O Mistério do Relógio na Parede

Crítica – O Mistério do Relógio na Parede

Sinopse (imdb): Um jovem órfão chamado Lewis Barnavelt ajuda seu tio mágico a localizar um relógio com o poder de trazer o fim do mundo.

Filme de fantasia infanto-juvenil, escrito por Eric Kripke (criador da série Supernatural) e dirigido por Eli Roth. Será que funciona?

Baseado no livro homônimo de John Bellairs, O Mistério do Relógio na Parede (The House with a Clock in Its Walls, no original) traz uma boa ambientação e um bom elenco, numa história um pouco sem sal. E a direção de Eli Roth traz algumas cenas um pouco mais fortes na parte final, mas nada que atrapalhe a diversão da criançada.

(Eli Roth surgiu para o cinema com filmes de terror caprichados no gore, com Cabana do Inferno (2002) e O Albergue (05). Mas não sei por que, ele tem mudado de estilo. Em 2015, lançou Bata Antes de Entrar, suspense com zero gore, e este ano este é seu segundo filme, depois do policial Desejo de Matar.)

Vamos ao que funciona. Cate Blanchett está maravilhosa, como sempre, e mostra boa química com Jack Black, interpretando o mesmo Jack Black de sempre, mas que funciona para o que o filme pede. Os diálogos entre os dois são ótimos! O garoto Owen Vaccaro era pra ser o personagem principal, mas o roteiro espertamente divide o tempo de tela com Blanchett e Black (o que foi uma boa escolha). Também no elenco, Kyle MacLachlan, Renée Elise Goldsberry, Sunny Suljic e Lorenza Izzo.

Agora, O Mistério do Relógio na Parede sofre pela impressão de “já vi isso antes”. Não só tem cheiro de Harry Potter ao longo de todo o filme (garoto órfão aprendendo a ser bruxo), como parece uma versão de Desventuras em Série dirigida pelo Tim Burton.

Parece que John Bellairs escreveu uma trilogia. Ou seja, aguardem as continuações…

A Forma da Água

Forma da ÁguaCrítica: A Forma da Água

Sinopse (imdb): Um conto de fadas de outro mundo, ambientado na época da Guerra Fria nos EUA, por volta de 1962. Uma solitária faxineira que trabalha num laboratório governamental de alta segurança tem sua vida alterada para sempre quando ela descobre uma experiência secreta.

Filme novo do Guillermo del Toro sempre entra no radar. Apesar do seu último, A Colina Escarlate, não ter sido lá grandes coisas, a expectativa por este A Forma da Água (The Shape of Water, no original) era grande. Felizmente, desta vez Del Toro acertou. Seu novo filme é uma bela fábula de amor, e, acho que posso dizer isso, um dos seus melhores filmes.

Del Toro declarou que queria fazer um “filme de monstro” onde a criatura ficasse com a mocinha no final. Assim, tudo aqui gira em torno da história de amor entre o improvável casal. Apesar de ter algumas cenas de violência gráfica, A Forma da Água está mais próximo de um conto de fadas do que de um filme de terror. A trilha sonora de Alexandre Desplat ajuda no clima de fábula.

(Aliás, a trilha sonora e a direção de arte me lembraram do clima dos filmes de Jean Pierre Jeunet – mais ou menos como “Amelie Poulan encontra o Monstro da Lagoa Negra”).

É bom avisar: A Forma da Água é um filme romântico, não há dúvidas quanto a isso. Mas está longe de ser um filme “fofinho”. Como bem disse o crítico Pablo Bazarello no site cinepop, “Uma história linda de amor, onde gatos fofinhos perdem a cabeça, gargantas são rasgadas com garras e dedos necrosados arrancados à força. Ah, Guillermo del Toro é dos meus. Ah, o amor…” 😉

(Aliás 2, fiquei com a impressão de que este filme conseguiu ser o que A Bela e a Fera tentou ser e não conseguiu. Afinal, aqui o Monstro não precisou ser rico para conquistar a mocinha.)

O elenco é outro destaque. Indicada ao Oscar em 2014 por Blue Jasmine, Sally Hawkins faz um excelente trabalho com sua personagem muda – aguardem mais indicações para prêmios! Michael Shannon também está excepcional. Doug Jones, mais uma vez, não mostra o rosto e interpreta uma criatura num filme de Del Toro (ele foi o Abe Sapien em Hellboy e o Fauno em O Labirinto do Fauno). Também no elenco, Richard Jenkins, Octavia Spencer e Michael Stuhlbarg.

A notícia triste é que vai demorar pro espectador “off festival” ver A Forma da Água. O filme passou na abertura do Festival do Rio, mas não só não teve outra sessão, como só vai ser lançado no circuito no início de 2018. Tem que segurar a ansiedade!

A Torre Negra

A Torre NegraCrítica – A Torre Negra

O último Pistoleiro ficou preso em uma batalha eterna com o Homem de Preto, determinado a impedi-lo de derrubar a Torre Negra, que mantém o universo unido. Com o destino dos mundos em jogo, o bem e o mal entrarão em colisão na batalha final.

Antes de tudo, preciso avisar uma coisa: nunca li nenhum dos livros “A Torre Negra”, do Stephen King. Minha crítica será somente sobre a adaptação cinematográfica.

Li comentários negativos de quem leu os livros – pudera, 7 ou 8 livros foram condensados em uma hora e meia de filme. Mas posso dizer que, visto como uma obra isolada, o filme A Torre Negra (The Dark Tower, no original) funciona redondinho. História curta e enxuta, bons atores em bons personagens, efeitos especiais eficientes e uma trama envolvente. Ok, muitos clichês, mas clichês bem usados.

Confesso que tinha receio de ver um filme confuso, cheio de pontas soltas e que só quem leu os livros seria capaz de entender. Sorte que estava errado. Conseguimos entender todos os elementos deste novo universo, sem precisar de muitas explicações.

A direção é de Nikolaj Arcel, também responsável pelo roteiro. Não conhecia esse nome, mas vou ficar de olho.

Como não li o livro, não sei quais referências estão presentes. Mas reconheci alguns easter eggs do universo stephenkinguiano, como o letreiro escrito Pennywise no parque de diversões ou o código 1408 para se usar o portal. Citações discretas, quem não conhece não vai ficar perdido. Ah, King é mais conhecido por escrever terror, mas A Torre Negra está mais perto da ficção científica e da fantasia do que do terror.

(Aliás, nada a ver com Stephen King, mas a luta final é muito jedi! E o final da luta parece John Woo – só faltou uma pomba voando ao fundo em câmera lenta…)

No elenco, Matthew McConaughey e Idris Elba mandam bem, como era esperado. A boa surpresa está no jovem Tom Taylor, garoto que divide o protagonismo com Elba. Mais um nome pra anotar no caderninho! Também no elenco, Dennis Haysbert, Jackie Earle Haley, Claudia Kim, Abbey Lee e Katheryn Winnick.

Existe um projeto de uma série de tv baseada na série de livros. Mas acredito que isso esteja atrelado a uma boa bilheteria. Aguardemos…

Rei Arthur: A Lenda da Espada

Rei ArthurCrítica – Rei Arthur: A Lenda da Espada

Roubado de seu direito de nascença, Arthur cresce do jeito difícil, nos becos traseiros da cidade. Mas uma vez que ele puxa a espada da pedra, ele é forçado a reconhecer seu verdadeiro legado – quer ele goste ou não.

Vamos direto ao ponto. Existem dois ângulos pra você ver Rei Arthur: A Lenda da Espada (King Arthur: Legend of the Sword, no original). Se você pensar na história clássica do Rei Arthur, você vai detestar o filme. Mas se você se desligar da história, pode se divertir.

Na verdade, Rei Arthur: A Lenda da Espada parece mais um filme de origem de super heróis do que um filme do Rei Arthur. Em vez de Merlin, Lancelot e Guinevere, temos um personagem que aos poucos descobre seu “superpoder” e precisa aprender a controlá-lo…

Parece que quando Guy Ritchie começou a divulgar seu projeto, ele falou que seria algo como uma mistura de Snatch com O Senhor dos Anéis. Assim, temos uma espécie de Rei Arthur malandro que parece saído dos subúrbios londrinos…

Dito isso, preciso dizer que gostei muito do filme. Guy Ritchie (Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, Sherlock Holmes, O Agente da UNCLE) é um excelente contador de histórias, e mais uma vez ele mostra essa habilidade. Vários trechos do filme têm aquela edição entrecortada, não linear, misturando câmera lenta com imagens aceleradas, tudo com uma pitada de bom humor. Ritchie sabe usar esse estilo como poucos. A cena onde Arthur e seus amigos falam do viking é genial!

Junte a isso efeitos especiais de primeira linha, uma trilha sonora empolgante e algumas boas cenas de ação, e temos uma boa opção pra quem curte filmes pop.

No elenco, sem destaques, nem positivos, nem negativos. Charlie Hunnam (Sons of Anarchy) lidera o elenco, que conta com Jude Law, Eric Bana, Astrid Bergès-Frisbey, Djimon Hounsou e Aidan Gillen. Ah David Beckham faz uma ponta, na cena onde Arthur tira a espada da pedra.

Em lugar nenhum li sobre uma nova franquia. Mas isso parece claro quando ao fim do filme Arthur está montando uma mesa redonda… Acredito que em breve teremos uma continuação…

Enfim, se você curte filmes pop, vá sem medo. Mas se você é fã do Rei Arthur, reveja Excalibur, de 1981.

A Bela e a Fera

a-bela-e-a-feraCrítica – A Bela e a Fera

(Antes de tudo, preciso falar que não gosto desta história. Numa sociedade que briga pelos direitos das mulheres, acho um retrocesso uma princesa que só gosta do príncipe porque ele é rico. Estamos ensinando nossas filhas a serem interesseiras? Isso porque não estou falando da Síndrome de Estocolmo! Mas, vamos ao filme…)

Adaptação do conto de fadas onde uma jovem e um príncipe monstro se apaixonam.

A Disney é especialista na arte de fazer dinheiro. A novidade (de uns anos pra cá) é criar versões live action (com atores) dos desenhos clássicos. Já tivemos Malévola, Cinderela e Mogli. Agora chegou a vez de A Bela e a Fera.

O risco de adaptar A Bela e a Fera era um pouco maior. Não só é mais recente (1991), como é um filme historicamente importante na linha do tempo da Disney – depois de uma década de 80 com pouco sucesso artístico e comercial (época de O Cão e a Raposa, O Caldeirão Mágico e As Peripécias do Ratinho Detetive), A Bela e a Fera não só foi um grande sucesso de bilheteria como também concorreu a seis Oscar (incluindo melhor filme – a primeira vez que uma animação concorreu ao prêmio principal) e ganhou as estatuetas de trilha sonora e canção. E ainda ajudou a firmar a Disney no topo novamente (logo antes tivemos A Pequena Sereia, logo depois, Alladin e O Rei Leão). Ou seja, um marco.

Bem, acredito que quem gostou do desenho não vai se decepcionar. Todas as músicas estão lá e algumas sequências foram recriadas fielmente. Aposto como vai ter fã chorando de emoção. Porém… o grande mérito é, ao mesmo tempo, um problema. Porque, na comparação, o filme perde para o desenho.

O filme é muito mais longo que o desenho (45 minutos!). Como era previsível, temos músicas novas (uma música só concorre ao Oscar se for feita para o filme, por isso adaptações sempre trazem pelo menos uma música inédita). E essas músicas novas não são tão cativantes quanto as do filme dos anos 90.

Outro problema do filme é a caracterização da Fera. Em vez de maquiagem, a produção optou por captura de movimentos. Mas o resultado ficou bem artificial. E pensar que há mais de 30 anos o Michael Jackson usou maquiagem no videoclipe de Thriller e ficou infinitamente melhor…

Os efeitos especiais são muito bons. Os coadjuvantes Lumiere (o candelabro) e Cogsworth (o relógio) são perfeitos! Já o bule Ms. Potts ficou esquisito, porque tem olhos e bocas desenhados, foge ao padrão que todos os outros objetos usam.

A direção ficou com Bill Condon, que tem um Oscar pelo roteiro de Deuses e Monstros, mas já trabalhou com musicais: escreveu o roteiro de Chicago e dirigiu Dreamgirls. Mas não podemos nos esquecer que o cara também dirigiu dois CrepúsculosA Bela e a Fera se aproxima mais destes últimos…

O elenco é muito bom. Mas o destaque não está com os protagonistas. Sempre canastrão, Luke Evans está ótimo como Gaston, e digo o mesmo sobre o LeFou de Josh Gad, aqui abertamente assumindo ser gay (fato que irritou alguns fãs xiitas, mas não me incomodou). Os coadjuvantes / objetos (Ewan McGregor, Ian McKellen, Emma Thompson, Stanley Tucci e Gugu Mbatha-Raw), que só mostram a cara no fim, também estão bem. Emma Hermione Watson está bem, mas nada demais (ela não tem uma grande voz, mas não atrapalha); Dan Stevens (quem?) fecha o elenco principal, interpretando a Fera.

Enfim, como disse lá em cima, quem curtiu a versão dos anos 90 vai se divertir. Mas ainda acho melhor rever o desenho.

Animais Fantásticos e Onde Habitam

animaisfantasticosCrítica – Animais Fantásticos e Onde Habitam

O “novo Harry Potter”?

Nos anos 20, um magizoologista chega a Nova York com uma maleta onde carrega uma coleção de fantásticos animais do mundo da magia. Em meio a comunidade bruxa norte-america que teme muito mais a exposição aos trouxas do que os ingleses, ele precisará usar suas habilidades e conhecimentos para capturar uma variedade de criaturas que acabam saindo da sua maleta.

Na verdade, Animais Fantásticos e Onde Habitam (Fantastic Beasts and Where to Find Them, no original) não tem nada a ver com o personagem Harry Potter. J. K. Rowling, autora dos livros do Harry Potter, escreveu este livro como um prequel – se passa no mesmo universo (Hogwarts e Dumbledore são citados), mas a história é independente dos livros / filmes do famoso bruxinho.

Animais Fantásticos e Onde Habitam tem pedigree. O roteiro é da própria Rowling, e a direção ficou com David Yates, que dirigiu os quatro últimos filmes da franquia. Mas mesmo assim o filme não flui muito bem.

O filme até começa bem. Mas senti problemas de ritmo, o filme não envolve o espectador, não é como nos filmes do Harry Potter, onde o espectador embarca em uma viagem junto com os personagens. Temos bons momentos, mas a irregularidade é grande.

Outro problema é Eddie Redmayne, indiscutivelmente um grande ator, mas que aqui parece preso ao personagem Stephen Hawking que ele interpretou em A Teoria de Tudo. Redmayne falha em nos fazer torcer pelo protagonista. Principalmente porque o seu coadjuvante Dan Fogler funciona muito melhor…

Teve um outro problema, menor, mas que confesso que me incomodou um pouco. Os efeitos especiais que mostram os animais são muito bons – como era de se esperar. Mas em algumas cenas, os animais interagem com o protagonista. E, neste momento, senti falta de um animatronic, um boneco, algo real, onde o ator conseguisse tocar. Todas as cenas onde ele encosta nos animais são muito falsas.

No elenco, além de Dan Fogler, o outro destaque seria para Ezra Miller. E, se Eddie Redmayne fica devendo, Colin Farrell decepciona mais ainda, com um vilão bem fraco. Além deles, o filme conta com Katherine Waterston, Alison Sudol, Samantha Morton, Carmen Ejogo e Jon Voight. Ron Perlman está quase irreconhecível como um duende de dedos tortos; Johnny Depp mal aparece (mas deve voltar nos próximos filmes).

É, você leu direito. Próximos filmes. A ideia do estúdio é fazer cinco filmes. Esperamos que melhore no próximo, senão vai ser difícil de chegar ao fim…

O Bom Gigante Amigo

BGACrítica – O Bom Gigante Amigo

Filme novo do Spielberg!

Uma menina encontra um gigante que, apesar de sua aparência intimidadora, se mostra uma alma bondosa, que sofre na mão dos outros gigantes porque, ao contrário deles, se recusa a comer crianças.

O Bom Gigante Amigo (The BFG, no original) foi dirigido por Steven Spielberg mas, antes de tudo, trata-se de uma produção da Disney. Digo mais: é uma produção da Disney direcionada ao público infantil.

O Bom Gigante Amigo é muito bobinho. Tudo é muito inocente. O filme é baseado no livro de Roald Dahl (que também escreveu o livro que originou A Fantástica Fábrica de Chocolate) de 1982 – talvez funcionasse na época, mas não no mundo de hoje.

Pra piorar, o roteiro tem falhas no ritmo, se mostra arrastado em certos momentos. Digo mais: parece que o roteiro foi alterado. Rebecca Hall é um dos maiores nomes do elenco e seu personagem é uma coadjuvante inutilizada. E, na boa, as piadas com gases foram desnecessárias. Triste saber que foi o último roteiro de Melissa Mathison, falecida ano passado, a mesma que escreveu ET, O Extra Terrestre.

Pelo menos a parte técnica é impecável. O gigante interpretado por Mark Rylance, feito por captura de movimento, é um assombro de tão bem feito. Não sei se o mérito é de Rylance ou da tecnologia usada (acredito que um pouco de cada), mas o realismo do “BGA” é impressionante. Mais uma vez, a gente fica na dúvida se um personagem desses merece uma nova categoria no Oscar.

Mas é pouco. Spielberg já fez coisa muito melhor, a Disney também. Uma parceria entre esses dois monstros do cinema contemporâneo pedia algo de maior qualidade.

Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos

Warcraft - posterCrítica – Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos

O reino pacífico de Azeroth está à beira da guerra quando sua civilização enfrenta temíveis invasores: orcs guerreiros que fogem do seu mundo que está morrendo para colonizar outro.

Antes de tudo, preciso falar que nunca joguei o videogame Warcraft, de onde este filme é baseado. Acredito que devem existir várias referências ao jogo ao longo do filme. A boa notícia é que pode-se ver o longa sem conhecer o jogo. Para estes, trata-se de mais um filme de fantasia medieval.

E aí temos um dos principais problemas de Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos (Warcraft, no original): a comparação inevitável com O Senhor dos Anéis – afinal, temos um mundo onde habitam anões e elfos e onde humanos brigam contra orcs. E, na comparação, Warcraft perde, mesmo tendo um concorrente lançado 15 anos antes.

Mesmo inferior a Senhor dos Anéis, acredito que Warcraft vai agradar os menos exigentes. Alguns cenários digitais são muito bem feitos, e a trilha sonora é muito boa! Mas, por outro lado, não vemos nenhuma batalha épica, nenhum momento “Abismo de Helm” (se é pra comparar com Senhor dos Anéis…). E o filme não precisava ter mais de duas horas, ficou cansativo.

Saber que este é o novo filme de Duncan Jones me causou surpresa. Jones chamou a atenção do mundo com seu primeiro filme, Lunar, uma ficção científica independente bem diferente do padrão. Seu segundo filme, Contra o Tempo, já era uma super produção, mas também não era nada convencional. Warcraft é seu terceiro filme. Não sei se foi culpa do estúdio ou falta de inspiração de Jones, mas ele agora parece estar no “modo genérico”. No futuro, Warcraft não entrará nas listas dos seus melhores filmes…

Tenho coisas boas e ruins pra falar sobre o cgi. Se por um lado é interessante termos quase uma animação por computador com alguns atores humanos inseridos, por outro lado o cgi soa artificial em algumas cenas. Mas apesar disso achei o resultado positivo. Seria inimaginável um filme desses sem o cgi!

O elenco não tem nenhum grande nome. O protagonista é Travis Fimmel, da série Vikings. Paula Patton faz uma orc fêmea com traços humanos, bem diferente de todas as outras orcs fêmeas do filme – será que vão explicar isso no(s) próximo(s) filme(s), ou será que é só pra gente simpatizar mais quando ela tem um flerte com um humano? Ainda no elenco, Ben Foster, Dominic Cooper e as vozes de Toby Kebbell, Clancy Brown e Daniel Wu.

No final do filme, em vez de uma conclusão da história, temos ganchos para a(s) continuação(ões). Muito chato isso, depois de duas horas arrastadas, o filme poderia ao menos terminar…

Alice Através do Espelho

Alice - posterCrítica – Alice Através do Espelho

Ao atravessar um espelho, Alice volta ao País das Maravilhas, onde encontra o Chapeleiro Maluco doente. Para salvá-lo, ela precisa viajar no tempo e alterar o passado.

Em primeiro lugar, um esclarecimento: Alice Através do Espelho (Alice Through the Looking Glass, no original) parece, mas não é um filme do Tim Burton, que aqui está só como produtor. A direção é de James Bobin, o mesmo dos dois recentes longas dos Muppets. Mas o visual continua chamando a atenção.

O visual é o que Alice Através do Espelho tem de melhor. Bobin conseguiu manter a identidade visual que Tim Burton criou para o primeiro filme, Alice no País das Maravilhas, de 2010. Vemos aqui vários cenários e figurinos bem elaborados – e por mais que a gente saiba que boa parte é cgi, isso não atrapalha.

Por outro lado, a história é fraca. Nunca li o “Através do Espelho” original, não sei o quanto do que vemos na tela está no livro (li por aí que o livro é completamente diferente, e tem lógica, acho difícil um livro antigo ter uma personagem feminina tão forte). Mas essa história da Alice viajando no tempo ficou bem sem graça.

O elenco é ótimo. Todos que estavam no primeiro filme voltaram: Mia Wasikowska, Johnny Depp, Anne Hathaway, Helena Bonham Carter e as vozes de Alan Rickman, Timothy Spall e Stephen Fry. A única novidade é Sacha Baron Cohen, que está bem como o Tempo. Ah, este foi o último filme de Rickman, homenageado nos créditos.

Alice Através do Espelho não vai desagradar os fãs do filme anterior. Mas é bom não esperar muito.

The Lobster

The Lobster - posterCrítica – The Lobster

Quando a gente lê “futuro distópico” em uma sinopse, a gente logo lembra de filmes como Jogos Vorazes, Maze Runner ou Divergente. Bem, esqueça isso!

Vamos a uma das sinopses mais estranhas dos últimos tempos: nesta sociedade distópica, as pessoas não podem ficar sozinhas. Quem está solteiro (ou separado, ou viúvo) é levado para um hotel, onde tem 45 dias para arranjar um par (e tem que ser “pra valer”, não existe a opção de namorar por namorar). Se não conseguir um(a) companheiro(a), será transformado(a) em um animal de sua escolha. Sim, um animal, de verdade.

Depois de chamar a atenção com títulos como Dente Canino e Alpes, o diretor grego Yorgos Lanthimos partiu para uma produção mais internacional – The Lobster é uma co-produção entre Grécia, Inglaterra, Irlanda, França e Holanda, e é falado em inglês e francês.

The Lobster é um conto bizarro, parece até os filmes surrealistas do Buñuel. A sociedade apresentada no filme é absurda, mas as interpretações são sérias – os personagens levam aquilo a sério, o absurdo é só para o espectador. Isso gera cenas geniais – e engraçadíssimas!

O elenco também é bem internacional: o irlandês Colin Farrell, os ingleses Rachel Weisz e Ben Whishaw, a francesa Léa Seydoux e o americano John C. Reilly. De um modo geral, o elenco parece um pouco apático, mas é exatamente o clima que o filme pede.

The Lobster tem um problema: o ritmo cai na parte final. Enquanto a narrativa está no hotel, a trama flui bem; quando vamos para a floresta, o foco muda, mas continua fluindo. Quando a história se fecha no casal, o filme perde o fôlego. Pena.

Mesmo com o fim mais fraco, The Lobster foi um dos melhores filmes do Festival do Rio 2015. Tomara que entre em cartaz!