Five Nights At Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim

Crítica – Five Nights At Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim

Sinopse (imdb): Mike Schmidt é um jovem contratado para trabalhar como o vigia noturno do antigo restaurante familiar Freddy Fazbear’s Pizza, um lugar famoso por seus característicos robôs animatrônicos que, quando chega a noite, se transformam em assassinos.

Heu tenho um filho de 14 anos que joga Five Nights at Freddy’s, o “FNAF”. Desde o início do ano ele está empolgado com a adaptação para o cinema. Ele tava tão empolgado que o levei ele na sessão de imprensa. E posso dizer que depois da sessão ele, como fã do jogo, gostou do filme. E heu, como fã de cinema, não gostei.

Antes de tudo, preciso falar que eu nunca joguei o jogo, tudo que são informações que o meu filho falou. Mas sempre defendo que qualquer adaptação, não só de jogos, deveria ser algo independente da obra original. Não gosto de filme que precisa de “manual de instruções”.

A ideia era promissora: um guarda-noturno que tem que enfrentar robôs animatrônicos assombrados por almas de crianças. Isso podia dar um bom filme de terror. Mas… O diretor resolveu focar no problema pessoal do protagonista, que teve o irmão foi sequestrado quando ele era criança. Boa parte do filme fica repetindo a história do sequestro do irmão. Essa história até tem a ver com o fim do filme, só que não é algo tão essencial. Se você tirar essa subtrama do irmão sequestrado, o filme não perde nada. Ou seja, a gente perde um tempão para uma história que não era necessária. E, pra piorar: o espectador entra no cinema pra ver um filme de terror, era melhor dedicar mais tempo com os animatrônicos do mal do que com o drama do protagonista.

Existe outro problema básico: os animatrônicos, a princípio, não são criaturas assustadoras. O filme parte do princípio de que as pessoas têm medo dos robôs, mas, você precisa fazer alguma coisa com esse robô pra ele virar assustador. É que nem um palhaço. Um palhaço não é assustador, mas pode virar assustador dependendo de como você apresentá-lo. Aqui em Five Nights At Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim as pessoas têm medo dos robôs. Mas não, eles não são assustadores.

Dito isso, preciso elogiar o fato de que tinham robôs animatrônicos no set. O mais fácil seria fazer tudo em cgi, mas chamaram a Jim Henson Company para a confecção dos robôs. Não sei se algum robô é cgi (provavelmente é), mas boa parte eram robôs reais. Boa sacada!

Teve uma coisa que me incomodou na parte final, que é não saber se o vilão é algo sobrenatural ou algo humano. Porque existem os animatrônicos sobrenaturais, mas também existe um vilão humano. Péra aí, ou o seu vilão é algo sobrenatural, ou o seu vilão é um cara maluco, humano. Ter os dois ao mesmo tempo não faz muito sentido. Meu filho falou que o jogo tem uma explicação sobre isso. Se a adaptação fosse bem feita, você teria uma linha no roteiro explicando, mas no filme não tem nada disso, ou seja, ficou tosco.

Outro problema é que o filme é direcionado ao público infanto-juvenil, então eles seguraram a mão nas cenas violentas. Entendo a opção comercial, mas precisamos reconhecer que o filme perdeu com isso.

Ainda preciso falar de furos no roteiro. Sem spoilers, prestem atenção na tia do protagonista. Esqueceram dela no fim do filme!!!

O elenco não está bem. Josh Hutcherson faz o protagonista que só pensa no irmão e não nos animatrônicos do mal. Elizabeth Lail faz a “mocinha”, mas, ou ela é bem fraca, ou ela estava passando por uma fase ruim. A menina Piper Rubio não atrapalha, mas é uma criança sem sal. E o filme tem dois nomes “grandes”: Matthew Lillard e Mary Stuart Masterson, que estão no limite da caricatura.

Dito tudo isso, reconheço que a ambientação na pizzaria abandonada é bem legal. E o filme tem alguns jump scares aqui e ali – nenhum muito bom, mas vão divertir a galera. E repito: gostei de ter animatrônicos de verdade no set. Pena que é muito pouco. Five Nights At Freddy’s tem uma hora e cinquenta onde quase tudo decepciona.

Por fim, depois da sessão me falaram de outro filme, Willy’s Wonderland, de 2021, estrelado pelo Nicolas Cage, que seria uma “versão não oficial” do jogo FNAF. Não vi Willy’s Wonderland, vou catar pra ver se é melhor.

Gran Turismo – De Jogador a Corredor

Crítica – Gran Turismo – De Jogador a Corredor

Sinopse (imdb): A história real da realização de um sonho de um jogador de Gran Turismo, cujas habilidades no jogo o levaram a vencer uma série de competições da Nissan e a se tornar um piloto profissional de corrida. Baseado em uma história real.

Desconfio que a maior parte do público alvo deste Gran Turismo – De Jogador a Corredor (Gran Turismo, no original) vai ao cinema por causa do videogame. A minha motivação era outra: é o novo filme de Neill Blomkamp. O que diabos o Blomkamp está fazendo em um filme de corridas de carro?

Sou fã do Neill Blomkamp desde Distrito 9 (seu filme de estreia, e também seu melhor filme até hoje). Mas, ok, concordo que a carreira dele é bastante irregular. Depois de Distrito 9, de 2009, ele fez Elysium (2013) e Chappie (2015), e depois sumiu. Segundo o imdb, entre 2016 e 2020 ele só fez curtas – vários deles estão na coletânea Oats Studios. Aí em 2021 ele lançou Demonic, que foi muito abaixo de tudo o que ele já tinha feito até então, mas pelo menos ele se mantinha dentro do cinema fantástico. Será que Blomkamp funcionaria dentro de um esquema de superprodução blockbuster completamente fora do fantástico?

Olha, podemos dizer que sim.

Gran Turismo é cheio de clichês e extremamente previsível. A gente sabe que o cara vai ganhar, se ele perdesse não teria filme. Mais: é um desfile de product placement. Mas, quando a gente vê que um filme assim vai ser lançado, a gente já sabe que o formato vai ser assim. O importante é: dentro dos clichês e da previsibilidade, Blomkamp fez um filme tecnicamente muito eficiente. E posso dizer que as corridas são emocionantes.

Heu não conhecia a história do Jann Mardenborough, que era um jogador de videogame que passou por uma academia e virou piloto profissional. É uma história muito boa, e a produção teve a inteligente escolha de adaptar essa história para o cinema, em vez de criar uma história fictícia baseada no videogame.

As cenas de corrida são muito bem filmadas, com drones passeando por cima da plateia e por entre os carros. Vemos tudo com muita precisão, e com um detalhe curioso que ajuda o espectador a se situar: o carro do Jann sempre tem um número em cima, como se fosse um videogame (os outros carros não têm números porque ninguém se importa com os outros). Ah, o verdadeiro Jann Mardenborough foi dublê de piloto.

Tem uma cena bem legal onde os efeitos especiais mostram a transição da corrida real para o videogame – vemos um carro sendo desmontado peça a peça, ficando só o console do jogo. Provavelmente tem muito cgi, mas é um cgi bem feito e o espectador nem consegue identificar.

Nem tudo funciona dentro dos clichês. Existe uma equipe que foi escolhida para ser antagonista, e o piloto é péssimo! A subtrama da namorada dele também não leva a nada. E as cenas com o criador do videogame poderiam facilmente ser cortadas do filme.

Para plateia brasuca: os brasileiros: nenhum dos personagens principais é brasileiro, mas vemos um poster do Senna no quarto do Jann, e bandeiras brasileiras ao longo do filme. A produção entende que o Brasil tem sua relevância no mundo das corridas de carro.

Sobre o elenco, Archie Madekwe funciona no papel principal, mas é um ator pouco expressivo – fui ver no imdb, já tinha visto vários outros filmes com ele e nunca tinha reparado no ator (Midsommar, Beau Tem Medo, Agente Stone). David Harbour está muito bem (e de vez em quando ele coloca o protetor de ouvidos na testa e lembra o Hellboy). Também no elenco, Orlando Bloom, Djimon Hounsou, Thomas Kretschmann e Geri Halliwell – e preciso admitir que não reconheci a Ginger Spice como mãe do protagonista!

Sonic 2 – O Filme

Crítica – Sonic 2: O Filme

Sinopse (imdb): Quando o maníaco Dr. Robotnik retorna à Terra com um novo aliado, Knuckles, Sonic e seu novo amigo Tails são tudo o que se interpõe em seu caminho.

Adaptações de videogame têm um histórico complicado. Quase sempre dá errado. Não sei exatamente por que, afinal muitos dizem “este videogame é um filme completo” – mas, quando chega nas telas, não funciona. Acho que até hoje só acertaram duas vezes: o primeiro Resident Evil e o primeiro Silent Hill.

E em alguns casos, a adaptação é mais complicada. Alguns videogames têm personagens humanos e se passam em ambientes reais – como os recentes Uncharted (fraco) e Resident Evil (ruim) – ou seja, é só filmar a história do game. Mas outros casos como este Sonic são bem mais complicados, afinal o protagonista não faz sentido (no mundo real): é um ouriço azul que corre rápido dando cambalhotas e colecionando anéis. Como trazer isso para um filme com personagens humanos?

Mas, adaptaram e fizeram o primeiro Sonic dois anos atrás – e preciso dizer que nem achei tão ruim. Claro, longe de ser bom, mas era uma boa sessão da tarde.

Agora temos a continuação. E se antes a gente tinha um personagem que não faz sentido, agora temos mais dois: Knuckles, um équidna vermelho muito forte; e Tails, uma raposa amarela com duas caudas que viram hélices de helicóptero. E tudo é coerente com a trama: nada faz sentido.

Antes que me chamem de velho rabugento: nem a proposta do filme é seguida. Determinado momento, Sonic fala que ele é rápido e o Knuckles é forte. Mas quando eles correm, eles têm a mesma velocidade, e todas as vezes que Sonic e Knuckles se batem, fica empatado. Nem o filme segue a lógica inventada pelo próprio filme!

Os efeitos são apenas ok. Nas cenas onde temos interação com humanos, às vezes fica estranho, tem cara de cgi que vai vencer em breve.

No elenco, Jim Carrey está careteiro como em quase toda a sua carreira, mas funciona no papel. Ouvi elogios sobre a dublagem de Idris Elba para o Knuckles, mas vi o filme dublado, então não posso palpitar. De resto no elenco, apenas James Marsden voltando ao papel do primeiro filme.

Estou aqui reclamando, mas a sessão que fui estava cheia de crianças, e aparentemente todas gostaram. Ou seja, Sonic 2: O Filme funciona para o seu propósito. Mas recomendo baixar as expectativas.

Uncharted – Fora do Mapa

Uncharted – Fora do Mapa

Sinopse (imdb): O astuto Nathan Drake é recrutado pelo experiente caçador de tesouros Victor “Sully” Sullivan para recuperar uma fortuna acumulada por Fernão de Magalhães e perdida há 500 anos pela Casa de Moncada.

Nunca joguei, mas já ouço falar deste jogo há tempos. Lembro que, por indicação de um amigo, cheguei a procurar no youtube uns links onde colocam o jogo do início ao fim e é quase um longa metragem de animação – mas nunca vi os “filmes”. Ou seja, sei do que se trata, mas não sou nem um pouco familiarizado com o universo. Assim, fui ao cinema para ver um filme de aventura, mas tendo como referência Lara Croft e Indiana Jones em vez do videogame.

Dirigido por Ruben Fleischer (que fez o ruim Venom), Uncharted – Fora do Mapa (Uncharted, no original) é um bom filme. Temos personagens carismáticos e bons efeitos especiais em cenas de ação muito boas – esta cena que está no pôster é eletrizante! Agora, algumas coisas no roteiro me incomodaram bastante. Mas, relevando essas inconsistências do roteiro, Uncharted – Fora do Mapa é uma boa diversão.

Sei que tem um mimimi na internet porque o Nathan Drake deveria ser mais velho, mas isso não me incomodou. A galera que desligar o head canon não vai se importar com isso.

Sobre o elenco, Tom Holland e Mark Wahlberg fazem o de sempre. Pouca versatilidade (Holland parece que vai pegar o uniforme de Homem Aranha a qualquer momento), mas ambos têm carisma o suficiente para o que o filme pede. Antonio Banderas aparece menos, e também está ok. Já não digo o mesmo sobre as duas principais personagens femininas. Sophia Ali, que seria a “mocinha”, tem uma personagem apática. Mas quem está pior é Tati Gabrielle, que faz a antagonista Braddock, caricata demais. Ah, tem um cameo para quem jogava. Quando eles chegam na praia e encontram um cara que diz que já fez aquilo, é o ator que dubla o videogame.

A história fecha, mas tem uma cena pós créditos com gancho para uma nova aventura. A bilheteria dirá se veremos este novo filme ou não.

Mortal Kombat

Crítica – Mortal Kombat

25 anos depois, uma nova versão do jogo Mortal Kombat. Será que esse vai ser melhor que o de 1995?

Sinopse (imdb): O lutador de MMA Cole Young procura os maiores campeões da Terra para enfrentar os inimigos de Outworld em uma batalha de alto risco pelo universo.

(Sei não, mas essa sinopse não tá correta. Não é o Cole Young que está procurando a galera…)

Já falei, não sou ligado em videogames. Mas já joguei Mortal Kombat uma ou duas vezes na vida. Mas, não acho que uma adaptação deva ser feita só pra quem conhece o material original (seja de videogame, livro, HQ, do que for). Nisso, este Mortal Kombat funciona. Tem seus fan services, mas pode ser visto por quem nunca jogou.

Nos anos 90, foram lançados dois filmes que sempre me confundo (só vi naquela época, acho que nunca revi). Em 1994 teve o Street Fighter (com o Van Damme e o Raul Julia); e em 1995 teve o Mortal Kombat (dirigido pelo Paul W.S. Anderson e com o Christophe Lambert). Não me lembro qual é qual, as lembranças de ambos se misturam, afinal são filmes iguais.

(Filme baseado em videogame de luta que me lembro, acho que só o DOA, de 2004, um filme que assumo que é um guilty pleasure, que traz várias mulheres bonitas lutando, e o visual das lutas é sempre bonito.)

Logo de cara vemos que este novo Mortal Kombat, dirigido pelo estreante Simon McQuoid, tem uma vantagem sobre todos esses filmes que citei: a violência está liberada na tela. Temos sangue e gore em abundância.

(O nome do James Wan está nos créditos como produtor, mas tenho minhas dúvidas se ele teve algum envolvimento com o projeto)

Agora, o roteiro… Por que os roteiros de filmes assim são sempre tão ruins? Tenho vontade de falar, mas pode ser spoiler. Vou deixar o aviso de spoilers.

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Logo no início, o filme já mostra que não liga pra coerência. Pra começar, uma marca de nascença não pode ser um convite pra um torneio, mas até aí tudo bem. Conhecemos o protagonista Cole Young, que tem a marca, e logo conhecemos mais um, o Jaxx, também com a marca. Ele aparece para ajudar o Cole, mas, resolve se sacrificar pelo cara que ele nem sabe direito quem é! Só nessa sequência já são 3 coisas sem muito sentido: 1- O Jaxx resolve enfrentar o Sub Zero sozinho; 2- O Sub Zero “mata” o Jaxx mas não vai verificar se ele realmente morreu; e 3- Cole resolve, do nada, seguir as instruções de um desconhecido que ele nem sabe quem é. E, na sequência, o Kano é o único que sabe onde encontrar o tal mundo escondido (como assim, de onde ele descobriu isso?), e a Sonya Blade resolve ir embora sem procurar o parceiro de trabalhos, que era o Jaxx.

E a gente ainda nem chegou no tal mundo paralelo onde as lutas acontecerão!!!

Heu podia continuar, mas o texto ia ser só isso. Ia ser um post “100 problemas no roteiro de Mortal Kombat“. Então deixa pra lá. Só digo que não melhora.

Mas, antes de acabar o momento spoiler, ainda preciso falar duas coisas:

– tem um momento que tem talvez a frase mais estúpida que vi no cinema este ano. Eles vão lutar contra os vilões. Mas é luta “de turma”, “somos nós contra eles, aí eu enfrento fulano, você enfrenta siclano e você enfrenta beltrano” “Mas, e o Sub Zero, que é o mais forte?” “Ah, o Sub Zero a gente deixa pra depois e vamos todos contra ele”. Broder, é uma luta de galera. Não tem como dizer pro Sub Zero “ei, amigo, você que é forte, fica aí vendo a gente matar seus amigos e você entra depois”.

– trazer um fantasma pra lutar contra o Sub Zero foi a solução deus ex machina mais forçada que vi nos últimos tempos.

FIM DOS SPOILERS!

De bom no roteiro, gostei das piadas do Kano. Gosto de referências de cultura pop.

O elenco tem dois destaques, o resto é de sofrível pra baixo. O Sub Zero é interpretado por Joe Taslim, que estava no primeiro The Raid, depois foi pra Hollywood e participou das franquias Velozes e Furiosos e Star Trek, e depois fez A Noite nos Persegue. O Hanzo Hasashi é interpretado por Hiroyuki Sanada, que fez Sunshine Alerta Solar e um dos filmes do Wolverine. Esses dois são de longe os melhores do filme – inclusive, a cena inicial é com eles. O resto, deixa pra lá.

Ainda preciso falar sobre o visual. Os efeitos especiais são ok, nada enche os olhos, mas também nada atrapalha. Mas achei curioso porque um dos personagens me lembrou de Aventureiros do Bairro Proibido, de 1986. Não sei se já existia o jogo Mortal Kombat em 86, não sei se ambos se inspiraram na mesma coisa, só sei que ficou bem parecido.

Aparentemente os planos são pra ter uma (ou mais) continuação(ões), o filme fecha com um gancho pro próximo.

Ainda podia falar mais, mas o texto ia ficar longo, e heu ia acabar me repetindo. Quem curte o estilo deve curtir o filme. E, se o roteiro é ruim, pelo menos dessa vez ninguém pode reclamar da falta de violência nos jogos.

Monster Hunter

Crítica – Monster Hunter

Sinopse (imdb): Quando a tenente Artemis e seus soldados leais são transportados para um novo mundo, eles se envolvem em uma batalha desesperada pela sobrevivência contra inimigos enormes com poderes incríveis. Filme baseado no videogame da Capcom.

Filme novo do Paul WS Anderson, estrelado pela Milla Jovovich, baseado num videogame. Precisa dizer mais alguma coisa?

Sabe aquela expressão “pra bom entendedor, meia palavra basta”? Poizé, quase que este foi um texto curto. Era só parar nessa frase: “Filme novo do Paul WS Anderson, estrelado pela Milla Jovovich, baseado num videogame”. Já dá pra sacar o que vem por aí.

Mas… Vamulá. Paul WS Anderson dirigiu o filme Mortal Kombat lá atrás em 1995, mas é mais conhecido pela franquia Resident Evil – ele roteirizou todos os seis filmes e dirigiu quatro deles. Milla Jovovich é sua esposa, e é a estrela da saga Resident Evil (o casal também fez uma adaptação de Os 3 Mosqueteiros em 2011).

Gosto muito do primeiro Resident Evil. Mas, o segundo é pior que o primeiro, e o terceiro é pior que o segundo, e assim sucessivamente – chegou um ponto que desisti de tentar acompanhar a história, pra mim é que nem Jogos Mortais, só o primeiro é bom, o resto vejo no automático.

(Silent Hill nunca teve continuação. Fica a dica. 😉 )

Masss… Me parece que Paul WS Anderson descobriu uma fórmula que funciona. Que nem o Adam Sandler, que tem uma fórmula de filmes ruins de doer, mas baratos, e, principalmente, que vendem – sim, se tem um monte de filme ruim do Adam Sandler, a culpa é sua que vê esses filmes! Paul WS Anderson faz filmes baseados em videogames, com roteiros preguiçosos e efeitos especiais de segunda linha, e seus filmes vendem razoavelmente bem – o sexto Resident Evil custou 40 milhões de dólares e rendeu 312 milhões nas bilheterias. Nada mal, né?

Sendo assim, a gente já sabe o que esperar de Monster Hunter. Um visual legal, mas efeitos que nem sempre funcionam, e um roteiro bem ruim.

Vou falar primeiro do roteiro, depois falo do resto. Há tempos que não vejo um roteiro tão ruim. Chega ao ponto de ter personagens tão descartáveis que o filme esquece deles! A equipe que viaja junto com a Milla Jovovich some sem a gente saber o que aconteceu com eles; o outro grupo também tem personagens que aparecem e somem sem maiores explicações.

São dois atores principais, Milla Jovovich e Tony Jaa, e um coadjuvante, Ron Perlman. Todos os outros não têm nenhuma importância narrativa (inclusive, pena, tem uma brasileira no meio do elenco dispensável, a Nanda Costa). Me pareceu que eles só estão lá para aparecerem em uma provável continuação. Sim, continuação, preciso falar disso, cabe um spoilerzinho de leve? Filme baseado em videogame, chamado “caçador de monstros”, claro que vai ter um monstrão no final. Depois de enfrentar o monstrão, o filme acaba, certo? Não! Os personagens falam “agora vamos aos próximos”, aí aparece um novo, eles vão atacar – e aí acaba o filme. Sim, termina com gancho pra continuação.

Mas calma, ainda tem mais coisa pra falar mal do roteiro. Esse mundo dos monstros é uma montanha no meio de um deserto enorme. Tem uma cena que a Milla Jovovich sobe até o alto pra olhar em volta, e só vê areia pra tudo quanto é lado. E tem monstros escondidos debaixo da areia, em outra cena a Milla Jovovich joga uma pedra e logo surge um monstro subterrâneo pra atacar. Pois bem. A Milla Jovovich e o Tony Jaa matam UM monstro e andam um pouco, e logo chegam num oásis gigantesco. Tem uma cena do alto, os dois parecem formiguinhas chegando. Onde estava esse oásis na cena que a Milla Jovovich só olhou areia???

Tem mais coisa pra falar mal do roteiro, mas vou parar por aqui. Mas ainda preciso falar do gato. Ah, o gato. Tem um gato que é o cozinheiro. Tosco, tosco, tosco. Mas, essa tosqueira visual já estava avisada desde a primeira cena. Quando aparece o Ron Perlman de peruca loira, já dava pra sacar que não era pra levar a sério o visual.

Como falei lá atrás, o roteiro é bem ruim, mas o visual do filme é legal. Os cenários (deve ser tudo digital) são bonitos, os monstros são bem feitos, quase todos os efeitos de luta contra os monstros são convincentes (pena que ficou no quase, algumas cenas escorregam na qualidade). Ah, gostei da trilha sonora, mas deve ser porque curti os timbres de sintetizador.

Enfim, chega. Ia ser um texto curto, mas acabei falando demais. Quem quiser desligar o cérebro, pode curtir o visual. Mas procure não pensar muito. Monster Hunter estreia esta semana nos cinemas.

Sonic: O Filme

Crítica – Sonic: O Filme

Sinopse (imdb): Depois de descobrir um ouriço pequeno, azul e rápido, um policial de cidade pequena deve ajudá-lo a derrotar um gênio do mal que deseja fazer experiências com ele.

A proposta de uma adaptação cinematográfica para o videogame Sonic era arriscada. Primeiro porque é uma história que não faz muito sentido – um ouriço azul muito rápido que se movimenta dando cambalhotas. E ainda teve o lance do trailer. Pra quem não acompanhou: lançaram um trailer com o Sonic bem tosco. A galera “das internetes” chiou, e não é que melhoraram o visual do bicho?

Mas sabe que essas coisas acabaram ajudando o filme? A expectativa foi lááá pra baixo. E o filme nem é ruim. Tem seus clichês, tem suas falhas nos efeitos especiais, tem seus momentos onde copia outros filmes (impossível não lembrar das cenas do Mercúrio nos filmes dos X-Men). Mas consegue o que se propõe: é divertido.

Ok, vamos deixar claro: Sonic: O Filme (Sonic the Hedgehog, no original) está longe de ser um filmaço. Mas é leve, tem momentos bem engraçados, e vai agradar o público alvo infantil (que talvez nem conheçam o jogo).

No elenco, Jim Carrey está careteiro como sempre, mas funciona no papel. James Marsden já teve papeis melhores, mas não atrapalha. Mais ninguém conhecido…

Enfim: se a expectativa estiver baixa, vai agradar.

Rampage: Destruição Total

RampageCrítica – Rampage: Destruição Total

Sinopse (imdb): Quando três animais diferentes são infectados com um patógeno perigoso, um primatologista e uma geneticista se unem para impedir que eles destruam Chicago.

Não escondo de ninguém que sou fã do Dwyane Johnson, o “The Rock”. Seu carisma é tão grande que ele é capaz de salvar um filme meia boca.

Infelizmente não foi o caso aqui.

Nunca joguei o videogame. Pelo que me disseram, o objetivo do jogo é apenas destruir a cidade. Difícil fazer um filme só com isso.

Dirigido por Brad Peyton, Rampage: Destruição Total (Rampage, no original) simplesmente não empolga – diferente do filme anterior do mesmo diretor, Terremoto: A Falha de San Andreas, que é igualmente cheio de clichês, mas pelo menos é divertido. O filme até começa bem, com uma breve introdução no espaço (que parece o fim do filme Vida), mas depois que a história chega na Terra, o filme fica sem graça. Pra piorar, os efeitos especiais nem sempre funcionam. Várias vezes o cgi falha.

Tem outra coisa, um detalhe, mas que achei muito tosco. São três criaturas. As duas que eram selvagens viram monstros; o gorila, único que conhecemos a história, só cresce, sem mudar as características físicas. Adivinha qual criatura que vira boazinha no fim? 😉

Sobre o elenco, repito: gosto do Dwyane Johnson – mas ele sozinho não foi o suficiente. Malin Akerman está muito canastrona. Também no elenco, Marley Shelton, Naomie Harris, Jeffrey Dean Morgan, Jake Lacy e Joe Manganiello – que era um lobisomem em True Blood, mas aqui virou um caçador de lobos.

Enfim, só mais um filme genérico de monstros gigantes.

Tomb Raider: A Origem

Lara CroftCrítica – Tomb Raider: A Origem

Sinopse (imdb): Lara Croft, a rebelde e independente filha de um aventureiro desaparecido, deve ir além de seus limites quando se encontra na ilha onde seu pai desapareceu.

No início da década passada, tivemos dois filmes da Angelina Jolie como Lara Croft. São filmes divertidos, mas apenas isso. Ou seja, cabia um reboot, se fosse um filme bom.

Se fosse um filme bom…

Dirigido por Roar Uthaug (A Onda), Tomb Raider: A Origem (Tomb Raider, no original) não é ruim. Mas também não é bom. É apenas mais um filme de ação genérico.

Talvez o pior problema aqui seja o roteiro. São várias inconsistências ao longo da projeção. Daqueles momentos que você diz “não, gente, menos” – e cada vez mais “te tiram” do filme. Um exemplo simples: se dá pra ir de helicóptero pra ilha, pra que se arriscar de barco?

Outra coisa que enfraquece são algumas atuações. Se Dominic West está ruim como o pai da protagonista; Walton Goggins está ainda pior com seu vilão caricato. Gente, hoje, em 2018, um vilão assim não tem mais espaço num filme que pretende ser sério!

E Alicia Vikander? É uma grande atriz, não há dúvida quanto a isso. Mas acho que Angelina Jolie tinha mais carisma para o papel. Bem, pelo menos Alicia não atrapalha como os outros dois.

No fim, como disse lá em cima, é apenas mais um filme genérico. Não vai desagradar o espectador comum. Mas que podia ser melhor, ah, podia. Ainda mais que tem o subtítulo “A Origem”. Ou seja, teremos continuações…

Resident Evil 6: O Capítulo Final

Resident Evil 6 O Capítulo FinalCrítica – Resident Evil 6: O Capítulo Final

Alice precisa retornar para o lugar onde o pesadelo começou – a Colmeia, em Racoon City, onde a Umbrella Corp está unindo forças para uma última batalha contra os sobreviventes do apocalipse

Sempre curti a série Resident Evil – como não gostar de ver uma Milla Jovovich estilosa detonando zumbis? Só que os filmes começaram a exagerar depois de um certo ponto, e admito que cansei da franquia. Conforme ia cansando, ia dando menos bola pros filmes. Lembro que no final do quinto filme quase desisti. Mas aí apareceu este sexto, com a promessa de ser o último. Ok, vamulá.

Como acontece nos outros filmes, a estrutura de Resident Evil 6: O Capítulo Final (Resident Evil: The Final Chapter, no original) se assemelha a um game: a personagem ganha uma tarefa e um prazo para cumpri-la. E assim acompanhamos a sua jornada e todas as dificuldades até o desafio final.

(Parênteses para explicar que nunca joguei o videogame Resident Evil, então não tenho ideia se este filme se baseia em um dos jogos ou apenas no universo do game.)

Assim, o que vemos é mais do mesmo. Alguns bons efeitos de cgi (revi semana passada o primeiro filme, de 2002, o cgi perdeu a validade…), algumas coisas absurdas porém divertidas, alguns momentos forçados e desnecessários. Mas, pergunto: alguém esperava algo diferente?

O roteiro e a direção ainda estão nas mãos de Paul W.S. Anderson (que escreveu todos os seis filmes e só não dirigiu o segundo e o terceiro), o que deveria manter uma coerência no roteiro (e mesmo assim eles mudaram a razão de terem espalhado o vírus no primeiro filme). No elenco, o filme é de Milla Jovovich. Ali Larter e Iain Glen voltam, mas em papéis tão secundários que tanto faz. E Shawn Roberts está tão ruim que parece mais artificial que o Tarkin digital de Rogue One. Além destes, é interessante ver que a filha da Milla Jovovich com o Paul W.S. Anderson, Ever Anderson, ganhou o papel de Red Queen.

Enfim, quem se propõe a ver um filme desses já sabe que não deve esperar muita coisa, então não deve decepcionar quem for ao cinema. Agora resta torcer para ser realmente o último – porque, mesmo se chamando “Capítulo Final”, o filme termina com um gancho para continuação…