Duna: Parte 2

Crítica – Duna: Parte 2

Sinopse (imdb): Diante da difícil escolha entre o amor de sua vida e o destino do universo conhecido, Paul Atreides, agora ao lado de Chani e dos Fremen, dará tudo de si para evitar o futuro terrível que só ele pode prever.

Estreou a aguardada continuação de Duna, de 2021. Heu tinha um receio sobre o final do filme, mas achei satisfatório – mais tarde volto a esse assunto.

Mais uma vez dirigido por Dennis Villeneuve, Duna: Parte 2 é um filmão, com tudo de superlativo que isso carrega. Elenco recheado de estrelas, cenários fantásticos, figurinos caprichados, trilha sonora excelente, tudo aqui é grandioso.

Não li os livros, tudo o que conheço do universo de Duna aprendi no filme de 2021 e no filme de 1984 dirigido por David Lynch. Um amigo que leu comentou que tem coisa diferente, mas faz parte do conceito de “adaptação”.

A história já começa de onde o primeiro filme acabousim, precisa ver ou rever o filme de 2021, senão você pode ficar um pouco perdido. Agora Paul Atreides está com o povo Fremen e precisa lutar contra os Harkonnen, enquanto rola um questionamento religioso se ele seria o novo messias.

Nem sei por onde começar a falar. Acho que posso começar com o visual do filme. Não tenho ideia do quanto foi filmado em locações e quanto foi filmado em estúdio. Mas podemos afirmar que absolutamente nada parece artificial. Se existe tela verde e cgi (e deve ter de monte), não aparece na tela. Cenários, figurinos, props, efeitos especiais, efeitos sonoros, tudo é tecnicamente perfeito.

Vi o filme no Imax. Não só a imagem é ótima, como o som estava muito alto (em algumas cenas, as poltronas do cinema tremiam!) Todo o som do filme é impressionante, tanto a trilha sonora de Hans Zimmer quanto os efeitos sonoros – o efeito usado nas vozes imperativas é assustador.

Vou copiar um parágrafo que escrevi no texto do primeiro filme, porque repito o mesmo comentário: “De vez em quando falam coisas como “o streaming vai matar o cinema”. Olha, a não ser que você seja muito rico e tenha uma sala de cinema especialmente construída na sua casa, não tem como barrar a experiência de ver um filme desses numa sala de cinema, com uma tela grande e um som equilibrado em volta. Duna é filme pra se ver no cinema!

Uma coisa que heu não me lembrava era toda a pegada religiosa. Paul Atreides vira quase um líder de uma seita extremista. E o personagem do Javier Bardem está ótimo como o cara que alimenta todo o fanatismo em volta desse messias.

O elenco é excelente. Timothée Chalamet está muito bem como o protagonista, e, apesar de ser magrelo, convence quando precisa assumir o papel de liderança. Mas quem rouba a cena é Austin Butler (o Elvis!) como Feyd-Rautha, papel que foi do Sting na versão de 84. Butler está assustador! Muito mais do que Dave Bautista que tem porte físico para colocar medo nos adversários.

(Uma curiosidade: Villeneuve disse que pensou no personagem como uma mistura entre o Mick Jagger, um assassino psicopata, um espadachim olímpico e uma cobra. Mick Jagger foi cotado para viver o mesmo personagem na versão de Alejandro Jodorowsky que nunca foi terminada.)

Ainda no elenco, vou contra a maré. Achei que a Zendaya foi o ponto fraco. A personagem dela gosta do Paul, mas resolve não apoiar o lado messiânico, e na minha humilde opinião ela não conseguiu trabalhar bem essa dualidade. Não estraga o filme, mas todo o resto está melhor.

Também no elenco, Rebecca Ferguson, Josh Brolin, Florence Pugh, Christopher Walken, Léa Seydoux, Stellan Skarsgård e Charlotte Rampling, além do já citado Javier Bardem. E uma curiosidade: Anya Taylor-Joy está no filme mas só aparece em uma cena! Piscou, perdeu!

É um filme longo, duas horas e quarenta e seis minutos. Vai ter gente dizendo que é um filme chato. Mas heu consegui “entrar” no filme e em nenhum momento me cansou.

Por fim, gostaria de falar sobre o final do filme. Heu tinha um pé atrás porque o imdb já falava sobre um terceiro filme, e fiquei traumatizado com o Aranhaverso 2, filme que não tem fim. Mas, a boa notícia é que Duna Parte 2 faz o correto: encerra a história que estamos vivendo, e deixa pontas soltas para serem resolvidas num possível terceiro filme. Mas, se não tiver esse terceiro filme, ok, temos um encerramento.

Filmão. Grandes chances de top 10 do ano.

Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo

Crítica – Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo

Sinopse (imdb): Uma jovem sai em busca de guerreiros de outros planetas para enfrentar um exército de invasores que aterrorizam a pacífica colônia onde vive.

Estou atrasado. Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo (Rebel Moon – Part One: A Child of Fire, no original) foi lançado no fim de dezembro, na época que heu estava montando minhas listas. Mas, depois de ver o filme, fiquei pensando se a estratégia foi exatamente essa, acho que lançaram numa época onde boa parte dos críticos estaria fazendo listas…

Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo é uma tentativa do Zack Snyder de fazer um filme de Star Wars. Segundo o imdb, Snyder teria apresentado o roteiro pra Lucasfilm em 2012, mas o projeto acabou cancelado. Anos depois, Snyder levou pra Netflix e conseguiu sinal verde.

Mas, diferente da maioria, não vou falar muito mal de Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo. Não, não é um bom filme, mas também não é esse lixo todo que estão falando. Como comentei aqui semana passada, as expectativas podem influenciar positiva ou negativamente, e as minhas expectativas para esse filme eram zero, heu já sabia que ia ver um filme genérico. E Rebel Moon é exatamente isso, um Star Wars genérico – e cheio de câmera lenta.

Na verdade, o roteiro de Rebel Moon parece um fan film escrito por um adolescente que acabou de ver, pela primeira vez, Guerra nas Estrelas e Mercenários das Galáxias. Porque tudo no filme lembra Guerra nas Estrelas (tem até uma espada luminosa pra ser o sabre de luz!), e o desenrolar da história é o mesmo de Mercenários das Galáxias (que é a mesma história de Os Sete Samurais – uma vila pobre é atormentada por cruéis vilões, e uma pessoa da vila sai atrás de ajuda de samurais de outros lugares).

Em defesa de Rebel Moon, o visual do filme é muito bonito. A protagonista mora numa lua de um planeta com anéis, é muito legal em vez de ter uma lua no céu, ter um planeta enorme. É um filme vazio, mas pelo menos é bonito. Snyder deveria desistir de roteiro e focar só na direção de fotografia. Fica a dica!

Ah, sim, tem câmera lenta. Muitas vezes. Exageradamente. Mas, é uma das características do diretor. Reclamar de câmera lenta em filme do Zack Snyder é a mesma coisa que reclamar de lens flare em filme do JJ Abrams, ou de closes nos pés das atrizes em filme do Tarantino, ou de tudo estar simétrico em filme do Wes Anderson. Faz parte do pacote.

O elenco é ok. Sofia Boutella faz a protagonista, gosto dela, torço pra que ela consiga filmes melhores. Anthony Hopkins faz a voz do robô que aparece no início. Jena Malone faz a aranha gigante, está difícil de reconhecer. Uma curiosidade: é a primeira que Ed Skrein e Michiel Huisman trabalham juntos, desde que o segundo substituiu o primeiro como o Daario Naharis em Game Of Thrones. Também no elenco, Djimon Hounsou, Doona Bae, Ray Fisher, Charlie Hunnam, Cary Elwes e Cleopatra Coleman.

Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo tem um problema bem comum hoje em dia, que é ter uma história sem fim. Parece que o filme inteiro é sobre o recrutamento dos “sete samurais”, e a história em si só deve começar no próximo filme. Acho ruim, mas é uma tendência cada vez mais recorrente. E o pior é que rolam boatos de que serão vários filmes e seriados nesse unviverso.

Agora, um problema que não é recorrente é essa mania de se fazer “versão do diretor”. Snyder já anunciou que em breve lançará outra versão. Caramba, se ele tinha luz verde da Netflix, por que não fazer uma única e definitiva versão???

Godzilla Minus One

Crítica – Godzilla Minus One

Sinopse (imdb): Em um Japão social e economicamente devastado após o término da Segunda Guerra Mundial, a situação chega a um nível ainda mais crítico quando uma gigantesca e misteriosa criatura surge do mar para assolar o país.

Heu preciso confessar que eu não sou muito fã de “filme de monstro gigante”. Vejo porque gosto de filmes de ação e de blockbusters. Mas nem sabia que ia ter um filme novo do Godzilla. Só depois é que fui descobrir que essa é uma versão japonesa. E posso dizer que gostei bastante do resultado final, gostei mais deste Godzilla Minus One do que dos últimos hollywoodianos do “monsterverse”, lançados em 2014 (Godzilla), 2019 (Godzilla Rei dos Monstros) e 2021 (Godzilla vs Kong).

Fui catar na internet, segundo a wikipedia já são 40 títulos desde 1954. Segundo o que me disseram, este Godzilla Minus One seria para comemorar os 70 anos do Godzilla, mas como ano que vem tem filme novo do “monsterverse”, lançaram este em 2023 pra não confundir.

Diferente dos últimos filmes do Godzilla, esse se passa no Japão, logo depois da Segunda Guerra Mundial. Boa sacada, o país acabara de sair arrasado de uma guerra. Aliás, o nome do filme é relativo a isso: com a devastação causada pela guerra, o Japão foi reduzido a zero. Um monstro gigante reduziria ainda mais, por isso virou “menos um”.

Ainda aproveitando a ambientação da Segunda Guerra Mundial, o filme traz um piloto kamikaze como protagonista. Ele não era para estar lá, era para ter morrido durante a guerra, mas ele teve questionamentos e carrega esses questionamentos ao longo do filme inteiro. Foi uma ideia legal, não costumamos ver esse tipo de personagem sob este ângulo.

A direção é de Takashi Yamazaki, não vi nenhum outro filme dele. Mas achei curioso o nome bem parecido com a brasileira Tizuka Yamasaki, que fez alguns títulos “sérios” nos anos 80, como Gaijin Os Caminhos da Liberdade (1980) ou Parahyba Mulher Macho (1983) e depois fez vários filmes com a Xuxa. Cheguei a achar que podiam ser parentes, mas vi que a grafia é diferente, não devem ser parentes.

É uma produção japonesa, até onde entendi não tem a grana de um grande estúdio hollywoodiano. Não sei qual foi o orçamento, tampouco sei quais são os recursos que o estúdio japonês tem. Mas preciso dizer que existe uma cena de destruição de cidade aqui que é sensacional, é uma das melhores cenas de destruição de cidade que heu já vi no cinema! Essa cena da destruição da cidade só tem um problema: o ponto alto do filme acontece na primeira metade. Claro que existe uma batalha final, que é até boa, mas inferior à sequência da destruição.

Aliás é bom dizer que os efeitos do monstro são excelentes. É cgi, mas foi feito pra parecer uma pessoa dentro de uma fantasia, como os Godzillas clássicos. E o bichão é assustador!

Nem tudo funciona. Achei os momentos dramáticos um pouco acima do tom. O cinema oriental tem essa característica de ter atuações muito exageradas, isso acontece aqui, e, na minha humilde opinião o filme dedica tempo demais aos momentos dramáticos.

Felizmente isso não atrapalha o bom resultado final. Godzilla Minus One é um filme empolgante, e a plateia não vai sair decepcionada das salas de cinema. E a boa trilha sonora que lembra batalhas épicas vai ajudar na empolgação da plateia.

Não tem exatamente uma cena pós créditos, mas vale ficar até o final, fica a dica!

Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes

Crítica – Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes

Sinopse (imdb): Anos antes de se tornar o tirânico Presidente de Panem, Coriolanus Snow, aos 18 anos, vê uma chance de mudança de sorte quando é escolhido para ser mentor de Lucy Gray Baird, uma garota tributo do empobrecido Distrito 12.

Antes de tudo, preciso avisar que não sou um fã da franquia Jogos Vorazes. Vi todos os filmes, não são filmes ruins, mas reconheço que tenho uma certa implicância porque acho plágio do trash japonês Battle Royale. Enfim, achei que a franquia tinha acabado, foram quatro filmes entre 2012 e 2015. Mas, olha lá, tem espaço pra um prequel.

Dirigido por Francis Lawrence (que dirigiu três dos quatro filmes da franquia, e que não é parente da Jennifer), Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes (The Hunger Games: The Ballad of Songbirds & Snakes, no original) se passa 64 anos antes do primeiro filme, e mostra a juventude de Coriolanus Snow, que nos filmes anteriores é vivido por Donald Sutherland. O problema é que Snow é um vilão. Você pode até fazer um filme mostrando a origem de um vilão, mas precisa fazer um trabalho bem feito, porque é mais difícil para o espectador se identificar com um personagem malvado. E achei que aqui o trabalho não foi bem feito, não consigo visualizar pessoas torcendo pelo Snow a partir de agora.

Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes tem duas horas e trinta e sete minutos. É dividido em três partes: antes, durante e depois dos jogos. As partes antes e durante parecem uma coisa só é duram aproximadamente uma hora e trinta e sete; a hora final do filme, com o pós jogo, muda completamente o tom e parece um novo filme. Com isso, trago uma boa e uma má notícias. A má é que essa hora final é bem inferior, além de ter várias coisas que não fazem sentido. Mas pelo menos tem uma boa notícia: eles poderiam ter esticado um pouco e ter feito dois filmes. A gente teria que pagar um segundo ingresso para uma continuação bem fuen.

A parte final tem alguns momentos musicais. Acredito que a ideia era tentar concorrer ao Oscar de melhor canção. Ok, pode até ser. Mas, precisava de mais de uma música? Ficou bem chato.

Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes tem outro problema. Pela classificação indicativa, optaram em não mostrar sangue. O que é bizarro é que o tema do filme já é muito forte: jovens entrando numa arena para duelar até a morte. Fiquei me questionando sobre a lógica dessa classificação indicativa: não pode mostrar sangue, mas pode mostrar a galera se matando…

O elenco é ok. Tom Blyth é o protagonista; Rachel Zegler aqui não está dentro de uma polêmica. Viola Davis e Peter Dinklage estão ótimos como sempre. Também no elenco, Jason Schwartzman, Fionnula Flanagan, Hunter Schafer e Burn Gorman.

Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes não chega a ser ruim, acredito que vai ter gente que vai curtir nos cinemas. Mas, na minha humilde opinião, seria um filme muito melhor se 1- cortasse a hora final; e 2- usasse mais violência durante os jogos. Do jeito que ficou é apenas mais um filme esquecível.

As Marvels

Crítica – As Marvels

Sinopse (imdb): Quando os poderes de Carol Danvers, a Capitã Marvel, se entrelaçam aos de Kamala Khan, a Ms. Marvel, e aos de Monica Rambeau, atual astronauta da S.A.B.E.R., elas precisam aprender a trabalhar em conjunto para salvar o universo.

A expectativa para o novo filme da Marvel era zero. Não só tinha um monte de gente falando mal mesmo antes do filme estrear, como As Marvels (The Marvels, no original) não teve sessão de imprensa, sessão que acontece alguns dias antes da estreia para jornalistas, críticos e criadores de conteúdo, com o objetivo de ajudar a divulgar quando o filme estrear. Se a produção acha que não vai ter nenhum retorno, não faz a sessão – e aconteceu isso com As Marvels (pelo menos no Rio).

Dito isso, posso dizer que não é um grande filme, não é um filme para listar entre os melhores da Marvel. Mas também não é tão ruim assim. Vamulá.

Antes do filme, existe um problema que não é exclusivo deste filme, mas sim um problema da Marvel de um modo geral hoje em dia. Depois de 25 anos de filmes e séries, é difícil você fazer um filme independente. O novo lançamento sempre depende de outras coisas, o espectador tem que ter visto outros filmes e outras séries para conseguir pegar todos os detalhes. Sempre critiquei isso, e preciso continuar coerente comigo mesmo – são filmes que precisam de um “manual de instruções”. As Marvels é continuação de Capitã Marvel, mas também continuação da série Miss Marvel, e também continuação da série WandaVision. Se você não acompanhou o filme e as duas séries, talvez se sinta perdido.

Dirigido por Nia DaCosta, que fez o fraco reboot de Candyman, As Marvels era pra ser o segundo filme da Capitã Marvel, mas Carol Denvers divide o protagonismo com Monica Rambeau e Kamala Khan. As três protagonistas eventualmente trocam de lugar quando usam seus poderes e isso acaba gerando algumas cenas bem legais, com boas coreografias. Mas, por outro lado, temos algumas “roteirices” porque às vezes elas trocam de lugar, outras vezes não – ou seja, o que define essa troca é o que o roteiro está pedindo.

Ouvi críticas com relação a uma sequência onde elas vão para um planeta onde todo mundo só fala cantando, mas heu achei essa ideia muito boa. Entendo que, como gosto de musicais, tenho uma certa facilidade para aceitar uma ideia dessas. Parece um momento Bollywood, tudo muito colorido, com músicas, danças e coreografias. Minha única crítica a esse momento Bollywood é que a produção do filme pareceu tímida, e a sequência é curtinha. Se você vai usar uma ideia absurda, abrace o absurdo! Assuma a galhofa! Pareceu que o filme não queria “se sujar”.

Por outro lado, achei que a cena dos gatos não ficou legal. Era para ser talvez uma piada, mas eu achei que ficou tosco. Ficou mal explicado, mal desenvolvido, não funcionou.

Sobre o elenco: Brie Larson está ok. Ela não é uma pessoa simpática, tampouco uma personagem simpática, mas ela funciona dentro do que a proposta do filme pede. Teyonah Parris (Monica Rambeau) também não é nada demais, mas também funciona para o que o filme pede. Agora, admito que gostei da Iman Vellani (Kamala Khan). A jovem (21 anos) paquistanesa sempre se assumiu muito fã do MCU, e isso passa para a personagem: vemos que ela está muito feliz fazendo o filme. Atriz e personagem são muito fãs, e isso funciona muito bem na tela. Samuel L. Jackson não está bem, o personagem Nick Fury já foi legal, hoje em dia é uma caricatura do que já foi, em Invasão Secreta estava tão ruim quanto. A vilã interpretada por Zawe Ashton (esposa de Tom Hiddleston, o Loki) também não é boa. A Marvel tem alguns vilões muito bons e outros que não são. E a vilã aqui, Dar-Benn, está no segundo grupo.

As Marvels tem uma cena final que parece cena pós créditos, e uma cena no meio dos créditos. As duas são ganchos para possíveis caminhos futuros da Marvel, e as duas são empolgantes!

Ninguém Vai Te Salvar

Crítica – Ninguém Vai te Salvar

Sinopse (imdb): Uma mulher reservada e com transtorno de ansiedade deve lutar contra um alienígena que chegou em sua casa.

Ah, o mercado… Filmes meia boca como Jogos Mortais X vão pro cinema, enquanto filmes muito melhores como este Ninguém Vai te Salvar vão direto pro streaming. Pena…

Ninguém Vai te Salvar é o segundo longa metragem dirigido por Brian Duffield, roteirista de A Babá, Ameaça Profunda e Amor e Monstros. Gostei do cara, vou procurar o primeiro filme que ele dirigiu, Espontânea, que, segundo a sinopse, se passa num mundo onde pessoas simplesmente explodem do nada, sem aviso prévio.

Fiquei na dúvida sobre se seria spoiler comentar sobre os aliens. Mas, falar sobre Ninguém Vai te Salvar e não mencionar os aliens seria um texto muito curto: “não leiam NADA e vejam o filme!” Mas vou comentar o mínimo para não estragar a experiência de ninguém.

Uma característica curiosa de Ninguém Vai te Salvar é ser um filme sem diálogos. Segundo o imdb, apenas oito palavras são ditas ao longo de todo o filme! A protagonista fica quase o filme todo só interagindo com os alienígenas, que falam uma língua incompreensível. E existe algo no passado dela, então nas poucas cenas onde ela tem alguma interação com os habitantes da cidade, essa interação é truncada.

Ninguém Vai te Salvar ainda traz alguns daqueles detalhes bem filmados do jeito que heu gosto. Um exemplo: em uma cena, a protagonista está num ônibus e descobre um alienígena, e ela quer fugir do ônibus. Vemos então o ônibus parado, a câmera se afasta e só então vemos que ela já está correndo. Detalhes que não são essenciais, mas engrandecem a experiência de se assistir um filme.

E isso porque não estou falando da sensacional primeira meia hora de filme, que mostra a casa sendo invadida e a protagonista tentando escapar. Sequência tensa, e com um desfecho onde quase dei um salto da poltrona.

Sobre o cgi dos aliens: em algumas cenas ficou meio falso. Mas por outro lado às vezes os vemos com movimentos propositadamente estranhos. Isso amenizou as falhas. Ah, gostei de ter formatos diferentes de aliens!

Além da aparência dos ets lembrar o clássico “alien grey”, o plano deles também lembra os filmes de invasão alienígena dos tempos da guerra fria, onde humanos são “alterados” para aceitarem a nova situação, em uma metáfora sobre o comunismo. E sim, o clima às vezes lembra a série Twilight Zone.

No elenco, todos os elogios possíveis à Kaitlyn Dever (Ingresso Para o Paraíso), que passa quase o filme inteiro sozinha e sem falar com ninguém. Ela está excelente!

Preciso falar do final do filme, mas sem entrar em spoilers. É um final que vai dividir opiniões, e preciso admitir que estou no grupo que não gostou do rumo tomado. Mas, em defesa do filme, sempre defendi quando filmes pegam caminhos fora do óbvio, então não vou reclamar da decisão do diretor.

Ninguém Vai te Salvar está no Star+, ou seja, pouca gente vai ver. Ah, o mercado…

Resistência

Crítica – Resistência

Sinopse (imdb): Em meio a uma futura guerra entre humanos e inteligência artificial, Joshua é recrutado para localizar e matar o Criador – misterioso arquiteto responsável por desenvolver uma arma capaz de acabar com o confronto e com toda a humanidade.

Esta nova ficção científica prometia ser um grande marco no cinema. Afinal, a gente teria algo incomum hoje em dia: um blockbuster “independente”. Hoje quase todos os grandes filmes são continuações, remakes, reboots, spin offs, adaptações de livros, games, HQs, novos filmes usando personagens conhecidos… É difícil ver algo novo, sem nenhuma conexão com nada já publicado (o mercado explica isso, é mais fácil vender um filme que as pessoas já tem alguma conexão).

Tecnicamente falando, Resistência (The Creator, no original) é um filme “independente”, afinal, não traz conexão com nenhuma outra obra publicada. Mas, o problema é que tudo parece reciclado. Resistência parece uma mistura de Matrix com Exterminador do Futuro com Blade Runner com Distrito 9 com IA com Ex Machina. Coloca tudo no liquidificador e bate, vai sair algo parecido com isso.

Não só o roteiro parece uma colagem de outros filmes, como tem algumas coisas meio estranhas. Vou dar só um exemplo pra não entrar em spoilers: no início do filme comentam que as missões na Ásia não têm bases americanas perto, o mais perto seria a 600 km. Mas mais pro fim do filme aparecem veículos americanos enormes, se as bases eram longe, como aqueles veículos chegaram lá?

Se por um lado o roteiro de Resistência deixa a desejar, por outro lado os efeitos especiais são de cair o queixo. Absolutamente tudo o que esta na tela tem um visual impressionante: desde os diferentes tipos de robôs e veículos, até as construções e paisagens futuristas e grandiosas. Sei que ainda é cedo e nem sei quais filmes vão concorrer, mas arrisco dizer que Resistência é um forte candidato ao Oscar de melhores efeitos especiais.

Resistência foi escrito e dirigido por Gareth Edwards, o mesmo de Monstros, Godzilla e Rogue One. O que interessa ao meu comentário é que é o mesmo diretor de Monstros, porque e Resistência traz duas semelhanças. Uma está na qualidade dos efeitos, mesmo usando orçamento reduzido. Monstros tinha orçamento de filme independente e trazia efeitos especiais excelentes; Resistência tem orçamento inferior à maioria dos blockbusters atuais e isso definitivamente não aparece na tela. A outra semelhança é no estilo de filmagem, que usou tática de cinema de guerrilha. Em Monstros, em algumas cenas, eram só o diretor, uma pessoa da equipe técnica e os dois atores. Boa parte do que está na tela eram cenários e pessoas “reais”, que não sabiam que estavam participando de um filme. Resistência usou a mesma estratégia, usando câmeras pequenas e filmagens em locações, que foram alteradas em pós produção – o que gerou um resultado bem melhor do que usar tela verde.

O elenco traz aquele batido clichê do adulto que acompanha uma criança especial (como vimos recentemente em Mandalorian e The Last of Us). O problema deste clichê é que você precisa se afeiçoar aos personagens. E achei que faltou carisma ao protagonista John David Washington. Ok, admito um pouco de head canon aqui, porque sempre comparo John David com seu pai, Denzel Washington – é difícil quando você é filho de um ator do porte do Denzel, porque as comparações serão inevitáveis. Mas, head canon à parte, John David é bom, mas não me fez torcer por ele. Também no elenco, Gemma Chan, Allison Janney, Ken Watanabe, Ralph Ineson e a menina Madeleine Yuna Voyles.

Sei que falei mal do roteiro de Resistência, mas mesmo assim ainda recomendo a ida ao cinema. Não por ser um filme “inovador” ou “revolucionário”, mas pele visual. Esse visual vale o preço do ingresso!

Guardiões da Galáxia Vol. 3

Crítica – Guardiões da Galáxia Vol. 3

Sinopse (imdb): Ainda se recuperando da perda da Gamora, Peter Quill reúne sua equipe para defender o universo e um deles – uma missão que pode significar o fim dos Guardiões se não for bem-sucedida.

Normalmente evito expectativas, mas com esse Guardiões da Galáxia Vol. 3 era difícil por causa de seu diretor: James Gunn. Aos poucos, Gunn mostrou que ele é “o cara”: começou na Troma, e fez alguns filmes legais mas nada muito relevante. Aí foi pra Marvel e fez o primeiro Guardiões, e a gente tem que lembrar que era um projeto super arriscado: um grupo de alienígenas onde um deles era um guaxinim e outro era uma árvore, e que a gente sabia que no futuro iam se juntar aos Vingadores. E mesmo assim, Guardiões da Galáxia foi um dos melhores filmes do MCU. Mas, depois do segundo filme, rolou aquela parada da Disney fuçar tweets antigos do cara e ele foi demitido. A DC então o contratou pra “consertar” o Esquadrão Suicida, e o seu filme com o Esquadrão foi o melhor do DCEU. Agora, de volta à Marvel, como segurar a ansiedade?

E a boa notícia é que mesmo com expectativa alta, James Gunn nos trouxe o melhor filme da Marvel em um bom tempo. Um filme que te faz rir, te faz chorar, tem personagens muito bem construídos e ainda traz alguns cenários bem diferentes do óbvio. E além disso, um belo fechamento para a saga dos Guardiões.

Claro que o filme é muito engraçado. Guardiões sempre foi galhofa, e continua sendo – são vários os momentos hilários. Mas este terceiro filme traz a história que conta o triste passado do Rocket Racoon. Aqui a gente conhece o passado dele, e consegue entender por que ele não quer falar sobre isso. É um momento que, arrisco dizer, vai arrancar lágrimas dos espectadores. E vai ter muita gente que vai virar fã do Rocket depois do filme.

Aproveito pra falar dos personagens. Temos um rico time de personagens, e, coisa difícil num grupo tão numeroso – conhecemos características de todos eles! Peter Quill, Gamora, Rocket, Groot, Drax, Mantis, Nebula… Tem até espaço pra secundários como Kraglin e Cosmo! Ok, você pode argumentar que já vimos os personagens por alguns filmes, é verdade, tem mais tempo para conhecê-los. Mas, pensa só: já temos mais de dez Velozes e Furiosos, e mesmo assim tem alguns personagens do grupo que a gente não lembra nem do nome, muito menos da personalidade. Aqui não, conhecemos cada um, é como se fossem velhos amigos.

Além dos personagens, Guardiões da Galáxia Vol. 3 também tem um visual bem exótico. O filme aproveita que estamos no espaço e que nada precisa seguir uma lógica terrestre, e temos excentricidades como uma base espacial orgânica – com detalhes como pelos e uma camada de gordura debaixo da pele. E o interior dessa base parece uma mistura de Barbarella com A Fantástica Fábrica de Chocolates.

Falando em visual, preciso falar do plano sequência na cena do corredor. Ok, a gente sabe que é um plano sequência “fake” porque tem muita coisa digital no meio, mas mesmo assim vejo valor em quem consegue conceber uma cena como aquela, onde vemos todos em ação, cada um no seu estilo.

Como acontece nos outros filmes, temos algumas referências aos anos 80, como citações a Dirty Dancing e Robocop – e preciso falar que essa do Robocop estava me incomodando, porque o visual do vilão é muito parecido com o Robocop sem máscara.

(Outra daquelas coisas que “todo mundo fala”: a Gamora não entende o Groot, normal, aí ela fala “vocês estão inventando isso!” Gosto quando um filme se sacaneia!)

Falando das referências, preciso falar da trilha sonora. Antes o Peter Quill tinha um walkman, que foi quebrado. Aí ele ganhou um aparelho com centenas de músicas, e agora não estamos mais presos somente aos anos 80. E uma coisa bem legal que tinha nos filmes anteriores acontece de novo aqui: a letra da música que está tocando “conversa” com o roteiro. Um exemplo simples que é logo a primeira cena do filme: o Rocket sempre se sentiu excluído, e começamos ouvindo Creep, do Radiohead: “I wish I was special, but I’m a creep, I’m a weirdo”. Pena que boa parte do público brasileiro não vai captar essa sutileza.

O elenco é ótimo. Todos os atores dos outros filmes estão de volta: Chris Pratt, Karen Gillan, Zoe Saldana, Pom Klementieff, Dave Bautista, Bradley Cooper, Vin Diesel, Sean Gunn e Maria Bakalova – e ainda tem uma ponta do Michael Rooker. Ah, trabalhar com James Gunn deve ser bom. Vários atores que estavam no Esquadrão Suicida aparecem aqui: Chukwudi Iwuji, Nathan Fillion, Daniela Melchior e Jennifer Holland (Sylvester Stallone também estava em Esquadrão Suicida, mas ele já tinha aparecido numa cena pós créditos do Guardiões 2). Ainda no elenco, Linda Cardellini, Elizabeth Debicki e Will Poulter

O fim do filme traz um encerramento pra trilogia. Claro, sempre pode haver um novo filme, uma nova saga. Mas se acabar por aqui, foi um bom final.

Planeta Fantástico

Crítica – Planeta Fantástico

Sinopse (imdb): Em um planeta distante onde gigantes azuis governam, humanoides oprimidos se rebelam contra seus líderes mecânicos.

Quando a gente pensa em longa de animação, a primeira coisa que a gente pensa é em filme infantil. Bem, nem toda animação é infantil. Ficção científica, Planeta Fantástico é um bom exemplo.

Dirigido por René Laloux em 1973, Planeta Fantástico (La Planète Sauvage no original) foi baseado no livro “Oms en série”, escrito por Stefan Wul apresenta um mundo diferente, onde os habitantes são humanoides azuis, os “draags”, muito maiores que os humanos. Sabemos disso porque eles usam humanos, chamados de “oms”, como animais de estimação.

Apesar de ter sido idealizado na França, Planeta Fantástico foi animado na Checoslováquia, e teve atrasos na produção porque em 1968 a União Soviética invadiu a Checoslováquia. O filme demorou cinco anos para ser finalizado.

Tenho dois comentários quase opostos sobre a técnica de animação. O primeiro é um elogio à riqueza visual do planeta Ygam. Pensa só: era 1973, se fosse um filme, usaria cenários toscos e animatronics igualmente toscos, dificilmente ia ter um visual impressionante. O fato de ser uma animação permitiu algumas excentricidades visuais, tem alguns animais e plantas bem “fora da caixinha”, isso foi muito positivo. E a excelente trilha sonora de rock psicodélico composta por Alain Goraguer ajuda a criar esse clima.

Por outro lado, a qualidade da animação é bem básica. Às vezes parecia aquelas animações de colagens feitas pelo Terry Gilliam nos filmes do Monty Python. Mas, não me pareceu um problema, e sim uma opção estilística. Ok, aceito. Mas, me sinto na obrigação de avisar que a animação é bem simples.

O tema do filme levanta interessantes discussões sobre aspectos sociais e políticos, sobre oprimidos e opressores, cutuca a religião, e ainda levanta questões sobre o modo como cuidamos de nossos animais de estimação. Daqueles filmes que te fazem pensar quando acaba.

Normalmente sou contra refilmagens, mas, taí, seria legal uma nova versão deste filme, desta vez em live action, explorando os efeitos visuais que temos hoje em dia. Será que um dia vão fazer?

65 – Ameaça Pré-Histórica

Crítica – 65 – Ameaça Pré-Histórica

Sinopse (imdb): Um astronauta cai em um planeta misterioso apenas para descobrir que não está sozinho.

Tudo indicava que, apesar de boas promessas, 65 – Ameaça Pré-Histórica (65, no original) seria ruim. Vamos por partes.

Primeiro o que prometia ser positivo. Em primeiro lugar, gosto do tema – ficção científica com dinossauros! Também gosto do protagonista Adam Driver. Por fim, o filme foi dirigido pela dupla de roteiristas de Um Lugar Silencioso. Ou seja, haviam indícios de que teríamos um bom filme.

Mas… O filme não teve sessão de imprensa, e quando isso acontece, normalmente é porque estão escondendo uma bomba. E depois, lendo o imbd, descobri que não foi algo local (às vezes sessões de imprensa não acontecem no Rio de Janeiro, mas acontecem em São Paulo) – nem nos EUA fizeram sessões de imprensa! Além disso, a divulgação do filme estava muito ruim. A distribuidora simplesmente não acreditou no potencial do filme e só jogou no circuito.

Mas, como falei, gosto do tema, fui ao cinema ver. E confirmei: infelizmente, é realmente ruim.

Uma hora e meia de filme, e mesmo assim o filme não decola. O ritmo é péssimo, alterna momentos onde o filme se arrasta, com momentos onde tudo é muito corrido. E tem algumas coisas que me deram raiva, onde não existe consequência para os personagens. Tipo, o cara cai do alto de uma árvore e machuca o ombro, e segundos depois ele já está com o ombro 100%. Ou em outra cena, onde vemos a menina passando mal porque tem um bicho dentro da boca dela, e segundos depois ela já está 100%. Se é pra não gerar nenhum problema, por que os personagens passam por isso?

Uma coisa deu muita raiva. Estamos diante de aparelhos super tecnológicos. E o cara é o piloto de uma nave com pessoas que falam outras línguas. Como assim não tinha nada pra ajudar a comunicação?

Sou otimista, e consegui salvar algumas coisas. Tem uma boa cena, onde um T-Rex está escondido pela falta de iluminação. E tem uma luta entre o Adam Driver e um dinossauro que a gente vê através de um pequeno holograma que ele usa pra localização. Salvam o filme? Claro que não. Mas são duas boas cenas. Ah, os dinossauros não são ruins, o cgi é aceitável.

O elenco tem basicamente três atores, sendo que uma aparece em flashbacks. Ou seja, dois atores ao longo do filme. Adam Driver é um grande ator e ele não consegue estar ruim. Mas a dúvida é: o que diabos ele está fazendo num filme desses???

No fim, fica aquela sensação de uma hora e meia perdida, e de uma boa ideia desperdiçada. Tinha potencial, ah, tinha…