Todos os meus fracassos sexuais

Todos os meus fracassos sexuais

Outro dia falei aqui a minha opinião sobre documentários. Acho que são basicamente coisas sem graça. Quando o assunto nos interessa, podemos até gostar. Mas quando é outro assunto, a gente deixa pra lá. Confesso que não costumo dar muita bola pra documentários.

Todos os meus fracassos sexuais é um documentário que prova a minha teoria. É muito legal, muito engraçado. Mas por que? Porque Chris Waitt é um personagem pronto: é um “loser” total!

A idéia do documentário é boa: Chris Waitt resolve entrevistar ex-namoradas pra descobrir o que houve de errado com a sua vida. E o diretor Chris Waitt mostra um personagem Chris Waitt patético.  O cara é errado em tudo: largado, desempregado, desinteressado, bagunceiro… Tem até problemas de disfunção erétil! E este personagem dentro das situações cria momentos realmente hilários, como a cena do viagra ou a cena do sado-masoquismo (apesar de ser uma cena, digamos, “dolorosa”, quando assistida por meninos…).

Divertido. Apesar de não saber se tudo foi verdade ou se alguma coisa foi encenada…

Puffball

Puffball

Ver filmes no Festival é meio loteria. Às vezes não esperamos muita coisa mas vemos um filme ótimo. Mas, por outro lado, de vez em quando um filme que prometia não é lá grandes coisas…

Foi o que aconteceu com Puffball. Um filme dirigido pelo veterano Nicholas Roeg, que fala de magia negra, e ainda tem o Donald Sutherland no elenco como “bônus”? Ei, deve ser legal!

Mas… infelizmente, não é lá grandes coisas…

Uma jovem arquiteta (Kelly Reilly) começa a reformar uma velha casa em algum vilarejo na Inglaterra. Sua vizinha (Miranda Richardson), apesar de já ter 3 filhas, é obcecada com a idéia de engravidar de um menino. E sua mãe – Rita Tushingham, uma das melhores coisas do filme – é ligada com magia.

Mas algumas coisas no roteiro estão meio jogadas. Por exemplo: pra que vemos o personagem de Donald Sutherland? Se ele não aparecesse no filme, não ia mudar nada. E pra que todo aquele papo sobre Odin?

Provavelmente estas respostas estão no livro Puffball, de Fay Weldon, de onde o roteiro foi adaptado. Mas foi mal adaptado. O roteiro é confuso.

Outra coisa que incomoda é o filme não se decidir entre o terror ou o drama. Na verdade, tem muito pouco terror… Mesmo assim, vemos o talento do veterano diretor. Mr. Roeg sabe criar um clima!

A propósito: puffball é uma espécie de cogumelo gigante. Aparecem alguns no filme!

O dia-a-dia do pornô

O dia-a-dia do pornô

Não sou muito fã de documentários. Não consigo achar muita graça, cinematograficamente falando. Em filmes “normais”, a gente analisa se as tramas são bem escritas, como estão os atores e os cenários, presta atenção nos efeitos especiais… E nos documentários, não tem nada disso. Por isso, só consigo achar interessante um documentário sobre um assunto que também acho interessante. Fora isso, dispenso este estilo.

Este documentário parecia legal: mostrar o dia-a-dia por trás das câmeras de pessoas envolvidas na indústria pornô. E ainda teve mais: presença do diretor, explicando que estávamos vendo a estréia mundial do filme (antes tinha passado uma vez no Festival de Montreal, mas estava inacabado)!

E é isso: interessante, mas não muito mais que isso… Vemos atrizes, atores, diretores, distribuidores, agentes… Alguns depoimentos são interessantes, outros nem tanto… Acho que a única coisa que realmente achei bem legal foi quando apareceu John Stagliano, “o” Buttman, e abaixo do nome dele estava “The Legend”. Respeito ao mestre!

O Fantasma da Ópera

O Fantasma da Ópera

Nem só de novidades vive o festival! Se a gente procurar bem, até acha tosqueiras em outras mostras ditas “sérias”… Tem uma mostra chamada “Divas Italianas”, e uma delas é a Asia Argento, estrelando um filme do pai, o mestre do terror Dario Argento, de dez anos atrás: O Fantasma da Ópera.

A história é fiel à original, até onde sei (são tantas as versões que é difiícil saber qual é a mais “certa”). Christine (Asia Argento) é uma jovem e talentosa cantora de ópera, mas fica ofuscada sob a sombra da diva Carlotta, gorda, feia e antipática. O teatro é assombrado por um fantasma misterioso (Julian Sands), que se apaixona por Christine e quer levá-la ao estrelato – custe o que custar.

O personagem do Fantasma é muito interessante, porque é o perfeito anti-herói: age por amor, mas não deixa de ser um grande vilão. A escolha de Julian Sands foi ótima, afinal nos anos 90 ele fez um monte de tipos mezzo sedutores mezzo psicopatas, como Encaixotando Helena, Warlock e Despedida em Las Vegas. Só senti falta da máscara. Pô, a máscara do Fantasma da Ópera é muito característica! Um Fantasma de cara limpa? Como assim?

Dario Argento muitas vezes é exagerado no visual dos seus filmes, e incompreendido por causa disso. Mas aqui ele acerta a mão: temos gore na dose certa, nada parece exagerado. Às vezes, até parece um filme “normal”…

Segurando as Pontas

Segurando as Pontas

Heu até gosto de filmes “bobos”. Admito, sou um cara bobo, rio à toa, gosto de humor bobo. Comprei outro dia uma edição dupla importada com Quanto Mais Idiota Melhor 1 e 2, e se tivesse Bill & Ted no mesmo formato, mandava trazer junto. Gostei até de Cara, Cadê o meu Carro!

Mas, sei lá, acho que ontem heu não deveria estar num dia muito bem humorado… Segurando As Pontas (Pineapple Express) é um filme bobo. Mas no mau sentido…

A história é simplérrima: um maconheiro doidão testemunha um assassinato, e resolve fugir com o seu amigo traficante. O bandidão malvadão, claro, vai atrás da dupla.

Mas é tudo tão forçado, tão clichê… A policial parceira do bandidão, interpretada pela Rosie Perez, por exemplo, nunca tira o uniforme da polícia. Nem quando não precisa mais usar… E Seth Rogen, como ator principal, tampouco ajuda… A única coisa que achei curiosa no elenco foi ver James Franco, o “amigo do Homem Aranha”, como um traficante doidão boa praça.

Alguns vão pensar: “ora, mas uma comédia sobre maconheiros não precisa de seriedade”. Sim, não precisa ser sério, mas um pouco de coerência seria bem-vinda. Como um doidão largado consegue virar um assassino implacável ao enfrentar traficantes armados e perigosos?

Bem, heu achei fraquíssimo. Mas confesso que tinha um monte de gente rindo no cinema. Só que não sei se eles estavam achando realmente engraçado, ou era o efeito de alguma substância retratada no filme…

Casa Negra

Casa Negra

De uns anos pra cá, apareceram vários bons filmes de terror asiáticos. Então, um novo filme de terror coreano não é exatamente algo tão estranho assim. Com esta expectativa, fui ver Casa Negra (Geomeun Jip).

A história é simples: um agente de seguros investiga um aparente suicídio de um garoto de 7 anos, mas desconfia que o padrasto do menino está tentando um golpe. E quanto mais ele investiga, mais descobre coisas sinistras em volta da família do garoto.

O início do filme é meio lento, talvez o roteiro devesse ser enxugado – um filme desses funciona muito bem com uma hora e meia! Mas a parte final é bem interessante!

A maioria dos filmes de terror orientais atuais usa fantasmas e coisas misteriosas para causar medo. Mas esse pega uma onda que às vezes nos lembra filmes de terror italianos dos anos 80: muito sangue, muito gore, e pitadas de humor negro. Algumas cenas no fim do filme são hilárias! E não acredito que o diretor não tivesse este objetivo.

Veja antes de Hollywood refilmar!

RocknRolla

RocknRolla

Guy Ritchie está de volta!

Uma breve explicação pra quem não sabe de quem estou falando: No fim dos anos 90, surgiu um aparentemente despretensioso filme inglês chamado Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, que mostrava o submundo inglês de uma forma nunca antes vista: uma trama às vezes confusa, mas bem amarrada, com imagens ágeis, personagens cool, violência e humor. Esse era Guy Ritchie! Pouco depois ele nos apresentou Snatch, desta vez com elenco hollywoodiano (incluindo um sensacional Brad Pitt num pequeno papel). Ok, Snatch parecia uma continuação de Jogos, Trapaças, mas mesmo assim é um ótimo filme!Aí apareceu a Madonna na vida dele. Quem tem boa memória se lembra que, ao contrário da carreira musical, no cinema Madonna é bem irregular. E, quando trabalha com cônjuges, fica ainda pior – Surpresa de Shangai, o filme que ela fez com o então marido Sean Penn, é considerado um dos piores da década de 80. E Guy Ritchie resolveu fazer Destino Insólito (Swept Away) com sua recém casada esposa – e foi massacrado por público e crítica.

Agora Ritchie resolveu voltar ao que sabe fazer bem: estamos de volta ao submundo inglês!

A trama é rocambolesca: Lenny (Tom Wilkinson) é uma espécie de chefão do underground, subornando políticos, advogados e juízes e controlando vários marginais. Uri (Karl Roden), um bilionário russo ligado à máfia, resolve usar as influências de Lenny para construir em Londres, e para isso precisaria de 7 milhões para subornos. Para isso, usa a contadora Stella (Thandie Newton), que, por sua vez, chama One Two (Gerard Butler) para roubar o dinheiro. E ainda tem um quadro emprestado roubado por um rockstar “morto”. Todas estas histórias se entrelaçam, o que nos lembra os seus primeiros filmes.

Como num “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes 3”, temos muita violência e muito humor, além de cenas memoráveis, como a dança entre One Two e Stella com textos escritos na tela, ou toda a sequência do segundo assalto, com a perseguição nos trilhos. E o elenco, como sempre, está ótimo.

Acredito que o grande defeito do filme seja que ele aparentemente está incompleto: durante os créditos vemos um aviso sobre uma segunda parte, “The Real RocknRolla”. Senti falta de conclusão na história de alguns personagens…

Mesmo assim, a diversão é garantida!

O Bom, o Mau e o Bizarro

Sexta começa o Festival do Rio, data mais esperada do ano de 10 entre 10 cinéfilos cariocas!

Esse ano dei uma olhada na programação, mas não teve muita coisa de encher os olhos… Mas acho que consigo ver uns seis ou sete até o fim do Festival.

Ontem consegui ir numa sessão de imprensa, então começo aqui os meus pitacos sobre o festival:

O Bom, o Mau e o Bizarro

Em primeiro lugar, preciso falar que este filme está no lugar errado. Quando programam um filme coreano chamado O Bom, o Mau e o Bizarro na mostra Midnight Movies, heu espero ver algo no mínimo estranho. E este filme não é estranho. Srs. programadores do Festival, por favor, tratem este filme como um filme “normal”, não um “Midnight”!

Dito isso, o filme é um faroeste coreano, impressionantemente bem feito.

Na Coréia, na década de 30, um homem (o “mau”) é contratado para roubar um mapa, num trem. Só que este trem está sendo roubado por um sujeito meio trapalhão (o “bizarro”), que foge com o mapa. E um caçador de recompensas (o “bom”) começa a caçar ambos.

Os cenários estão perfeitos, as cenas no deserto são lindíssimas. Os figurinos e elementos cênicos realmente convencem como uma super produção de época. E a movimentação entre os 3 personagens principais, cada um no seu clichê, também está muito boa: temos o mocinho que acerta todos os tiros e seu revólver nunca descarrega; o bandido mau, muito mau; e um “Didi Mocó” como alívio cômico.

Mas isso não é o suficiente, às vezes parece que estamos andando sem história. E o filme é longo, acho que foram mais de duas horas! Talvez fosse melhor dar uma enxugada: se o roteiro não tem muito o que contar, façamos um filme mais curto!

Além disso, por favor, vejamos os filmes certos nas mostras certas! Não é porque um filme é coreano que ele deve entrar numa mostra de filmes “estranhos”…