Sobreviventes – Depois do Terremoto

Crítica – Sobreviventes – Depois do Terremoto

Sinopse (imdb): Depois de um grande terremoto, em Seul, há apenas um prédio em pé. Com o passar do tempo, pessoas de fora começam a entrar para se protegerem do frio extremo. Para lidar com o número crescente, os moradores decretam uma medida especial.

A gente olha o cartaz e o trailer e já pensa em filme catástrofe, já lembra dos filmes do Roland Emmerich… Que nada! Assim como o título nacional diz, o foco do filme é “depois do terremoto”.

Representante da Coreia do Sul no Oscar Internacional 2024, Sobreviventes – Depois do Terremoto (Concrete Utopia em inglês; Konkeuriteu yutopia no original coreano) é um estudo comportamental sobre o que acontece com as pessoas quando a sociedade como conhecemos não existe mais.

Até tem algumas breves cenas mostrando o terremoto – uma muito curta no início e uma um pouco menos curta num flashback. Mas, como falei, o foco não é o terremoto. Um grande prédio foi o único a ficar em pé, então, para fugir do frio, várias pessoas de fora procuram abrigo no prédio. Até que os moradores se questionam se vale a pena expulsar quem não era morador, para criar uma pequena comunidade organizada. Claro, enfrentando problemas como falta de comida e ataques de invasores.

O ritmo do filme é muito bom. Determinado momento a gente está vivendo um clima “comercial de margarina”, onde mostram como tudo é perfeito na nova comunidade criada, Mas os problemas vão se acumulando e o clima vai ficando gradativamente mais tenso, até um final onde o espectador está roendo as unhas na beirada da poltrona!

Os efeitos especiais são muito bons. Como falei, são poucas cenas do terremoto em si, os efeitos são mais pra mostrar a destruição causada pelo terremoto. Sobre o elenco, heu não reconheci ninguém. Como sempre acontece no cinema oriental, temos atuações intensas e exageradas, talvez isso afaste parte do público. Mas, faz parte do “pacote”.

Boa opção em cartaz nos cinemas!

Força Bruta

Crítica – Força Bruta

Sinopse (imdb): Ma Seok-do vai a um país estrangeiro para extraditar um suspeito. No entanto, sabe de outros casos de assassinato e descobre um assassino em série que cometeu crimes contra turistas por muitos anos.

Não sei por que, mas Força Bruta (The Roundup em inglês ou Beomjoidosi 2 em coreano) não entrou no meu radar. Recebi o email da assessoria avisando que estava chegando ao streaming “depois do sucesso nos cinemas”. Fui catar no histórico de programações do ano passado, realmente, o filme foi lançado aqui, entrou no circuito. Mas, sei lá por que, não me liguei na época e não vi.

Força Bruta é continuação de Os Fora da Lei, de 2017, outro filme que não conheço (preciso dar uma atualizada no cinema coreano). Não vi o primeiro filme, mas posso dizer que dá pra entender tudo aqui no segundo – tirando um pequeno detalhe, um personagem que entra no rolê sem nenhum contexto. O contexto deve estar no primeiro filme, mas não é nada grave.

Força Bruta tem cara de filme de ação misturado com comédia feito nos anos 80 ou 90, com um protagonista boa praça mas também bom de briga. E a história tem bem essa pegada: aquele policial que não pode trabalhar porque está fora da sua jurisdição, mas mesmo assim insiste em continuar no caso.

Força Bruta tem pelo menos dois grandes méritos. Um deles está nos dois personagens principais, tanto o protagonista quanto o antagonista. O papel principal é do carismático Ma Dong-seok (também conhecido como Don Lee), de Invasão Zumbi e Eternos. Às vezes parece que o cara tem super poderes, porque é aquele tipo durão, que não tem medo de enfrentar oponentes armados e em maior número, e sempre bate em todos. Funciona muito bem para a proposta do filme. Já o vilão Kang, interpretado por Ha-Jun, é outro excelente personagem, ele é cruel e violento, chega a dar medo.

(O personagem principal se chama Ma Seok-do, e é interpretado por Ma Dong-seok. Não entendo nada de coreano, mas, não são nomes meio parecidos? 😛 )

O outro ponto positivo são as bem coreografadas e bem filmadas cenas de ação. Tem uma cena de luta num apartamento entre vários oponentes armados com facas que é muito boa! Tem um trecho em plano sequência de mais ou menos um minuto onde o Kang enfrenta três ou quatro inimigos que é um espetáculo!

Claro, não é um filme para qualquer ocasião. Mas quem entrar na onda vai se divertir!

Round 6

Crítica – Round 6

Sinopse (imdb): Centenas de apostadores com dinheiro em caixa aceitam um convite bizarro para competir em jogos infantis. Por dentro, um prêmio tentador espera com um jogo de sobrevivência de alto risco que tem um prêmio de 40 milhões de dólares em jogo.

(Alguém errou no português ao traduzir a sinopse. Não são “apostadores com dinheiro em caixa” – os jogadores não têm dinheiro!)

Depois dos Oscars de Parasita, agora é a vez da Coréia do Sul tirar onda no streaming. Round 6, ou Squid Game, é um sucesso absoluto. Hoje, é a série de maior audiência da Netflix no mundo inteiro.

(Aliás, curioso, o nome no mundo inteiro é “Squid Game”, ou “Jogo da Lula”, o jogo que abre e encerra a série, e que é meio que o símbolo do jogo inteiro (repararam que está no prendedor de cabelo da boneca?). Vi no imdb, Round 6 é o título alternativo na Coreia do Sul, e apenas dois países usam esse título: Canadá e Brasil. Ok, entendo que, hoje, em 2021, chamar uma série de “Jogo do Lula” talvez abrisse margem pra outras interpretações, mas, se vai ter um título diferente do resto do mundo, por que ser em inglês? Por que não “Rodada Seis”?)

Este formato de “jogo onde o competidor pode morrer” não é exatamente novidade no cinema. A gente pode se lembrar de vários outros filmes que usam um formato parecido, como O Sobrevivente, Battle Royale, Jogos Vorazes, Jogos Mortais, A Caçada… Mas não me lembro de nenhum onde os jogadores são voluntários.

Na minha opinião, Round 6 é um sucesso por dois fatores. Um é a a violência gráfica, claro. Mas o outro é um pouco mais subjetivo: a análise social de até onde uma pessoa vai por dinheiro. Os jogadores têm a chance de sair do jogo, e realmente saem. Mas voltam por vontade própria. Ou seja, eles sabem que podem morrer, mas acham que esse risco vale, se a recompensa financeira for realmente boa. E o mais assustador é a gente constatar que se fosse um jogo real, teria muita gente que aceitaria a mesma coisa.

Além do lado de análise socioeconômica, outro fator importante é que é uma produção muito bem feita. Todos os cenários do ambiente dos jogos são fantásticos, desde o dormitório até as arenas de jogos. E aquela escada colorida que lembra Escher é muito legal.

O elenco é bom, mas preciso confessar que não curto muito o estilo de atuação oriental, tudo é muito intenso, muito gritado. Mas reconheço que são bons atores, principalmente o protagonista Lee Jung-jae e a principal personagem feminina Jung Hoyeon.

Tem uma coisa que me intrigou, mas não sei se posso dizer que é uma falha do filme: quem banca esse jogo? Os jogos precisam de lugares amplos e, alguns deles, de estruturas complexas. Além disso, são muitos funcionários – que, como agem ao largo da lei, precisariam de bons salários. Em determinado momento da série, somos apresentados a algumas pessoas que estariam financiando, mas achei que algo desse porte precisasse de mais. Se tivesse algum meio de transmissão para espectadores espalhados pelo planeta seria mais fácil de comprar essa ideia.

Pena que nem tudo funciona. São 9 episódios, um tem meia hora, os outros têm uma hora cada. E nem sempre tem história pra tudo isso. São vários momentos arrastados.

E preciso dizer que não gostei do final. Tem um plot twist forçado, e tem gancho péssimo pra segunda temporada.

Não vou entrar em mais detalhes aqui por causa de spoilers, mas gravei um Podcrastinadores onde analisamos todos os episódios, deve ir ao ar em duas semanas, fiquem de olho em podcrastinadores.com.br!

Operação Zumbi 2

Crítica – Invasão Zumbi 2

Sinopse (imdb): Um vírus zumbi se espalhou nos últimos 4 anos por toda a Coreia do Sul. 4 coreanos em HK navegam através do bloqueio para Incheon por US $ 20 milhões em um caminhão.

Lançado em 2016, o primeiro Invasão Zumbi foi talvez a única obra audiovisual de qualidade nesse saturado subgênero “zumbi” na última década. Isso era o suficiente pra arriscar essa continuação.

Dirigido pelo mesmo Yeon Sang-ho que dirigiu o primeiro, Invasão Zumbi 2 (Train to Busan 2, no original) não chega a ser ruim. Mas é bem inferior ao primeiro. Este segundo “trem pro busão” é apenas mais um filme de zumbis.

Algumas coisas funcionam. Gostei da história ter seguido em frente e da ideia do “vírus zumbi” estar fechado dentro das fronteiras da Coreia do Sul – a geografia do país ajudou nesse “plot”, a Coreia do Sul é uma península que só tem fronteira com a Coreia do Norte, que é um dos países mais fechados do mundo. Assim temos um mundo que seguiu na normalidade enquanto (aparentemente) apenas um país está arruinado pelo seu “apocalipse zumbi particular”.

Mas tem umas coisas toscas demais. Aquelas perseguições de carro são péssimas, tanto pelo lado técnico (o cgi parece um videogame antigo), quanto pela história em si (se está tudo detonado em volta, como as ruas estão tão limpas?). E aquele final parece uma versão barata de Mad Max.

Vale pros fãs. Mas o primeiro é bem melhor.

O Hospedeiro

HostCrítica – O Hospedeiro

Sinopse (imdb): Um monstro emerge do rio Han de Seul e concentra sua atenção em atacar pessoas. A família amorosa de uma vítima faz o que pode para salvá-la de suas garras.

Lembro de quando vi O Hospedeiro (The Host em inglês, Gwoemul no original coreano) no Festival do Rio – claro que um filme coreano de monstro não passaria desapercebido pelo meu radar. Agora, quando precisava encontrar sugestões “escondidas” para um podcast de indicações na Netflix, reencontrei o filme e resolvi rever.

Foi o primeiro filme que vi do diretor Joon-ho Bong – depois, vi Tokyo e O Expresso do Amanhã (e descobri que tem um filme novo dele também no Netflix!). Bong consegue um bom equilíbrio entre o drama, a comédia e a crítica social (incluindo umas cutucadas ao imperialismo norte americano). Isso tudo num filme de monstro!

Sei que o cinema oriental tem atuações exageradas, mas se teve uma coisa que me incomodou foi a cena do memorial com a família chorando. Aceito exagero, mas aquilo ficou parecendo Trapalhões…

O cgi do monstro perdeu o prazo de validade – estamos falando de um filme coreano feito 12 anos atrás. Mesmo assim, algumas cenas ainda são impressionantes, como o monstro correndo através de dezenas de pessoas desesperadas.

Mesmo hoje, doze anos depois, O Hospedeiro ainda vale ser (re)visto!

A Vilã / The Villainess

The VillainessCrítica – A Vilã / The Villainess

Sinopse (catálogo do Festival do Rio): Desde pequena, Sook-hee foi treinada para se tornar uma assassina sanguinária. Quando o chefe da Agência de Inteligência coreana se oferece para recrutá-la como agente secreta, Sook-hee recebe uma segunda chance: “Trabalhe para nós por dez anos e você será livre”. Sua nova identidade é como Chae Yeon-soo, uma atriz de teatro. Depois de servir seu país por uma década, ela dá início a uma nova vida, onde tem que lidar com tarefas corriqueiras do dia a dia. Até que dois homens aparecem de repente em sua vida, e ela descobrirá os segredos de seu passado.

Dois dias atrás falei de Fuga, um filme de ação meia bomba feito no Camboja. Agora é a vez de outro filme de ação, mas da Coreia do Sul, país que tem uma tradição cinematográfica bem maior. E A Vilã (The Villainess, em inglês; Ak-Nyeo, em coreano) é muito melhor. Um excelente filme de ação.

O início do filme tem uma sequência que lembra Hardcore Henry – “tiro porrada e bomba” com câmera POV, em primeira pessoa. Muita violência, e violência muito bem filmada. A partir daí temos um bom equilíbrio entre as cenas mais “calmas” e as sequências de luta – tem um duelo de espadas no meio de uma perseguição de motos! E o final lembra Atômica, com sequências emendadas digitalmente pra fazer um grande plano sequência que inclui cenas de briga e também perseguições de carro. É, a gente não vê isso todos os dias…

Esqueci de falar: A Vilã é um filme de vingança. Não sei exatamente o quanto a vingança é importante na cultura coreana, mas é só a gente lembrar de Oldboy que a gente já sente que vingança pra eles é uma parada séria.

A Vilã foi escrito e dirigido por Byung-gil Jung. O roteiro é bem estruturado, tem uma linha temporal não linear, e traz um plot twist bem legal. Vi no imdb que este é o segundo longa de ficção dirigido por Jung (ele antes fez um documentário). Confissão de Assassinato é o outro filme dele. Vou procurar…

No Festival do Rio, a maior parte dos filmes passa com legendas eletrônicas. A cópia de A Vilã estava legendada, o que normalmente significa que o filme entrará em cartaz no circuito. Fui checar no filmeB, a previsão é que estreie dia 23 de novembro, mês que vem! Fica a dica!

Invasão Zumbi / Train to Busan

Invasão ZumbiCrítica – Invasão Zumbi / Train to Busan

Enquanto uma epidemia zumbi começa na Coreia do Sul, um grupo de passageiros tenta sobreviver em um trem entre Seul e Busan.

Dois amigos, críticos, vieram me falar de um filme coreano de zumbis que passou na Mostra SP que acabou de acontecer. Depois descobri que o filme também passou em Cannes este ano! Fui catar pra ver, e, realmente foi uma agradável surpresa.

Sempre fui fã de filmes de zumbi, mas confesso que de um tempo pra cá cansei do subgênero. Até resgatei um texto que escrevi em 2013, explicando por que não tenho dado mais bola para o estilo.

Invasão Zumbi (Busanhaeng no original, Train to Busan em inglês) foi escrito e dirigido por Sang-ho Yeon, que até então só tinha feito animações – ele inclusive fez, também este ano, Seoul Station, uma animação que seria um prequel da história contada aqui. Sang-ho Yeon se sai muito bem na sua estreia com atores. E agora tenho que catar esse Seoul Station

Na verdade, Invasão Zumbi não tem nada de muito diferente do que já vimos por aí. Mesmo assim é um filme extremamente eficiente. A história é bem construída, assim como a tensão crescente entre os sobreviventes – não podemos nos esquecer que os bons filmes de zumbi falam também da degradação da sociedade, do que cada um pode ser capaz quando colocado em uma situação limite. Além disso, os espaços dentro dos trens também são muito bem utilizados.

Mais: há tempos não vejo zumbis tão bem feitos! Li que a produção contratou contorcionistas para interpretar alguns zumbis, criando um efeito assustador, parece uma mistura de zumbi com possuído pelo demônio.

Os zumbis aqui são “corredores” – menos críveis mas bem mais amedrontadores que os zumbis clássicos. Eles são muitos, e se amontoam, criando um visual parecido com aquele “efeito formigueiro” que vimos em Guerra Mundial Z, mas desta vez com menos cara de cgi.

A boa notícia é que a Paris prometeu lançamento no circuito em dezembro – segundo o filme B, Invasão Zumbi estreia dia 29/12. Boa opção pra quem curte o gênero!

p.s.: Será que “Invasão Zumbi” era o melhor nome para já lançamento comercial? Bem, pelo menos foge da piada óbvia (e ruim) “trem pro busão”…

Oldboy

Crítica – Oldboy

Parece que este ano teremos a refilmagem do Oldboy coreano, dirigida por Spike Lee. Tenho dois pés atrás com esta refilmagem – primeiro por não achar necessária uma refilmagem; depois por achar que o estilo de Spike Lee não tem nada a ver com o filme. Bem, independente do filme novo, é hora de rever o original.

Oh Dae-su é sequestrado e preso por 15 anos, sem que lhe seja dada justificativa alguma sobre o ato. Depois da libertação, Dae-su agora quer vingança, e para isso precisa descobrir quem o prendeu e o por que.

Na minha humilde opinião, Oldboy é o melhor filme de vingança da história do cinema. Sou fã dos dois Kill Bill, mas reconheço que a vingança de Oldboy é muito mais elaborada, e MUITO mais cruel.

Baseado no mangá japonês de mesmo nome escrita por Nobuaki Minegishi e Garon Tsuchiya, Oldboy foi o primeiro filme de Chan-wook Park a entrar em circuito aqui no Brasil – hoje seu nome é conhecido entre cinéfilos.

Além da boa história e do bom roteiro, Oldboy tem uma parte visual forte e muito bem construída. Temos várias imagens com muita violência gráfica e alguma escatologia, e pelo menos um plano-sequência genial, onde Dae-su, armado apenas com um martelo, briga com uns vinte inimigos em um corredor.

Oldboy é o segundo filme da “trilogia da vingança”, do diretor Chan-wook Park. Mas os outros dois são bem mais fracos – Mr. Vingança, de 2002, é meio tosco; Lady Vingança, de 2005, parece uma cópia barata de Kill Bill. Os dois filmes até são legais, mas Oldboy é infinitamente melhor.

Como é um filme sul-coreano, admito que não conhecia ninguém no elenco. Os atores seguem o estilo oriental de interpretação, algo mais intenso, mais exagerado do que estamos acostumados no cinema ocidental. Min-sik Choi, o protagonista, está impressionante, vai do zero a 100 por hora em segundos.

Oldboy é de 2003, mas só foi lançado aqui no Brasil em 2005 – e esteve presente em várias listas de melhores daquele ano. E, revisto hoje em 2013, continua um filme excelente.

O Livro do Apocalipse – Nryu Myeongmang Bogoseo

Crítica – O Livro do Apocalipse – Nryu Myeongmang Bogoseo

Filme apocalíptico coreano… Ok, vamos ver qualé.

Três pequenas histórias, mostrando três diferentes cenários apocalípticos: um vírus que transforma as pessoas em um misto de zumbi com vampiro; um robô de um templo budista alcança a iluminação espiritual e é visto como uma ameaça; e um meteoro em rota de colisão com a Terra.

Como quase todo filme em episódios, O Livro do Apocalipse é irregular. A primeira história, Brave New World, tem seus bons momentos, mas é bobinha; a segunda, Heavenly Creature, traz uma premissa interessante, mas é chaaata; a terceira, Happy Birthday, é a melhor, com uma boa dose de humor nonsense.

A primeira e a última história foram escritas e dirigidas por Yim Pil-Sung (autor do filme original que virou a refilmagem O Mistério das Duas Irmãs). Por terem o mesmo autor, ambas têm o mesmo tom de comédia – Brave New World tem alguns momentos engraçadíssimos, como o debate na TV; Happy Birthday é nonsense desde a premissa de uma gigantesca bola de sinuca alienígena que virou um asteroide. Heavenly Creature, a história “cabeça”, foi escrita e dirigida por Kim Jee-Woon (o mesmo do faroeste O Bom, o Mau e o Bizarro, que passou no Festival uns anos atrás). Curiosamente, os outros filmes que conheço de cada diretor são de estilos diferentes…

A parte técnica é muito bem feita – o robô da segunda história parece saído de uma produção hollywoodiana. E o asteroide também não deixa a desejar, assim como a maquiagem da primeira história.

Conheço pouco do cinema coreano, mas reconheci um nome do elenco: Joon-ho Bong, o diretor de O Hospedeiro, trabalha como ator aqui, ele está no debate na TV em Brave New World. Ainda no elenco, Doona Bae e Ji-hee Jin.

O Livro do Apocalipse é a cara do Festival do Rio. Não deve ser lançado no circuito, mas deve aparecer nas locadoras daqui a um ano ou mais, possivelmente com outro título…

A Empregada / Hanyo

A Empregada / Hanyo

Filme coreano no Festival? Ano passado vi O Caçador e Sede de Sangue; ano retrasado vi O Bom, O Mau e O Bizarro e Casa Negra; dois anos antes vi O Hospedeiro… Ok, vamos ver qualé!

Lee Eun-yi é contratada para trabalhar como babá numa mansão, onde moram um milionário executivo, sua esposa, grávida de gêmeos, e a filha pequena. Quando Eun-yi vira a amante do executivo, as coisas começam a direcionar para consequências perigosas.

Dirigido por Im Sang-Soo, trata-se da refilmagem da obra homônima de Kim Ki-young, de 1960, que esteve presente no Festival de Cannes deste ano.

O imdb classificou este filme como um “thriller”. Achei que seria mais um bom terror oriental. Que nada! É um dramalhão com cara de novela das 8! Aquelas novelas com famílias disfuncionais. A diferença está na nudez – o filme é pouco recatado, rolam umas cenas bem picantes.

Ainda rola um final felliniano que até agora não entendi… Quer dizer, entendi o que o diretor quis dizer, o que não entendi foi qualé a de se fazer um final nonsense num filme sério…

O filme nem é ruim, mas tampouco é bom. Tem coisa melhor na programação do festival.