Absolutely Anything

Absolutely Anything - posterCrítica – Absolutely Anything

Já tinha um tempo que heu tinha lido sobre este filme. Cheguei a achar que tinham cancelado o projeto. Mas, olha lá, o filme tá pronto!

Um grupo de excêntricos alienígenas concede a um humano o poder de fazer absolutamente qualquer coisa, como um teste para saber se vale a pena exterminar o planeta.

Absolutely Anything é uma comédia estrelada pelo Simon Pegg. Mas o que o torna imperdível é saber que é o primeiro filme desde O Sentido da Vida que temos todos os membros (vivos) do Monty Python reunidos. John Cleese, Eric Idle, Michael Palin, Terry Gilliam e Terry Jones (que também dirigiu o filme) não aparecem na tela, mas ouvimos suas vozes – eles dublam os alienígenas! E, se não bastasse, ainda tem Robin Williams fazendo a voz do cachorro!

(Falei que não vemos os Pythons, mas o diretor Terry Jones faz um cameo, como o motorista da caminhonete que atropela a bicicleta.)

Ver o Monty Python reunido é sempre um prazer – e ter o Terry Jones na direção é uma boa notícia, afinal ele também dirigiu os “pythonianos” O Cálice Sagrado, A Vida de Brian e O Sentido da Vida. Tudo isso ainda parece maior quando a gente lembra que é o último filme do Robin Williams. E não podemos nos esquecer que o filme é estrelado por Simon Pegg, um dos maiores nomes da comédia contemporânea. E isso tudo que citei até agora talvez seja o maior problema de Absolutely Anything: uma grande expectativa. Em um filme mediano…

Absolutely Anything não é ruim. Temos algumas boas piadas – quase todos os diálogos do cachorro são engraçadíssimos! Mas, além de parecer um filme pra sessão da tarde, tem o problema de ter um argumento muito parecido com o Todo Poderoso do Jim Carrey.

No elenco, os rostos mais conhecidos aqui no Brasil são Pegg e Kate Beckinsale (como falei, os outros só dublam). Também no elenco, Rob Riggle, Sanjeev Bhaskar e Joanna Lumley.

No fim, Robin Williams faz valer o ingresso. E é sempre legal ouvir as vozes dos Pythons. Mas que fica aquele gostinho de que poderia ter sido muito melhor, ah, fica.

Monty Python Live (Mostly)

0-Monty Python Live Mostly-posterCrítica – Monty Python Live (Mostly)

Finalmente consegui ver (no cinema) o último show do Monty Python, realizado em julho deste ano!

O que passou nos cinemas foi exatamente o show que aconteceu em Londres, na Arena O2, com suas duas horas e quarenta de esquetes ao vivo, números musicais e trechos de filmes antigos passados no telão. Uma grande homenagem a um dos melhores grupos de humor da história.

O parágrafo acima pode ter duas interpretações. Vamos a elas?

Monty Python Live (Mostly) é um delicioso presente para os fãs do grupo inglês.

ou

Monty Python Live (Mostly), além de longo demais, é um prato requentado.

Sou muito fã do Monty Python. Vi todos os filmes – algumas vezes cada um – tenho tudo em dvd / blu-ray, mais as temporadas completas do Flying Circus, mais alguns documentários e um monte de filmes “solo” (The Rutles, Um Peixe Chamado Wanda, Erik o Viking, O Homem que Perdeu a Hora, Serviços Íntimos, The Secret Policeman’s Ball, além de toda a carreira do Terry Gilliam como diretor). E se fiquei feliz quando soube da existência de Not The Messiah, musical do Eric Idle com participações do Terry Gilliam, do Michael Palin e do Terry Jones, claro que ia ficar feliz com os cinco reunidos pela primeira vez desde O Sentido da Vida!

Como fã, adorei o filme. Ri muito, me diverti à beça. É um sonho realizado ver de novo, lado a lado, John Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle, Michael Palin e Terry Jones! (Carol Cleveland, que trabalhava com eles, também está de volta, e o show teve participações especiais de Mike Myers e Eddie Izzard).

Mas, analisando friamente, Monty Python Live (Mostly) é um produto só para fãs radicais. O público que não conhece ou não gosta de Monty Python vai achar o filme um saco.

Em primeiro lugar, são duas horas e quarenta minutos de filme. E dá pra cortar quase 20 minutos sem fazer esforço. O início do filme é uma tela parada enquanto ouvimos a Lumberjack Song; e no meio do filme tem um intervalo de 15 minutos. Sim, no teatro, isso faz sentido. Mas a gente viu isso no cinema, uma contagem regressiva de 15 minutos na tela. Claro que todos na sala do cinema estavam rindo, isso virou uma piada extra – quem mais colocaria um intervalo de 15 minutos no meio de um filme, sem avisar? Mas, admito, foi over.

Outro problema são os números musicais, que provavelmente estavam lá para as trocas de roupas dos atores. São muitos números musicais, e nenhum deles é engraçado. Música faz parte do universo pythoniano, precisamos do Lumberjack Song, do Every Sperm is Sacred, do Always Look at the Bright Side of Life. Mas, por exemplo, Silly Walk não precisava ter virado número musical.

(Entendo que, com 74 anos, John Cleese não tenha mais a elasticidade de outrora para fazer o seu Silly Walk. Mas achei capenga o modo como fizeram.)

Por fim, é muito engraçado rever esquetes velhas, todo mundo riu (mais uma vez) com os 100 metros rasos para pessoas sem senso de direção ou o futebol dos filósofos. São quadros geniais! Mas, vamos combinar que todo mundo já viu isso, né? O “And Now For Something Completely Different” (“E agora, algo completamente diferente”, título do primeiro filme deles) ficou para trás. O subtítulo poderia ser “And Now For Something Completely Repeated”…

Claro que, ao vivo, lá na Arena O2, tinha sentido você ter um show neste formato, mesmo com as piadas repetidas. Mas, no cinema, foi um programa exclusivo para fãs.

Pena, porque a gente tem que reconhecer alguns lances geniais. Quando os cinco estão no palco, mesmo as piadas velhas se tornam momentos memoráveis!

É sensacional ver a velha piada do papagaio morto com John Cleese e Michael Palin esquecendo as linhas, ou o bigode do Eric Idle caindo enquanto ele fala “Say no more!” no quadro Nudge Nudge. Outras esquetes são velhas mas continuam engraçadas, como o Michelangelo conversando com o Papa ou o homem que compra uma discussão. Eles também fazem piadas com eles mesmos, como o divórcio de John Cleese e o programa de turismo de Michael Palin. E isso porque não falei das piadas de humor negro sobre a morte de Graham Chapman, o único Python já falecido, que aparece algumas vezes no telão.

Talvez exista uma solução para quando Monty Python Live (Mostly) for lançado no mercado de home vídeo: duas versões – esta “versão estendida” e uma outra com pelo menos uma hora a menos.

Agora aparentemente acabou. Segundo os créditos finais, o Monty Python “morreu” em 2014. Bem, os caras estão velhos, de repente tá mesmo na hora da aposentadoria. Pelo menos os fãs ganharam um presentão de despedida…

The Zero Theorem

Crítica – The Zero Theorem

Terry Gilliam voltou ao estilo de Brazil – O Filme. Será que é uma boa?

Qohen Leth é um gênio da computação que vive num universo dominado por grandes corporações. Sofrendo de uma profundo angústia existencial, trabalha sob as ordens de uma figura sombria conhecida como o Gerente. Sua missão é resolver o Teorema Zero, uma fórmula matemática que finalmente revelará o verdadeiro sentido da vida.

Respondendo a pergunta do primeiro parágrafo, a notícia é boa e ruim ao mesmo tempo. Boa, porque o filme é o melhor dele em um bom tempo; ruim, porque somos obrigados a comparar The Zero Theorem com Brazil. E na comparação, um filme apenas legal perde para uma obra prima.

Já falei aqui antes, Terry Gilliam é um dos poucos autores que sobraram no cinema contemporâneo (ao lado de Tim Burton e Jean Pierre Jeunet, e mais um ou outro que não me lembro agora). Seus filmes têm “cara de Terry Gilliam”. Desde de que largou o Monty Python e seguiu em carreira de diretor, ele fez vários filmes que criaram uma identidade visual única, como O Pescador de Ilusões12 Macacos, As Aventuras do Barão Munchausen, Bandidos do Tempo, Medo e Delírio ou O Imaginário do Dr. Parnassus, além do já citado Brazil. Você pode até não gostar, mas tem que admitir que o cara tem estilo próprio.

O início do filme impressiona pela semelhança com Brazil, com um cenário que mistura um visual futurista e retrô ao mesmo tempo – tem um computador super moderno ao lado de um telefone de décadas atrás. Aliás, diria que o visual desta parte inicial parece uma mistura de Brazil com as cores do De Volta Para o Futuro de 2015…

Quem me conhece sabe que gosto de personagens bizarros. Nesse ponto, The Zero Theorem não decepciona. Christopher Waltz mostra (mais uma vez) que é um dos melhores atores contemporâneos com o seu Qohen (“sem U”) que se refere a si mesmo no plural. Mélanie Thierry (Babylon A.D.) e Lucas Hedges (Moonrise Kingdom) também estão bem como coadjuvantes, e David Thewlis parece interpretar uma versão do ex-Python Michael Palin. Matt Damon e Tilda Swinton fazem divertidas participações especiais.

O filme é repleto de detalhes geniais espalhados, como a caixa de pizza que canta, os médicos que parecem estar dentro de uma piscina vazia, ou a animação do site, que lembra o estilo de animação do próprio Terry Gilliam na epoca do Monty Python. Mas o ritmo não é tão bom, a segunda parte do filme cansa. E aí a gente volta à comparação com Brazil, e constata que Gilliam infelizmente não conseguiu um resultado tão bom.

Em 2005, Terry Gilliam lançou dois filmes, Irmãos Grimm e Contratempos, e ambos decepcionaram. Em 2009, com O Imaginário do Dr Parnassus, ele mostrou uma guinada em direção aos bons filmes de outrora, mesmo com um filme médio. The Zero Theorem não se tornará nenhum clássico, mas confirma esta guinada. Pena que, aos 72 anos, talvez seja tarde demais para uma volta por cima.

Mas torço para estar errado.

p.s.: Por que diabos o Festival não traduziu o nome do filme? Qual o problema de “Teorema Zero”?

Brazil – O Filme

Crítica – Brazil – O Filme

Hora de rever uma obra prima de Terry Gilliam!

Sam Lowry é um burocrata que tem sonhos onde consegue voar para longe da tecnologia e da burocracia. Mas quando tenta corrigir um erro administrativo, se torna um inimigo do estado.

Na minha humilde opinião, este é um dos dois melhores filmes do ex Monty Python Terry Gilliam (ao lado de 12 Macacos). Sou fã do cara, acho que já vi todos os filmes que ele fez.

Uma das coisas que mais chama a atenção em Brazil – O Filme é o apuro visual. Toda a cenografia e os figurinos criam um mundo ao mesmo tempo retrô e futurista – é um mundo moderno, mas as telas de computador são grandes lentes de aumento em cima de teclados de máquinas de escrever! Um detalhe importante: como o filme é de 1985, não existia CGI. Todos os efeitos e cenários são “reais”. E tudo é meticulosamente bem feito. Visualmente, o filme é sensacional!

A trama também é bem orquestrada. Acompanhamos a saga de Sam Lowry, ao mesmo tempo que vemos os seus delírios, tudo isso pontuado com vários momentos hilariantes – Brazil – O Filme não é exatamente uma comédia, mas mesmo assim o filme é muito engraçado.

O elenco também está bem. Já vi Jonathan Pryce em vários outros filmes, mas pra mim, ele será o eterno Sam Lowry. Por outro lado, não me lembro de outros filmes com a “mocinha” Kim Greist. Brazil – O Filme ainda tem Michael Palin, Ian Holm, Bob Hoskins, Jim Broadbent, e uma genial participação especial de Robert De Niro.

E por que o nome “Brazil”? Diz a lenda que um dia Terry Gilliam estava ouvindo Aquarela do Brasil, quando teve a ideia para o filme. Aliás, a música toca insistentemente ao longo de todo o filme. Mas é só isso, o resto do filme não tem nada a ver com o Brasil. Se bem que… Toda a excessiva burocracia mostrada no filme pode muito bem ter sido criada por um brasileiro…

Por fim, vou contar um “causo”. Segunda metade dos anos 80. Era comum termos sessões duplas no então cineclube Estação Botafogo. Programaram uma sessão dupla com Brazil e 1984. Heu já era fã do primeiro, mas nunca tinha visto o segundo. Fui na sessão dupla e descobri que os dois filmes são muito parecidos, apesar de propostas completamente diferentes. Recomendo a sessão dupla!

Ah, para os fãs de Terry Gilliam: The Zero Theorem, seu filme novo, passou no Festival do Rio. Em breve falo dele aqui no heuvi!

Monty Python Em Busca Do Cálice Sagrado

Crítica – Monty Python em Busca do Cálice Sagrado

Depois de ver uma montagem da peça musical Spamalot, semana passada, na Uni Rio, Urca, tive vontade de rever mais uma vez o genial Monty Python Em Busca Do Cálice Sagrado, filme no qual a peça se baseou.

Gosto da sinopse que está no imdb: “King Arthur and his knights embark on a low-budget search for the Grail, encountering many very silly obstacles.” (“Rei Arthur e seus cavaleiros embarcam em uma busca de orçamento baixo ao Santo Graal, encontrando vários obstáculos muito bobos.”)

Pra quem não sabe: Monty Python era um grupo inglês de seis comediantes: Graham Chapman, Eric Idle, John Cleese, Michael Palin, Terry Jones e Terry Gilliam, que tinham um programa de TV (Monty Python Flying Circus) e depois fizeram alguns filmes para o cinema. O estilo de humor deles era de uma genialidade ímpar, sem dúvida um dos marcos mais importantes da história da comédia no cinema.

É complicado falar de Monty Python Em Busca Do Cálice Sagrado, escrito pelo sexteto e dirigido por Terry Gilliam e Terry Jones em 1975. Quem gosta de Monty Python já viu e reviu; quem não curte o estilo do grupo inglês não deu bola antes e não vai dar bola agora. O que posso dizer depois de rever mais uma vez é que, se o visual do filme está um pouco velho, o humor continua afiado. Dei boas gargalhadas, mesmo já conhecendo todas as piadas.

Nem mesmo a produção de recursos escassos escapa. Como era complicado usarem cavalos de verdade, eles usaram cocos para imitar o barulho dos cascos de cavalo – e fizeram piada sobre como os cocos foram parar na Inglaterra na Idade Média. Ou, quando chegam perto de Camelot, o personagem de Terry Gilliam avisa: “mas é só uma maquete!”. Isso sem contar com várias piadas sensacionais, hoje clássicas, como o Cavaleiro Negro, os Cavaleiros que dizem Ni e o terrível coelho assassino…

Monty Python Em Busca Do Cálice Sagrado é o segundo longa do Monty Python, mas na verdade é o primeiro filme com uma história inédita. Antes, em 1971, eles lançaram And Now For Something Completely Different, que era uma compilação de esquetes tiradas do programa de tv. Eles ainda fariam A Vida de Brian (1979), Monty Python – Ao Vivo no Hollywood Bowl (1982) e O Sentido da Vida (1983). Desde então, nunca mais estiveram todos reunidos – e a partir de 89, a tarefa se tornou impossível, com a morte de Graham Chapman. Mas heu ainda espero por uma produção que reúna os outros cinco.

Deu vontade de rever os outros filmes… E amanhã voltarei à Uni Rio para rever Spamalot!

E se por um acaso você gosta de comédia e nunca viu nada do Monty Python, faça um favor a você mesmo e procure este filme. Nem precisa agradecer depois…

A Liar’s Autobiography – The Untrue Story of Monty Python’s Graham Chapman / Monty Python – A Autobiografia de um Mentiroso

Crítica – A Liar’s Autobiography – The Untrue Story of Monty Python’s Graham Chapman / Monty Python – A Autobiografia de um Mentiroso

Alguns filmes se tornam “obrigatórios” só pela descrição. Este A Liar’s Autobiography – The Untrue Story of Monty Python’s Graham Chapman é um deles. Vejam a sinopse oficial do Festival do Rio:

Pouco antes de sua morte, em 1989, Grahan Chapman, membro do extinto grupo britânico de humor Monty Python, teve sua voz captada durante a leitura de sua autobiografia lançada em 1980. Utilizando-se deste áudio como guia narrativo, 15 diferentes estúdios produziram 17 estilos de animação distintos para representar as memórias e mentiras deste ícone do humor inglês. Quatro sobreviventes da trupe, Terry Gilliam, John Cleese, Michael Palin e Terry Jones, se reuniram para dar voz aos personagens.

Animações em estilos variados, narração usando a própria vez de Chapman, e ainda participação de outros quatro ex Monty Python? Imperdível para fãs! A dúvida era: será que A Liar’s Autobiography – The Untrue Story of Monty Python’s Graham Chapman é só pros fãs, ou além disso é um bom filme?

Infelizmente, só pros fãs…

A Liar’s Autobiography – The Untrue Story of Monty Python’s Graham Chapman tem um problema grave: não tem humor. Sim, é um filme sobre o Monty Python, um dos grupos mais engraçados da história do cinema / televisão, mas é um filme com poucos momentos engraçados. Quase todas as piadas estão em imagens de arquivo – justamente os trechos que não são em animação.

E, para os fãs, rola um outro problema: dentre os 17 estilos de animação, não rola o “estilo Terry Gilliam”! Procurei pela internet uma explicação pra isso, segundo o que encontrei, Gilliam não quis participar do projeto, e por isso os diretores Bill Jones, Jeff Simpson e Ben Timlett proibiram as equipes de copiarem o estilo de Gilliam.

A narrativa pega trechos soltos da biografia escrita por Chapman e seu parceiro David Sherlock, e nem sempre segue uma linha lógica, deixando o filme meio confuso às vezes. Nada muito grave, por causa da opção da narrativa fragmentada. Pelo menos as mudanças de estilos de animação são bem interessantes, e algumas sequências são muito boas (gostei do trecho dentro do avião).

O que é interessante aqui é mostrar peculiaridades da vida de Chapman, como o seu problema com álcool ou a sua homossexualidade (ou seria bissexualidade?). Pena que o filme traz poucas novidades, neste aspecto o documentário Monty Python: Almost the Truth – Lawyers Cut, lançado em 2009, é bem mais completo.

No elenco, John Cleese, Michael Palin, Terry Jones e Terry Gilliam fazem vários personagens cada um, além de Carol Cleveland, antiga colaboradora. Além deles, Cameron Diaz empresta sua voz a Sigmund Freud em uma das sequências.

Enfim, só para fãs hardcore.

p.s.: Copiei e colei lá em cima a sinopse que está na programação. Mas tive que fazer uma pequena correção. A sinopse falava “os quatro sobreviventes”. Mas são cinco! Quem escreveu a sinopse esqueceu do Eric Idle! (que, se vi direito, aparece de relance na cena do velório de Chapman)

And Now For Something Completely Different

Crítica – And Now For Something Completely Different

Comprei o dvd com o primeiro filme do Monty Python!

Na verdade, esta é uma coletânea de esquetes que rolaram no programa de tv Monty Python Flying Circus, todas escritas e interpretadas pelo sexteto John Cleese, Michael Palin, Eric Idle, Graham Chapman, Terry Jones e Terry Gilliam, com animações feitas pelo último entremeando as piadas. Foi lançado como um filme, mas é uma coleção de esquetes independentes. Algumas boas, algumas nem tanto.

Quem conhece o trabalho do grupo, vai reconhecer, por exemplo, a Lumberjack Song e as esquetes do papagaio morto e da piada mortal – clássicos “pythonianos”.

And Now For Something Completely Different é irregular. Algumas piadas são geniais, mas outras são meio bobas. E rola uma coisa assaz diferente: muitas das esquetes não têm fim – a própria esquete do papagaio morto não acaba, ela não conclui e emenda na piada seguinte. Isso, aliado ao nem sempre palatável humor inglês, desabilita o filme para plateias leigas no assunto Monty Python. Se você conhece e gosta do estilo do sexteto, este filme é obrigatório; se não conhece, é melhor começar com outro filme.

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Se você gostou de And Now For Something Completely Different, o Blog do Heu recomenda:
Em Busca do Cálice Sagrado
Ao Vivo no Hollywood Bowl
A Vida de Brian
O Sentido da Vida

O Pirata da Barba Amarela

O Pirata da Barba Amarela

Depois de 20 anos preso, o pirata Yellowbeard foge para tentar pegar o seu tesouro escondido numa ilha. Atrás dele vão seu filho (que ele não conhecia), outros piratas e sua ex-mulher com a marinha inglesa.

Este filme quase entrou no meu Top 10 de elencos legais, que publiquei ontem. Pra começar, é um dos poucos filmes “não Monty Python” que reúne mais de dois ex membros do grupo inglês no elenco (Jabberwocky e Bandidos do Tempo também tinham três ex-Pythons, mas um deles basicamente só na direção). Aqui temos Graham Chapman (no papel principal), Eric Idle e John Cleese. Peter Boyle, Madeline Kahn e Marty Feldman, figurinhas fáceis em comédias na época (os três estiveram juntos em O Jovem Frankenstein, de Mel Brooks) também estão ótimos – principalmente Feldman. Cheech Marin e Thomas Chong, que fizeram várias comédias ligadas à maconha, também estão lá como espanhóis. Além deles, o elenco ainda conta com Peter Cook, Kenneth Mars, e uma ponta de David Bowie como um tubarão(!).

Apesar do excelente elenco, o filme é meio bobo. Uma piada boa aqui, outra ali, mas, no geral, o humor tem cara de sessão da tarde…

Curiosidade: quando passou na tv a cabo, o filme foi chamado de O Incrível Barba Amarela. Ah, esses distribuidores brasileiros que mudam os nomes dos filmes – Bandidos do Tempo também teve dois nomes por aqui…

Not The Messiah – Ao Vivo em Londres

Not The Messiah – Ao Vivo em Londres

Levei um susto quando vi num anúncio de site de dvds algo que parecia ser um novo filme do Monty Python. Corri e comprei para ver do que se tratava.

Na verdade, Not The Messiah não é um filme. É o registro de um espetáculo que aconteceu ano passado, na comemoração de 40 anos do grupo de humor inglês Monty Python. Um grande concerto no Royal Albert Hall, em Londres, com orquestra e coro, e várias participações especiais.

O espetáculo é uma versão musical do filme A Vida de Brian. Pra quem não viu o filme: Brian nasceu na manjedoura ao lado de Jesus Cristo e é confundido com Este ao longo de toda a sua vida – inclusive morre crucificado no fim. Tudo isso, claro, com o humor ácido e nonsense do genial e anárquico grupo inglês.

Claro que este Not The Messiah não é tão engraçado, afinal, e um musical e não uma comédia. E quase todas as piadas aqui são tiradas dos filmes. Sim, como homenagem é muito legal. Mas não espere piadas novas!

Mais legal que as homenagens são as participações especiais. Quatro dos cinco ex-Pythons vivos estão presentes (Graham Chapman morreu em 1989). Eric Idle é o principal narrador e está no palco quase o tempo todo; Michael Palin faz alguns papéis; Terry Jones canta uma música; e Terry Gilliam faz uma curta e engraçadíssima ponta. E ainda tem espaço para Carol Cleveland e Neil Innes, coadjuvantes em vários momentos da carreira do grupo.

(Me pergunto onde estava John Cleese, logo o ex-Python com a mais prolífica carreira como ator. Segundo o imdb, ele está envolvido em dois filmes no momento. Será que não dava pra voltar pra Londres por uma noite pra participar do show? Ou será que ele brigou com os outros?)

Os quatro solistas, William Ferguson, Shannon Mercer, Rosalind Plowright e Christopher Purves, são excelentes cantores, mas, como comediantes, deixam a desejar. Já a orquestra, regida por John Du Prez, traz várias inovações criativas e bem-humoradas, como acessórios usados pelo coro, ou então instrumentos não usuais em uma orquestra, como gaitas de foles ou o “momento mariachi”.

Me parece que a maior parte das músicas é inédita. Mas ainda tem espaço para clássicos “pythonianos” como “Always Look At The Bright Side Of Life” e “Lumberjack Song”.

Not The Messiah não é para todos, acho que só os fãs de Monty Python vão curtir. Para quem ainda não conhece, veja primeiro o filme A Vida de Brian!

Bandidos do Tempo

Bandidos do Tempo

Com a proximidade da estreia do Imaginário do Dr. Parnassus, resolvi rever alguns filmes viajantes do Terry Gilliam: As Aventuras do Barão Munchausen e este Bandidos do Tempo, que nunca foi lançado por aqui em dvd. Heu até tenho o vhs original, mas como não tenho mais videocassete, encomendei um dvd gringo pela internet. Quando chegou, coloquei no dvd player, e descobri que não existe a opção de ver com legendas! Poxa, heu esperava pelo menos legendas em inglês! Resultado: baixei o filme e assisti em formato avi… Depois reclamam da pirataria!

Bandidos do Tempo tem uma premissa genial: como Deus criou o mundo em apenas seis dias, ficaram espalhadas várias falhas, vários buracos. Seis anões, que ajudaram na criação do mundo, roubam o mapa onde estão esses buracos, e saem viajando pelo tempo roubando coisas. No caminho, caem dentro do quarto de Kevin, um garoto inglês de 11 anos, que, meio sem querer, acaba se juntando ao grupo.

A premissa é genial e o filme é muito divertido. Afinal, não é todo dia que viajamos pelo mundo e encontramos Napoleão, Robin Hood e o rei Agamemnon, e ainda viajamos no Titanic, isso tudo antes de entrar na “era das lendas”, onde gigantes usam navios como chapéus e “O Mal” em pessoa vive na sua Fortaleza das Trevas.

Os principais nomes do elenco – o garoto e os anões – não são muito conhecidos. Este foi o filme de estreia de Craig Warnock, que faz Kevin, o garoto. E Warnock nunca mais fez nada digno de nota. Entre os anões, heu só reconheci dois: Kenny Baker (que estava dentro do robô R2-D2, dos filmes clássicos da saga Guerra nas Estrelas) e Jack Purvis (que era um dos amigos do Barão Munchausen). Os outros anões são David Rappaport, Malcolm Dixon, Tiny Ross e Michael Edmonds.

Por outro lado, nos papéis secundários tem um monte de atores legais! Sean Connery é Agamemnon; John Cleese é Robin Hood; Ian Holm é Napoleão. Michael Palin e Shelley Duvall aparecem em duas breves cenas, David Warner é “O Mal”, e Ralph Richardson, o “Ser Supremo”. E ainda temos Peter Vaughan, Katherine Helmond, Charles McKeown e Jim Broadbent.

Como todos aqui sabem (ou deveriam saber), Terry Gilliam fazia parte do grupo Monty Python. Aqui temos outros dois ex-Pythons no elenco, John Cleese e Michael Palin. E, de quebra, o roteiro foi escrito por Gilliam e Palin. Não sei se existe outro filme tão “Pythoniano” como este, fora os feitos pelos seis juntos!

(Yellowbeard – O Pirata da Barba Amarela, também tinha três ex-Pythons: foi escrito por Graham Chapman e no elenco contava com Chapman, Eric Idle e John Cleese. Mas o diretor, Mel Damski, não era ex-Python!)

Enfim, Bandidos do Tempo é um filme divertidíssimo. Ok, concordo, é um pouco maluco também, mas mesmo assim, continua divertdíssimo!

Como curiosidade final: Bandidos do Tempo teve dois nomes diferentes no Brasil, afinal, quando passou nos cinemas, foi lançado como Os Aventureiros do Tempo!