 2. Mas acho bem ruim deixar algo assim aberto. Porque, se a gente olhar só esse filme, tira aquela cena e o filme não perde nada.

O elenco está bem, mas, tem aquele problema de sempre sobre a idade dos atores. Vincent Cassel é um grande ator, dono de uma grande filmografia, mas, ele está com 56 anos, me pareceu um pouco velho pra ser um mosqueteiro do Rei (fui catar na wikipedia, o personagem era pra ter 30 anos). Mas, isso é um problema recorrente, então deixemos pra lá. O elenco também conta com Eva Green, François Civil, Romain Duris, Pio Marmaï, Louis Garrel, Vicky Krieps e Lyna Khoudri.

Ainda preciso falar desse lance de dividir entre duas partes. Na verdade, isso já foi feito, nos anos de 1973 e 74 foram lançados os filmes Os Três Mosqueteiros e A Vingança de Milady, com Michael York, Oliver Reed, Richard Chamberlain, Raquel Welch, Faye Dunaway e Christopher Lee. Mas não sei se naquela época alguém avisou aos espectadores que a história não teria fim. Porque aqui, nesta versão de 2023, parece um seriado de TV: o arco da história tem uma conclusão, mas acontece um cliffhanger para chamar para um próximo episódio ou próxima temporada. Bem, pelo menos a segunda parte já foi filmada e tem previsão de ser lançada ainda este ano, em dezembro.

Tudo Por Uma Esmeralda

Crítica – Tudo Por Uma Esmeralda

Sinopse (imdb): Uma romancista parte para a Colômbia para resgatar sua irmã sequestrada e logo se vê no meio de uma perigosa caça do tesouro com um mercenário.

Uma breve contextualização. Lançado em 1981, Caçadores da Arca Perdida foi um grande marco para o cinema de aventura. Claro que isso gerou um monte de filmes tentando pegar carona no sucesso. Podemos citar alguns bons filmes, vindo de grandes estúdios, como este Tudo Por Uma Esmeralda (1984) e sua continuação A Joia do Nilo (85), ou, na minha humilde opinião, um degrau abaixo, As Minas do Rei Salomão (85) e Allan Quatermain e a Cidade do Ouro Perdido (86). Mas tem vários bem vagabundos, como O Tesouro das Quatro Coroas (83), Sky Pirates (86), Caçadores de Tesouro (Jungle Raiders) (85) ou The Further Adventures of Tennessee Buck (88) – nunca vi nenhum desses quatro, nem me lembro se foram lançados no Brasil. Mas me lembro do lançamento de Os Aventureiros do Fogo (86), com Chuck Norris; e um dos meus maiores guilty pleasures, As Aventuras de Gwendoline na Cidade Perdida (84), uma mistura de Indiana Jones com Barbarella.

A direção é de Robert Zemeckis, que no ano seguinte faria um dos melhores e mais cultuados filmes de toda a década de 80, um tal de De Volta Para o Futuro, e que ainda dirigiria Roger Rabbit e ganharia o Oscar por Forrest Gump. A trilha é de Alan Silvestri, que passou a acompanhar os filmes dirigidos por Zemeckis (e que faria a excelente trilha de De Volta Para o Futuro).

A primeira imagem do filme é “A Michael Douglas production”, e a gente pensa “ué, o Michael Douglas era produtor? Bem, ele produzia filmes desde 1975, e, olha só, ganhou um Oscar como produtor em 76, por Um Estranho no Ninho. Michael Douglas tem uma carreira muito mais relevante como ator, mas não podemos ignorar seus feitos como produtor. E parece que ele não queria atuar aqui, ganhou o papel porque nomes como Clint Eastwood, Jack Nicholson, Christopher Reeve e Sylvester Stallone recusaram o papel principal.

Tudo por uma Esmeralda é uma típica aventura com cara de Sessão da Tarde. Muita correria em cenários exóticos, com algumas sequências bem forçadas – mas coerentes com a proposta.

Revendo hoje em dia, a química entre Michael Douglas e Kathleen Turner ainda funciona. Ok, é um tipo de casal que ficou desatualizado, as mulheres hoje são personagens mais fortes, mas, tendo a época em mente, gostei do casal. Por outro lado, achei o Danny De Vito caricato demais. Esse “perdeu a validade”. Sobre o resto do elenco, só reconheci um nome, Alfonso Arau, diretor de Como Água para Chocolate (92) e Caminhando nas Nuvens (95), que está numa das sequências mais divertidas do filme.

O filme fez tanto sucesso que logo veio uma continuação, A Joia do Nilo, estrelado pelos mesmos três principais, lançado em 1985 dirigido por Lewis Teague. O trio ainda faria A Guerra dos Roses em 1989, mas este não é uma continuação, é uma história independente. O sucesso do filme deu moral pro diretor Robert Zemeckis para seguir com seu projeto pessoal, De Volta Para o Futuro.

Uma nota triste: o roteiro é de Diane Thomas, que trabalhava como garçonete, e um dia convenceu um cliente sobre o seu roteiro. O cliente era Michael Douglas, que deu a ela um Porsche de presente pelo sucesso do filme. E ela faleceu num acidente com o Porsche. Tudo por uma Esmeralda foi seu único roteiro.

Tudo por uma Esmeralda foi indicado ao Oscar de melhor edição e ganhou Globo de Ouro de melhor filme (musical ou comédia) e melhor atriz pra Kathleen Turner.

Enola Holmes 2

Crítica – Enola Holmes 2

Sinopse (imdb): Em seu primeiro caso oficial como detetive, Enola precisa encontrar uma menina desaparecida. Para isso, ela contará com a ajuda dos amigos e do irmão, Sherlock.

Para a surpresa de ninguém, dois anos depois, chega a continuação de Enola Holmes, mais uma vez lançado pela Netflix. Se o primeiro filme foi baseado no primeiro de uma série de seis livros, claro que já existiam planos para continuações.

Dirigido pelo mesmo Harry Bradbeer do primeiro filme, Enola Holmes 2 segue a mesma linha de aventura infanto juvenil. Muita correria, algum humor, tudo baseado no enorme carisma da Millie Bobby Brown. Gostei de vê-la novamente como Enola, na última temporada de Stranger Things ela foi uma das piores coisas.

Enola Holmes 2 traz uma coisa bem legal: a introdução de um personagem real na história. Sarah Chapman existiu de verdade, foi uma das líderes da greve das “garotas dos fósforos”. Gosto quando um filme de ficção usa personagens reais no meio da trama.

Uma coisa me incomodou, que foi a grande quantidade de vezes que Enola quebra a quarta parede. Ok, é um recurso que ajuda a atrair a simpatia do público, mas acho que foi usado excessivamente. E olha só que curioso, no meu texto de dois anos atrás comentei a mesma coisa: “o recurso da quebra da quarta parede me cansou. Ok, isso ajuda a aproximar a personagem do público, e cai bem numa produção infantojuvenil. Mas aqui é o tempo todo! Na minha humilde opinião, podiam ter cortado algumas dessas cenas.”

Nem tudo funciona. Algumas sequências são bobinhas demais. Achei a fuga da prisão péssima, tanto na parte como ela sai da prisão, quanto na parte onde enfrenta os guardas. E pior: isso não traz nenhuma consequência para ela? Isso sem contar em falhas de roteiro, como a partitura que ela guardou e ainda estava com ela – depois da fuga da prisão.

No elenco, Millie Bobby Brown mostra mais uma vez que é uma estrela em ascensão. Ela carrega fácil o filme. Henry Cavill, Louis Partridge e Helena Bonham Carter voltam aos seus papeis – não gostei da Helena Bonham Carter, está caricata acima do aceitável. De novidade tem o David Thewlis, que também está caricato.

Teve uma parte no final que achei bem ruim, mas é um spoiler grande, então vou colocar avisos de spoiler.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

No fim do filme a gente descobre que Moriarty agora é uma mulher negra. Na Londres de 1888. Não tenho nada contra mudança de gênero ou etnia, mas tenho muita coisa contra incoerência. Moriarty era um professor de matemática que virou um gênio do crime. Se esse filme fosse que nem o Sherlock Holmes do Benedict Cumberbatch, que se passa nos dias de hoje, ok, seria mais fácil de aceitar uma mulher como Moriarty. Mas em 1888???
Vejam bem: não sou contra mudanças, desde que sejam bem feitas. No Battlestar Galactica de 1978, Starbuck era homem. Na versão de 2004, virou mulher. E não conheço um único fã de BSG que reclame dessa mudança. A nova Starbuck era um personagem ótimo, interpretada por uma atriz ótima, e naquele contexto, a mudança de gênero funcionava bem. Mas, na Londres de 1888, ficou forçado demais.
E, aproveitando que estamos numa área de spoilers, aquele final com o início da greve ficou bem ruim. Sarah Chapman diz “quem vem comigo?” e ninguém se manifesta. Aí alguém começa a bater o pé no chão, e em menos de um minuto, TODA a fábrica está ao lado dela. Ficou ruim…

FIM DOS SPOILERS!

Enola Holmes 2 é um pouco longo demais, chega a cansar. Tem uma cena pós créditos indicando que teremos um terceiro filme, tomara que deem uma enxugada no roteiro.

Jurassic World Domínio

Crítica – Jurassic World Domínio

Sinopse (imdb): Quatro anos após a destruição da Ilha Nublar, os dinossauros coexistem com os humanos. Esse equilíbrio determinará se os humanos continuarão sendo os predadores dominantes em um mundo com as criaturas mais temíveis de todos os tempos.

Preciso confessar que não me lembro de muita coisa do filme Jurassic World: Reino Ameaçado, de 4 anos atrás, junho de 2018. Pra minha sorte, na época escrevi aqui no heuvi, então vou copiar um trecho:

Jurassic World: Reino Ameaçado tem seus momentos, mas o resultado final deixa a desejar.
A parte técnica é impressionante. Se o primeiro Jurassic Park já tinha dinossauros convincentes, hoje, quando o cgi é ainda mais evoluído, a produção não economizou. Mais uma vez, temos vários dinossauros, todos muito bem feitos.
Por outro lado, o roteiro exagera nas forçações de barra. (…) Pra piorar, tudo é muito previsível. Isso porque não tô falando de ideias repetidas dos outros filmes – de novo um dinossauro aprimorado geneticamente.
Claro que teremos mais uma continuação se este filme tiver retorno. E claro que a gente vai ver. E se não tiverem novas ideias, claro que vão repetir tudo. De novo.”

Dirigido pelo mesmo Colin Trevorrow do primeiro Jurassic World, este novo filme, Jurassic World Domínio (Jurassic World Dominion, no original) é isso aí. Tem até esses dinossauros modificados geneticamente.

E preciso confessar que foi uma grande decepção. Não só para mim, mas também para as pessoas que estavam por perto na sessão de imprensa onde vi.

Muita gente se decepcionou porque o final do filme anterior apontava para uma continuação com dinossauros espalhados por áreas urbanas. Realmente, ia ser um filme bem legal – como sobreviver num planeta onde pode aparecer um dinossauro a qualquer momento perto de você?

Mas, Jurassic World Domínio não é esse filme. E não acho certo reclamar de um filme que apenas não foi o que estava na nossa cabeça, isso é um head canon. Vou reclamar de outra coisa. O que me mais incomodou foram as falhas grotescas no roteiro.

Antes preciso falar que aceito conveniências de roteiro, tipo uma cena onde um carro capota e cai ao lado de onde estavam os outros personagens. Qual é a chance disso acontecer? Bem pequena, mas faz parte! É um filme de ficção, pô!

O que reclamo são coisas que não fazem lógica. Tipo alguém cortar a energia elétrica e um trem parar do nada – o trem era rota de fuga, teria um gerador separado para o caso de dar problema.

Vamulá. Existe uma sequência em Malta que é toda errada. Pra começar, é uma sequência que é desnecessária, tire essa sequência e a história do filme não perde nada. E, dentro da sequência, são vários os momentos sem lógica. Exemplo: qual é a  velocidade de um raptor? Uma pessoa a pé consegue fugir, mas logo depois o mesmo raptor está mais rápido que uma moto que está alcançando um avião que vai decolar! Outro exemplo: os raptors são modificados pra seguirem uma pessoa que alguém marcou com um laser. Oi? Como você vai mirar o laser antes de marcar a pessoa? E aquela cena naquele submundo onde existe rinha de dinossauros não faz o menor sentido. Um dinossauro vem e come o vilão, mas todos em volta estão tranquilos por que? Por fim, aquela pilota NUNCA ia oferecer aquela carona.

Mas, vamos em frente. Tem uma cena mais pro fim onde tem duas coisas ilógicas juntas, é quando a Laura Dern e a Bryce Dallas Howard vão desligar a energia elétrica. Ora, se elas não sabiam como fazer, e quem sabia não estava machucado, por que elas foram? E tem outro erro ainda pior: são dezenas de gafanhotos mortos no chão. Quando a energia volta, eles “acordam” e começam a atacar. Quando a energia é derrubada de novo, eles “morrem” de novo. Vem cá, são gafanhotos elétricos?

Mas o pior erro não foi esse. Tem um erro de continuidade que é o erro mais grosseiro que vi em muito tempo. O personagem Ramsey discute com o vilão, e sai da sala dele. E na cena seguinte ele está junto com os mocinhos – que estavam a quilômetros de distância!

Heu podia continuar, mas já deve ter dado pra ver que o roteiro é um lixo. Então vou parar. Mas tem mais, ah, tem.

De ponto positivo: os dinossauros são perfeitos. Os efeitos especiais são perfeitos. Ok, nenhuma surpresa, Jurassic Park sempre teve efeitos bons (o primeiro filme tem quase 30 anos que foi lançado e ainda é impressionante). Mas, é sempre legal ver dinossauros bem feitos.

Sobre o elenco, a série Jurassic Park teve um reboot em 2015 com elenco novo, estrelado por Chris Pratt e Bryce Dallas Howard. Este é o terceiro filme desde o reboot, e este filme trouxe de volta os três principais do primeiro filme, lá de 1993: Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum. Foi legal ver todos juntos, mas acabou que são muitos personagens “principais” (porque ainda tem alguns novos). Mas, ok, isso ficou bom. Também no elenco, Isabella Sermon, DeWanda Wise, Mamoudou Athie, Campbell Scott, BD Wong e Omar Sy.

Mas no fim fica a decepção. Disseram que este seria o último filme da saga. Se for só pra focar em efeitos especiais e deixar o roteiro pra lá, tomara que seja o último mesmo.

 

Cidade Perdida

Crítica – Cidade Perdida

Sinopse (imdb): Uma romancista solitária em uma turnê de livros com seu modelo de capa é apanhada em uma tentativa de sequestro que os leva a ambos em uma aventura feroz na selva.

Você pode ver Cidade Perdida (Lost City, no original) sob dois pontos de vista. Você pode ver que é um filme previsível e cheio de clichês, ou você pode ver um filme que apesar de previsível, usa muito bem os clichês.

Vamulá. O filme dirigido pelos irmãos Aaron e Adam Nee é completamente previsível, a gente consegue adivinhar tudo o que vai acontecer. Mas é um filme leve e divertido, que não se leva a sério em momento algum. Digo mais: os clichês são usados sempre de maneira inteligente. Um exemplo é o Brad Pitt. se você viu o trailer, sabe exatamente qual é o perfil do seu personagem. E mesmo sem nada de novidade, a gente acaba o filme querendo ver um spin off com o personagem dele.

Aliás, o elenco está muito bem. Channing Tatum veste bem o personagem de “quase galã”, e ele tem um timing muito bom para o estilo de humor presente no filme. E o melhor de tudo: a química dele com a Sandra Bullock é muito boa, algo essencial para a proposta do filme. Brad Pitt, como falei, aparece pouco mas está sensacional; e Daniel Radcliffe mostra que é bem mais do que um Harry Potter adulto.

Os quatro principais nomes estão bem, mas tenho críticas ao elenco de apoio. Da’Vine Joy Randolph, que faz a editora, tem um papel caricato; Patti Harrison faz a especialista em mídias sociais, um personagem bem ruim, que era melhor não ter. E o resto é tão secundário que nem vale ser citado, tipo aquele piloto de avião vergonha alheia.

O roteiro é previsível (e a premissa lembra Tudo por uma Esmeralda). Mas como heu estava me divertindo relevei. Agora, alguns furos incomodaram. Exemplo: os protagonistas estão fugindo dos vilões. A única saída é escalar a montanha. Como os vilões não viram?

Ouvi críticas com relação aos efeitos especiais, que algumas cenas teriam sido filmadas em tela verde e mal renderizadas depois. Mas não reparei em nada tão grave. Pra mim os efeitos são ok.

Mesmo com todos esses problemas, achei o filme bem divertido. Uma comédia / aventura leve e descompromissada, que vai agradar a quase todos que forem ao cinema ver. Estreia nos cinemas quinta feira da semana que vem!

Alerta Vermelho

Crítica – Alerta Vermelho

Sinopse (imdb): Um agente da Interpol rastreia o ladrão de arte mais procurado do mundo.

Grande lançamento da Netflix, Alerta Vermelho (Red Notice, no original) chega com a divulgação de ser “o filme mais caro da história da Netflix”. Pena que o dinheiro não garantiu a qualidade.

Escrito e dirigido por Rawson Marshall Thurber (que já tinha feito outros dois filmes com Dwayne Johnson, Um Espião em Meio e Arranha Céu), Alerta Vermelho tem como grande mérito o carisma de seus três atores principais, Dwayne Johnson, Ryan Reynolds e Gal Gadot. Realmente, nessa parte o filme funciona. Agora, o roteiro…

Alerta Vermelho tem tantas conveniências no roteiro que chega um ponto que o espectador diz “chega!”. Ok, a gente entende que é Hollywood, filme pipoca, pra desligar o cérebro e curtir, mas precisa saber dosar. Porque é difícil chegar ao fim sem pensar “pô, aí não, forçaram a barra”.

Pra piorar, alguns cenários são bem básicos, nem parece “o filme mais caro”. Tem uma cena numa floresta, logo depois da cachoeira, que quase dá pra ver a parede do estúdio, de tão artificial.

(E, olha, quando mostram o ponto no mapa na América Latina, heu acho que aquilo é no Brasil e não na Argentina…)

Agora, preciso admitir que me diverti em vários momentos. Reconheço que os trio principal de atores repete os papeis de sempre, mas esses papeis funcionam bem.

Aliás, preciso dizer que Ryan Reynolds acertou em cheio pelo menos duas vezes. Uma é quando o filme entra numa vibe Caçadores da Arca Perdida e ele assobia o tema do Indiana Jones; a outra é quando ele diz que está procurando “uma caixa que diz MacGuffin”. Ri alto nessas duas piadas.

(MacGuffin era um termo usado por Hitchcock pra falar de alguma coisa que os personagens estão procurando, mas que não tem importância pro espectador. Segundo a wikipedia, “é um dispositivo do enredo, na forma de algum objetivo, objeto desejado, ou outro motivador que o protagonista persegue, muitas vezes com pouca ou nenhuma explicação narrativa. A especificidade de um MacGuffin, normalmente, é sem importância para a trama geral.”)

Ou seja, Alerta Vermelho só serve se você for fã dos atores e se desligar de todo o resto. Dá pra se divertir, mas é bem esquecível.

Alerta Vermelho está na Netflix, mas também teve lançamento nos cinemas. Achei uma estratégia estranha. Lembro que quando O Irlandês estreou na Netflix, houve sessões nos cinemas. Mas, IMHO, O Irlandês é um filme com mais atrativos pra levar o espectador pro cinema. Tenho minhas dúvidas se este Alerta Vermelho vendeu algum ingresso.

Eternos

Crítica – Eternos

Sinopse (imdb): A saga dos Eternos, uma raça de seres imortais que viveram na Terra e transformaram sua historia e civilização.

Antes de entrar no filme, uma breve contextualização. Ao longo de 11 anos e mais de 20 filmes, a Marvel construiu um sólido universo cinematográfico, que culminou no Vingadores Ultimato, filme que trouxe todos os personagens apresentados anteriormente.

E agora? Agora é hora de olhar pra frente: novos filmes com novos personagens – que devem se unir em breve a personagens antigos em novo grande filme a ser produzido.

Este ano tivemos Shang Chi, dirigido pelo quase desconhecido Destin Daniel Cretton, que é exatamente isso: um filme mostrando um novo universo de personagens e super poderes. Um filme bonito e empolgante, que deixa o espectador com vontade de rever assim que sai do cinema.

E agora temos este Eternos, dirigido pela oscarizada Chloé Zhao, que mostra um novo universo de personagens e super poderes. Um filme bonito, mas nada empolgante, que deixa o espectador sem nenhuma vontade de rever.

(Pra falar a verdade, a primeira coisa que pensei quando terminou a sessão foi “putz, tenho que rever no fim de semana, prometi aos meus filhos).

Ninguém vai discutir o talento da Chloé Zhao. Acho Nomadland um filme superestimado, não acho que merecia o Oscar de melhor filme, mas é um filme inegavelmente bem filmado. Agora, sejamos sinceros, Nomadland não tem nada a ver com filme de super heróis. Não adianta chamar uma boa diretora se a proposta dela é diferente da proposta do filme.

Seria mais ou menos como chamar Quentin Tarantino pra dirigir um drama sério; ou Denis Villeneuve pra dirigir uma comédia romântica, ou ainda Martin Scorsese pra dirigir um terror slasher. Serão filmes competentes, claro, estamos falando de diretores de primeira linha, não iam fazer filmes ruins. Mas dificilmente trariam bons resultados.

Este é o problema de Eternos. Chloé Zhao fez um filme bonito, que enche os olhos com seus detalhes técnicos – mas fez um filme que não empolga. Certamente quero ver mais do Shang Chi, mas não faço questão de ver mais dos Eternos.

Deve ser por isso que tem tanta gente por aí falando mal de Eternos. Mas, como falei, o filme não é ruim. Falta muito pra ser bom, mas está longe de ser ruim. Vamulá.

Eternos é um filme lindo. Várias imagens belíssimas, com cenários deslumbrantes. Os efeitos dos Eternos são criados por linhas, achei uma ideia simples e visualmente muito bonita. Os monstros deviantes também são muito bem feitos. Também gostei das várias ambientações em locais de diversos pontos do planeta, em diversas épocas (só não gostei da galera falando espanhol na Amazônia…)

Eternos brinca com elementos históricos – se os caras são super heróis que estão na Terra há 7 mil anos, muita coisa entra na vibe de Eram os deuses astronautas. Paralelo a isso, temos o uso de elementos da cultura pop – citar Star Wars é corriqueiro, mas não me lembro de outro filme do MCU citando a DC duas vezes (Batman e Superman).

Uma coisa que funciona bem aqui é a representatividade. Os Eternos chegaram no planeta 7 mil anos atrás, então tem tudo a ver o grupo ter várias etnias. Claro, é Hollywood, então é normal ter mais caucasianos. Dentre os homens, temos um um americano negro (Brian Tyree Henry), um escocês (Richard Madden), um irlandês (Barry Keoghan), um paquistanês (Kumail Nanjiani) e um sul coreano (Ma Dong-seok). E dentre as mulheres, tem uma filha de chineses (Gemma Chan), uma mexicana (Salma Hayek), e, se as outras três são três americanas, uma é adolescente (Lia McHugh) e outra é surda muda (Lauren Ridloff) – completa o time mais uma americana (Angelina Jolie).

(Tive sentimentos opostos relativos à Lauren Ridloff. Por um lado, é muito legal ter uma surda muda dentre os heróis da Marvel. Mas por outro lado fiquei pensando se um ser tão poderoso, um quase deus, teria uma deficiência como surdez. Pelo menos a atriz manda bem e sua personagem é ótima.)

Ah, em tempos de polêmica sobre o beijo gay do filho do Superman, Eternos mostra o primeiro beijo gay da história do MCU!

Gostei dos personagens, cada um tem poderes diferentes e a gente consegue entender como eles funcionam sem precisar de muita explicação. Agora, tem um problema: como são muitos, temos pouco tempo para nos aproximar de cada um. Assim o espectador não se importa se alguma coisa acontecer com algum personagem.

Li críticas ao personagem Kingo por ser um alívio cômico. Discordo, achei o humor do personagem no ponto certo. Ah, claro é Marvel, então tem humor. Mas aqui é pouco, são poucas piadas.

Ainda sobre o elenco: achei uma falha do roteiro quando o personagem do Kit Harrington some e depois volta do nada. Mas, pior do que isso é na parte final, quando um dos personagens simplesmente some logo antes do clímax do filme. Como assim? Será que essa era a melhor solução?

(Tem uma personagem chamada Sersi e tem o Jon Snow e o Rob Stark. Ainda não vi as piadas de Game of Thrones…)

Agora, não precisava de duas horas e trinta e sete minutos. Várias cenas são arrastadas, em vários momentos a gente sente que faltou uma edição mais enxuta. É um filme bonito, mas, diferente do comum na Marvel, nada empolgante.

Conversando com críticos amigos depois da sessão, ouvi comentários de que o filme cansa porque a narrativa não é linear. Discordo. Gostei da narrativa não linear, repleta de flashbacks pra mostrar histórias do passado deles.

O filme se passa no universo do MCU, personagens e eventos do MCU são citados algumas vezes, mas este é um filme independente dos outros. Não precisa (re) ver nenhum outro para entender.

Claro, tem duas cenas pós créditos, com ganchos para continuações. Que a gente espera que tenha outro diretor.

Ghostbusters: Mais Além

Crítica – Ghostbusters: Mais Além

Sinopse (filmeb): Quando uma mãe solteira e seus filhos se mudam para uma pequena cidade, eles começam a descobrir sua conexão com os caça-fantasmas originais e o legado secreto que seu avô deixou para trás.

O primeiro Caça Fantasmas é de 1984, e teve uma continuação em 1989. Em 2016 fizeram um reboot, mas não agradou muito, e parecia que tinham deixado de lado. Mas agora temos um novo filme, e, como diria o meu amigo Eduardo Miranda, do canal Cinevisão, “este filme tem o DNA da franquia”, diferente da versão de 2016.

Ghostbusters: Mais Além (Ghostbusters: Afterlife no original) foi dirigido por Jason Reitman, filho de Ivan Reitman, diretor dos filmes de 1984 e 89. Jason já é um diretor experiente, concorreu ao Oscar duas vezes (por Juno e Amor Sem Escalas), mas acho que até agora não tinha trabalhado com o pai. Mas agora Ivan está na produção, e deve ter ajudado Jason a fazer um filme com a cara do filme de 84.

Vários fatores aproximam este novo filme do filme original de 84. Heu poderia dizer que alguns atores daquele filme aparecem aqui, mas, o filme de 2016 também tinha participações de alguns deles. A diferença é que lá eles faziam papeis diferentes, e aqui eles voltam aos seus papeis originais. Só não vou entrar em detalhes aqui porque poderia ser um spoiler, prefiro que você descubra na hora (dica: não veja o elenco na página do imdb!).

Vou além: quando digo que este novo filme tem o DNA do antigo não é só pelo sobrenome do diretor, ou pela participação de atores do elenco anterior. É porque este filme consegue manter o mesmo clima de aventura infanto-juvenil que a gente tinha nos anos 80, protagonizados por adolescentes. Tudo aqui lembra este clima de aventura sessão da tarde, do visual à trilha sonora. E ainda tem vários easter eggs espalhados aqui e ali!

Sobre os easter eggs “caçafantasmianos”, preciso falar do boneco de marshmellow Stay Puft. Tem uma cena genial e engraçadíssima envolvendo bonequinhos de marshmellow. O clima lembra gremlins!

O roteiro traz algumas forçadas de barra (tipo um carro abandonado há sei lá quantos anos ainda ter pneus cheios), mas, ora, falei que o filme te cara de anos 80 – naquela época, conveniências no roteiro eram comuns. O lance é relaxar e curtir a nostalgia sem parar pra analisar detalhes.

Sobre o elenco: o protagonismo é dividido entre Mckenna Grace e Finn Wolfhard. Já falei aqui antes e vou repetir: é um prazer enorme ver um talento jovem como a Mckenna Grace na tela. Hoje ela tem 15 anos, não sei que idade ela tinha durante as filmagens. Mas já tem currículo melhor que muita adulta. Ela mandou muito bem em Eu, Tonya, e era uma dos destaques da série Maldição da Residência Hill. E ela ainda estava em Annabelle 3 e Maligno! E aqui ela está sensacional, Mckenna é a melhor coisa do elenco. Finn Wolfhard está bem, mas ele parece que não saiu de Stranger Things. Parece que em vez de ser “o ator de Stranger Things“, é “o personagem de Stranger Things“. O elenco também conta com Paul Rudd, Carrie Coon, Celeste O’Connor e Logan Kim. Claro, como falei, tem participações de gente do filme de 84, mas não digo quem.

(Aliás, um breve comentário sobre isso: adorei as participações, mas acho que erraram no timing. Pena que não posso desenvolver, porque seria um spoiler pesado).

O filme pega pesado no saudosismo, recomendo rever o filme de 84 pra reavivar as memórias. A parte final do filme vai emocionar muitos espectadores, eles fazem uma bela homenagem à franquia.

São duas cenas pós créditos, fique até o fim das letrinhas!