Dunkirk

DunkirkCrítica – Dunkirk

História real do resgate de soldados aliados, que foram encurralados pelos alemães na cidade de Dunquerque, na França.

Filme novo do Christopher Nolan sempre me deixa com o pé atrás. Se por um lado o cara é indubitavelmente talentoso e sabe filmar como poucos, por outro lado, muitas vezes seus filmes são chatos. É só a gente se lembrar do seu último filme, Interestelar – filmaço, mas longo e arrastado, IMHO.

Logo de cara vi que este Dunkirk (idem, no original) tinha uma vantagem: a duração. Menos de duas horas? Taí uma boa notícia quando falamos de um diretor que às vezes se estende demais.

A narrativa é dividida em três linhas temporais. A ação na terra se passa ao longo de uma semana; na água, em um dia; no ar, em uma hora. Essas linhas são misturadas, mas a edição ficou um pouco confusa. Nolan fez isso melhor em A Origem.

Por outro lado, o visual do filme é fantástico. Nolan usou câmeras Imax e lentes de 70 MM, e evitou o cgi (como costuma fazer). Boa parte do que vemos na tela estava realmente lá. A produção conseguiu um avião Spifire original, e uma das cenas no mar contou com 62 barcos. O filme teve 1.500 figurantes, e nas cenas onde aparecia ainda mais gente, usaram figuras de papelão lá no fundo. O resultado visual é incrível!

A onipresente trilha sonora de Hans Zimmer ajuda a manter o clima pesado e desconfortável. E aqui, mais uma boa notícia ligada à duração do filme. Se a metragem fosse maior, ia cansar.

Dunkirk não tem um protagonista, os personagens principais são vários. Aliás, também não tem exatamente um antagonista, o inimigo são os alemães, que nem aparecem. No meio de vários jovens desconhecidos, temos alguns nomes familiares, como Mark Rylance, Tom Hardy, Kenneth Brannagh e Cillian Murphy. Uma curiosidade: um dos atores novos é Harry Styles, ídolo adolescente, ex membro da banda teen One Direction. Li em algum lugar que Nolan não sabia disso, e teria se espantado quando, em uma pré estreia, várias fãs foram tietar o cantor.

Boa opção para os fãs de filmes de guerra. Também boa opção para quem gosta de um belo espetáculo visual. E a boa notícia é que o Imax não está em 3D!

p.s.: Por que o nome do filme não foi traduzido? Os livros de história falam da Batalha de Dunquerque, a cidade francesa tem nome em português. É que nem se traduzissem “London has Fallen” por “Invasão a London”…

Até o Último Homem

ate-o-ultimo-homemCrítica – Até o Último Homem

A história de Desmond Doss, religioso e pacifista, que serviu na Segunda Guerra Mundial, em Okinawa, e foi a primeira pessoa a ganhar a medalha de honra sem ter dado nenhum tiro. Baseado numa história real.

Mel Gibson se envolveu em polêmicas na sua vida pessoal e isso afetou sua carreira cinematográfica. Como falei no texto sobre Herança de Sangue, ele tem atuado em poucos filmes nos últimos anos. Digo mais: desde Apocalypto, de 2006, ele não dirigia.

Agora tudo indica que Gibson fará as pazes com Hollywood. Seu novo filme como diretor, Até o Último Homem (Hacksaw Ridge, no original), está concorrendo a 6 Oscars, incluindo melhor filme e melhor diretor – Gibson tem a chance de repetir o feito de igualar o feito de 1996, quando levou as duas estatuetas por Coração Valente.

Se Até o Último Homem vai ganhar algum Oscar, ninguém sabe. O que sabemos é que é um filmaço. Um dos melhores filmes de guerra dos últimos tempos.

As cenas de guerra são sensacionais. Arrisco dizer que desde O Resgate do Soldado Ryan não vemos cenas de batalha tão viscerais – são longas, detalhistas, violentas, e extremamente bem filmadas – o espectador se sente dentro da guerra.

Nem tudo é perfeito. Os japoneses são todos retratados como kamikazes sem sentimentos. Nada grave, mas já vi filmes de guerra menos maniqueístas. O protagonista ser endeusado no fim incomodou alguns críticos, mas achei coerente com o resto do filme.

No elenco, a surpresa positiva é Andrew Garfield, “o Homem Aranha que não deu certo“, que está muito bem – tanto que está concorrendo ao Oscar de melhor ator. Hugo Weaving e Vince Vaughn também se destacam.  Ainda no elenco, Sam Worthington, Teresa Palmer, Rachel Griffiths e Luke Bracey.

Ainda não vi todos os candidatos ao Oscar. Mas se La La Land perder pra Até o Último Homem, ninguém vai poder dizer que foi injustiça.

Sniper Americano

sniperamericanoCrítica – Sniper Americano

Mais uma “cinebiografia de Oscar”…

Durante a guerra do Iraque, o fuzileiro americano Chris Kyle salva inúmeras vidas nos campos de batalha devido à sua pontaria apurada, e acaba virando uma lenda por causa disso. De volta para casa, para sua esposa e seus filhos, ele descobre que não consegue deixar a guerra para trás. Baseado no livro escrito pelo próprio Chris Kyle.

Dirigido por Clint Eastwood, Sniper Americano (American Sniper, no original) tem um problema sério: é muita propaganda militar norte-americana – mais uma vez aquele papo maniqueísta de “matar um soldado americano é um crime horroroso, mas matar um iraquiano é legal”. Como já falei antes, não tenho nada contra os EUA, pelo contrário, sou um admirador do cinema e da música norte-americana. Mas não gosto dessa propaganda militar maniqueísta.

(Pra falar a verdade, me lembrei de Bastardos Inglórios, onde fazem um filme para glorificar um sniper alemão. Sniper Americano me pareceu EXATAMENTE a mesma coisa, só mudou o país e a guerra.)

E aqui tem um agravante: usaram a guerra errada. O cara vira um herói no Iraque, onde os EUA invadiram atrás de “armas de destruição em massa”, mas que até agora não encontraram nada. Assim, fica difícil ter simpatia por Chris Kyle, afinal, a gente sabe que ele era uma marionete do governo norte-americano, numa guerra baseada numa mentira…

Por outro lado, quem for analisar só a parte técnica pode curtir. Sniper Americano é um filme muito bem feito, com boas cenas de batalha e tensão nas doses certas. Tá, algumas cenas são desnecessariamente piegas (tipo, precisa de um cara sem perna pra dizer pro moleque que o pai dele é um herói?), mas acho que esse era o objetivo.

Peço desculpas aos fãs do diretor Eastwood e do ator Bradley Cooper (que está bem, admito). Mas, pra mim, não desceu.

O Jogo da Imitação

o jogo da imitaçãoCrítica – O Jogo da Imitação

Vamos de mais “filme de Oscar”?

Durante a Segunda Guerra Mundial, o matemático Alan Turing cria um computador para tentar decifrar a máquina alemã Enigma.

De uns anos pra cá, cinebiografias são bem cotadas no Oscar. Por isso a enxurrada de lançamentos neste estilo: nas últimas semanas, tivemos A Teoria de Tudo, Foxcatcher, American Sniper, Invencível e agora este O Jogo da Imitação. E, olha só: todos esses filmes estão concorrendo a Oscars…

Dirigido pelo pouco conhecido Morten Tyldum, O Jogo da Imitação (The Imitation Game, no original) traz uma boa história e um ator principal inspirado. Mas, quando acaba o filme, ficamos com a sensação de que falta alguma coisa para ser um grande filme.

Se o filme não é grandes coisas, o mesmo não podemos dizer da atuação de Benedict Cumberbatch, que cria uma espécie de Sheldon Cooper (The Big Bang Theory) mais sério e mais complexo (várias cenas do filme lembram o comportamento do Sheldon, como quando ele está na entrevista de emprego, e comenta “eu não queria este emprego”; seu interlocutor pergunta “então o que você está fazendo aqui?” e a resposta é “é que vocês estão procurando o maior matemático do mundo, então estou aqui…”).

Cumberbatch mostra (mais uma vez) que é um dos melhores atores da sua geração – pena que este ano ele tem pouca chance no Oscar, que deve ficar com Michael Keaton (Birdman) ou Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo). Alan Turing é um personagem rico, um cara muito inteligente e com sérios problemas de relacionamento com os seres humanos em volta dele – e, ainda por cima, gay, numa época onde isso era proibido por lei. E Cumberbatch passa toda essa complexidade e carrega o filme nas costas. Keira Knightley foi colocada no filme pra vermos uma mulher bonitinha, a Joan Clarke original não tinha nada a ver com ela – pelo menos Keira é simpática e está bem no seu papel. Ainda no elenco, Matthew Goode (o Ozymandias de Watchmen), Charles Dance (o Tywin Lannister de Game of Thrones) e Mark Strong (o Frank D’Amico de Kick-Ass).

Pena que, apesar de Cumberbatch, e apesar de ser um filme sobre um cara fascinante, mostrando um lado pouco conhecdo da Segunda Guerra Mundial, O Jogo da Imitação entrega um resultado apenas “correto”.

p.s.: Ouvi um boato que Benedict Cumberbatch e o produtor Harvey Weinstein querem uma audiência com a Rainha para reconhecer Alan Turing como herói de guerra. Tomara que consigam!

O Grande Heroi

0-O-Grande-HeróiCrítica – O Grande Heroi

Há tempos não vejo uma propaganda pró militar dos EUA tão maniqueísta!

Afeganistão. Uma equipe de quatro soldados americanos se vê encurralada por soldados do Taliban. Baseado em fatos reais.

Vamulá. Não tenho nada contra os EUA, absolutamente nada contra a cultura norte-americana e o american way of life. Sou fã de fast food e do cinema feito em Hollywood, seria hipocrisia da minha parte falar mal dos EUA à toa. Mas, do jeito que as coisas são mostradas em O Grande Heroi, me senti mal.

Pegando um exemplo recente: em Capitão Philips, sabemos que os americanos são os mocinhos e que os piratas somalis são os vilões. E mesmo assim, vemos “o lado de lá”, os piratas têm uma motivação. Aqui não. Não interessa se os EUA invadiram o Afeganistão. Todo americano é santo e bonzinho, enquanto quase todos os afegãos são malvados e vão queimar no inferno.

Uma cena em particular me causou náuseas. Depois de matar vários afegãos, um soldado americano é atingido e capturado. Ele carregava um papel com opções de cores para a reforma da sua casa. E, enquanto ele morre, close cheio de estilo no papel amassado. “Coitadinho, olha como os inimigos malvados destruiram o sonho do heroi americano…”

Ah, tem outro problema: o nome original, “Lone Survivor” (“único sobrevivente”), é um grande spoiler, né? 😉

O diretor Peter Berg (Battleship) até mostra algum talento nas cenas de batalha – as cenas da galera rolando ribanceira abaixo são impressionantes. E o elenco é bom – Mark Wahlberg, Taylor Kitsch, Emile Hirsch, Ben Foster e Eric Bana – nenhum grande ator, mas todos funcionam dentro do esperado.

Mas, a não ser que você seja fã do “american way of war“, O Grande Heroi é intragável. E o fim, mostrando fotos dos “herois” reais, só piora tudo.

Caçadores de Obras Primas

0-cacadores1Crítica – Caçadores de Obras Primas

Filme novo escrito, dirigido e estrelado por George Clooney!

Durante a Segunda Guerra Mundial, um pelotão formado por conhecedores de arte é formado para tentar recuperar e proteger obras de arte cobiçadas pelos nazistas. Baseado numa história real.

O melhor de Caçadores de Obras Primas (The Monuments Men, no original) é o elenco. Arrisco a dizer que o mesmo filme com atores desconhecidos ia passar desapercebido.

O elenco vale o ingresso. Não é sempre que temos George Clooney, Matt Damon, John Goodman, Bill Murray, Cate Blanchett, Jean Dujardin, Hugh Bonneville e Bob Balaban. E, felizmente, todos estão inspirados.

O ponto fraco é o roteiro, escrito por Clooney e seu parceiro Grant Heslov (este é o terceiro filme que escrevem juntos), livremente baseado no livro de Robert M. Edsel e Bret Witter (os personagens não estão no livro), que não se decide entre o drama e uma comédia no estilo de 11 Homens e um Segredo (que também tinha um elenco excelente, mas tinha um roteiro melhor). O filme se arrasta entre os vários núcleos de personagens, e só se sustenta pelo carisma dos atores.

A produção é bem cuidada, filme de época, segunda guerra mundial, etc. Caçadores de Obras Primas é um filme tecnicamente “correto”, Clooney tem prestígio perante os estúdios. Pena que isso não é o suficiente para se fazer um filme “bom”.

Por fim, o título nacional. Não é um título ruim. Mas meu amigo Oswaldo Lopes Jr., crítico da finada revista Cinemin, fez um ótimo comentário: “perderam a chance de chamar o filme de ‘Os Caçadores da Arte Perdida’…” Realmente, ia ser uma boa piada interna…

Maré Vermelha

Crítica – Maré Vermelha

Hora de rever Maré Vermelha!

No meio de uma crise internacional, um submarino nuclear recebe ordens para atacar uma base rebelde russa. Logo em seguida é recebida uma nova mensagem, porém incompleta devido a uma falha na transmissão. Enquanto o capitão acha que eles devem se manter fiéis à ordem original, o segundo na hierarquia crê que a solução é esperar pela mensagem completa.

Dirigido por Tony Scott, Maré Vermelha (Crimson Tide, no original) é um bom thriller de ação de 1995, que traz um dilema interessante: dependendo da decisão tomada, o submarino pode impedir a terceira guerra mundial – ou então começá-la.

Quase todo o filme se passa dentro de um submarino, criando um clima claustrofóbico e tenso por causa da proximidade da guerra e pelo excesso de testosterona. O elenco, quase todo masculino, é uma das melhores coisas de Maré Vermelha. Gene Hackman e Denzel Washington estão excelentes, assim como Viggo Mortensen (pré Senhor dos Aneis), James Gandolfini (pré Sopranos), Matt Craven e George Dzundza. Steve Zahn pouco aparece num papel pequeno.

O roteiro, escrito por Michael Schiffer, tem uma história curiosa. Poucos anos antes, Scott nos apresentou um de seus melhores filmes, Amor À Queima Roupa, baseado no roteiro de um cara então pouco conhecido, um tal de Quentin Tarantino, na época ainda um jovem promissor com apenas um filme no currículo como diretor (Cães de Aluguel) (Assassinos por Natureza, também com seu roteiro, só seria lançado um ano depois), Scott estava em baixa nos anos anteriores (no início da carreira, Scott fez o elogiado Fome de Viver e o estrondoso sucesso de bilheteria Top Gun, e nunca mais emplacara um sucesso, nem de crítica, nem de público.). Ou seja, Amor À Queima Roupa foi muito bom para a carreira de ambos, tanto do diretor quanto do roteirista.

Dessa amizade vieram algumas cenas de Maré Vermelha. Scott tinha em mãos um filme muito sisudo. Tarantino então escreveu algumas cenas para deixar o filme mais leve. É fácil ver as cenas em questão, são cenas que mudam um pouco o foco, como a discussão sobre o desenhista do Surfista Prateado, ou a cena do Kirk e Scotty. Não preciso dizer que são minhas partes favoritas do filme…

Eterno Amor

Crítica – Eterno Amor

Finalmente, resolvi ver o único filme que faltava da filmografia do francês Jean-Pierre Jeunet!

França, 1920. Mathilde (Audrey Tautou) recebe a notícia de que seu namorado Manech morreu na guerra contra os alemães. Mas ela se recusa a acreditar, porque acha que ela saberia intuitivamente se ele morresse.

Sou fã do diretor Jean-Pierre Jeunet desde os anos 90, quando vi, no cinema, Delicatessen e Ladrão de Sonhos. Gostei (com ressalvas) da sua estreia hollywoodiana no quarto Alien; também gostei (com ressalvas diferentes) do seu mais bem sucedido filme, O Fabuloso Destino de Amelie Poulan. E adorei quando ele voltou ao estilo dos anos 90 com Micmacs, que não foi lançado aqui foi mal lançado por aqui (mas comprei o blu-ray gringo pela Amazon).

E, sei lá por qual motivo, nunca tinha tido vontade de ver este Eterno Amor (Un long dimanche de fiançailles, no original) – e olha que heu já tinha o dvd original há tempos (coisa de colecionador, se tenho todos os outros filmes em dvd / blu-ray, por que não comprar mais um e fechar a coleção?). E parece que o meu “faro” funciona: Eterno Amor é, de longe, o mais fraco dos seus filmes.

A produção é bem cuidada, claro. O visual é caprichado, como acontece em todos os filmes de Jeunet – aliás, Eterno Amor concorreu aos Oscars de Fotografia e Direção de Arte. Mas, se nos outros filmes, o diretor francês flerta com o cinema fantástico com situações estranhas e personagens bizarros, aqui é tudo convencional. E a trama não só é careta e linear, como é previsível – e chata. E o filme ter mais de duas horas só piora tudo.

Me parece que os produtores queriam se basear no rostinho simpático da atriz Audrey Tatou, que conquistou meio mundo com a sua Amelie Poulan. Mas sua Mathilde não tem um décimo do carisma da Amelie. Falha do roteiro, não da atriz. Mas, não importanta de quem é a culpa, simplesmente não funciona.

Além de Tatou, o elenco traz uma surpresa (pelo menos pra mim: Jodie Foster, interpretando num francês aparentemente perfeito. E a “não surpresa” é Dominique Pinon, claro, como em todos os filmes de Jeunet. Ainda no elenco, Gaspard Ulliel, Marion Cotillard e uma ponta de Tchéky Karyo.

Eterno Amor não é ruim. Mas falta muito pra ser bom. Só recomendado aos fãs radicais de Jeunet e/ou Audrey Tatou. Se bem que acho que vale mais a pena rever Amelie Poulan

A Hora Mais Escura

Crítica – A Hora Mais Escura

Durante anos, uma obsessiva agente da CIA usa todos os meios para conseguir seu objetivo: achar e capturar Osama Bin Laden.

Já era previsto que Hollywood iria fazer filmes ligados a Osama Bin Laden. Mas, pelo que li, A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty, no original), foi pensado inicialmente como um filme sobre o fracasso dos EUA na tentativa de achar Bin Laden. Só que, com a notícia que ele tinha sido capturado e morto pelo exército americano, o roteiro escrito por Mark Boal foi mudado. Se isso é verdade, não sei. Mas a história contada no filme funciona muito bem.

A Hora Mais Escura é um Guerra Ao Terror melhorado. Ironicamente, Kathryn Bigelow ganhou o Oscar de melhor diretora (além de melhor filme) por Guerra Ao Terror, mas desta vez nem foi indicada.

(Respeito a atual fase de Bigelow, mas confesso que prefiro o trabalho dela nos anos 80 e 90, com filmes como Caçadores de Emoção, Estranhos Prazeres e Quando Chega a Escuridão. Gosto mais dela fazendo filmes pop…)

A Hora Mais Escura chega envolto em polêmicas. Parece que os conservadores tiveram problemas com as cenas de tortura. Ora, a tortura não aconteceu? Qual o problema de mostrar algo real? Só porque não é politicamente correto? Enfim, as cenas de tortura nem são nada demais…

O filme é longo demais – não precisava de duas horas e trinta e sete minutos para contar a história. Alguns trechos são arrastados; outros são previsíveis – por exemplo, a cena do atentado que envolve a personagem de Jennifer Ehle. Pelo menos a parte final do filme é muito boa. Os 40 minutos finais, que mostram a operação da captura de Bin Laden, tem um ritmo excelente – apesar de ter uma fotografia muito escura (às vezes a gente não vê nada…).

Sobre o elenco, o grande nome é Jessica Chastain, uma das mais fortes candidatas para levar o Oscar de melhor atriz daqui a duas semanas (acho que fica entre ela e Jennifer Lawrence). Jessica está excelente. Ainda no elenco, Kyle Chandler, Jennifer Ehle, Jeremy Strong, Harold Perrineau, Mark Strong, Edgar Ramirez e uma ponta de James Gandolfini.

Apesar da duração excessiva, A Hora Mais Escura é um dos melhores filmes dentre os candidatos ao Oscar 2013.

Red Tails

Crítica – Red Tails

Red Tails fala sobre o programa Tuskegee, um esquadrão de aviadores negros que atuou na Itália durante Segunda Guerra Mundial, época que o preconceito racial era muito mais forte do que hoje em dia.

E por que todo nerd deve ver Red Tails? Ora, trata-se do mais recente projeto da Lucasfilm! Mas… Como diz o ditado, “devagar com o andor porque o santo é de barro”. Red Tails está mais próximo da trilogia nova do que da trilogia clássica de Star Wars

Lucas ia dirigir, mas resolveu “passar o bastão” para outro diretor. A princípio, boa notícia, afinal é notória a sua falta de tato no contato com atores – na minha humilde opinião, a nova trilogia seria melhor se Lucas usasse “diretores de aluguel”, como fez com O Império Contra Ataca (dirigido por Irving Kershner) e O Retorno do Jedi (dirigido por Richard Marquand).

Mas em vez de pegar um diretor experiente, Lucas chamou Anthony Hemingway, vindo da tv e estreante no cinema. O problema é que, assim como seu mentor, Hemingway mostrou que aparentemente não tem muito jeito com atores…

Não sei se o problema do filme é ter diálogos mal escritos ou atores mal dirigidos – provavelmente um misto das duas coisas – o fato é que os personagens de Red Tails não convencem. Nenhum personagem tem carisma, a gente não se identifica e não torce por ninguém.

Tem um agravante: não sei como era o esquadrão Tuskegee na vida real, mas aqui eles parecem super pilotos. Os caras na primeira missão detonam um monte de alemães experientes e voltam sem nenhuma baixa. Não conheço a história, não sei se o Tuskegee era tão eficiente. Mas aqui, pareceu filme “maniqueísta de final feliz da Disney”.

(Li no imdb que as provas para negros eram mais difíceis do que para os brancos, para desestimulá-os a virarem pilotos. Se isso for verdade, explica porque lá só tinha piloto acima da média – pra entrar no pelotão, o cara tinha que ser fera. Mas o filme não menciona isso – diferente de Band of Brothers, por exemplo)

Pelo menos as batalhas aéreas são bem feitas. O cgi é top de linha (Lucasfilm, né?), e vemos várias cenas com os aviões em manobra nos ares. Diz a lenda que Lucas se inspirou nessas batalhas da segunda guerra mundial para criar as batalhas espaciais de Star Wars. Bem, os aviões são diferentes, mas o estilo é parecido…

No elenco, nenhum destaque positivo, infelizmente. Todos estão artificiais, mesmo bons atores como Cuba Gooding Jr., Terrence Howard e Bryan Cranston (num pequeno papel). Ainda no elenco, Nate Parker, David Oyelowo, Tristan Wilds e Daniela Ruah.

Enfim, Red Tails vai acabar sendo visto por milhares de fãs de Star Wars, independente das suas qualidades (ou falta delas). Mas que estes fãs mereciam mais, ah, mereciam. Isso sem contar com os fãs do esquadrão Tuskegee…